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Lobos vermelhos

Um terrível cheiro de sangue e carne podre pairava sobre a densa floresta, era fácil ouvir de longe os rugidos das monstruosas criaturas que ali viviam, só não era possível distinguir se eram rosnados de raiva, ou súplicas por misericórdia de criaturas que um dia já foram simples seres humanos, e agora, não passavam de monstros carniceiros que vagavam em busca de saciar sua mórbida fome.

Imersos nesse inóspito ambiente estavam lá, cinco jovens exploradores em uma nobre missão, ou talvez inútil e suicida missão, depende do seu ponto de vista.

Eles corriam a toda velocidade, adentrando na densa mata fechada, esgueirando-se entre os galhos pontiagudas das grandiosas e antigas arvores escuras. A melodia da respiração intensa e profunda dos cinco jovens era o único som que agora se sobrepunha ao canto da floresta da morte.

Eles estavam lá parados, no meio de uma clareira, cercados por todos os lados, já não tinham mais forças para fugir, e se tivessem de morrer, que fosse olhando nos olhos monstruosos de seus carrascos.

Esse era um sentimento compartilhado por todos os cinco, eles haviam passado a vida inteira fugindo, quando não era de inimigos, eram deles próprios, cinco jovens peculiares que nunca haviam sido verdadeiramente aceitos pelas outras pessoas da aldeia. Se eles fossem dilacerados ali mesmo naquele momento pelas criaturas da noite, ninguém sentiria sua falta, nem mesmo teriam um funeral, muito menos quem chorasse por sua morte precoce, apenas teriam seus ossos esquecidos naquela fria clareira no meio da floresta da morte. Então pra quê adiar o inevitável?

Agora, maior que o medo, era o ódio, esse que fazia com que empunhassem suas armas e recitassem suas mais letais magias, contra aquela horda de lobos vermelhos, uma longa batalha se sucedeu naquela clareira, aquela noite, eles não lutavam mais para sobreviver, mas sim por vingança, vingança contra as criaturas da noite e contra todos aqueles que os rejeitaram e os lançaram naquela terrível floresta para morrer. Esse foi o dia em que nasceu a irmandade dos lobos vermelhos.

Após esse grandioso acontecimento, alguns meses se passaram, eles haviam em afim aceitado seus dons que outrora assustava os cidadão de sua aldeia natal, mas que agora garantia a sobrevivência de seu grupo, ao longo tempo que lutavam para não serem devorados, os heróis aprenderam a dominar suas respectivas artes místicas, e a usa-las para infligir grandes danos aos seus oponentes.

Durante sua exploração haviam encontrado com um grupo de elfos renegados que os ajudaram a construir uma boa moradia numa espécie de caverna em formato de caveira, que ficava próxima a um riacho, era um lugar aconchegante que em outra época deveria ter servido de toca para alguns goblins, e que provavelmente teriam sido devorados por talvez quem sabe um tigre sangrento, devido as marcas de garras, e manchas verdes de sangue de goblin que tingiam as paredes da caverna.

A vida na floresta da morte havia se tornado algo suportável, e até divertida em alguns momentos, mas os cinco heróis já tinham tomado uma decisão, no dia seguinte eles retornariam para sua antiga aldeia e fariam aquelas pessoa se arrependerem do dia em que os atiraram para a morte certa. Quando atravessassem os muros da aldeia, os cidadãos então os olhariam e ficariam com os dedos gélidos, pois sabiam do terror que sofreriam nas mãos daqueles que agora clamavam por vingança.

Os aventureiros haviam usado a pele dos lobos vermelhos pra fabricar mantos, e assim se aquecerem, mas o inverno se aproximava e se continuassem na caverna encontrariam muitas dificuldades para se manterem abastecidos de suprimentos. Então deveriam dar inicio a sua jornada rumo a aldeia de daun-hijau que ficava ao norte, fora da floresta da morte.

Hiraito e Evenyx caminhavam juntos enquanto coletavam gravetos para fogueira, e frutas silvestres.

— Me diz, você acha que a gente tem mesmo que voltar pra lá? Depois do que a gente já passou nessa floresta, eu sinto como se eu pudesse sobreviver em qualquer lugar do mundo agora. — afirmou Hiraito.

— E eu sinto que eu não vou conseguir viver enquanto não destruir aquela aldeia fedida, mas se você tiver com medo pode voltar pra caverna e se esconder lá até o inverno passar. — respondeu Evenyx com um certo tom de deboche.

Hiraito tinha um pé atrás com aquela garota, mesmo ela sendo tremendamente gata, aquele jeito dela, sempre sinistra falando em vingança o tempo todo, mas tinha aqueles olhos azuis dela que realmente o hipnotizavam. Entretanto ele não podia dar-se ao luxo de se apaixonar assim, afinal a única coisa que os unia era um objetivo em comum: acabar com o povo de daun-hijau.

— Ôhhh garotão, ta pensando na morte da bezerra? Larga de moleza e vem me ajudar aqui com esses galhos, rápido!!! Eu sou uma dama, não devia nem fazer esse tipo de serviço — exclamou Evenyx.

— Dama? eu vi você dilacerando um urso enquanto lançava raios pelas mãos, definitivamente você não é uma dama, minha querida. — repondeu Hiraito enquanto apanhava os gravetos.