Eram 19:30.
A família estava sentada à mesa e já iam começar a comer quando o noticiário deu a notícia que ninguém esperava naquele e em nenhum outro momento.
Foi como se em um instante a fome passasse mesmo antes de começarem a comer.
O noticiário falava sobre a possibilidade de um grande tremor de terra com terremoto, naquela região e que todos deveriam sair imediatamente de suas casas e irem para um lugar seguro que poderia ser um campo aberto ou um dos abrigos, diversos bunkers construídos para momentos como aquele. Como não haviam em número suficientes para todos, a orientação era que primeiro buscassem um lugar aberto. Um campo longe de construções ou de algo que pudesse oferecer riscos.
Porém o noticiário foi interrompido por uma ordem oficial e não tiveram tempo de comer.
Dizia o âncora do jornal já saíndo do estúdio em uma cena jamais vista na tv:
"Saiam todos, corram, procurem abrigos, temos poucos minutos. Avisem vizinhos, familiares, salvem-se. Avise o maior número de pessoas mas não pare, vá avisando no caminho, e tente entrar em contato através de seus celulares."
Na cidade sirenes e sinais de alerta e emergência soavam, criando um clima de caos e confusão.
Antes de se levantarem, sem reação, foi o cachorro que começou a latir estranhando o barulho e confusão que vinha do lado de fora.
Áluz cortou o silêncio:
- Precisamos ir. Agora.
Era um jovem muito esperto.
Qhuéren, a irmã não esperou ninguém dizer nada, pegou o cachorro e se levantou, todos foram atrás de Áluz, já que os pais, o Sr. e Sra. Spotinick estavam em choque, estáticos.
Todos sabiam do grave risco que estavam correndo.
Na rua tudo era ainda mais assustador. Áluz sabia onde tinha um abrigo próximo. O que não sabia é que as pessoas estavam se degladeando para entrarem.
Não havia a mínima possibilidade de ficarem alí. Tinham que correr para o campo. Era um pouco distante, mas com sorte conseguiriam chegar.
Correram.
A Chuva começou a deixar tudo muito pior. O vento, chegava assoviar, anunciando a grande tragédia que se avizinhava.
De repente um pequeno tremor confirmou que algo pior estava pra acontecer.
E aconteceu, dois minutos após o primeiro pequeno tremor, um estrondo se fez ouvir e de repente todos caíram no chão sem chance de permanecerem de pé com a intensidade do tremor.
Se protegeram como puderam, por sorte estavam em um rua ampla. Mas ao redor tudo começou a desmoronar, os gritos de pânico eram horríveis.
Foram poucos segundos que pareceu uma eternidade. Em menos de um minuto, metade da cidade estava no chão, e a outra metade com estruturas comprometidas.
Por um instante um silêncio se fez.
- Precisamos continuar a correr, ainda não acabou. - Ordenou Àluz.
Estava ainda tontos, pelo balançar da terra.
Levantaram assustados e continuaram...
- Não olhem, não parem...
As pessoas gritavam por socorro, haviam vítimas embaixo dos escombros mas a ordem era aguardar o final do terremoto.
E ele veio.
Tão assustador quanto o fim do mundo.
Primeiro um ronco, depois um estalado. E depois, uma cachoeira de prédios, casas, árvores centenárias , torres de comunicação, tudo indo ao chão.
De repente, a terra voltou ao eixo.
O silêncio dessa vez não veio, alarmes, apitos, gritos, choros, pedidos de socorro.
Nada poderia ser pior do que a hipótese de ter vazado qualquer material biológico ou nuclear das usinas e laboratórios secretos daquele lugar.
Áluz talvez fosse o único do campo que pensasse nisso. Não havia sinal nos celulares, não havia energia, estavam paralisados sem saber o que fazer.
A primeira reação foi tentar encontrar feridos e possíveis sobreviventes por cima dos escombros.
Estavam com medo, pavor e sem saber que o risco pior que ainda estava por vir.
- Áluz, aquela torre que tinha alí era da usina não era?- Perguntou Quérem.
Quando olharam se deram conta de que havia uma fumaça colorida que subia de onde era o local da usina e laboratórios secretos. Mesmo com o vento e com a chuva a fumaça subia forte e se espalhava pela cidade.
Era uma fumaça bonita, colorida, cintilante... E muito, muito, muito perigosa.
Estava se espalhando rapidamente por toda cidade, e indo para longe...
Alguns do grupo já apresentavam uma reação de alucinação. Viam a fumaça mais bonita do que era, e também casa vez mais perto.
De repente, uma explosão gigante na usina fez tudo voar, todos caíram com a onda da fumaça cintilante que empurrou todos a metros de distância.
Áluz ainda tentou procurar a irmã com os olhos antes de ser lançado.
Não viu nada, nem ninguém.
Tudo sumiu por alguns minutos.