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a montanha encantada { concluded }

Durante mais uma temporada de férias na fazenda do Padrinho, as crianças Vera, Lúcia, Cecília, Quico e Oscar se envolvem uma aventura cheia de fantasia e mistério. Eles ficam curiosos sobre uma estranha luz que aparece no cume de uma montanha, que eles chamam de Montanha Encantada, próxima da fazenda, e decidem descobrir o que é. Com a autorização do Padrinho os cincos correm para uma excursão até a montanha. Durante o percurso eles ouvem uma música misteriosa que faz com que fiquem ainda mais curiosos. Ao chegar no topo da montanha eles acidentalmente caem em um buraco que os leva para um mundo desconhecido. Eles avistam uma casa onde moram alguns anões e depois descobrem que na verdade era uma cidade de anões. Neste local tudo é feito de ouro e rubi, inclusive as roupas. Ali eles descobrem o mistério da luz da Montanha Encantada.

9julio9 · Book&Literature
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18 Chs

A MONTANHA QUE CANTA

Subiram sem parar até às duas horas da tarde daquele dia, sempre seguindo o curso do riozinho, de modo que não faltou água para os viajantes e os animais.

Fizeram algo para almoçar; estavam todos com muita fome. Padrinho observou o lugar e disse que as barracas poderiam ser armadas ali; no dia seguinte chegariam ao fim da subida. Imediatamente trataram de dar comida aos cavalos, fazê-los pastar um pouco e preparar o pouso para a noite.

Depois de tudo pronto, almoçaram com apetite; em seguida tiraram uma soneca, pois naquela manhã a caminhada tinha sido longa. Fazia muito calor e estava ameaçando chuva; às cinco horas da tarde estavam todos despertos, bem dispostos e alegres, mas desejosos de um banho. Padrinho deu umas voltas e descobriu um lugar ondeo riozinho formava um pequeno lago; determinou que as crianças tomassem banho ali. Cada um seguiu com sua toalha e sabão, pois de nada se haviam esquecido.

Foi um esplêndido banho frio que cada um tomou por sua vez no pequeno lago; Padrinho e depois os empregados também foram banhar-se. Como haviam almoçado muito tarde, Padrinho disseque, em lugar do jantar, tomariam apenas um ligeiro lanche. Foram ver a despensa para calcular quanto tempo ainda durariam as provisões que haviam trazido. Padrinho ficou satisfeito; havia muita coisa: latas de doces, queijos, linguiça, ovos, leite condensado e frutas. As seis horas tomaram café com leite e bolachas, deram milho aos cavalos,trataram dos cachorros, que também gostavam muito de café com leite, e acomodaram-se para dormir.

O céu estava muito escuro; Padrinho distribuiu oleados nas três barracas para se defenderem da chuva. Tomásio ofereceu-se para ficar de sentinela; podia acontecer alguma coisa estranha como na noite anterior. Padrinho hesitou; Tomásio não podia ficar a noite toda sem dormir.

Assim, não podería trabalhar no dia seguinte. Entãodeterminou que Tomásio ficasse até à meia-noite, em seguida Jeromão, da meia-noite em diante. Henrique e Eduardo também quiseram ficar, mas Padrinho disse que eles fariam guarda na noite seguinte; não havia necessidade de tanta gente numa só noite. Dormiram. Tudo ficou silencioso; os cavalos estavam bem amarrados e os cachorrinhos dentro das barracas.

Tomásio sentou-se entre a barraca do Padrinho e a dos meninos; colocou a lanterna no chão ao seu lado e a espingarda no colo; tirou um cigarro do bolso e começou a fumar. A escuridão era completa; apenas de vez em quando passava um vaga-lume iluminando a folhagem da mata. Um pássaro piou e alguns grilos ali por perto começaram a fazer cricri entre o arvoredo baixo.

Vera estava muito cansada; deitou-se e dormiu imediatamente. Sonhou que estava num teatro e nesse teatro havia muita gente que tocava uma música esquisita; era bonita, mas parecia música de sinos. Vera ouvia extasiada, estava gostando muito; de repente, um trovão reboou longe, mas parecia perto, mesmo ali dentro da montanha.

Vera acordou um pouco assustada, depois lembrou-se de onde estava; ficou com pena de ter acordado e perdido aquele sonho tão agradável. Voltou-se para outro lado para dormir outra vez, mas não dormiu logo. Ficou muito admirada porque continuou a ouvir a música do sonho; ouvia agora melhor, mais nitidamente. Estaria sonhando outra vez? Beliscou a própria perna: estava bem acordada.

Estendeu, o braço e passou a mão em Pipoca que estava dormindo aos seus pés; o malandro tinha esperado Vera dormir e pulado para cima da cama de campanha. Lúcia e Cecília dormiam na cama ao lado. O que estaria se passando? Seria a única a ouvir aquela música? Não era muito perto, o som vinha de longe, mas nunca tinha ouvido nada tão bonito.

Um sino tocava mais forte, outro mais fraco, um som era mais grosso, outro mais fino, eram badaladas em vários tons. Ficou escutando, depois lembrou-se de perguntar a Tomásio se ele também ouvia; Tomásio devia estar de sentinela. Levantou-se bem devagar para não acordar ninguém e ia chegar à entrada da barraca; nisso outro trovão mais forte repercutiu por toda a montanha e a chuva começou a cair ruidosamente.

Vera voltou, deitou-se e não ouviu mais nada por causa do barulho da chuva; no dia seguinte de madrugada, a primeira coisa que fez foi perguntar a todos se não haviam ouvido a música estranha. Ninguém ouviu nada. Apenas Tomásio contou que dormiu um pouco, apesar do esforço que fez para continuar acordado. Havia dormido com o cigarro entre os dedos, depois sonhou: foi um lindo sonho.

Tocavam sinos, de uma maneira muito bonita e ele nunca tinha ouvido sons tão agradáveis. Pena que foi um sonho. Vera admirou-se:

— Eu também sonhei, Tomásio. Depois fiquei acordada uma porção de tempo e continuei a ouvir a música. Não era sonho, tenho certeza. Henrique caçoou de Vera:

— Já sei. Você sonhou que estava acordada e que estava ouvindo música.Ela protestou:

— Estava acordada, sim senhor, não era sonho. Ia levantar para falar com Tomásio, quando a chuva começou a cair e atrapalhou tudo.

Ficaram todos certos de que Vera tinha sonhado; Padrinho até riu, dizendo:

— Então estamos subindo a montanha que canta.

Eduardo também riu:

— Não sabemos se é a montanha que canta ou a montanha encantada. Temos de dar um nome; desconfio que é encantada, pois ontem ouvi coisas bem estranhas.

Ficou batizada A Montanha Encantada, ninguém falou mais nisso