99 Bar Oblivion.

Mesmo que o Bar Oblivion, se encontre em outra dimensão com entradas espalhadas por todo esse país, e talvez até mesmo em outros, o lugar não é muito frequentado, não que ele não seja desconhecido, em vez disso, eu diria que ele é para poucos. Os integrantes da sociedade mística mais jovens, adoram estabelecimentos desse tipo pela festa e bebida, os mais velhos, por outro lado, gostam de realizar negócios ou marcar encontros para qualquer tipo de proposito num lugar seguro, no Oblivion, negócios são proibidos, e o lugar não é animado o bastante para os jovens, por esse motivo ele nunca está lotado.

A ideia principal do bar, é ter um ambiente calmo, onde você pode se sentar em qualquer lugar numa sala aconchegante, beber sua boa bebida com calma, escutando música suave não muito alta, talvez até mesmo comendo alguns aperitivos enquanto joga dardos com os amigos. Eu gosto bastante das animações das boates místicas, vamos as chamar assim, mas também curto bastante esse clima calmo que só o Oblivion, pode me dar.

Sem pensar mais nisso, abro a porta de ferro caindo aos pedaços, e entro a fechando logo atrás de mim, agora estou de cara com um corredor, o chão, as paredes e o teto são feitos de madeira que quase brilha de aparência nova, todos meus sentidos do lado de fora são cortados assim que a porta se fecha, estou em outra dimensão agora, uma só com o bar, por isso, tudo que escuto e cheiro e ele. O cheiro em si, e de madeira recém-cortada, álcool, mas não um cheiro ruim e forte, comida dos mais variados tipos e a música, eles estão escutando jazz, um dos mais famosos, Miles Davis, So What.

A música do lugar sempre é escolhida por quem tem acesso primeiro a jukebox mágica do lugar, que tem literalmente todas as músicas já feitas até hoje na Terra, e também dos outros reinos. Quando essa música toca, sei quem a colocou imediatamente, ele adora ela, é graças a ele, ganhei um pouco de conhecimento sobre o mundo do jazz, mesmo que tenha sido a força.

Caminhei pelo corredor de cinco metros iluminado por uma luminária de cristal no teto, até dar de cara com outra porta, essa de madeira lindamente escupida, cheias dos padrões com runas na linguagem do mesmo reino que esse bar veio. Abri a porta sem cerimônia, entrando no bar em si.

"Olha só quem chegou, parece que ganhei aposta mais uma vez!" Gritou o responsável pela música, feliz, não pela minha chegada, e sim por ter ganhado aposta.

"Rirrrrrr!" Rosnou outro, esse foi quem perdeu aposta.

Não liguei para os dois, essa aposta sempre acontece entre eles, um dos lados pergunta para o deteve, quem vai ser aquele que vai aparecer em seguida, e o detetive, tem que adivinhar isso sem qualquer outra pista, ele sempre vence, ou pelo menos sempre venceu quando eu estou próximo para presenciar.

Antes de me sentar, dou uma olhada no pequeno bar. Como falei, um lugar calmo, com cinco mesas de madeira e cadeiras simples, agora todas vazias, a jukebox fica do outro lado do bar na parede sul, os dardos no leste e nada no oeste, no norte, uma bancada de madeira com bancos também simples na sua frente, atrás dele uma prateleira enorme cheia dos mais variados tipos de garrafas.

Os dois únicos clientes presentes no local agora estão sentados nos bancos na frente da bancada, sentados próximos com só um lugar vazio entre eles.

Me aproximei dos dois os cumprimentando.

"É bom ver que vocês dois de novo, Chimp e Daniel." Falei com os dois enquanto puxava um dos bancos, deixando também um lugar vazio entre nós.

"É Detetive Chimp, para você moleque." Falou Chimp, rispidamente, mas sem nenhuma malícia em sua voz.

Sim, Bobo T.Chimpanzé, é exatamente isso, um macaco falante de apenas um metro de altura, sentado de forma relaxada no banco com seus dois pés cruzados no acento, que era um pouco mais alto que os demais ao seu redor, o deixando acima do balcão para ele pode beber e conversar.

Não a muito que descrever do seu corpo, ele é um macaco peludo de olhos marrons vestido elegantemente com um terno bege por cima de uma camisa social branca e uma gravata borboleta preta.

Suas mãos estão ocupadas, uma segurando um grande copo de chopp cheia da bebida e espuma, e na outra um charuto já acesso, que ele colocou num cinzeiro em cima da bancada do lado do seu item mais reconhecido e amado, um chapéu deerstalker, o mesmo tipo usado pelo Sherlock Holmes, com direito até mesmo a um pequeno laço em cima dele.

"Você acabou de sair de uma briga, e a primeira coisa que faz é vir num bar, que mal costume." Zombou ele.

Eu literalmente usei um feitiço de limpeza antes de voltar para casa da Vanessa, precisei limpar a poeira que ficou presa no meu corpo após ser jogado contra um edifício e perfurar uma parede, mesmo assim, ele sabe que lutei com apenas uma olhada rápida no meu corpo, e tenho certeza, que não foi devido às notícias.

Como falei antes, Dick, e o terceiro maior detetive que conheço, em segundo lugar vem o seu mentor, o Batman, e em primeiro está o Detetive Chimp, que ganhou um intelecto ridículo depois de beber da Fonte da Juventude, ganhando inteligência como também imortalidade, por conta dessa natureza magica mesmo não sendo um ser magico, e pela amizade com o dono, ele é mais do que bem-vindo aqui.

"Pare de provocar os mais novos, Chimp." Brincou aquele que perdeu aposta, levando seu copo de whiskey já meio vazio até sua boca.

Diferente de Chimp, esse é humano, mas com certeza, não é um humano comum. Sua pele é azul, olhos vermelhos sangue, dentes afiados como presas de vampiro projetadas para fora, sem cabelos e um par de chifres negros saindo da frente da sua testa curvados para cima.

Daniel, é um humano, mas ele veste a pele de um demônio real, retirada pelo próprio Etrigan, essa pele, dá acesso a ele parte dos poderes originais do demônio, assim, ele se tornou o Demônio Azul, um herói assim como a Zatanna, que cuida mais da parte mística do ramo.

"E você, pague o que me deve." Brincou Chimp, pegando de volta seu charuto acesso o levando até sua boca.

É proibido haver qualquer tipo de transação de negócios nesse Bar, nem mesmo as bebidas custam, a única coisa que impede seu consumo é sua falta, que era reposta poucas horas depois pelo próprio Bar, de certa forma, esse lugar é uma versão mais fraca da minha Casa, que pode criar alimentos como quiser, algo que a minha não pode, e essa aposta, é apenas uma brincadeira entre eles, sem nenhum valor envolvido.

"Onde está o Nightmaster?" Perguntei olhando para o outro lado vazio da bancada.

"Bem aqui!" Respondeu um homem aparecendo por de baixo da bancada, aonde havia um alçapão que levava para a parte de baixo do bar, onde estar armazenados os alimentos e bebida.

O homem que se ergueu na minha frente era forte, com ombros largos de olhos azuis e cabelos lisos louros, vestido com uma roupa colada azul, que parecia ser feita de borracha, mas, na verdade, é uma cota de malha bem resistente.

"Obrigado por me receber mais uma vez." Não gosto muito de não pagar por algo que uso mesmo aqui não aceitando dinheiro de nenhum tipo, e sei muito bem que seria falta de respeito tentar forçar ele aceitar meu dinheiro, por isso não esqueço de agradecer.

"Claro, claro, o que vai beber?" Perguntou o homem com um sorriso no rosto.

"Hidromel de Myrra!" Responde sem hesitar.

Myrra, é outra realidade, uma em que esse homem acabou sem querer caindo, recebendo no processo uma espada magica bem especial, se tornando assim o Nightmaster, o guardião desse mundo novo, coisa que ele fez muito bem, lutando contra feiticeiros loucos e monstros, até que um dia de alguma forma que não me lembro e ele não me disse, o Nightmaster, conseguiu o controle desse bar, que ele tem uma grande paixão e sempre o abre quando tem tempo entre suas aventuras.

"Você com certeza, gostou disso." Brincou o Nightmaster, colocando um copo enorme cheio de algo que parecia ouro líquido na minha frente.

Sendo um reino aonde a magia reina livre, Myrra, tem abelhas magicas que produzem um mel magico, que leva até essa delícia de bebida.

Peguei o copo e dei um longo gole, deixando o ouro líquido descer pela minha garganta, o gosto era divino, não era doce, já que o açúcar do mel desaparece depois da fermentação, ele, na verdade é seco e forte, mais gostoso que a cerveja, mas a semelhanças, e o ponto mais alto dele, é a capacidade de me deixar bêbado sem precisar tomar vários barris seguidos.

Tomei metade do meu copo de uma só vez, antes de descansar ele finalmente no balcão.

"Essa coisa é divina, se não fosse tão difícil de fazer, eu já teria invadido Myrra, e roubado a fórmula junto de algumas abelhas." Brinquei.

"Ai eu e Chimp, teríamos que brigar com você." Nightmaster, também entrou na brincadeira, arrancando um sorriso do Daniel, que também se juntaria a essa briga, já que ele foi ensinado a lutar pelo próprio dono do Bar.

"Então, com quem você brigou?" Perguntou, Chimp.

"Mamute, sua irmã adolescente e Jinx, eles simplesmente atacaram sem nenhum motivo aparente, o que me deixou bastante incomodado." Contei para eles.

"Quer uma ajuda? Que nem aquele caso?" Perguntou o macaco falante.

Aquele caso, foi a única vez que pedi ajuda dele como detetive, que Chimp, aceitou de bom grado e com grande vontade.

Como posso ver as memórias dos fantasmas, fica fácil para mim investigar alguns crimes, o que faço ocasionalmente. Foi num dia comum que acabei cruzando com um fantasma perturbado numa pequena praça longe de casa, já estou acostumado a ver fantasmas para todo lado, eles são para mim como pedestres na rua, você cruza com centenas deles no seu dia a dia, mas não se lembra de nenhum claramente. De qualquer forma, esse chamou atenção, ela estava num estado completamente destruído.

Olhei suas memórias, e me arrepende imediatamente, ela foi morta com crueldade, muita crueldade. O bastardo que fez isso foi cruel, mas ao olhar as memórias, percebi que ele usou máscara o tempo todo, e também dopou levemente a mulher apenas para ela não fugir, mas mantendo parte da sua consciência, e isso embaralhou suas memórias, seu fantasma estava preso a esse lugar apenas por que foi aqui que ela foi raptada, isso estava claro para ela, já que foi aqui que o maldito a dopou com uma seringa.

Tentei o máximo encontrar o assassino sozinho, já que Batman e Robin, estavam lidando com a mais nova confusão causada pela Liga das Sombras, do outro lado do mundo, mas não encontrei nada, nem mesmo usando magia, o máximo que consegui foi localizar o lugar aonde ela foi morta, um prédio abandonada, mas o desgraçado não deixou nada para trás, nada que pode-se ser rastreado a ele usando meus feitiços.

Depois de dois dias direto trabalhado no caso sem conseguir nenhuma pista, escolhi ir no Oblivion, beber um pouco para talvez conseguir alguma ideia nova, foi quando Chimp, perguntou meu problema e eu contei já um pouco bêbado. Até aquele momento, eu era um estranho nesse pequeno círculo próximo ao dono do Bar, pedir ajuda foi o que mudou isso.

Chimp, é um maldito gênio, ele não demorou mais do que duas horas com só uma visita ao local do crime para descobrir alguns detalhes que perdi, depois disso, foi como puxar lentamente uma linha até seu final, encontramos o assassino meia hora depois disso, assim como suas outras vítimas, todas mulheres jovens, vinte delas enterradas em covas rasas num terreno baldio.

Naquele momento, pedi aos deuses para Chimp, não ser tão competente, mas ele conseguiu provas contra o homem mais do que o bastante, que foram enviadas para um amigo dele na polícia, o cara foi preso logo depois, no primeiro interrogatório, que estávamos presentes do outro lado do vidro, ele parecia realmente orgulhoso dos seus atos e de ter escapado até aquele momento, mas também não ligava em ser preso, por isso ele confessou tudo que fez em uma riqueza de detalhes tão grande, que me fez passar mal.

Eu queria amaldiçoar o desgraçado, mas ele nasceu sem uma consciência para ser atormentado, é provável que ele até mesmo goste de ser visitado pelas suas vítimas na prisão, mas tudo bem, encontrei conforto sabendo muito bem do seu destino quando ele morrer, junto da sua prisão perpétua.

"Não precisa Chimp, é apenas minha paranoia, não é tão grave." Falei para ele, levando mais uma vez o hidromel para minha boca dando goles curtos dessa vez.

"Sua paranoia, é quase um super-poder, você adivinhou aquela confusão toda com o Constantine." Daniel, falou, quase cuspindo após dizer o nome do feiticeiro inglês.

"Aquilo não foi paranoia minha, e sim certeza, é quase uma lei universal, toda vez que Constantine, vai tentar algo e pedi ajuda, seus ajudantes, sempre se dão muito mal em vez dele!"

Eu e o Constantine, nós cruzamos algumas vezes, nenhum desses encontros foi agradável para mim. Graças aos deuses, que ele não frequenta esse Bar, de acordo ele, aqui é limpo e americano demais para ele conseguir ficar bêbado apropriadamente.

De todos que conhece na confusão que foi a Guerra dos Vampiros, apenas tive encontros recorrentes com Constantine, que tento evitar a todos custo, e com Boston Brand, mais conhecido como Deadman, o fantasma a serviço deu uma deusa bondosa, diferente do Constantine, gosto do Boston, ele é bastante sociável e somos bons amigos agora, até mesmo trabalhamos juntos em alguns casos.

"Quanto a Zé? Faz tempo que ela não aparece aqui." Perguntou Chimp, com um sorriso no rosto.

Zatanna, é um membro frequente desse lugar, amiga próxima do Chimp, coisa que eu soube só após conversa com ele.

"Ela está na Irlanda, com um coven de bruxas, parece que elas vão realizar algum ritual de inverno em conjunto." Respondi.

"Ou seja, elas vão se juntar na floresta ao anoitecer e beber até não poderem mais ficar em pé!" Riu Daniel, arrancando risadas de todos os outros.

Ele não está errado, e isso é ótimo para a Zatanna, ela vem trabalhado muito ultimamente, não só com seus shows de mágica, como também com o lado heroico da sua vida, semana passada mesmo ela teve que lidar com um feiticeiro louco que tentou apagar o sol.

Quando a nossa relação e a vida dela no geral, tudo está bem, a não ser quando ela voltou a namorar o Constantine, por um curto período de tempo um ano atrás, fiquei longe da vida amorosa dela por respeito, mas não deixei meu desagrado com a união passar despercebido, dito e feito, o idiota acabou roubando uma das relíquias magicas da mansão dela, quando a Zatanna, negou seu pedido, era mais uma de seus tentativas mirabolantes de conseguir entrar num espaço que ele foi banido, o Inferno, para salvar a alma de uma inocente, um objetivo louvável, mas os planos que ele faz nessas tentativas são o real problema, o cara não é um planejador muito inteligente, mesmo sendo o feiticeiro com a língua mais poderosa do mundo, capaz de enganar até mesmo o próprio Diabo.

No final, tudo acabou numa grande briga, que eu só soube por ter ido até a mansão alguns dias depois, estava procurando um livro na biblioteca da casa, o que encontrei foi um caos e bagunça total da briga junto da Zatanna, sentada no seu sofá segurando um pote gigante de sorvete vestida de forma relaxada assistindo a um filme romântico brega.

Então, sim, é bom ver ela recuperada mesmo sabendo que já se passou bastante tempo.

Continuamos jogando conversa fiada fora enquanto bebíamos, até que outro assusto sério surgiu na mesa.

"Alguma notícia da Torre?" Perguntou David, para Chimp.

"Falei com todos os animais daquela área, ninguém viu nada." Respondeu ele.

Chimp, tem a habilidade de falar com os animais, isso significa que ele tem a rede de inteligente mais poderosa do mundo. Afinal, quem vai ligar para um pequeno pássaro voado sobre você no momento que está tendo uma conversa?

"A notícia não vai demorar para se espalhar, outros clientes já me perguntaram se algo estava errado." Falou o Nightmaster, enchendo meu grande copo com mais hidromel.

A Torre do Destino, sumiu.

Quer dizer, ela quase sempre esteve escondida por meio de magia, às vezes nem mesmo nessa realidade, mas ela ainda estava presente, todos podiam sentir seu poder, até que alguns dias atrás essa sensação desapareceu, só os mais poderosos e aqueles com bons sentidos perceberam sua saída de imediato, acabei sendo um deles, assim como David, graças aos nossos sentidos, foi ele, quem pediu imediatamente para Chimp, investigar.

"Vai ser uma loucura se ele não voltar logo." Suspirou, David.

Nos últimos anos em sua velhice, o atual hospedeiro do Destino, se isolou na sua Torre, movendo-se apenas para lidar com assuntos graves, não presente, mas também presente, então, sua ausência dessa vez não deveria ser um grande problema, mas só que, na verdade, ele realmente é. Imagine a presença da Torre, como se fosse o Batsinal, toda vez que aquela forte luz é ligada, marcando as nuvens e o céu sempre negros da cidade com o símbolo do morcego, todos os criminosos pensam duas vezes antes de fazer qualquer coisa, e muitos, principalmente os peixes pequenos, desistem e voltam para casa, sem o sinal, sem medo do aviso, Gotham, estaria em chamas todos os dias, o mesmo acontece com a Torre.

"Mesmo enfraquecido pela idade, um Senhor da Ordem, não vai ser encontrado se não quiser ser encontrado." Falei para todos, sei muito bem o quão ruim isso é, e já prevejo um aumento de tolos, principalmente demônios, causando problemas místicos.

"De vez em quando, você diz coisas inteligentes, Príncipe Negro!" Brincou, Chimp.

Príncipe Negro, é um dos nomes que ganhei desde que comecei a me envolver mais no mundo místico, como sempre, não gostei disso, mas fazer o que, e sabendo muito disso, como sempre o inteligente Chimp, sabe aonde atacar.

"Ele também está certo, infelizmente, parece que vou ter um aumento de trabalho ridículo." Falou David, de todos os presentes aqui, ele é quem mais lida com os problemas de herói do lado místico, também faço isso, mas meu foco principal ainda é o mundo mortal.

"Me lembrei agora, tenho um aviso." Falou o Nightmaster. 

O dono do bar, jogou um pano branco que estava limpando a bancada e depois olhou para cada um de nós.

"Aconteceram algumas coisas em Myrra, não, vão acontecer, por isso eu e o Chimp, vamos ter que fazer uma pequena viagem para resolver isso, e o bar vai ficar fechado como sempre até a gente voltar." Continuou ele, olhando agora para a parede atrás dele aonde ficam as bebidas, a cima dessa estante, uma espada linda na horizontal está presa a parede.

Essa é a espada especial que ele colocou as mãos ao chegar em Myrra, mas sendo junto, só quem é o descendente do primeiro homem que empunhou a espada, pode a usar, então não foi tão ao acaso assim ele ter conseguido ela, podemos dizer que foi um golpe do destino.

A Espada da Noite, como é chamada, é uma espada bastarda sem enfeites com lâmina brilhante e um pomo e guarda dourados, o que ela não tem de beleza esculpida, ganha em habilidades. Sendo uma espada magica, ela pode literalmente lutar sozinha, tornado qualquer um que a segurar um esgrimista profissional e experiente, ela também pode avisar do perigo eminente como o sentido aranha, e tem a mesma habilidade do Laço da Mulher-Maravilha, obrigando quem a segurar falar a verdade, ilusões contra ela também não funcionam, e no final, mas não menos importante, quem tem a espada não envelhece.

"Quer ajuda?" Perguntou, David.

"Não, é coisa pessoal nossa." Negou, Chimp.

"Bem, então vamos jogar dardos e beber, e se o bar fechar, vou levar comigo o que você tiver de hidromel." Falei me levantando do banco, jogar dardos, é uma coisa que nunca considerei ser divertido, até jogar com outros amigos apostando quase nada enquanto bebemos e comemos besteira.

"Tudo bem, pode levar tudo." Riu o Nightmaster.

Todos nos levantamos e fomos até a parte aonde ficam os dardos, no caminho, mudei a música da jukebox, colocando o bom e velho Aerosmith, voltei a escutar muito dele atualmente.

Foi uma noite tranquila no bar, só conosco nele, conversando besteiras enquanto jogamos dardos bebendo até o amanhecer. Então foi, com certeza, uma noite bastante divertida, ou resto dela, melhor dizendo.

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Depois de alguns dias apagando incendidos, tirando gatos de árvores e resgatando melhores bonitas de certas situações perigosos, o que acontece realmente mais do que o esperado, não consegui resistir e vi imediatamente para meu laboratório, e agora aqui estou, já faz seis horas, sentado no meu banco na frente da mesa de trabalho segurando minhas pequenas ferramentas.

Na minha frente sobre a mesa em cima de um surporte, está uma esfera prateada com o enterior dourado do tamanho de uma bola de tênis, a esfera está aberta no topo, mostrando seu interior complexo cheio de engrenagens inertes que da a impressão que essa coisa era um relógio bastante complicado, nas minhas duas mãos, ferramentas douradas de tamanho proporcional a esfera nas suas pontas, ferramentas feitas de ouro puro, um pouco chamativo demais para meu gosto pessoal, mas essas foram compradas por uma pequena fortuna para fazer exatamente esse trabalho, elas custaram uma pilha de joias preciosas pago aos anões, que são um dos poucos povos do lado místico que gostam de serem pagos por esse tipo de dinheiro.

A esfera, não é nada mais que um núcleo de controle, do mesmo tipo que usei para criar meu primeiro golem, só que esse é mais mecânico que magico, é um trabalho imenso, normalmente precisaria de lentes de aumento poderosas para ver tantas peças e as mover com segurança, mas graças minha visão, isso não é necessário, mesmo assim, demoro minutos para simplesmente mover ou colocar uma pesa no lugar, já que se eu simplesmente tocar em alguma outra, tudo pode sair do lugar, jogando assim dois meses de trabalho no lixo, estou jogando operação no modo inferno.

De todos meus projetos, esse com certeza é que mais me cansou mentalmente, por isso, após colocar a última peça de hoje, coloco minhas ferramentas do lado da esfera e levanto minha cabeça, sentindo meus ossos voltando para seu devidos lugares me dando uma sensação tanto de cansaço, como também de dispertar.

Olhei então para meu laboratório, é uma bagunça organizada.

Depois que finalmente consegui criar meu Local de Poder, resolvi mudar o laboratório de lugar para uma pequena construção do lado da Casa, que lembra uma cabana de caça feita de apenas madeira que fica normalmente escondida, o local foi aumentado, pelo menos seu interior, e a de tudo aqui dentro agora.

Todas as paredes estão cobertas por prateleiras grandes que chegam ao teto com três metros altura, muitas delas estão cheias com matérias e mais matérias, pelo menos aqueles que cabem aqui, outras prateleiras estão com maquinário ou poções feitas por mim, as mesas de trabalho ficam no centro da sala, uma para coisas delicadas, outra para poções, que está cheio de vidros dos mais diferentes formatos parecendo até mesmo uma aula de química no colegial, esse equipamento foi comprado em lojas comuns mesmo, a uma mesa cheia de livros também, referência para quando eu for trabalhar em algo. Isso não é tudo, todo o lugar pode ser facilmente reorganizado da forma que eu precisar, tenho até mesmo uma forja, já que uso muito metais preciosos em algumas fórmulas, eles são condutores muito poderosos. Tudo que não está aqui em cima, foi guardado num espaço abaixo do solo, uma enorme despensa subterrânea, ou um cofre, não a entradas nem saídas nele, e tudo só pode ser convocado para cima por minha vontade, e a única forma de conseguir tudo isso a força, é me colocando sobre controle, nem mesmo destruindo o meu Local de Poder, é possível conseguir colocar as mãos nas minha coias, já que esse espaço está conectado com a Casa também.

Levantei da cadeira e com um pensamento, fiz todo o lugar mudar, deixando apenas as prateleiras e a mesa que estou trabalhando da mesma forma, em vez de mais mesas ao meu redor, o lugar está agora quase vazio no seu centro, a não ser, o ser de metal em pé do meu lado agora. 

O que estou construindo não é um golem comum feito a partir da alquimia, e sim um autômato, um robô magico criado por magia e engenharia, por que isso?

A resposta é simples, a minha fraqueza mais gritante é contra tecnologia, ou mais precisamente, minha falta de conhecimento sobre ela, ai que entra o autômato, todos eles têm uma certa vantagem nesse ponto, eles podem se comunicar com tecnologia, a sentir e manipular, mesmo sendo criados a partir da magia, acho que esse foi um dos motivos do primeiro autômato ser criado, de qualquer forma, imagine um robô super inteligente que pode ser criado por alguém que não tem a menor ideia do que é a tecnologia necessaria para se fazer isso, só por meio da alquimia, é isso que estou fazendo agora.

Quanto a forma do meu autômato, já concluída depois de quatros meses forjando, ela é feminina, afinal, não quis passar horas criando um robô masculino. Ela tem quase a minha altura, e sua aparência e uma cópia perfeita do corpo físico da EDI, do jogo Mass Effect 3, em seu traje alternativo preto e cinza com a cabeça prateada. Consegui recriar com muito trabalho seu rosto e cabelos esculpidos no metal, assim como seu belo corpo.

Os matérias usados na sua construção também são de alta qualidade, para sua casca exterior, criei uma mistura usando alquimia, coloquei nela metal negro do Submundo com tungstênio e titanium, seu interior tem grafeno, ouro e outros metais, mas isso é o de menos, o ponto alto, é na verdade as runas esculpidas abaixo desse metal todo, e tudo isso vai ser alimentado pelo núcleo ainda em construção, essas runas foram escupidas pelos próprios anões, que mais uma vez, cobraram uma pequena fortuna por isso, mas valeu muito cada centavo gasto, resumindo, ela vai ser minha segunda maior criação.

Quanto gastei nesse pequeno projeto? Tanto em dinheiro quanto em materiais alquímicos que não são comprados com joias ou dinheiro vivo?

Não faço a mínima ideia, mas só para ter uma noção, minha pequena montanha de joias foi reduzida a metade no final, gastei também uma tonelada da carne preservada do Dragão Ismênia, algo que é um ingrediente de alto nível, mas tudo bem, aquela serpente é enorme, e ainda tenho muito dele guardado.

Gastei uma pequena fortuna nos materiais, mas eu pagaria o dobro se alguém pode-se fazer esse trabalho todo por mim, mas para ela ser fiel apenas a mim, é preciso o criador fazer todo o trabalho duro sozinho, colocando parte da sua intenção a cada peça concluída, por isso demorei nessa construção, grande parte desse tempo, foi gasto aprendendo a forjar, como não queria criar algo feio, demorei bastante para chegar nesse ponto.

Com cuidado, levantei a esfera do núcleo a segurando com dois dedos e o braço esticado, andei lentamente na direção do meu robô, e ao me aproximar do seu peito, uma abertura surgiu nele, bem no local aonde fica o coração de um humano, mostrando nada dentro, apenas um buraco negro com dois fios soltos prateados que devem ser conectados a esfera no final.

O núcleo, mesmo ainda não completo, começou a vibrar, algumas peças nele ganharam vida, envolvidas por mana negra clara, isso é um bom sinal, um teste para ver se estou próximo ao se comete algum erro que vai me forçar a jogar todo meu trabalho até agora no lixo, pelo menos o núcleo, já que o corpo não passa de uma bela casca sem ele.

Com o mesmo cuidado, levei a esfera até sua base, que a matem parada na minha mesa, e por fim, relaxei um pouco, foi nesse momento que senti meu telefone vibrar no bolso. Por conta da minha paranoia em usar celulares feitos pelas impressas Wayne ou Luthor, Dick, acabou criando esse para mim, ele não tem quase nenhum recurso que os novos possuem, o que realmente não me faz nenhuma falta hoje em dia, mas ele quase não pode ser rastreado, mesmo assim, não falo nenhuma informação muito pessoal nas minhas conversas só para garantir.

"Kori, o que foi?" Perguntei após atender a ligação colocando o celular contra minha orelha.

{Amigo Dio, vamos nos divertir!} Ela gritou essa afirmação do outro lado da linha, quase posso sentir a vibração de alegria dela daqui.

"Você não estava trabalhando hoje?" Perguntei em voz alta, a parando antes de entrar no seu modo superanimado que não para de falar até conseguir um sim.

{Voo cancelado, vamos sair juntos!} Falou ela feliz.

"Quem vai?" Perguntei já aceitando, eram oito da noite, e meu trabalho por hoje está acabado, então não faz mal passar algum tempo com os amigos.

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