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Capítulo 12: Bonecos de Treino

Capítulo 12: Bonecos de Treino 

 Seguindo os corredores, Li descobriu que a instalação era muito maior do que ele pensava. 

            — Droga, até onde isso vai? — Finalmente, quando achou que já estava perdido, viu uma placa com um sinal apontando para uma entrada iluminada. 

"Loja de Conveniência do Berg?" Leu. "Será que é aqui?" 

Por ser o único lugar que encontrou em algum tempo, Li decidiu que era melhor entrar e dar uma olhada do que apenas continuar andando sem rumo. No entanto, ao passar pela porta, surpreendeu-se com o absurdo que estava vendo. O lugar em si era gigantesco, dezenas prateleiras com centenas de itens lotavam o lugar. 

— Incrível! Deve ter um mundo de coisas aqui — exclamou. 

— Isso não é nada, tem ainda mais objetos no deposito dos fundos. — Um homem próximo à entrada afirmou. A aparição surpresa quase causou um infarto em Jihan, que tremeu de susto. 

            — O senhor é...? — Li perguntou curioso. A "pessoa" em questão era muito baixa, possuía ombros largos e uma longa barba. 

            — Não ensinam educação para os jovens de hoje em dia? — Puxando a ponta de sua barba, o senhor respondeu. 

TSK 

— Bem, tanto faz. O nome do incrível Anão a sua frente é Berg, significa montanha. 

            "Um pouco irônico, eu diria". Jihan pensou, mas não se atreveu a falar. O Anão em sua frente não parecia ter um pavio muito longo. "De qualquer forma, Elfos e Anões… que tipo de lugar é esse…?" 

            — Essa loja é sua, senhor Berg? É realmente impressionante! 

            — Só Berg, garoto — corrigiu. — E sim, sou gerente e proprietário. Está aqui para comprar alguma coisa? Se não pode ir embora. 

            — Inicialmente eu só queria dar uma olhada… — Li estendeu a mão mostrando o pulso com a pontuação. No início de sua frase, o anão quase revirou os olhos, entretanto, ao ver o número na pulseira, sua atitude mudou completamente. 

            — Ora, senhor, por que não disse logo? Vamos entrar! Vou te apresentar a mercadoria. A propósito, qual o nome de vossa magnificência? 

            — Pode me chamar de Li. — Ao perceber a mudança de modos do velho, Jihan sorriu um pouco sem graça. 

"Sem vergonha!" Pensou. O anão não fez o mínimo de questão de esconder a motivação por trás de seu tratamento. 

            — Muito bem, excelentíssimo senhor Li. — Seguindo pelos grandes corredores cercados de estantes, o garoto viu várias engenhocas que não tinha ideia do para que serviam. — Venha, vou te mostrar os nossos últimos produtos. 

            — Apenas Li está bom. 

Quando chegou ao balcão, Berg deu a volta e colocou sobre a mesa 3 itens. Para surpresa do jovem, todos os três custavam mais do que cinco mil pontos. 

            — Essa aqui é nossa última criação. Temos… vejamos… — Segurando o primeiro item como um troféu, ele anunciou. — Uma caneta que vira um escudo! — Pressionando a ponta, o objeto expandiu-se, formando um grande círculo. — Li, logicamente, não demostrou emoção alguma. 

            "Esse velho só pode estar brincando comigo." Pensou consigo mesmo, seu rosto expressivo não falhou em revelar sua falta de emoção. Vendo a face do homem, o anão pegou o proximo item. 

            — Desse aqui você deve gostar. — Segurando em sua mão outro objeto, ele proclamou. — Uma caneta que vira uma espada! — E novamente clicando, o objeto cresceu, dessa vez em formato laminar. — A reação esperada pelo senhor novamente não veio. 

            "Se esse anão mostrar outra caneta, vou procurar outro lugar, esse cara deve ser um charlatão!" 

            — Um cliente difícil, não é mesmo? — E, não se preocupando em mostrar a próxima caneta, Berg mudou sua abordagem. — Então, senhor, tem alguma ideia do que exatamente está procurando? 

            — Bem… é certeza de que eu não procuro nada para empunhar, até porque eu luto desarmado, apenas com meus punhos. — Mostrando as mãos calejadas, prosseguiu. — Talvez algo para me ajudar a treinar? 

            O Anão levou a mão ao queixo, pensando por alguns segundos. Subitamente seus olhos se arregalaram. 

            — Hm… desarmado, não é mesmo? Talvez eu tenha algo para o senhor nos fundos. — Descendo de seu banco, entrou por uma porta atrás dele. De fora, Li só ouvia barulhos de objetos caindo no chão. Quando Berg saiu, colocou um objeto empoeirado sobre a mesa, logo depois, se abaixou e, na prateleira debaixo do balcão, pegou uma pequena caixa. — Acho que ambos os itens serão de seu agrado! 

            Na frente de Jihan, um par de manoplas e uma caixa com três pequenas pílulas foram apresentadas. 

            — O que são essas coisas? — perguntou. 

            — Essas "coisas" são exatamente o que você procura! Três pílulas de Sócrates e uma cópia muito bem-produzida da lendária Járngreipr! 

            — O filósofo? Velho, não estou procurando algo para ficar mais esperto — Debochou. 

— Mas deveria... — sussurrou. 

— Perdão? 

— Eu não disse nada — retrucou o velho. 

— De qualquer forma, o que é essa Járnogep que você falou? 

            Berg levou as mãos ao rosto, sussurrando um apelo. 

            — Que os deuses me deem paciência para lidar com esse imbecil… 

            — Falou alguma coisa? 

            — Nada não, garoto… enfim, o lendário Instrutor Sócrates é de quem eu falo! Ele tinha um ditado famoso: "Nenhum cidadão tem o direito de ser um amador em matéria de treinamento físico. Que desgraça é para o homem envelhecer sem nunca ver a beleza e a força do que o seu corpo é capaz." — Declamou. 

— Interessante... 

— Essas pílulas foram criadas em homenagem ao dono dessa frase, um verdadeiro maníaco por exercícios físicos. — Mudando a direção de para onde estava apontando, começou a falar das manoplas. — E essas réplicas da JárnGREIPR são excelentes e baratas, feitas com uma liga especial que absorve mana, provavelmente o melhor que você, que não usa armas, vai achar por aqui! 

           "Devo acreditar nele?" Li pensou por um minuto. "Não acho que deixariam esse velho aqui se ele tentasse roubar as pessoas." 

            — Vamos dizer que eu acredito em você, quanto fica tudo? — perguntou. 

            — 10.528 pontos! — respondeu o anão. Exatamente a quantidade de pontos que o homem possuía. 

            Jihan imediatamente se virou, pronto para ir embora daquela loja fajuta. 

            TSK 

            — Espere, garoto! Era brincadeira. — Estalando os lábios, Berg o chamou. 

            — Não brinque mais comigo. — Retornando ao balcão, ele prosseguiu perguntando. — Então, quanto vai ficar? 

            — Três mil pontos pelas pílulas, mil por cada, e quatro mil pelas luvas. 

            — Não está tentando me passar a perna de novo, está? 

            — Estou te fazendo um favor, isso sim! Nunca te venderia essa réplica por tão pouco, só estou abrindo essa exceção porque ela está acumulando poeira no depósito há anos! 

            Li encarou no fundo dos olhos do anão, tentando enxergar se estava sendo enganado. 

            — Tudo bem, então eu levo. — Assim que Jihan terminou de falar, os pontos em sua pulseira diminuíram instantaneamente. — "Então é assim que funciona? Incrível!" 

            — Foi bom fazer negócios com você, garoto. Volte sempre. 

            — Voltarei. Até mais Berg. 

            Observando Li deixar o estabelecimento, o anão pensou consigo mesmo "Lutar usando os próprios punhos… um pouco inortodoxo, não me lembro quanto tempo faz que não vejo alguém assim." 

            Voltando à praça de alimentação, Li procurou a placa que apontava a direção dos estabelecimentos. Chegando à zona de dormitório, alugou o melhor quarto que conseguiu, 20 pontos a diária, e trocando para suas roupas antigas, resolveu ir treinar. Ele deixou as luvas guardadas, não fazia sentido treinar utilizando itens, isso iria contra a intenção do exercício, que é melhorar o lutador. 

            "Certo, aquela Liming disse que era só pegar a bola e estourar em cima da plataforma." Quando puxou a esfera no mural, outra imediatamente tomou o seu lugar. Caminhando até o círculo no chão, espremeu o objeto em sua mão, instantaneamente o quebrando. Em poucos segundos, Li desapareceu do Plaza. 

— Que lugar é esse... — disse, enquanto sua visão tentava se adaptar a nova luminosidade 

            Quando reapareceu ele estava em um campo cercado por um grande muro circular. A sua frente estava um boneco em formato humanoide, imóvel. Olhando para o lado, Li notou uma série de armas escoradas na parede. "Acho que nem todo mundo pensa igual a mim." 

            "Agora… como isso funciona?" Jihan começou a andar em direção ao boneco. Assim que chegou perto, o humanoide, que segurava uma espada e escudo, soltou ambos e partiu para cima dele. "Ele se adapta ao estilo de combate do oponente?" 

            O boneco, ao desferir inúmeros socos em sequência, instantaneamente o colocou na defensiva. O cérebro potencializado de Li não conseguiu deixar de notar a simplicidade do padrão de luta que era aplicado. "Esse tipo de ataque…" Agarrando o braço de madeira, ele o circulou. "… não vai funcionar comigo!" e, usando o peso do corpo dos dois, derrubou o boneco, quebrando o membro. 

            — É só isso? — Falando consigo mesmo, Li refletiu. 

 Poucos segundos depois, um novo boneco apareceu a sua frente, dessa vez com olhos pintados em seu rosto. 

"Esse é um pouco diferente. Bem, já que vamos nos encontrar bastante, vou chamá-lo de Dummy."  Jihan se aproximou do segundo boneco e tentou aplicar o mesmo golpe, utilizando do peso dos dois para tomar o braço direito do novo Dummy. Entretanto, quando concretizou sua estratégia, foi instantaneamente contra-atacado no rosto pelo braço esquerdo do oponente. 

"Ele sabia?" Sendo obrigado a defender-se, Li soltou o membro que havia agarrado e, enquanto se defendia com um braço, usou o outro para desferir um soco diretamente na cabeça de madeira. Em consequência disso, o Dummy caiu no chão e desapareceu, ao passo que outro surgiu na mesma posição que o anterior, agora com uma boca desenhada. 

            — Então vem um por um, evoluindo até me derrotarem? — Estalando os dedos, empolgou-se. — Podem vir então, vamos ver até onde consigo chegar!