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Capítulo 3 - A Estrutura do Desespero

As pessoas dizem que a esperança e o desespero andam de mãos dadas. Dizem que a esperança pode superar qualquer tipo de desespero ou medo irracional. Entretanto, para mim, essa esperança não existe. Eu não tenho nada com o qual eu possa me apoiar, então eu simplesmente aprendi a viver nas sombras e a suportar o desespero que estava sempre a minha frente.

Mas quando eu o vejo, meu corpo se enche de ansiedade. Sabendo que a qualquer momento essa coisa pode me atacar.

Sem deixar que ele perceba, retiro a faca que fica na bainha do meu cinto. Só para caso de algo acontecer.

"Você pode ao menos me dizer o seu nome?"

A coisa parece começar a interagir comigo. Vejo seu abdômen estufando e algo se movimentando dentro de sua garganta. Como se houvesse algum tipo de parasita se remexendo dentro dele.

Você...não dev*ria ter vind*..

Sem nem mesmo usar suas cordas vocais, a coisa se comunicou comigo. Sua voz era metálica, chegando a ser meio inaudível, como se a caixa de voz de um brinquedo antigo tivesse sido danificada.

Você irá morrer aqui..! Esse lugar...será o seu túmulo..jovem exorcista!

Quando se trabalha muito tempo neste ramo, esse tipo de coisa passa a ser algo que ouvimos no dia a dia. Mas ainda sim, ver ISTO te falando algo assim, faz você ficar com frio na espinha.

Essa coisa está tentando me assustar. Ele quer que eu perca a Sanidade e enlouqueça.

Para seres como ele, o medo é algo precioso. Afinal, é suas vítimas não o temerem, que poder eles teriam sobre elas?

"Eu volto a perguntar.." A medida que comecei a falar, o ar começou a se tonar mais rarefeito e difícil se respirar. "Quem é você?"

A coisa parou de responder por um tempo. Mas aquela coisa se movimentando dentro dele continuou. Aquele "parasita" começou a subir pela garganta, fazendo parecer que a coisa queria vomitar e despeja-lo para fora.

Você deve pagar...

Entre sua respiração e grunhidos, a besta voltou a falar, dividindo a garganta com o "parasita".

Pelos pecados daquele homem...

O corpo dele começou a tremer e se debater levemente, como se algo o estivesse o segurando.

Eu tentei me levantar e fugir, mas meu corpo não se moveu. Senti como se estivesse me afogando em meus próprios fluidos. Merda!

Ele começou a ficar agitado, se debatendo intensamente e fazendo sons que eu não conseguia entender. Soltando algumas palavras soltas.

Você...lib****..eu..Cyrrus dev*...p**ar

Começo a ficar desesperado, tendo me mover. Calma, mantenha o foco! Você já passou por isto antes.

Isto é apenas uma habilidade Paranormal comum que paralisa o sistema nervoso. É fácil se livrar disso!

Para quebrar este "feitiço" é preciso fazer seu corpo sentir algum estímulo ou dor, e assim, seu sistema nervoso será reativado.

Com minha faca de sobrevivência nas mãos, faço um esforço para mover minhas mãos e me cortar. Enquanto a besta parecia lutar com o "parasita" dentro dele, balbuciando sons metálicos estridentes.

Com muito esforço, aproximo a faca da minha esquerda e faço um pequeno corte, fazendo meu corpo voltar a se movimentar.

Em um rápido movimento, levanto-me da cadeira, segurando a carteira de Mary, e a arremesso em cima daquela coisa.

Em resposta, ela gruniu de dor, acho que o fogo da vela chegou a queima-lo um pouco. E corri até a porta da sala.

Você..!!

Percebo que a porta está revestida de uma substância negra viscosa. Bloqueando o caminho.

Porra..! Que merda é essa.

Ignorando meu nojo por aquilo, tento tocar na substância, vendo se consigo afasta-la de alguma forma. Mas ao toca-la, meu corpo se estremeceu, reagindo a aquela gosma escura.

Meu corpo parecia reconhecer aquela substância, então, a gostar espalhou-se pelo meu braço, prendendo-o.

Antes que eu pudesse tentar me soltar, senti uma respiração quente e profunda bem atrás de mim, atingindo meu cabelo, fazendo meu corpo se arrepiar.

Ele está atrás de mim...

A sala ainda estava totalmente escura, eu mau conseguia ver a substância que estava na porta, e agora em meu braço, por isso, eu não conseguia enxerga-lo ou alguma coisa ao meu redor.

Você.. irá pagar por...me deixar assim..

Antes que eu pudesse tentar afasta-lo, sinto uma lâmina metálica fria envolver meu pescoço. Uma faca? Não, é muito grande. Acho que é um cutelo, como os que os açougueiros usam.

Fique ali, imóvel. Qualquer movimento meu e aquela lâmina cortaria minha garganta. Além disso, o que eu posso fazer? Não consigo enxergar nada e não posso atirar nele no escuro.

"O que você quer de mim?" Pergunto, tentando me manter imóvel.

Você...deverá pagar pelos..pecados dele!

Sua voz parecia mais istridente do que nunca. Chegando a machucar meus tímpanos.

"Eu não sei de quem estamos falando?" Seguro fortemente a faca na minha, esperando uma oportunidade.

A coisa parecia ter cansado de conversar, então, quando ele iria mover seu braço para cortar minha garganta, esfaqueio a parte inferior de seu abdômen.

Ele recuou um pouco para trás, derrubando o cutelo. Retiro a faca de seu abdômen, pegando-a de volta, o que faz ele grunir ainda mais.

A coisa rapidamente se recompõe e se joga para cima de mim, com os punhos. Com um pouco de impulso e me aproveitando da escuridão, pulo para o lado, tropeçando nas mesas e cadeiras da sala.

O monstro acabou acertando o que antes costumava ser a porta e, assim como foi comigo, aquele líquido viscoso também reagiu ao corpo dele. Tentando puxar-lo para dentro.

Me aproveito da situação e tento correr pela sala, me locomovendo na escuridão enquanto tropeço nas carteiras. Enquanto tento chegar a outra porta de saída da sala.

Então aquele espírito finalmente conseguiu se separar do líquido viscoso e começou a me procurar pela sala.

Foi aí que percebi uma coisa: a visão dele é pior que a minha.

Apesar de não conseguir enxergar nada, conseguia distinguir sua silhueta na escuridão. Mas ele não fazia a menor ideia de onde eu estava.

Apesar desta pequena vantagem, é da sala não ser muito grande, eu não sabia onde estava ou onde estavam as portas! Tudo que tenho agora é minha audição e tato.

Ele começa a se movimentar, procurando, derrubando e chutando as mesas ao seu redor. Merda, melhor eu me mover também.

Começo a me mover na direção oposta, tentando não derrubar nada e sem fazer barulho algum. Conforme ele se aproximava, mas nervoso eu ficava.

Entretanto, acabou que chutei uma cadeira, fazendo barulho. Ele olhou diretamente para direção do barulho e, rapidamente, me agaicho entre as mesas e cadeiras, tentando me esconder.

Ele vem até o local, destruindo tudo ao sei redor. Seguro minha respiração para não ser encontrado, até que, ele parece começar a procurar em outro lugar.

Onde você está, cordeirinho?

Quando finalmente voltei a respirar, acabei fazendo barulho enquanto puxava o ar.

Ele virou-se de volta para mim, puxando a gola da minha camisa e me pendurando no ar. Como ele é tão forte assim?

Eu n**ca deix*rei você fugir!

Ele agarra meu pescoço e acaba me arremessando, com uma força sobre-humana, contra a janela que dava ao corredor. Que também estava bloqueada.

Vidro da janela se estilhaça totalmente em cima de mim, com os cacos se misturando com a gosma preta. Assim, abrindo uma saída para fora da sala, me fazendo cair no corredor.

Meu corpo caiu em cima de todos os cacos de vidro estilhaçados, cortando toda minha pele, meus braços e costas. Alguns adentrando dentro dela.

Isso doi para caralho!!

Abro meus olhos e vejo que ele está na minha frente, com seu cutelo em mãos, olhando diretamente para mim.

Agora eu podia ver ele por inteiro. Era um homem pouco mais alto que eu, com roupas velhas e encharcadas. E a estranha máscara cobrindo seu rosto.

Ovelha..Ovelha..Ovelha...

Ele levanta seu braço, agachando ao meu lado, mirando a lâmina em minha cabeça.

É hora de...dormir

Quando ele estava prestes a me acertar, ele parou de se mover. E olhou para o lado, como se estivesse ouvindo ou vendo algo.

...

A coisa se levantou e caminhou até o fim do corredor, desaparecendo de minha visão. Ahh...graças a Deus isso funcionou.

Me levanto, sentindo a dor de todos aqueles cortes, mas acabo caindo no chão. Então decido sentar um pouco, apoiado na parede.

Sinto a adrenalina sair do meu corpo, e toda aquela dor tomando conta.

Até que, escuto alguns passos lentos vindo até mim. Merda, ele voltou?!

Levanto a cabeça e começo a olhar na direção dos passos. E, para minha surpresa, vejo uma garota com um uniforme colegial vermelho e cabelos castanhos vindo em minha direção.

"Ahh..Bom trabalho se livrando daquela coisa"