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Suicídio de Espelho

Os espelhos que rodeiam o meu ser, espelhos de mim mesma numa estranha imagem distorcida.

Por mais que os parta, cubra ou até fuja deles, eles sempre estarão ali para mim, que posso fazer?

Nada! Somente posso contemplar a minha própria aberração, uma imagem que deixo transparecer e não sei mais destruir.

Um dom dizem uns, uma Maldição dizem outros.

Manipular mascaras, mas estas mascaras são como as de um palhaço já sem forças para fazer rir, mas usando sempre o seu traje maldito.

Reconhecem-me e sinto a inveja e admiração, é assim que sou, arrogante perante estes seres mas bondosa e caridosa e desta maneira manipulo os espelhos, vejo a admiração pelo meu ódio, vejo o amor pela minha bondade, vejo o reconhecimento, mas, nisto tudo não vejo aquilo que mais quero, ver-me a mim mesma.

Sou meramente aquilo que os outros esperam que eu seja, e se me insurjo e começo a deixar-me ir na onda de dor e melancolia, afogando-me na fantasia do meu ser, chamam-me cobarde por virar as costas.

Mas meus filhos… Eu não viro as costas, eu meramente tento ser eu comigo mesma, tento sentir o meu ser dorido e tento curar as suas feridas sangrentas, porque todos vós só me tem dado apunhaladas.

Beijo a lamina dançarina e desço-a sobre o meu braço, traçando caminhos invisíveis, abrindo caminhos no branco da minha pele, vejo o belo vermelho escuro do sangue a fluir, flui como a água, como o meu espírito para o nada, ficando apenas eu, uma velha carcaça que lentamente se esvazia de algo belo mas impuro.

Doce sabor, molho os meus dedos no frio do meu sangue, dou-te a provar a ti criatura do espelho, minha aberração, minha mascara infernal, sei que te ris e jubilas com a minha própria dor.

Levo os meus dedos a minha própria boca, fecho os olhos tentando perceber este estranho fascínio.

Levanto-me e caminho lentamente para a água, sinto-me fraca e com tonturas, mas mesmo assim faço um esforço.

Mergulho nestas profundezas obscuras deste lago abandonado tento ir mais fundo.

Sinto a escuridão a abraçar-me, olho para cima e deixo o ar dos meu pulmões sair já não sinto nada, vejo o meu reflexo, finalmente estou livre consegui passar e vencer o espelho, Fecho os olhos e penso 'Finalmente Livre'.