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Capítulo 36 - Eu tentei. Juro que tentei

Voltando para o décimo terceiro universo. Saya volta para sua casa, seu lar, para a única pessoa que podia ajudar e entendê-la. Saindo pelo portal criado por Alexander, ela volta a ver a pequena casa em que viveu por anos. Olhando ao redor, ela para e sente o vento tocar seu corpo. Ouvindo o silêncio do ambiente, as flores e plantas serem levemente balançadas, aquele local era como uma terapia para seus problemas.

Olhando para o lago, a sua direita, vem a lembrança de quando abraçou Harry pela primeira vez, para trazê-lo de volta a consciência. E agora, já não o tinha mais ao seu lado.

Virando seu rosto e olhando para a casa, ela anda em sua direção, bem devagar e com calma, sentindo e apreciando todo aquele lugar que trazia uma calma e paz extremamente incríveis. Aproximando-se da entrada, ela ouve um som vindo de dentro, uma melodia calma e lenta.

Girando a maçaneta da porta, ela empurra para frente e adentra a casa. Observando a pessoa de costas, seus olhos travam naqueles longos cabelos pretos escuros. Andando 4 passos a frente e parando antes de chegar ao balcão que separava a sala da área da cozinha, Saya nem acreditava que realmente estava vendo ele de novo.

— Oh! Você já chegou? Pensei que fosse levar mais algumas horinhas, estou quase acabando a comida de Boas-vindas.

Alexander se vira ao terminar de falar. Ficando frente a frente com ela, sorrindo como sempre e com seus olhos fechados. Percebendo que ela não veio até ele para o abraçar, ele abre seus olhos e observa como ela estava.

— Saya? — Pergunta, após abrir seus olhos e reparar que ela estava de cabeça baixa e com seus punhos fechados.

Leva apenas 5 segundos de silêncio, até ela liberar suas lágrimas que estavam guardadas desde o dia em que Harry a deixou, desde o dia em que perdeu seu primeiro amor.

— Eu tentei! Juro que tentei!! — Sua voz saia quebradiça. Seus olhos já cobertos por lágrimas, que tomavam de conta de sua visão e a impedia de ver o que havia a sua frente — Eu tentei ser forte, tentei protegê-lo! Eu tentei ser a sua âncora… eu não consegui ajudar ele, por quê??? Por quê eu não pude ajudar quem eu amo??!

Alexander observava ela, vendo que não apenas Harry carregava um grande peso em suas costas, mas também Saya. Se aproximando devagar, ele toca em seus cabelos e a aproxima de seu corpo. Fazendo com que ela o abraçasse e chorasse em seu peito.

Acariciando e deixando ela ter seu tempo, para Alex, era a melhor forma de lidar com uma pessoa quando a mesma estava nessa situação, apenas deixar ela liberar tudo até cansar.

— Era para estarmos nós três aqui… se eu tivesse sido o suficiente para fazer ele ficar…

— Não foi sua culpa — Interrompe Alex, quebrando o momento e fazendo com que ela pare — Todos nós temos um destino, ele estava destinado a se afastar para que pudesse melhorar — Sua voz era calma e suave, fazendo com que todos os pensamentos negativos dela parassem por um pequeno momento — Ainda não é o fim.

Abraçando ela mais forte e apertando, ele a fazia se sentir segura e protegida. Olhando para a porta aberta a sua frente, vem na sua memória o dia em que Harry estava ali, do lado de fora e na mesma situação, não. Ainda pior do que ela estava agora.

Lentamente Saya parava de chorar e de se culpar, e ao parar por completo, Alex pede para que ela se sentasse na mesa para que pudesse servir a refeição deles.

— Eu não sei você, mas estou faminto!

Sempre com um sorriso no rosto, talvez fosse para demonstrar que estivesse feliz todo momento, ou então fosse para trazer paz as pessoas ao seu redor.

Durante a refeição, Alexander pergunta como foi o tempo na academia, o que havia aprendido e como eram as pessoas. Alex de fato perguntou tudo a ela, realmente se importava, mesmo que não pudesse estar presente para ajudar.

Saya conta tudo o que aconteceu, desde o primeiro dia, até o dia de ontem. Conta que as aulas eram boas e que conheceu ótimas pessoas, pessoas realmente incríveis. Ela contou tudo sobre Heyzel, Kazuki, Skyller, os irmãos de Harry. Aquilo fez com que ela se distraísse das coisas ruins que estavam ao seu redor e ficasse nas boas.

— Mas… — Em meio a todas as coisas boas que ela havia falado, um "Mas" saio no final de tudo — Quando estávamos na etapa de exploração, no planeta Numensky — Ela para inesperadamente, e seus olhos começam a se encher de lágrimas novamente.

Alexander pensa em consolar, mas também se vê curioso. Durante todos os meses em que ficaram lá, ele não sabia o que estava acontecendo, soube apenas da invasão por conta de Kazuki, mas fora isso, ele não sabia de nada.

— Era para ser algo tão… Simples — Suas palavras saem lentamente e tênue. Suas lágrimas não paravam de escorrer e seu corpo estremecia enquanto falava — Eu o vi morto! Ele estava com um buraco no peito — Apontava para o lado em que seu coração ficava — Ele estava parado, sem uma única batida… eu o vi morto, e eu não pude fazer nada…

Mais lágrimas saem, e soluços são iniciados, junto da voz fraca e a tremedeira em suas mãos e corpo inteiro.

— Q-q-quantas vezes ve-verei as pessoas que a-amo morrerem??!! Quan-quando poderei protegê-los? Pensei que nunca mais fosse vê-lo novamente. Seu sorriso, seus olhos brilhantes, aquela energia brilhante e agradável… mesmo que ele estivesse assim, podíamos sentir que ele estava vivo. Como? Como isso é possível?? Eu já estava aceitando que meu primeiro amor... O amor da minha vida havia me deixado, daquela forma.

Suas lembranças foram preenchidas pelas imagens felizes em que estava junto de Harry, e logo em seguida, as imagens de cada dia em que ela ficou ao seu lado enquanto estava desacordado.

Gritos são gerados e energia liberada. Sua voz gritava tanto de dor e tristeza, que a pequena casa começava a tremer, e Alexander percebia que algo ruim podia acontecer se ela não parasse. Se aproximando lentamente dela, ele observa que aquela garotinha calada e fechada, já não era mais a mesma. Hoje ela carregava o peso de perder as pessoas que ama e não poder ajudá-las.

Seus gritos eram tão profundos e cheio de tristeza, que qualquer um poderia sentir o que ela estava passando, e o motivo de toda a tristeza. Mais e mais lágrimas caem enquanto ela coloca suas mãos em seu rosto, tampando ele.

— Me desculpa, me desculpaa!!!

Gritando consigo mesma, ela balança sua cabeça mantendo suas mãos tampando seu rosto. Parando repentinamente, Alexander a abraça por trás, tocando em sua cabeça e gradualmente, fazendo ela se acalmar.

— Está tudo bem querida, eu estou aqui. Você não tem culpa, você não foi incapaz, está tudo bem, ele está vivo, e vocês vão se ver novamente, eu acredito nisso.

Suavemente, enquanto está abraçado com ela. Levemente ele balança seu corpo, enquanto cantarola com seus assovios, uma melodia lenta e tranquilizadora. Olhando para a cama do outro lado, a mesma cama em que Harry dormiu a dias atrás, Alexander repara que a katana de Saya estava emanando energia escura. Uma grande quantidade de energia escura.

Com o passar do tempo em que ela ia se acalmando, ele percebia que a energia diminuía também. Saya chega a dormir de tão exausta que estava, e então Alex a põe na cama e pendura a sua Katana na parede, enquanto observa ela.

— Utawa Reru — Proferia ele, olhando fixamente e sem piscar seus olhos — Primeiro surge boatos de gritos ouvidos vindo supostamente da masmorra onde Yray foi morto. E agora você — Se aproximando mais e tocando a Katana com sua mão, Alex sente que aquela energia ainda continuava saindo dela, porém, reduzidamente — Utawa Reru, um dos 7 pecados. Será que tudo se tornará um caos nos próximos anos? Será que Ray tem algo a ver com isso?

Virando-se para trás, Alex sai da casa e fica observando o céu, que estava estrelado e iluminado. Mas notava haver um ponto mais brilhante do que todos os outros. Sorrindo ao ver, ele suspira suavemente enquanto fecha e abre seus olhos.