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Capítulo 28 - Apenas eu

Após todo o incidente causado por Wally e suas sombras, se passaram duas semanas e os estragos em toda a academia ainda estavam sendo reparados. A grande maioria dos alunos foram encontrados, enquanto outros continuavam perdidos nos restos de escombros que haviam por todo-o-terreno da academia.

Fora duas semanas longas e cansativas para os alunos e professores em melhores condições. Dia após dia eles continuavam buscando os alunos desaparecidos e limpando todo-o-terreno para logo em seguida começarem a reconstrução de toda a academia.

Uma semana e 3 dias após todo o evento. Íris volta para a academia e de depara com tudo destruído. Procurando por informações, ela vai até à sala de tratamento, que era a única sala intacta.

Se informando sobre o que acontecera, ela percebe que o motivo da sua reunião podia, na verdade, ter algo a ver com a invasão.

— Então você acredita que foi chamada para a tal reunião justamente para não estar aqui para deter o inimigo? — Indaga Kazuki

— Sim. Era de fato uma reunião muito importante, sobre algo muito grave que poderá ocorrer nos próximos tempos, mas. 

Realizando uma longa pausa enquanto passa sua mão pelos seus longos cabelos. Balançando eles e em seguida chegando a uma conclusão.

— A reunião não foi convocada pelo meu pai.

— Como assim?? Quem convocou então?

Kazuki pergunta assustado, não era comum isso acontecer, normalmente quem sempre convoca as reuniões são os líderes Reais das famílias grandes.

— Não sei, meu pai apenas me disse que não foi ele quem convocou a reunião, alguém lhe deu as informações e essa mesma pessoa convocou.

Os dois se olham por um instante, até Kazuki interromper o silêncio predominante.

— Você acha que ele está voltando?

— Não, ele está selado, séria impossível ele voltar. Não pode ser ele, né? — Íris pergunta com seus olhos meio assustados.

— Realmente... Mas ultimamente, nada tem sido realmente impossível né?

— De fato.

Andando para frente, olhando para todos os lados e vendo Heyzel mais a frente, ela nota que o seu semblante está diferente do que costumava ser.

— Kazuki, como Heyzel está? — Pergunta olhando fixamente para o garoto.

— Bem, eu acho. Por quê?

— Acredito que, o menino, Harry, não seja o único que está carregando um peso em suas costas.

Kazuki passa seus olhos para o jovem rapaz, tentando entender o que exatamente Íris havia falado. Sua expressão realmente não parecia a de costume, mas ele também podia apenas estar triste por não ter conseguido ajudar todos esses alunos e impedido mais mortes.

— Você sabe sobre o passado dele? — pergunta Íris, olhando para Heyzel.

— De Heyzel? Não, infelizmente ele é o único aluno em que não sei nada sobre.

— Bem, então você não iria entender a mudança. Nos vemos mais tarde, ajudarei a todos e tentarei reconstruir nossa academia. Não será nada fácil.

Começando a se afastar um do outro. Íris faz uma última pergunta a ele.

— Como você está?

— Eu? Estou bem.

— Certeza? Sei que as coisas foram sérias com você, quase perdeu sua vida brutalmente, e ainda perdeu o menino.

Kazuki fica um momento em silêncio, pensando em tudo aquilo, tudo o que aconteceu e no momento em que quase morreu.

— Sim. Feyrit fez eu me recuperar bem rápido, e sobre o menino, se não fosse por ele, eu não estaria aqui agora — Fazendo uma pequena pausa, ele olha para o céu e volta a falar — Eu continuarei aqui, firme e forte, eu sei que ele voltará, ainda tenho que agradecer por tudo.

— Entendo. Tudo bem, nos vemos mais tarde.

Todo o evento foi prejudicial para todos, tanto para os alunos, como para os professores e membros superiores. Muitos alunos deixaram a academia após isso, é compreensível, o medo e o trauma poderia vir a qualquer um. Nem todos foram capazes de aguentar isso e continuar de pé. Íris chegou perto de perder a academia por completo, os professores perderam alunos que tinham laços firmes e bons, Kazuki perdeu Harry, que era como um filho, e quase foi morto também.

Len perdeu sua energia de manipulação e está até agora internado nas instalações da academia, acordado, mas ainda é incapaz de voltar a sua rotina normal. Saya, Igros e Heyzel foram os menos afetados, tirando pelo fato de que ambos perderam Harry. Para Saya isso era muito, ela quase sucumbiu a isso e se não fosse por Heyzel, ela teria se perdido nos sentimentos de tristeza. 

Igros está constantemente treinando nas salas espirituais, ele também se culpa por perder Harry, e mais ainda por Len ter chegado nessa situação e ele nem pôde ajudar. Afinal, ele mesmo quase morreu na luta contra seu clone, se não fosse pela forma de besta, ele teria morrido sem dúvidas. 

— Por que? Por que?!!!!

Os gritos de Igros ecoava por todo o salão espiritual, mesmo sendo infinito, o som não parava em nenhum momento. Ele se ajoelha no chão e olha fixamente para baixo. Como geralmente as salas espirituais eram como um vazio infinito, o chão, podia ser como um infinito oceano com uma camada de vidro por cima. 

Ele olhava para seu reflexo e tudo o que vinha na sua mente era o quão incapaz ele era. Tanto tempo treinando com Tsuyo e mesmo assim quase morreu para um clone, seu irmão quase morreu e ele nem pôde ajudar, a culpa que ele carregava iria consumir seu corpo por dentro gradualmente. 

Len estava sendo constantemente tratado pelas habilidades de Feyrit, dia após dia ele ia se recuperando devagar, porém.

— O-quê?? — Perguntava com seus olhos quase cegos após ouvir o que Feyrit havia dito-lhe.

— Sinto muito..., mas restaurar um núcleo de energia de manipulação é algo impossível, pelo menos, ninguém jamais ouviu falar sobre ser possível — Respondia evitando o contato nos olhos dele, triste também por ele está nessa situação toda. 

Len fechava suas mãos e logo as lágrimas desciam por seu rosto, descendo devagar e logo caindo do seu queixo e molhando aos poucos o lençol que cobria suas pernas. 

— Não, não fique assim. Não é o fim ainda, você está vivo ainda, pode dá a volta por cima. 

— Vivo?? Estar vivo é motivo de glória?? Claro que não!!

Feyrit se assusta com a forma que ele gritava com ela, era nítido a raiva em sua voz, e que ele estava descontando não apenas nela, e também em si mesmo. 

— Estar vivo não é motivo para comemorar, continuar vivo, mas ser incapaz de se proteger é pior que estar morto. Durante toda minha vida fui deixado para trás não só pelos meus irmãos, mas por todos em nosso planeta. Não bastava ser o mais fraco, ainda não tinha nenhum tipo de manipulação... e justo quando descubro minha manipulação e vejo que posso mudar tudo, isso é tirado de mim, e por meu irmão mais velho. 

Parecia que, todos os jovens estavam carregando culpas gigantes que seria o suficiente para acabar com suas mentes e estado mental. Talvez fosse compreensível alguns deles, mas nenhum se salvava, todos estavam se culpando por algo. 

Feyrit observa mais um pouco o garoto e então o deixa sozinho, na sua cama. Saindo pela porta, após fechar e se virar, ela se surpreende ao ver quem estava na sua frente.

— Oii, como está? — cumprimenta animado.

Por um breve momento, por alguns segundos ela ficou parada olhando, surpresa e tentando raciocinar, se realmente quem estava na sua frente era o Deus Leang. 

— Leang! Que surpresa ver você aqui! Me desculpe, estar na presença de alguém de tamanha importância e não me curvar é um erro.

Ela se curva logo em seguida após terminar de falar, porém, ele apenas sorri e passa a mão em seus cabelos. 

— Não precisa disso, sou um Deus, não o criador de tudo, não precisa se curvar na minha presença, somos iguais. 

Feyrit levanta sua cabeça ao ouvir o que ele disse e então sorri de ponta a ponta. 

— O garoto que está aí dentro, é o Len? 

— Sim! Conhece ele??

— Ele... é meu discípulo — responde sorrindo, parecendo orgulhoso do que acaba de falar. 

Por um momento, Feyrit o olha confusa. Um Deus estava procurando por seu discípulo na academia onde fazia parte, mas será que ele sabia o que aconteceu com ele? 

— Você... sabe o que aconteceu com ele?

— Sim, é por isso que estou aqui — responde sorrindo novamente.

Parando de conversar, ele adentra a sala e logo vê Len, sentado na cama olhando para baixo. Sem perceber sua presença, Leang se aproxima dele e enxuga suas lágrimas com seus dedos. 

— Obrigado, mas eu não preciso de ajuda para enxugar minhas próprias lágrimas. 

— Eu sei, estava apenas sendo um bom mestre.

— Mestre?? 

— Olá! Pensei que não fosse perceber nunca — Respondia sorrindo e acenando. 

Os olhos de Len se enchem de lágrimas mais uma vez, porém, agora era por estar feliz ao ver Leang e também por vergonha em ser visto da forma que estava. 

— Você soube o que aconteceu? — pergunta ele, olhando para baixo, evitando o contato visual. 

— Sim.

— Veio aqui para tentar me confortar? — pergunta com sua cabeça baixa e olhando na direção dele. 

— Não, eu vim para levar meu aluno de volta comigo. 

Se surpreendendo com o que acaba de ouvir, ele mantém sua cabeça baixa e sua mente se enche de pensamentos negativos novamente. Visões e lembranças da batalha contra Wally voltam-lhe, fazendo-o se lembra do quão humilhante e desprezível foi aquela luta, se é que pode chamar o que aconteceu de luta. 

— Eu não... sirvo para ser aluno de alguém tão grandioso como o senhor. Eu no momento... — faz uma pausa, apertando e fechando seus punhos antes de voltar a falar — Eu sou muito impotente agora. 

Leang o olha como sempre, de alguma forma, ele vai algo em Len que mais ninguém via, e com isso ele volta a sorrir enquanto toca a cabeça do garoto e faz carinho nele, enquanto fala. 

— Não é porque você perdeu sua manipulação que você se tornou um inútil. Você depende dela para viver? Você é Len ou é manipulação de gelo? Da mesma forma como se perde um braço ou uma perna, a pessoa ainda continua erguida e confiante na vida, não é porquê perdeu sua manipulação que você se tornou um inútil. 

Len continua olhando para baixo e apertando seus punhos. A voz de Leang soava como uma voz dócil, calma e boa para os ouvidos. Como se fosse alguém completamente calmo na beira de uma cachoeira molhando seus pés na água e observando a incrível região ao seu redor. 

— Eu ainda vejo o mesmo brilho que vi quando te conheci. Ainda vejo que você pode se tornar alguém que ajudará todas as pessoas em cada universo existente. Até agora vejo você como um salvador para aqueles que são oprimidos, ainda constato o mesmo Len cheio de energia e confiante de si. Ainda vejo você como meu primeiro e único aluno. 

Seus olhos voltam a se encher de lágrimas após ouvir as palavras de Leang. Talvez ele nunca conseguisse ver o que seu mestre via nele, mas ele sabia que era mais que apenas um garoto. Ele sabia que seu mestre, Deus Leang, confiava nele e o via como alguém importante, mais que apenas um menino. 

— Então, que tal voltarmos para aquele nosso local secreto? 

Subindo sua cabeça abruptamente, ele via seu mestre sorrindo, como sempre. Erguendo seu braço esquerdo na altura de seus olhos, ele enxuga suas lágrimas e abre um sorriso assim como Leang.

— Primeiro... podemos ir até minha casa? Preciso ver algo lá — Len ainda se mantinha diferente e triste, como se algo estivesse pesando em sua mente, fazendo com que ele não ficasse em paz consigo mesmo. 

—  Muito bem! vamos para uma nova aventura.

Len saia da cama e ficava frente a ele. Olhando em seus olhos, segura no ombro de Leang e em seguida Feyrit entra na sala. 

— Diga para todos que, logo eu voltarei. E peça por mim, que todos se cuidem. 

Ela tenta falar algo ao erguer sua mão, porém, como em um passe de mágica, os dois em menos de 1 segundo somem da sala, não deixando vestígios ou sujeira alguma. 

— Nossa! — diz ela completamente surpresa — Pareceu tão simples. Será que ele me ensinaria? 

Ela sai da sala e fecha a porta, e começa a andar pelos corredores olhando os outros pacientes.