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Processo de transformação emergencial.

Três elfos carregavam da melhor forma possível um grande lobo desacordado, sangue quente sujava suas mãos e roupas, lágrimas desciam por seus olhos, desespero estava estampado em seus rostos. Já estavam próximos a entrada da vila que tanto conheciam pois era o lugar onde moravam. No portão da vila uma velha elfa estava parada, esperando, como se soubesse que algo tinha acontecido, acontece que ela sabia que algo grave aconteceu, como precaução havia entregado um pergaminho de teleporte feito por si mesma a sua neta, lhe dizendo para usar apenas quando estivesse precisando extremamente de ajuda o mais rápido possível. Este pergaminho estava ligado diretamente com sua mana, então no momento em que fosse acionado ela iria saber. Um tecido grosso e forte estava aberto ao seu lado e a mesma sabia que sua neta não era a que corria perigo, já que era a única que conseguia usar magia, ficou preocupada por imaginar um dos dois grandes amigos de infância de sua querida neta machucado e torceu para que tivesse tempo de o salvar, por um instante o lobo lhe veio à mente, mas não conseguiu imaginar um ser tão poderoso sendo derrotado em uma dungeon de baixo nível. Não havia criatura naquele lugar que pudesse o levar aos seus limites ou mesmo feri-lo. Imaginou que por ser jovem o poder pudesse o deixar abaixar a guarda, mas mesmo assim não seria ferido a um estado crítico. Lembrava-se perfeitamente do poder esmagador que pairava sob seu corpo, aquela energia maciça e acolhedora… parou de supor e esperou pela chegada do grupo.

Poucos minutos se passaram e suas expectativas foram totalmente opostas ao que imaginou, viu os três elfos carregando um enorme lobo em seus braços, Sven e Patish o seguravam da forma que podiam já que ele era grande, enquanto Aylah utilizava sua magia de primeiros socorros, se a intenção de sua neta era estancar o sangramento ela estava falhando miseravelmente pois por todo caminho percorrido um rastro do líquido vermelho ficou para trás, então sua outra suposição era de que o ferimento era grande demais para a elfa conseguir controlar. Sua expressão ficou triste junto com a dos jovens, dava para perceber que eles passaram por maus bocados.

- Coloquem o lobo neste tecido, deve ajudar vocês a carregarem sem causar mais danos. Levem-no para minha cabana. - os dois guerreiros apenas assentiram e seguiram as ordens da mulher, está que pegou sua neta pelos ombros e segurou seu rosto para que a olhasse nos olhos. - além do lobo tem mais alguém ferido? - Aylah não conseguia formar palavras devido ao estresse mental então apenas acenou negativamente. - Tudo bem, preciso que seja forte, você vai me ajudar a superar esse problema. - seus olhos convictos encontraram a Elfa perdida no desespero e a resgatou da escuridão, a velha então ficou mais calma ao ver a força de vontade da neta em querer ajudar. - Então vamos, temos um lobo para salvar, e dos grandes.

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Meus olhos se abriram e me levantei assustado, ou foi isso que achei que fiz, pois mesmo com os olhos abertos apenas a escuridão se mostrava pra mim. Não havia muito o que fazer, as cenas da luta que tive voltaram nos meus pensamentos, por um instante fiquei preocupado com meus amigos mas logo me tranquilizei por ver neve antes de apagar, pelo menos eles estavam seguros. Imaginei se o sistema ainda funcionava no pós vida e quando pedi que ele aparecesse o mesmo se fez, porém a mensagem piscando em vermelho não me agradou.

[O usuário vai morrer em 1 minuto.]

Então desespero tomou posse do meu corpo mais uma vez, mesmo que não pudesse senti-lo. "Existe alguma forma de me salvar!" Perguntei desesperado vendo os segundos contando.

[Sim, mas vai custar toda a experiência do usuário adquirida até o momento, além da transformação de um novo ser com 2% de progressão.]

[Deseja continuar?]

[S/N]

"Claro que quero continuar, ter experiência morto não adianta de nada!" As letras do sistema apareciam uma por uma como se alguém estivesse digitando com pouca vontade e a confirmação só apareceu quando restavam apenas cinco segundos. Assim que selecionei minha confirmação os segundos pararam de contar e pude respirar aliviado. Mas por pouco tempo.

[Processo de transformação emergencial confirmada pelo usuário. Calculando pontos de experiência.]

[…..]

[Pontos de experiência calculados com sucesso. Totalizando: 100.000.000 exp]

[Calculando pontos necessários para iniciar o processo de transformação emergencial.]

[...]

Aqueles segundos de silêncio do sistema estavam me matando de ansiedade, fora que eu já estava morrendo de qualquer forma. Cem milhões de pontos parecia ser bastante coisa, talvez não devesse me preocupar tanto.

[Pontos necessários: 300.000.000]

Ou eu devesse apenas calar meus pensamentos, como iria conseguir mais duzentos milhões de pontos? Aquilo era impossível.

[Pontos insuficientes. O usuário pode converter suas habilidades em pontos.]

[Deseja continuar?]

[S/N]

"Sim!"

[ Convertendo.]

"Sistema seja mais rápido, tem um lobo morrendo aqui."

[ Cálculo concluído. Pontos convertidos: 200.000.000]

O sistema só podia estar zoando com minha cara, qual a chance de os números dos cálculos serem tão exatos e baterem exatamente com o tanto que preciso.

[Deseja continuar?]

[S/N]

"Sim!"

[Iniciando processo de transformação emergencial. O processo pode levar tempo indeterminado, recomendado coma induzido. Efeitos colaterais como perda de memórias, dores de cabeça e dores no corpo podem ocorrer. O sistema deseja boa sorte.]

[Deseja iniciar o coma induzido?]

[S/N]

Se fosse em outro momento estaria caindo em gargalhadas com o desejo de boa sorte, tempo indeterminado em? Se for igual as minhas duas últimas transformações talvez não leve mais de dois dias, no pior dos casos levaria alguns meses. Esperar por tanto tempo no vazio também era uma opção entediante logo a melhor opção era aceitar o coma induzido. Não passaria de um sono independente do tempo mesmo. "Sim!" Depois que confirmei minha opção, minha consciência foi se esvaindo aos poucos até que tudo se resumiu em nada.

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Os quatro elfos presentes na cabana estavam fazendo seu melhor para salvar a vida do lobo, os dois rapazes serviam como assistentes pegando os materiais que a velha pedia já que estava costurando as feridas abertas, tanto externas quanto as internas, enquanto a elfa mais nova mantinha sua habilidade de cura para manter uma circulação calma de sangue evitando perda do mesmo, e mantinha sua atenção totalmente nos batimentos cardíacos, que estavam cada vez mais fracos os intervalos no começo eram de duas partidas por segundo, mas naquele momento se reduziram a uma batida a cada dois segundos, se continuasse daquele jeito eles iriam o perder.

A velha fez tudo que estava ao seu alcance, suas habilidades como uma druida que era apaixonada por animais desde pequenina a fizeram aprender muito em como lidar com qualquer animal ferido. Sabia que apenas magia de cura não seria o suficiente para fechar aquelas feridas, primeiro teve que costurar e suturar os órgãos danificados para depois iniciar com a magia. Já estava quase terminando quando Aylah a informou de os batimentos haviam parado. A velha logo deixou o que estava fazendo já que a costura dos órgãos era a mais complicada e emergencial e iniciou com o processo de magia junto com sua neta. Sven não conseguia continuar assistindo seu novo amigo partir daquele jeito, mesmo que tenha sido de forma honrosa não queria vê-lo partir, estava rogando a todos os deuses possíveis que lhe vinham em mente para que pudessem fazer um milagre. Patish estava no mesmo barco que seu amigo de infância, era desesperador a forma como os segundos passavam e não recebia nenhuma boa notícia das duas elfos. Aylah que estava à beira da exaustão por excesso de uso da sua mana excedia seus limites para salvar a vida do seu novo companheiro de equipe, foram apenas três dias que passaram juntos, mas foi o suficiente para que seu apreço pelo lobo excedesse qualquer coisa a ponto de já o considerar parte da família. Não queria perdê-lo.

- Por favor Lobão, reaja, por favor… - suplicou baixinho.

O silêncio tomou conta da cabana, longos e angustiantes segundos se passaram até que num instante as duas Elfas sentiram um batimento cardíaco. Dois. Três. Quatro. Os batimentos continuaram firmes como se estivessem lutando para se manter vivo. Os olhos da garota se conectaram com os de sua amada avó e sorriu dando espaço para exaustão que sentia e logo desmaiar ao lado do lobo.

- Ele reagiu! - falou a senhora para os dois elfos atrás de si, Patish e Sven sorriram no mesmo instante olhando um para o outro é se abraçaram, comemorando o sucesso de reanimação do lobo, ficaram felizes pois iriam poder ver aquela cara de mau mais uma vez. - Levem Aylah para aquele canto enquanto termino de finalizar a… - a velha sentiu algo estranho vindo do lobo. Sven que estava com Aylah nos braços foi puxado rapidamente pela elfa para que se afastasse do lobo e então algo mais estranho aconteceu.

Uma energia vermelho escuro começou a emanar do corpo do lobo, quanto mais energia saia menos a presença dele se mostrava, a velha que estava acostumada com aquela quantidade gigante de poder ficou surpresa ao ver como ela se esvaia pouco a pouco. "Ele está morrendo?" Pensou, mas logo negou para si mesma quando percebeu o que a energia carmesim estava criando, pouco a pouco, camada por camada, um casulo era formado em volta do corpo do lobo, a energia continuou e continuou nesse processo até que ficasse da altura de Sven e se fixasse no teto e no solo da cabana, quando a última gota de energia sumiu o casulo brilhou mais uma vez no mesmo tom carmesim, quatro círculos mágicos surgiram em volta dele e ficaram girando suas cores eram tons diferentes de vermelho e apenas um era totalmente escuro como um breu, só era possível enxerga-lo se chegasse bem perto, mas ele estava ali, entre o mais escuro e o mais claro dos vermelhos.

- O que é isso? Pensei que vocês haviam conseguido. - Patish se manifestou quando viu a velha em silêncio analisando o casulo.

- E conseguimos, mas isso foi feito totalmente por ele mesmo. Ainda consigo sentir sua energia lá dentro, talvez seja uma forma de evolução? Ou um meio de auto preservação para que possa se curar com mais facilidade? - a velha passou às mãos em seus cabelos brancos e suspirou, não havia mais nada que pudesse fazer, só dependia do ser que estava ali dentro. - O que nos resta agora é esperar, não sabemos quanto tempo vai levar mas… estou confiante com meus 200 anos de vida pela frente. - mesmo que tenha soltado um sorriso para tentar acalmar os jovens a sua frente, sua mente tentava entender o que estava acontecendo ali. - Vão descansar, nossas vidas não podem parar, fiquem tranquilos, cuidarei pessoalmente deste caso. E outra coisa, bico fechado para o que aconteceu aqui, se alguém que viu vocês carregando o lobo perguntar, fala que fizemos ensopado e estava delicioso. - a velha astuta já havia planejado tudo, ninguém se atreveria a entrar na tenda de um dos lendários elfos da noite. Quando viu os rapazes saindo da cabana soltou o ar pesadamente se sentando em uma cadeira próxima. - Estou velha demais para toda essa agitação…

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Depois que tudo aconteceu na tenda da velha Heklebe, os quatro passaram a esconder o segredo do estranho ovo de quase dois metros preso no canto da casa dela. Todos os dias verificavam por meio de magia se o ser dentro do casulo ainda estava vivo, todos os dias esperavam ansiosamente pelo momento em que um lobo negro de olhos vermelhos fosse sair daquele casulo… mas os dias se tornaram semanas, as semanas meses e depois um ano já havia passado. Os quatro retomaram suas vidas normalmente, os guerreiros voltaram aos seus treinamentos, Aylah estudava e praticava ao extremo suas magias e habilidades físicas, os jovens foram marcados pelo que aconteceu, na dungeon, e se martirizavam fortemente por não serem poderosos o suficiente para que pudessem ajudar o lobo que os protegeu. Com isso em mente os três avançaram em seus treinamentos e pesquisas, os resultados foram certeiros, todos na vila passaram a reconhecer o quão poderosos eles ficaram, passaram a ser conhecidos como os três lendários da noite depois de vários feitos, isso tudo aconteceu dentro de dois anos desde o dia em que o lobo se tornou um casulo. Como procedimento, os quatro se reuniram na cabana da velha Haklebe carregando velas e e energias positivas para o seu amigo que estava se recuperando dentro do casulo, era assim que gostavam de imaginar para não perderem as esperanças. Mas eles não sabiam o que estava prestes a acontecer naquele dia no mesmo horário que o casulo se formou.

Quando os quatro estavam fazendo suas preces a deusa da noite pedindo para que a mesma ajudasse o lobo os círculos mágicos começaram a brilhar com mais velocidade surpreendendo a todos. Ninguém falou nada, apenas encararam curiosos e ansiosos na esperança de que finalmente o lobo estivesse pronto para sair. Depois que os círculos giraram velozmente por alguns minutos, os três que tinham tons de vermelho pararam abruptamente enquanto o que tinha a cor preta continuou girando e aumentava sua velocidade exponencialmente. Em um certo ponto, o círculo preto começou a fazer sons de vidro se trincando, e quando o som parou ele explodiu em energia escura, os quatro logo chegaram a conclusão que aquela energia era o elemento mágico das sombras, a energia não se espalhou pelo ambiente e sim foi absorvida pelo casulo, este que passou a ser tingido pouco a pouco pela coloração preta, o processo todo aconteceu enquanto os elfos nem piscavam, apenas faziam comentários entre si sobre o que estava acontecendo e observavam. Quando se passaram algumas horas e mais nada aconteceu suspiraram triste e cansados, suas expectativas não foram atendidas, não daquela vez.

O mesmo processo aconteceu no quarto ano, no mesmo dia e no mesmo horário, só que foi a vez do círculo mágico mais claro, a energia dele era de força e vitalidade, os dois guerreiros logo perceberam do que se tratava quando explodiu e passou a ser absorvido pelo casulo. Ao invés de cobrir o mesmo totalmente com a cor laranja, apenas uma grossa faixa fez uma volta completa no meio do círculo, deixando claro que o elemento das sombras ainda dominava o casulo.

Se suas hipóteses estivessem corretas, o lobo voltaria dentro de quatro anos, já que seria a quebra e absorção do último círculo. E assim o tempo continuou a passar, elfos possuíam abundância em longevidade, logo quatro anos não seria nada perto dos séculos que poderiam viver e tinham como exemplo a velha Heklebe, que possuía incríveis 206 anos.

Durante os anos, Patish e Sven fizeram uma viagem aos reinos próximos a fim de adquirir experiência em batalhas ou missões para ficarem mais fortes. Em uma visita a uma cidade próxima, viram sem querer um cartaz de captura num painel de missões da guilda, a missão estava sendo emitida pelo rei em rei em todos os cantos do reino, Lagnóvia, Siskrav e Ephídrias que eram as cidades mais conhecidas e populosas também possuíam essas missões, a quantidade de ouro oferecida como recompensa deixaria um homem rico por pelo menos umas cinco gerações. Era a missão mais bem paga de todo o reino, os dois elfos ficaram pálidos por verem como s foto era idêntica ao seu amigo e estavam cogitando se seria bom ou não que o mesmo voltasse, já que todo o reino estava atrás dele.

O terceiro círculo mágico foi o do elemento fogo, que explodiu no sexto ano, sua faixa ficou a baixo da faixa laranja que representava força, vitalidade e agilidade de um guerreiro. Os elfos não ficaram surpresos quando nada aconteceu posteriormente, mas seus corações estavam mais ansiosos que nunca pois em dois anos a última faixa carmesim iria ser absorvida e assim talvez o lobo voltasse a vida, ou era isso que eles achavam, por as coisas não aconteceram bem assim...

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Faltavam apenas seis meses para o fim do último ano, se os círculos mágicos seguissem os padrões que Aylah e Heklebe imaginavam seguir, eles ainda teriam mais alguns meses até que tudo ou nada pudesse acontecer. Porém, o casulo resolveu se mostrar presente um pouco antes, naquele dia em especial estava ocorrendo uma tradição local, onde oferendas, músicas e resas eram feitas para a deusa da noite Katsumi, sendo assim, os quatro membros estavam deveras longe da cabana para verem que o último círculo mágico começou a girar e brilhar intensamente, o processo de explosão e absorção seguiram normalmente como das últimas três vezes e depois que tudo se acalmou uma rachadura atravessou o casulo de cima abaixo é vibrações começaram a ocorrer por toda a sua extensão. Ninguém estava presente naquele momento, mas o mundo presenciava um novo nascimento, de um ser que conheceu a morte e conseguiu se livrar dela por meios inexplicáveis.