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A bruxa das flores

Lancelot subia a extensa escadaria espiral da torre da imperatriz, nem o treinamento dos cavaleiros o livrou de sentir a dificuldade daquela atividade, a maldita escada parecia nunca ter fim. Após quase desmaiar durante a jornada, ele chegou num longo corredor escuro e sinistro, onde o único resquício de luz era proveniente das janelas enfeitadas com vidraças deslumbrantes com gravuras que pareciam contar algum tipo de história mais antiga que a própria torre, Lancelot chegou até uma grande porta de carvalho maciço que tinha por volta de 3 metros de altura, ele deu então uma sequência rítmica de três leves batidas na densa madeira da porta, mas não ouviu nada, ele esperou por alguns instantes e quando estava para desistir e voltar, as dobradiças rangeram e a grande porta se abriu deixando escapar um ar sinistro gélido e perfumado no corredor.

— Entre, ou você prefere ficar parado ai o dia inteiro?

Lancelot ouviu uma doce risada, que rapidamente encheu-lhe o cora��ão de pavor, ele enfim conheceria a famosa bruxa das flores, Imperatriz Gwendolís, a mulher a qual ele deveria servir até o fim de sua pobre vida.

O jovem guerreiro deu um longo suspiro tentando criar coragem e disfarçar o desconforto da tal situação, e continuou caminhando e adentrando no pavoroso cômodo onde estava a bruxa. Ele então se encheu de espanto ou talvez encanto quando avistou aquela lindíssima donzela de longos cabelos castanhos e pele branca como as nuvens, mas o que lhe chamou mais a atenção foram aqueles olhos de cor lilás que o fitavam dos pés a cabeça.

— Sir Lancelot dos cavaleiros da nuvem prateada — disse Gwendolís enquanto fazia anotações em um pergaminho.

— Eu ouvi muitas histórias a respeito de sua gloriosa ordem — continuou Gwendolís dessa vez olhando para lancelot.

— Mas minha favorita é aquela que fala da vez em que vocês massacraram meus soldados na floresta da chuva eterna — Gwendolís, agora com uma expressão séria.

— Veja como o destino nos surpreende, agora um de meus maiores inimigos, será o meu principal defensor — Gwendolís, enquanto esboçava um sorriso sarcástico.

— Você é bem menos assustador do que eu imaginava — afirmou Gwendolís, enquanto lentamente se levantava e caminhava em direção a Lancelot.

Lancelot respirou profundamente e logo em seguida olhou a bruxa nos olhos e após alguns segundo respondeu:

— A senhora também.

— Senhora? Eu por acaso tenho cara de senhora? — gwendolís, enquanto colocava as mãos para trás e se aproximava cada vez mas de Lancelot.

— É que a senhora já tem mais de 300 anos ent.. — Lancelot, que foi interrompido logo em seguida.

— Você acredita mesmo nessas histórias? Eu não tenho mais de 300 anos coisa nenhuma, completei 19 semana passada — Gwendolís, que completou uma sincera risada.

—Perdão, é que as pessoas dizem que...— Lancelot, que havia sido interrompido mais uma vez.

— É eu sei, as pessoa falam muitas coisas, mas geralmente são apenas contos fictícios para assustar as crianças, falam de você também inclusive, mas eu aposto que você não se transforma num necromante horripilante, com uma foice gigante e que devora as almas dos inimigos, acertei? — Gwendolís, agora a apenas alguns poucos milímetros de Lancelot.

— Bem, na verdade....— disse Lancelot antes de mais uma vez ser interrompido.

— Está certo, rapaz, você me parece ser bastante interessante, mas agora eu tenho trabalho a fazer, e você tambem, os servos irão lhe mostrar onde você e seus homens devem se acomodar, eu vejo você no jantar, até logo Sir Lancelot. — Gwendolís, virando-se de costas e retornando para a sua mesa.

— Certamente minha rainha. — finalizou Lancelot enquanto curvava-se.

Lancelot voltou-se para a porta e logo em seguida marchou pelo corredor de volta ao pátio do palácio. Gwendolís acompanhou com os olhos o jovem cavaleiro enquanto ele descia a longa escadaria, assim que o perdeu de vista, ela desfez a expressão de seriedade e mordeu os lábios deixando escapar um leve sorriso.