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Capítulo 2 - Sejam bem-vindos a Academia dos Sonhos Esquecidos

Uma vez, me disseram que existem certas coisas que nem mesmo a morte pode separar. Ideias, sonhos, valores e objetivos são alguns exemplos. Entretanto, você sabe o que leva um humano a enganar a morte e continuar vagando incansavelmente pelo mundo material?

Bem, os motivos variam muito. Mas, na maioria das vezes, o que as faz continuar é o seu ressentimento pelo mundo e seu desejo de ve-lo queimar. Quando o ódio e desespero se tornam insuportáveis, eles criam uma corrente que prende o espírito a este mundo. Fazendo-o continuar caminhando por este mundo.

Esse mesmo princípio se aplica a esta escola. Ela é a corrente que mantém suas entidades conscientes e, de certa forma, vivas. Logo após ter entrado no terreno pude sentir isso.

Só de estar aqui, minha cabeça começou a doer. Tanto ódio em único lugar. Melhor eu acabar logo como isso.

Abro minha bolsa e pego minha lanterna, adentrando na escola.

Apesar de estar bem empoeirado, o Hall de entrada parecia estar em ordem e sem nada suspeito. E, para minha surpresa, o local estava totalmente iluminado pela luz da lua.

O que é meio estranho já que fantasmas tem um fetiche por lugares escuros.

Começo a caminhar pelo local em direção da sala de aula 1-D, local onde Mary foi supostamente morta. Se eu quiser encontrar o Espírito dessa garota, melhor começar por lá.

O local todo parecia estar normal e sem sinais de algo diferente do que se veria numa escola de ensino médio. Era preenchido por um enorme silêncio, tudo que eu poderia ouvir era minha respiração e passos. É uma sensação bem estranha vir a lugares como esses, sempre parece que tem alguém observando cada movimento seu.

Após caminhar por quase todo primeiro andar, acabo encontrando a sala 1-D. Hora de começarmos a trabalhar.

Havia cerca de 30 carteiras na sala, um quadro negro em branco e alguns outros matérias de escola. No centro, havia uma carteira diferente das outras.

Ela estava toda rabiscada e cheia de marcas, e algumas frases:

"Morra vadia nojenta!";

"Ninguém iria se importar se você desaparecesse!";

"Você vale menos que lixo!";

"Vai pro inferno, Mary Vadia Walker!"

Todas essas frases maldosas formavam um círculo na carteira, e no centro dela havia um desenho de uma garota chorando e outras crianças rindo dela.

Enquanto analisava a carteira, escuto uma risada aguda, então, por reflexo, levanto minha cabeça e vejo que o quadro negro, que antes estava vazio, agora estava preenchido de arranhões de algo afiado e desenhos estranhos.

Mas o que mais me chamou a atenção foi o desenho de uma garota enforcada chorando, e em baixo a frase: "Mary é uma vadia mentirosa?"

Merda! Ela concerteza esta aqui. Vamos acabar com isso.

Rapidamente começo a afastar as cadeiras do centro da sala, deixando apenas a mesa cheia de marcações no centro.

Pego o pequeno frasco com líquido negro na minha bolsa e começo a desenhar um pentagrama em volta da cadeira, junto de algumas outras marcas.

Esse líquido é o que chamamos de remanescente, basicamente, ele é uma mistura de sangue humano com...hmmm..digamos que, com "células" especiais.

O remanescente contém a essência humana junto de nossa energia espiritual. Sendo algo muito atrativo para espíritos e entidades.

Após terminar o pentagrama, coloco duas cadeiras em volta da mesa no centro e uma pequena vela para garantir que a sala fique iluminada.

Sento-me em uma das cadeiras e lentamente fecho meus olhos.

Eu posso sentir tanto rancor nessa sala que fica até difícil de respirar. Minha mente se encheu de pensamentos sombrios, como se alguém sussurrando em meus ouvidos.

Algumas imagens vieram na minha cabeça. Na verdade, era algo mais como memórias, não minhas, mas acho que dela.

Um monte de adolescentes espancando e maltratando uma garota. Pobre Mary, mas por que me mostrar isso?

Respiro fundo e tento esvaziar minha mente, enquanto tento procurar a presença dela na sala. Com a mente em branco, começo a liberar um pouco da minha energia espiritual pela sala, esperando alguma resposta.

"Mary Walker, você está aqui?" Pergunto, mas não recebo uma resposta.

Os sussurros na minha cabeça começaram a piorar e a ficarem mais intensos. Então, mais uma vez, tento falar com ela.

"Mary Walker, apareça". Novamente sem resposta.

Deus...algo está errado.

Tem alguma coisa errada nesta sala...

Meu corpo parece estar queimando por dentro. O ambiente da sala mudou completamente. Todas as emoções negativas acorrentadas aqui estão me levando ao limite.

É como se esse lugar estivesse se unindo a mim. Querendo tomar meu corpo e se alimentar da minha alma.

Essa presença...não há como uma garota morta somente a 10 anos ter tal poder.

Nesse mundo, se quiser exorcizar um demônio tem que saber o nome dele. Isso é crucial! Então, agora, tenha certeza de que Mary não está nesta sala. Assim como tenho de que não estou sozinho aqui.

"Q..Quem quer esteja aí, apareça!" Pergunto uma última vez, lutando contra a atmosfera da sala.

A sala que antes era iluminada pela lua, derrepente, ficou totalmente escura, sendo a vela a única fonte de luz.

Abro lentamente os olhos e quase cai da cadeira por tamanho susto que tomei.

Na minha frente, sentado na outra cadeira, havia algum tipo de entidade me observando.

Eu não conseguia ver bem seu corpo pela falta de iluminação. Tudo que eu pude notar era que ele estava encharcado e uma máscara em seu rosto.

Era uma máscara com um sorriso desenhado com sangue que cobria todo seu rosto, apesar das rachaduras.

Meu corpo se estremeceu ao ve-lo, mas, sinceramente, eu já coisas bem piores que isso aí.

Aquela coisa me encarava em silencio, sem mover um músculo. Bem, não vou chegar a lugar nenhum assim.

"Hmm...então, quem é você? Ou que você é?".

Novamente, sem resposta. Essa coisa parece um manequim, não fale nem se mexe. Bem, o que eu posso esperar deles? Fantasmas são um bando de egocêntricos.

Mas quando eu o vejo, meu corpo se enche de ansiedade. Sabendo que a qualquer momento essa coisa pode me atacar.

Sem deixar que ele perceba, retiro a faca que fica na bainha do meu cinto. Só para caso de algo acontecer.

"Você pode ao menos me dizer o seu nome?"

A coisa parece começar a interagir comigo. Vejo seu abdômen estufando e algo se movimentando dentro de sua garganta. Como se houvesse algum tipo de parasita se remexendo dentro dele.

Você...não dev*ria ter vind*..

Sem nem mesmo usar suas cordas vocais, a coisa se comunicou comigo. Sua voz era metálica, chegando a ser meio inaudível, como se a caixa de voz de um brinquedo antigo tivesse sido danificada.

Você irá morrer aqui..! Esse lugar...será o seu túmulo..jovem exorcista!