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Capítulo 38 - Eu te odeio

Os dois meses estavam chegando ao fim, hoje será a reunião de pais e professores, e amanhã as aulas voltarão ao normal novamente. Igros já havia voltado para o décimo terceiro universo, juntamente de Saya e Len. Heyzel ainda não havia chegado, e nem manteve contato com eles.

Alguns alunos estavam voltando para a academia, se estabelecendo em seus quartos e arrumando suas coisas, mesmo que a academia ainda não tenha voltado 100%, e que ainda faltasse um dia para isso. Íris permitiu aos alunos que não quisessem voltar para suas casas ou simplesmente não quisessem sair do território da academia, se mantivessem morando nas instalações da academia, os dormitórios.

Esse foi o caso de Rengner, se manteve nas instalações e passou os dois meses treinando nas salas espirituais. Diferente da sala espiritual que há na residência de Alexander, as da academia tem um tempo bem diferente. O tempo dentro delas passam mais rápido do que o lado de fora. Uma hora dentro equivale a dez minutos fora, então dessa forma, os alunos poderiam passar 24 horas treinando dentro delas, e quando saíssem teriam se passado apenas 4 horas do lado de fora.

Rengner não foi o único a ficar treinando, Skyller o acompanhou durante os dois meses. A fim de aumentar tanto sua relação com ele, como suas habilidades, ambos treinavam de forma séria e sem se conter um com o outro, que de tal forma, gerou enormes resultados para ambos.

A reunião era algo de extrema importância para os alunos, 70% deles ficavam ansiosos para saber o que seus pais conversaram com seus professores. Afinal, aquela reunião ditará a permanência de cada aluno, mostrar como cada um estava se saindo e se realmente deveria continuar ou não. Para uns, isso era a coisa mais importante.

Zefre sem dúvidas era o aluno que mais esperava que as coisas dessem certo. Ele sabia que sua mãe não era muito boa em cumprir suas promessas, mas dessa vez estava confiando 100% nela, havia dito o quão isso era importante para ele.

— É hoje, finalmente voltarei — Zefre olhava para o teto, enquanto estava deitado em sua cama, sem cobertor e apenas com seu corpo livremente exposto.

Se levantando e ficando sentado na cama, ele se direciona para a cômoda ao lado de sua cama e pega uma cueca na primeira gaveta.

— Preta? — Perguntava enquanto olhava procurando alguma cor diferente — É, esqueci que só tenho preta.

Se levantando e vestindo ela, Zefre anda até a porta e abre ela. Andando até a cozinha, ele vai até à geladeira e pega a garrafa de suco que estava nas últimas. Coloca um copo no balcão e põe todo o suco nele. Na sala estava sua mãe, assistindo televisão e mexendo em alguns papéis.

— Caiu da cama? — Pergunta ele, saindo da cozinha com seu copo na mão.

— Acreditaria se eu dissesse que não? — Responde sorrindo enquanto mostra os papéis.

— Noup, só se estiver doente — Tomando um gole ele faz uma pausa até terminar — Está?

— Não — Sua mãe parecia está mais alegre do que o costume, não era normal vê-la daquela forma.

Andando até o sofá, ele pega um dos papéis que estavam na mesinha e os olha. Vendo serem contas, ele afasta seus olhos para observar os outros, e percebia que eram muitos, de fato muitos.

— Estamos com problemas? — Questiona ele.

Sua mãe vira seu rosto para sua esquerda e vê que ele estava com alguns dos papéis, mas o que mais chamava sua atenção era vê-lo de cueca, e o tamanho do volume em sua cueca.

— Nós não, mas a garota que provar dessa fruta estará com sérios problemas, sem dúvidas — Respondia sorrindo e deixando Zefre completamente com vergonha.

— Mãe!! — Falava com um tom mais alto, enquanto cobria seu órgão com suas mãos.

— Que foi? Não é como se eu nunca tivesse visto né. Eu dei banho em você mais vezes do que pude contar.

— Sim, eu sei! Mas sou um adulto agora!

— A culpa é sua por andar de cueca enquanto estou aqui, ainda mais com esse monstro aí.

— MÃE!! — Zefre apertava e puxava sua orelha.

— Tá tá, parei!

Soltando ela, Zefre se vira e anda na direção do banheiro.

— Vou tomar um banho — Fala ele, pegando sua toalha em seu quarto e voltando para o banheiro — Nem pense em me espiar para sair contando para suas amigas. Não curto coroas.

Sua mãe começa a rir após ouvi-lo, pensando se ele havia realmente dito aquilo. Após 20 minutos, Zefre sai do banheiro e vai até seu quarto, onde se troca e veste seu uniforme da academia. Uma calça preta lisa, com dois bolsos na frente e um atrás, juntamente de uma camisa branca com botões e gola, e por cima um blazer na cor de vinho. Deixando o blazer aberto, ele colocava uma gravata em seu pescoço, de tom preto e detalhes em vermelho-escuro, quase o mesmo tom de vinho.

Se olhando no espelho, ele analisa como estava, e percebe que precisava apenas do toque final. Pegando sua pasta modeladora, ele espalha um pouco em suas mãos e começa a movê-las por seu cabelo, o modelando e deixando um pouco bagunçado. De alguma forma, seu rosto combinava muito com aquele toque bagunçado no cabelo, talvez fossem os pequenos cachos que se formavam nas pontas, mas aquilo o deixou ainda mais bonito.

Pegando sua bolsa e colocando em seu ombro direito, ele segue saindo de seu quarto e vai até à geladeira novamente. Pegando uma maçã de dentro, ele fecha a porta e vai até sua mãe. Sentando no sofá rapidamente, ele avisa ela novamente sobre a reunião.

— Por favor, isso é muito importante. Eu preciso mesmo que dessa vez você vá, pelo menos uma única vez. Me promete?

Virando-se para ele, ela olha para seu rosto e percebe que realmente era importante.

— Eu prometo — Prometia enquanto levantava seu dedo mindinho, como um sinal de contrato — Eu passarei na cidade para pagar essas contas e logo em seguida irei para lá.

Zefre sorria ao ouvir ela falando, ele estava realmente acreditando nela novamente, depois de tudo. Beijando sua testa, ele se despede e sai pelos fundos. Caminhando até o fundo da floresta, Zefre se encontra com seus colegas, que dariam uma "carona" para ele.

— Não imaginei que já estivessem aqui.

— Agradeça ao Jūryoku. Ele que me fez vim logo — Kaze como sempre estava sério. As pessoas julgavam que ele fosse muito ignorante, mas na verdade era apenas o jeito dele mesmo.

— Hey hey!! Quanto tempo amigão — Jūryoku vinha da cachoeira, junto de Mizu.

— Jūry, Mizu. Obrigado por virem! — Abaixa sua cabeça, cumprimentando eles.

— HaHa, que isso. Você sabe que não precisa disso, somos colegas — Mizu sorrir enquanto balança sua mão.

— Podemos ir? Vocês podem conversar quando chegarmos lá — Kaze pergunta, mas com um tom de ordem.

Jūryoku e os outros concordam, e então Zefre estende sua sombra para que todos elas caibam dentro dela, assim os trazendo para dentro dela. Kaze tem manipulação da escuridão, podendo manipular e moldar escuridão de acordo com sua vontade. Seus portais eram graças a ele poder modificar qualquer sombra existente também, assim ele abria um caminho em uma dimensão alternativa que ligava cada sombra em cada universo.

Em poucos segundos já estavam na academia, saindo bem na frente do campos 01, embaixo de uma das árvores que havia ali. Alguns alunos que chegavam na academia, olhavam para os quatro que acabavam de surgir do nada.

— Nossos fãs — Brinca Zefre.

— Verdade né? Acho que deveríamos dar-lhes nossos autógrafos — Continua Jūryoku.

Kaze começa a andar na direção do dormitório a sua esquerda, e todos os outros o seguem, já que estavam no mesmo dormitório também. Geralmente os dormitórios são para apenas duas pessoas, mas caso amigos queiram se juntar e ficar mais em apenas um, é permitido.

Chegando ao fim da tarde, Saya chega juntamente de Alexander. Ao mesmo tempo chegam Igros e Len. Alex os cumprimenta e conversa um pouco eles, mais sobre como estavam e como foram os dois meses.

Faltava apenas duas horas para que as reuniões começassem, e todos já estavam se arrumando e se preparando. Originalmente, as reuniões são feitas apenas entre professores e responsáveis, e os alunos ficam vagando pela academia. Mas em alguns casos, pode ser que o aluno possa ser chamado para participar também.

Zefre estava no quarto com seus colegas e estavam todos conversando, enquanto ele apenas os observava e prestava atenção no que diziam.

— Seu pai vai vir, Kaze? Nunca vimos ele ou se quer soubemos algo sobre — Pergunta Mizu, enquanto estava deitado completamente arrumado.

— Digamos que sim, e não — Responde ajustando sua gravata na frente do espelho.

— Como assim? Sim e não? — Jūryoku interroga, flutuando pelo quarto enquanto estava de pernas cruzadas, como se estivesse sentado.

Kaze não fala mais nada, apenas levanta levemente sua mão direita e mexe seus dedos, e logo em seguida parte de sua sombra sobe e toma forma humana. Todos olhavam para aquilo e se perguntavam o que ele estava fazendo. Poucos segundos depois, a sombra começa a tomar forma humana, criando cabelo, olhos, boca, nariz e ficando na mesma tonalidade de Kaze.

— Aí está a resposta — Afirma ele, se virando após terminar de ajustar sua gravata e olhando para todos, estando lado a lado da sombra criada por ele.

Incrivelmente a sombra havia se tornado um corpo humano, alguém que apenas o visse nem desconfiaria de nada, não tinha como, era perfeito. Cabelos chegando atrás do pescoço de cor preta e bem profundo. De tonalidade branco meio escuro, sua pele era exatamente igual a de Kaze, o que diferenciava os dois era as características, como a idade, barba, cabelo, voz e sua altura, sendo maior que ele, com 2,07 metros.

Todos ali olhavam assustadamente para o que presenciavam. Zefre por um instante pensa em pedir para ele fazer a mesma coisa para ele, fazendo uma sombra se tornar sua mãe. Mesmo que ela tivesse prometido que iria comparecer, ele ainda mantinha um pé atrás.

No restante das horas, eles continuam se arrumando. Enquanto os alunos que já estavam prontos começavam a se dirigir para dentro da academia, acompanhados de seus responsáveis. Nos minutos restantes, os professores começam a entrar na sala designada para o evento, enquanto Íris ficava do lado de fora, com um tablet em sua mão, olhando a imensa lista de pais e responsáveis que haveriam naquela noite.

— Vejo que precisa de companhia — Diz uma voz calma, se aproximando por trás dela.

Se virando vagarosamente, seus olhos se espantam e suas pupilas dilatam.

— A-Alex? — Falava quase sem fôlego, enquanto sentia rajadas de emoção se chocando em seu corpo.

— Estava esperando outra pessoa? — Inquiria, olhando para os arredores.

— Não… não tinha como ser companhia melhor — Respondia sorrindo, com suas bochechas ficando levemente avermelhadas.

Ambos se olham por um longo tempo, sorrindo e soltando risadas suaves. Saya fica ao lado de Alex e percebe o momento que aqueles dois estavam tendo.

— É, se cuidem vocês ai.

Saya saia deixando os dois a sós, que continuavam se olhando até finalmente algum deles tomar uma atitude para quebrar aquela parede que os mantinham distante.

— Quer que eu acompanhe você essa noite? — Perguntava com um belo sorriso em seu rosto, enquanto estendia sua mão para ela e a olhava fundo em seus olhos.

— Eu adoraria. Mas não será uma noite rápida — Respondia, pegando em sua mão e sorrindo.

— Perfeito, precisamos de bastante tempo mesmo.

— Precisamos? — Sorria maliciosamente, como se soubesse do que ele falava.

— Sim, temos muitas coisas para fazer.

Em alguns minutos, todo o salão estava cheio, todos os responsáveis estavam presentes e só aguardando serem chamados. Não demorou muito para que começassem a ser chamados, afinal às duas horas já haviam acabado.

Enquanto houvesse pais conversando com os professores, Alex e Íris se entendiam do lado de fora. Fora muitos anos longe e o motivo para isso ainda permanecia desconhecido para ela.

— Quer dizer que o melhor aluno da academia B&R daquela época simplesmente sumiu e ninguém soube por onde estava.

— O melhor? hahaha, por favor, nunca fui intitulado assim. Você sabe que Edward era o melhor.

— Talvez, mas eu sempre acreditei que você se continha. Escondia seu real poder para ele ficar acima sempre.

— HAHAHA! Eu simplesmente séria usado de pano de chão se nos enfrentássemos.

— Talvez. Eu pagaria para ver.

De momento em momento eles eram interrompidos pelos pais saindo da sala, e logo em seguida eles chamavam os próximos da lista. Seriam horas e horas assim, o lado bom é que teriam tempo suficiente para resolverem seus assuntos.

— Você… nunca pensou em me visitar? — Perguntava Íris, olhando para o chão com sua cabeça levemente abaixada.

— Pensei sim — Respondia, esboçando um sorriso enquanto olhava para o teto — Mas não era possível que eu fizesse isso…

Íris o olhava tentando entender o sentido do que ele acabava de dizer. O que faria Alexander, aquele capaz de viajar entre universos sem precisar ir até os portais responsáveis por isso ou até mesmo percorrer todo o espaço de um para o outro, ser incapaz de visitar alguém importante, importante ao ponto se der Íris VanderWood.

Ele não continua o que estava falando, e ao olhar para seu rosto, ela percebe que não seria uma opção perguntar o que havia acontecido.

O tempo vai se passando, e rapidamente chegava a reta final das reuniões, faltavam poucos pais e alunos. Kaze juntamente e Mizu e Jūryoku já haviam tido suas devidas reuniões, porém, a mãe de Zefre não havia chegado ainda.

— Zefre? — Perguntava Jūryoku, abrindo a porta da entrada da academia e vendo que seu colega estava no portão principal, parado e observando a estrada.

Olhando para sua direita, Zefre tinha uma expressão de decepção, com um pouco de raiva que era levemente notável.

— O que faz aqui? — Indaga Jūryoku, chegando devagar atrás dele.

— Minha mãe não apareceu ainda — Respondia sem desviar o olhar, como se não quisesse mostrar o quão irritado estava.

— Você acha que ela vem? Já estão nos últimos — Jūryoku se aproximava lentamente dele, ficando um pouco atrás de seu ombro direito, tentando olhar para seu rosto.

— Como sempre, ela nunca cumpre suas promessas — Zefre apertava a parte externa de seus braços, já que estava com eles cruzados — Não sei porquê acreditei nela.

Se virando de uma vez, ele começa a andar na direção da academia, deixando Jūryoku para trás. Entrando e passando pela recepção, ele vai até o local onde ocorria as reuniões. Vendo Íris parada na frente da sala, ele tenta ganhar tempo para sua mãe, acreditando que ela fosse aparecer ainda.

— Íris! — Exclamava ele, parando em sua frente e se curvando levemente — Perdoe-me por incomodá-la, mas eu gostaria de saber se poderia me dar mais algum tempo para que minha mãe possa chegar aqui.

— Oh! Zefre? Falta apenas mais dois pais, eu só poderei lhe dar 1 hora.

Vendo ter apenas uma hora, sua esperança acabava de vez, era impossível que ela chegasse em apenas uma hora.

— Certo… se ela não comparecer, o que pode acontecer? — Perguntava ao se levantar, olhando para Íris, mas com seus olhos preenchidos de lágrimas.

— Acredito que eu, juntamente dos professores, faremos uma reunião entre nós e decidiremos seu futuro em nossa academia.

Íris se sentia péssima ao falar isso, ela sabia que entre todos os alunos que haviam na academia, para Zefre, ela era a coisa mais importante de sua vida, a academia para ele é como se fosse sua casa, e ele percebia que poderia ser… expulso de sua própria casa.

— Entendo… obrigado pela atenção.

Zefre sai logo após cumprimentar Íris e Alexander, com sua cabeça baixa e andando ligeiramente ele vai até o campus novamente.

— Quem é ele? — Indaga Alex, observando o garoto se afastar.

— Zefre. Ele é um dos melhores na academia, juntamente da elite. Uma pena ele não ter manipulação alguma, mas ele contém várias técnicas e estilos de luta, ele é um aluno incrível.

Alexander observa ela agora, percebendo que ele realmente era um garoto incrível.

— E qual o problema que está acontecendo?

— Acredito que seja sua mãe. Seu pai os abandonou quando ele era novo, e sua mãe não tem uma relação muito boa com ele. Que eu saiba, ele vive sozinho em casa, ela vive ocupada e fora de casa, acho que ela não pôde vir.

Alexander apenas confirma e volta a olhar para os últimos pais que faltavam, enquanto Íris riscava os nomes dos que saiam da sala e em seguida chamava os próximos.

Se dirigindo até a grande árvore que havia bem no meio do campus 01, Zefre senta em baixo dela e fica ali durante o tempo dado para ele. Uma hora era tudo o que ele tinha, se acabasse o tempo e ela não aparecesse, ele voltaria para casa e sabe-se lá o que faria e falaria para ela.

Olhando para seu celular uma última vez, restava apenas 5 minutos e ela ainda não havia chegado. Suspirando fundo e fechando seus olhos, pequenas lágrimas escorrem e descem pela sua bochecha, caminhando por ela e caindo logo após chegar em seu queixo.

Abrindo seus olhos, ele observava os outros alunos saindo da academia, juntamente de seus pais, sorrindo alegremente, rindo e abraçando eles.

Levantando-se de uma vez, ele caminha na direção da saída, de cabeça baixa e com seus punhos fechados. Jūryoku e Mizu o vêm saindo e vão atrás dele.

— Zefre, o que aconteceu? — Gritava Jūryoku, enquanto corria para se aproximar.

Zefre apenas ergue sua mão direita com seu punho fechado e a deixa firme enquanto anda. A mão levantada com o punho cerrado e firme daquela forma era um sinal entre eles que indicava para a pessoa parar, ou como no caso de Zefre agora, significa "Pare, me deixe sozinho, eu estou bem", porém, Jūryoku e Mizu sabiam que ele não estava completamente bem.

— O que vai acontecer agora?

— Como assim? — Questiona Jūryoku, olhando para seu colega sem entender o que ele quis dizer.

— A mãe dele não compareceu, e certamente ele pode acabar sendo expulso da academia.

Os dois se olhavam na esperança de que o outro falasse ser mentira, mas tanto Mizu como Jūryoku sabiam que isso de fato poderia acontecer.

A reunião já havia acabado, os pais estavam indo embora juntamente de seus filhos, que no dia seguinte voltariam para a academia e sua rotina. Outros já estavam acomodados de novo e ficariam nas instalações da academia mesmo.

Saya está junto de Len e Igros, ambos indo para os dormitórios, descansar para o dia seguinte, entretanto.

— Ei! Garota da 1A — Gritava uma voz masculina bem antes deles entrarem no dormitório.

Saya e os irmãos viram-se para trás e observam a pessoa que gritava. Um garoto alto, aparentemente com 1,89 de altura, com cabelos loiros e longo, preso a um rabo de cabelo que descia até três dedos acima de sua cintura.

— O que deseja? — Pergunta Saya, olhando com desprezo para ele.

— Cadê aquele seu namoradinho? Nunca mais vi ele aqui, quero ter minha revanche com ele — Perguntava ele, se aproximando mais dela e dos irmãos.

Saya não sabia ainda quem era ele, mas sabia que estava procurando por Harry.

— Não sei, ele deixou a academia.

— Engraçado, antes da invasão começar ele estava nas instalações de tratamento, e após isso ele some? Deve ter fugido com medo, uma pena.

O rapaz começa a rir e logo se vira, ficando de costas para ela. Caminhando na direção da estrada que partia os dois campos, ele se vira para Saya logo após sentir uma sensação assustadora e que lhe causou arrepios.

Estando frente a ela novamente, ele via que ela andava em sua direção, o olhando com os mesmo olhos secos e sem expressão alguma. A energia que ela emanava era o desejo de matar ele ali e agora.

— Lembrei quem é você — Dizia ela, enquanto levantava seu braço direito e o balançava — Tay Laskands, quase me esqueci.

— Quase se, esqueceu?! — Questionava ele, gritando para Saya.

— Sim, só costumo me lembrar de pessoas fortes e que valham a pena, diferente de você.

— O que você disse?!!

Tay fica parado enquanto Saya anda em sua direção, mas sua expressão não era a mesma do começo da conversa, ele não estava mais calmo e debochado, agora estava com raiva, e muita raiva.

— Está surdo? Será que ainda se lembra do medo que sentiu quando Harry quase o matou? Aaa aposto que se lembra né, aposto que você se segurou para não molhar suas calças.

Saya estava realmente querendo tirar ele do sério, mexer com sua cabeça e fazer com que ele atacasse ela, mas para quê? Porquê ela faria isso?

— Você não me conhece?!! Não sabe sobre minha família??!!

— Eu não dou a mínima, você é fraco, e ainda pensa que pode vencer Harry? Não me faça rir.

Suas palavras soaram tão secas e em simultâneo tão intimidante que Tay já não podia mais se controlar. Rangendo os dentes e apertando seu punho, ele avança na direção dela e desfere um soco veloz em seu rosto. Igros e Len tentam correr na direção deles, para a proteger, porém, não conseguem a tempo.

O punho dele já estava firme no rosto de Saya, Len e Igros olhavam espantados, aquele soco dele estava com muita concentração de Henshi, séria capaz de destruir uma casa se quisesse. Porém, Saya estava parada na sua frente, com o mesmo olhar frio e seco, sem esboçar nenhuma reação.

— Como?? O que você fez??!!

— Nada… essa é a diferença entre nós dois — Afastando o punho de seu rosto, ela o segura pelo pulso e o levanta — Nem em 100 anos você alcançaria o mesmo nível que Harry, e mesmo que alcançasse, não séria o suficiente.

Tay franzia as sobrancelhas, olhando para o rosto dela com um olhar completamente rendido e assustado. Sem perceber ou ao menos ver, o punho de Saya estava bem no seu nariz, e sem entender, ele estava no meio do ar, sendo arremessado para longe, e tudo o que via era as estrelas e o céu iluminado.

Caindo no chão, ele toca seu nariz e vê que havia sangue em seus dedos, e que ao seu redor havia muitas pessoas o olhando, surpresos e assustados também. Se levantando e ficando sentado no chão, Tay olha para Saya e grita o suficiente para que ela ouvisse.

— EM NOME DA FAMÍLIA LASKANDS. EU DECLARO SENTENÇA DE MORTE PARA VOCÊ, SAYAA!!

Todos olham e escutam a declaração que ele havia feito, e logo em seguida viram seus olhares para Saya, que entrava agora  no dormitório, deixando Tay e a todos para trás.

Mais distante, na entrada da academia, Alexander e Íris estavam juntos, e ambos presenciaram o que haviam visto. Por algum motivo Alexander estava sorrindo, e Íris olhava para aquele sorriso e via em seus olhos que ele estava aguardando por alguma coisa.

— Posso saber o motivo desse sorriso? — Perguntava enquanto desviava seu olhar dele e passava para os alunos que iam embora com seus pais.

— Sorriso? — Indaga ele, olhando levemente para ela — Aaah sim! É que, será divertido.

— Divertido? Sua "filha" acaba de receber sentença de morte da família Laskands, como isso pode ser divertido? — Íris o encarava agora, buscando entender o que se passava na cabeça dele.

— Sim, será divertido. Ela agora tem problemas com eles, e eu também tenho, então pela primeira vez depois de décadas eu poderei resolver minhas pendências com eles, e claro, me divertir também.

Ainda sem entender. Íris apenas aceita o que ele falava, ainda era nítido a felicidade em seus olhos e sorriso. Olhando para o céu ao lado dela, Alexander estende seu braço direito e o coloca em seu ombro, puxando ela para mais perto de si.

Íris fica vermelha e morta de vergonha, já faziam anos que ela não sentia esse tipo de conexão, esse tipo de choque que corria em seu corpo e fazia com que ela ficasse arrepiada e feliz.

— Eu estava com saudades. Íris — Proferia enquanto abraçava ela, deixando seus corpos próximos e enquanto deslizava seus dedos pelo ombro dela.

— E-eu também… — Um sorriso se formava em seus lábios juntamente de suas bochechas vermelhas.

Suas pupilas dilatam e sua respiração fica mais rápida, ela tenta esconder que está assim, mas Alexander percebe e começa a abraçar mais forte e repousa seu rosto em seus cabelos, sentindo seu cheiro.

— Me promete uma coisa? — Pergunta Alex, fazendo ela ficar sem o que falar — Me prometa que não vamos mais nos afastar?

Aquelas palavras ecoam por sua cabeça, sem parar. Se virando para trás e se soltando dos braços dele, ela o olha em seus olhos e vê novamente o sorriso sincero que ele mostrava quando estavam juntos na época da academia.

— Eu prometo! E você? Promete?

Alex apenas continua sorrindo e olha rapidamente para o céu, e logo em seguida desce sua cabeça e sela seus lábios com o dela. Por longos 20 segundos, que pareciam ser eternos, eles ficam com seus lábios um nos outros e em seguida ele a responde.

— Prometo sim.

Os dois se abraçam e ficam por longos minutos juntos, enquanto os pais e alunos continuavam indo embora. Pequenos pontos de luz percorriam o céu, realizando um grande evento lindo e romântico para eles dois.

Ponto de vista de Zefre

Eu realmente não sei porquê estava acreditando e esperando tanto que ela cumprisse sua promessa, ela nunca cumpriu! Por que iria agora? Nunca fui de pedir as coisas para ela, pedir objetos ou qualquer outra coisa, sempre fui… sempre fui independente.

Andei por horas até chegar em casa, torço para que ela esteja em casa, mas ao mesmo tempo não esteja. Sinceramente, não sei como reagirei quando a vir em minha frente.

Entro pelos fundos, mas percebo não haver nenhuma luz acesa, claro, ela não está em casa. Abro a porta e em seguida fecho, trancando e acendendo a luz da cozinha. Caminho pela sala, meu quarto e o dela, vou acendendo cada luz em cada cômodo.

Ela não estava, para minha incrível surpresa ela não estava aqui. Nunca fiquei com raiva ou puto ao ponto de tomar bebida alcoólica, mas hoje eu realmente estava com muita raiva, e para o meu bem, da casa e de minha mãe, séria melhor se eu me controlasse de alguma forma.

Abro a geladeira e pego duas latas de cerveja, ando até a sala e sento no sofá, estendo meus pés em cima da mesa e ligo a televisão. Reparo que não há mais nenhum papel aqui, ela disse que pagaria as contas e iria para a academia, mas claro que não fez isso.

Não quero pensar que ele esteja dando para algum dos babaca que dão dinheiro para ela, mas sinceramente, conhecendo minha mãe, só me vêm isso na cabeça.

Passo horas bebendo e assistindo a filmes que passavam no canal 16, um dos melhores canais para filmes. Me levanto e vou novamente até a geladeira, pegar mais uma lata. Surpreendo-me ao ver que não tinha mais, e então olho para o balcão, eu já havia tomado 13 latinhas.

Ouço o barulho de um carro parando bruscamente, o barulho que os pneus fazem na terra parece que ele parou de uma vez e fez curva, então corro lá para fora para ver quem era.

Abro a porta e tudo o que vejo é a poeira subindo e as luzes traseira do carro se afastando rapidamente. Por sorte consegui ver a placa, o idiota do carro tem uma luz branca bem em cima dela, OPWJ-737K.

Desço os degraus e ando até onde o carro possivelmente estava, havia muita poeira. Escuto um som de tosse, olho para minha esquerda e minha mãe estava ali, de pé e tossindo, com sua bolsa sendo segurada pelas pontas de seus dedos.

Instantaneamente meu corpo é preenchido por aquela raiva que eu estava sentindo e ando na direção dela. Não consigo conter minha voz alta e gritante, enquanto eu estava esperando e confiando que ela iria para a reunião, ela estava dando para algum desgraçado qualquer.

— MAS QUE PORRA! ONDE VOCÊ ESTAVA?

Aproximo-me dela e agarro seus ombros, sinto que ela estava quente, mais que o normal. Ela não olhava para mim, olha para o chão.

— OLHA PARA MIM PORRA!! VOCÊ ME PROMETEU! VOCÊ ME PROMETEU!!

Minha voz era muito alta e cheia de raiva, ecoava por todo o local e com certeza por toda a floresta atrás de nossa casa.

— POR QUE VOCÊ NUNCA CONSEGUE CUMPRIR UMA PROMESSA? POR QUE VOCÊ PREFERE VENDER SEU CORPO AO INVÉS DE TER UMA RELAÇÃO DE MÃE COM SEU FILHO?? EU TE ODEIO!! EU TE ODEIO MUITO!! — Por um momento minha voz falha, mas em seguida termino — EU QUERIA QUE VOCÊ NÃO FOSSE MINHA MÃE!!

Continuo balançando ela pelos ombros e mandando ela olhar para mim, até que ela ergue sua cabeça e me deparo com lágrimas.

Não apenas isso, graças a luz do pequeno poste que havia na frente de nossa casa, vejo que seu rosto estava machucado, vermelho e roxo em algumas partes. Olho o resto de seu corpo e vejo agora que algo havia acontecido a ela. Não apenas seu rosto, mas seus braços haviam marcas que pareciam ser de cordas e vários hematomas.

— Mãe?

Ela me olha mas seus olhos estavam cheios de lágrimas, completamente cheios. Continuo olhando para o seu corpo, vejo que suas roupas estavam muito rasgadas. Seus seios quase apareciam, e sua saia estava praticamente toda rasgada, cobria muito pouco de suas partes íntimas.

Pego em suas mãos e vejo cortes, marcas de corda, hematomas e sangue fresco. Olha suas pernas e elas estavam do mesmo jeito, porém, o mais chocante para mim, foi ver sangue escorrendo pela lateral interna de suas pernas. Sim, o sangue vinha da parte íntima dela. Olho em seus olhos e enxugo suas lágrimas e pergunto o que havia acontecido.

— Mãe?? O que aconteceu??

Ela não me responde, apenas continua chorando. Sua voz não saia, mesmo que tentasse, as lágrimas não deixavam, talvez o que houvesse acontecido tenha causado um trauma nela também.

Pego em seus ombros e tento levá-la para dentro de casa, mas ela me empurra e manda eu me afastar, diz que sabe andar sozinha e não quer que eu encoste nela.

— Mãe…

Vejo ela andando devagar, quase sem força, vejo que ela está se esforçando além do que aguenta. Tenho uma ideia do que aconteceu-lhe, e me sinto um monstro por dizer tudo aquilo sem saber o que havia acontecido, me sinto horrível por ter dito todas aquelas palavras que machucaram com certeza ela.

— Me desculpa… mãe.

Lágrimas saem de meus olhos, não me perdoo pelo que fiz, mas agora eu também não perdoo o que fizeram com ela. Cerro meus punhos com bastante força e limpo minhas lágrimas, solto todo o ar em minhas narinas e abro levemente minhas mãos, entro na casa e passo o resto da noite cuidando dela.

Juro para mim mesmo, eu vou achar quem fez isso, eu farei eles pagarem pelo que fizeram a minha mãe, eu nunca perdoarei esses merdas imundos. Também, ainda não me perdoei pelas coisas que falei a ela, talvez nem me perdoe.