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Capítulo 5: Despedida

Enquanto a multidão ia à loucura, Li ainda estava de pé no palco. Sua respiração pesava e seu corpo estava exausto. Apesar de ter vencido, parecia que até mesmo a menor das brisas o derrubaria. 

— Se apoie em mim, garoto. 

Olhando para o lado, viu Jhin oferecendo o ombro. 

— Não se acostume. 

E encontrou um raro sorriso no rosto do velho. Da mesma forma, o mesmo era esboçado em seu próprio rosto, mas não o mesmo de antes. Agora, era mais próximo de uma expressão de alguém finalizando um longo período de trabalho. Talvez um sorriso de satisfação, ou de alívio. 

De uma forma ou de outra, estava acompanhado de um longo suspiro, que levava todo fardo que ele carregava para fora de seu corpo. 

— O QUE VOCÊ PENSA QUE FEZ, MOLEQUE!? 

Tai Lung, que até o momento estava processando o que acabará de acontecer, partiu para cima da arena, na direção de Jihan. 

— Sr. Lung, tem certeza de que quer causar esse alvoroço no meio de tanta gente? 

Jhin interveio antes que o homem pudesse encostar em Li. 

— Quer dizer… não tem motivo algum para o senhor agir dessa forma, afinal foi uma bela vitória do campeão da casa… 

Olhando em volta, Tai Lung percebeu que a multidão o encarava, tentando entender o que se passava. Como o homem experiente que ele era, rapidamente recuperou a postura. Agindo como se estivesse tudo bem, ajeitou seu terno, pegou o microfone e anunciou. 

— O CAMPEÃO DESSA NOITE… É O LEOPARDO LI JIHAN! 

Após terminar de falar, encarando Li de tortamente, se apressou para sair do palco. 

E só aí, a memória estalou em sua cabeça, ele havia quebrado o acordo com seu "pai". 

— Está tudo bem, ele não pode te tocar nesse momento… pessoas gostam de falar e boatos correm rápido… 

Jihan concordou com a cabeça, ainda absorvendo a situação. 

— Eu sabia que não me decepcionaria, garoto… aqui, deve ser o suficiente para pagar tudo que deve e um pouco mais, você tem que começar de algum lugar quando sair daqui. 

Jhin lhe entregou um dos tickets que indicavam uma aposta feita. 

— Não tem nada que impede de apostar em si mesmo, você não deve ter problema algum em retirar o dinheiro. 

— Eu… não mereço isso, por favor, fique com alguma coisa pelo menos! — insistiu. O velho apenas riu como resposta. 

— Apenas agradeça, garoto. Além disso, essa não é a única aposta que fiz… esse velho ainda tem que se divertir um pouco antes de colocar o outro pé na cova — brincou. — Agora vá, resolva logo sua vida. 

Li se curvou. 

— Nunca vou me esquecer disso, nem mesmo se eu morrer. Obrigado, senhor! 

E após retirar o dinheiro de sua vitória, saiu em direção ao escritório. Ao chegar na porta, ouviu gritos vindos de dentro. 

— Que merda é essa!? 

"Tai Lung?" 

— Vocês me disseram que não tinha erro! Que aquele homem era mais do que o suficiente para lidar com o garoto! — Ele parecia estar surtando de raiva. — Tem ideia do prejuízo que eu tomei? Como ousam me enganar dessa forma? Vocês sabem com quem estão lidando!? 

— Estávamos realmente confiantes e pedimos desculpas, Senhor Lung. — Uma outra voz, que Li não conhecia, respondeu. — Entretanto… vitória ou derrota, não temos nada a ver com isso. Estamos aqui apenas pelos negócios. 

— NEGÓCIOS!? Acha que tem alguma chance de mantermos o acordo!? 

— Hahaha, eu suspeito que isso não esteja mais em suas mãos… 

— SEU DESGRAÇADO! 

BAM 

O grito de Tai Lung foi ouvido, seguido de uma grande batida. Li se rapidamente abriu a porta, encontrando uma cena que nunca imaginaria. 

O grande homem estava no chão, imobilizado. Seu braço, torcido quase ao ponto de quebrar. Tudo isso feito por um homem um pouco mais baixo e mais magro do que o próprio Li. 

— Não se exceda, Sr. Lung. — disse o homem loiro, enquanto tirava seus pés de cima do ex-yakuza. — Respeitamos aqueles que nos respeitam e cobramos aqueles que não, multiplicado e com juros… espero que isso não se repita. 

O jovem virou-se para a porta. 

— Ah, Sr. Li! Que surpresa agradável… foi uma ótima luta, devo admitir que te subestimei, não esperava que tivesse tamanha habilidade… 

Jihan encarou o homem. Seu cabelo, olhos claros e sua pele branca pálida, lembravam um estrangeiro. Porém, por algum motivo, ele se sentia muito mais ameaçado por quem estava a sua frente do que pelo gigante que acabara de derrotar. 

— Bem, eu gostaria de ficar para conversar — continuou. — Mas, como o senhor tem assuntos a tratar com o sujeito no chão, vou me retirar… entretanto… 

Passando por Li, o homem colocou um cartão em seu bolso. 

— Manterei contato… 

E saiu do escritório. Alguns segundos depois, a tensão na sala desapareceu. Li, então, colocou a mão no bolso e olhou o cartão. Nele, havia apenas duas palavras: "Erebus", escrito em fonte dourada, e um nome logo abaixo. 

— Michael? — Li leu, sussurrando. O nome parecia ligeiramente familiar. 

— O que você quer, moleque? Tem muita coragem de aparecer na minha frente depois do que você fez hoje. — Tai Lung se levantou, limpando a poeira do seu terno. 

— Eu não fiz nada que devo me arrepender — retrucou seriamente sem pestanejar. 

GUHR! Deveria te esganar por isso! — Lung levantou a voz, mas ele não recuou. — Depois de tudo que fiz por você! É assim que você me paga!? 

Li se manteve calado. 

— Eu deveria ter tem deixado para apodrecer nas ruas! Um desperdício de tempo, dinheiro, você não vale um tostão do que gastei para mantê-lo aqui! 

— Acabou? — Jihan atirou um pacote grande no peito do velho. 

— O que é isso? 

— Estou te pagando, com juros — respondeu. — Agora estamos zerados. Estou indo embora daqui. 

O velho sorriu pelo pacote, mas ao ouvir a 'despedida', caçoou. 

— Ir embora? HAHAHA! Para onde? — debochou. — Você não tem para onde ir, garoto! 

— Você está certo… eu não tenho… mas eu vou achar… qualquer lugar é melhor do que aqui. 

Li não se deixou afetar nem por um segundo. Percebendo a atitude, Tai Lung não deixaria barato. 

— Pode ir embora! HAHAHA! Não sei como conseguiu esse dinheiro, mas estarei esperando o seu retorno. Quando perder todo seu dinheiro nesse seu vício estupido e vier rastejando, eu estarei aqui para alimentá-lo um pouco mais! 

Encarando o rosto do velho homem, Jihan apenas expressou certo desgosto. 

"Como um dia te vi como pai? Eu deveria estar realmente com um parafuso a menos". 

Ele estava calmo como nunca. Se virando em direção a porta, disse: 

— Então acho que nunca mais nós veremos. Até mais… Tai Lung. — E saiu pela porta, deixando apenas o homem na companhia de sua própria insanidade. 

                                                                                                     

Juntando o pouco que guardava naquele lugar. Li foi se despedir de outra pessoa que considerava um amigo. 

— Até mais, grandão. — Li deu um soco no peito de Gordon. 

— Quem diria, hein, garoto? Sempre te disse para nunca mais vir aqui… mas nunca pensei que chegaria esse dia… 

— Você não é o único… 

— Jezz, acho que estou ficando velho… 

— Talvez você também deveria considerar sair aqui, sabe? Arrumar uma namorada e formar uma família… tenho certeza de que você seria um pai bem rabugento! 

— Ora, seu! 

Gordon o puxou para perto e lhe deu um cascudo antes de soltá-lo. 

— Aliás, por acaso você viu o Jhin? 

— Hm… ele acabou de sair, talvez se correr ainda consiga alcançá-lo 

— Tenho que me apressar então. — Li começou a subir as escadas. — Até outro dia! — deixando o homem olhando suas costas. 

"Vou sentir sua falta, criança" 

Seus olhos marejaram e, por um segundo… um pequeno segundo, ao ver Jihan fazer a curva do corredor, Gordon podia jurar que eram as costas da criança que entrou pela primeira vez ali. 

"Talvez ele não esteja errado…" 

Do lado de fora, estava chovendo intensamente. Ao sair pela porta do estabelecimento, Li reconheceu o velho no ponto de ônibus próximo. 

— Jhin! Espera! — gritou, enquanto corria na direção dele e, já sem ar, o alcançou. 

— Perdendo o ar tão facilmente? — debochou, risonho. — Achei que tinha te treinado melhor do que isso… 

— Me dá um desconto, não tem nem duas horas que ganhei aquela luta, ainda estou exausto! 

— Se eu te desse um desconto toda vez que pedisse, você provavelmente poderia ganhar a vida de gra… 

— Aonde o senhor está indo? — interrompeu-o. 

Jhin levou a mão ao queixo. 

— Boa pergunta… não sei… talvez viajar por aí… sabe, garoto, sempre foi meu sonho ter uma casinha em uma cidade pequena… trabalhar o suficiente para ter o que comer e passar os meus dias construindo coisas… sim… construindo coisas… 

Jhin deixou escorrer uma lágrima facilmente confundida com uma gota de chuva. Era a primeira vez desde que se conheciam que Li o viu chorar. 

— Já fui uma pessoa muito ruim, Li… fiz muitas coisas de que me arrependo… e destruí muitas vidas nesse processo… — Levantando o rosto na direção dos céus, fechou seus olhos. — Eu gosto da chuva, por que quando estou nela… talvez eu consiga me afogar em outra coisa além de meus próprios pensamentos… 

O velho olhou para ele. 

— Quero passar o resto dos meus anos ajudando alguém ao invés de prejudicar… fico feliz que você tenha sido o primeiro… 

— Eu… eu posso ir com você? — Li pediu-lhe sinceramente, com a voz fraca. O velho riu. 

— Nossos caminhos se separam aqui, garoto. — Jhin colocou a mão no ombro de Jihan. — Está destinado a grandes coisas, menino, não deixe um velho como eu atrasar a sua vida… conquiste o mundo e, talvez, se o universo permitir, nos encontraremos novamente… me diga, Li, o que você realmente quer ser? 

Os olhos de Li se encheram de lágrimas. Entre soluços ele respondeu: 

— Se não for pedir demais… na vida das pessoas… eu quero ser a parte que não machuca… 

Jhin arregalou os olhos por um instante e logo depois abriu um sorriso largo. 

— Tenho certeza de que sim, você é uma boa pessoa, Li… 

Jhin apontou para a esquina. 

— Parece que meu ônibus já está aqui. 

Quando Jihan virou a cabeça para a ver, o velho o abraçou. 

— Obrigado, garoto. Foi uma honra fazer parte da sua vida… 

Sem pensar duas vezes, Li o abraçou de volta com todas as forças. 

Jhin era a pessoa que sempre esteve com ele. Mesmo reclamando. Mesmo pedindo demais. Todos os dias. Cinco horas por dia. Sete dias por semana. Trinta dias por mês. Todos os dias. 

Além de todas as circunstâncias, o velho nunca deixou de acreditar nele nem por um segundo. 

— Sou eu que tenho que te agradecer! 

Dando dois passos para trás, com os olhos ainda cheios de lagrimas, Jihan se curvou com toda vontade. 

— Obrigado, professor! 

— Foi um prazer, garoto. — Jhin, então, subiu no ônibus que havia acabado de parar e com um último aceno de mão, partiu. 

Alguns minutos após a despedida, o celular de Li tocou. 

— Um número desconhecido? 

Atendendo, a voz do outro lado imediatamente o cumprimentou. 

— Sr. Li… avisei que iria entrar em contato… tenho uma proposta para você e acho que vai te interessar bastante… estaria disposto a ouvi-la? 

Do outro lado da linha, Michael falava.