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Projeto Aria

"Relembre o passado para voltar à realidade..." Duas garotas acordam em um lugar que desafia as leis da física e vai contra a realidade comum. Elas não sabem como chegaram lá, não se lembram de suas identidades e descobrem que para sair de lá, é necessário passar nas provas dos observadores. Sem nenhuma informação adicional tudo que elas podem fazer é continuar seguindo as regras. Será que elas conseguirão sair dessa loucura? Se gostarem, por favor deixem seus votos e me ajudem a ser encontrada!

Daoist0eBjAG · Sci-fi
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12 Chs

Ridícula prova surpresa - Parte 1

— Como eu disse... — repetiu a criança com uma expressão fria e voz monótona. — Vocês só sairão desse andar se passarem na minha prova. Caso contrário, ficarão presos por aqui comigo até que uma nova prova seja designada.

O garoto fitou as duas com seus olhos cinzas. Seu olhar, aparentemente indiferente, escaneou-as de cima embaixo. Por alguma razão, ele cerrou as mãos dentro dos bolsos da blusa de frio grande e desproporcional que estava vestindo. Seu humor estava negro, assim como a cor do cabelo e suas roupas. 

— Você quem criou esse lugar? — Goldie perguntou se levantando e andando depressa na direção dele.

— Não.

— Mas sabe quem criou?! — perguntou já tendo o alcançado e o segurando pelo colarinho.

De repente, a criança que ela estava fortemente segurando — pela gravata — desapareceu de suas mãos como se tivesse evaporado e reapareceu a metros de distância dela. Surpresa, ela olhou pra ele com atenção e voltou a olhar a própria mão. "Como isso tinha acontecido?" Ela tinha certeza que havia pegado em algo sólido!

— Sim, mas não é algo que eu tenho permissão pra contar.

— Sabe como saímos daqui?

— Também não tenho permissão pra contar isso.

— Eu estou com fome, pelo menos me dê alguma coisa pra comer! — reclamou Cacau involuntariamente, não prestando atenção às palavras deles.

Goldie se irritou um pouco com o comentário de Cacau. Será que ela não queria sair de lá?! Ficou exasperada.

— Para completar essa prova simples, vocês devem criar uma trilha de dominós seguindo a regra padrão do jogo, do ponto vermelho — apontou um círculo vermelho perto de onde Cacau estava — até o ponto verde. — Ele apontou outro círculo perto da porta no fundo do palco.

— Você não pode tirar a gente daqui? — Goldie perguntou aflita.

— Isso só depende de vocês duas, mesmo se eu quisesse não conseguiria — respondeu a criança dando de ombros visivelmente irritado com a pergunta.

— Tem limite de tempo? — perguntou Goldie olhando as caixas empilhadas ao redor, todas estavam cheias, quase transbordando de dominós pelas beiradas.

— O limite de tempo é até o relógio dar uma volta completa com o ponteiro menor. — respondeu o garoto. — E só mais uma informação, esse andar não tem comida.

A última informação deixou Cacau desanimada e para alívio mental de todos os outros, calou suas reclamações ao mesmo tempo.

— Então nós temos um dia... — resmungou Goldie não muito satisfeita.

— Não necessariamente — sorriu o garoto e isso deu arrepios na espinha de Cacau.

— O que ele quis dizer com isso? — Cacau sussurrou no ouvido de Goldie.

— Talvez a passagem de tempo pro ponteiro não seja tão simples como achamos... — Goldie chutou em resposta à pergunta de Cacau. — Temos que usar todas aquelas peças nas caixas atrás de você? — Ela perguntou ao garoto.

— Sim, todas elas devem ser usadas. Mas não se preocupe, não vai sobrar e nem faltar se você completar a prova de maneira correta!

"E onde isso não é motivo pra se preocupar?!" Goldie praguejou mentalmente. Ela não fazia ideia do porquê seria necessário usar todas as peças de uma vez. Mas guardou na memória o que ele disse anteriormente, os observadores não tinham poder para libertá-las. Elas teriam que aguentar até encontrar outros ou uma outra forma de sair.

Ela olhou na direção dele com expressão rígida e a testa franzida. O garoto tinha pele clara, cabelos pretos e olhos cinzas, e carregava consigo um olhar que dizia "Eu não me importo se vocês vão conseguir ou não, apenas façam isso logo". Era também um olhar gelado, não era comum pra uma criança..., mas havia alguma coisa comum ali dentro?

— Quando nós devemos começar? — perguntou Cacau enquanto olhava pro relógio.

— Quando o ponteiro menor estiver no centro, vocês podem começar! — disse a criança virando-se de costas para elas e andando em direção à cadeira feita de puzzles.

— Ainda falta um pouco... — sussurrou Goldie olhando pro grande relógio na parede da caixa.

— E se não conseguirmos completar? Quando comemos? — Cacau perguntou a ele.

— Então vocês terão uma nova chance de ir pra um andar com comida na próxima prova.

— Assim morreremos de fome!

— Vocês não vão.

Goldie começou a ficar irritada com a conversa deles e estava prestes a reclamar com os dois quando percebeu que o relógio tinha ficado estranho. Ao olhar pro relógio atentamente, viu que ele sorrateiramente girou mais rápido em direção ao centro depois das reações frustradas delas. A possibilidade com que se deparava lhe acertou como um golpe duro no estômago. Decidiu agir imediatamente!

— Vamos começar — chamou Goldie.

Pegou uma das caixas no canto com dificuldade e levou até a extremidade da plataforma, de onde estava o ponto vermelho e de onde haviam chegado.

— Como devemos começar? — perguntou Cacau se agachando junto a ela com outra caixa enquanto pegava uma das peças na mão.

— Vamos tentar fazer a trilha de dominós que ele falou.

— Uma trilha que chegue até a porta... — Cacau sussurrou.

— Você só precisa acompanhar os pontos nas peças — falou Goldie colocando peça por peça no chão criando um caminho.

Cacau se pôs a ajudar completando com as peças que ela pegava.

Goldie tentou não demonstrar seus pensamentos preocupados em sua expressão facial. "Por que de repente o ponteiro do relógio deu um salto? Ele estava lento desde que as duas chegaram na plataforma! A única diferença é que Cacau e ela demonstraram um pouco de emoção e nervosismo..." se isso for do jeito que Goldie estava pensando que era, então elas não tinham muito tempo para completar essa tarefa ridícula! Se colocou a montar a trilha calada.

As duas fizeram trilhas que iam para um lado e depois voltavam para o outro na plataforma, de forma que pudessem gastar todos os dominós dentro das caixas para fazer o caminho que levava até a porta. Tiveram que desfazer e refazer algumas partes de modo que tivessem peças que combinassem em todos os lugares. Os desenhos de dominós no chão a estava incomodando enquanto criavam as trilhas sobre eles. O garoto que estava agora praticamente deitado na cadeira deixou escapar uma risada decepcionada.

— Isso é o melhor que pode fazer?! — Ele falou.

Mas Goldie não deu ouvidos e continuou a montar a trilha com Cacau.

O garoto balançou a cabeça negativamente e se jogou de forma preguiçosa na cadeira de novo, dando alguns suspiros de vez em quando e soltando umas risadinhas irônicas.

— Só mais algumas. — Goldie cantarolou baixinho.

— Não temos mais peças... — Cacau sussurrou pra ela em resposta.

Goldie levantou a cabeça imediatamente e olhou em direção às caixas, após ver que todas estavam vazias, notou com desânimo que haviam coberto quase todo o pátio, mas ainda havia uma fileira inteira de dominós que precisava ser preenchida para chegar até a porta. Isso as desmotivou instantaneamente.

— Meus parabéns! — O garoto bateu palmas. — Vocês desperdiçaram por volta de uma hora. — Apontou pro relógio.

Goldie e Cacau claramente estavam começando a ficar nervosas, por motivos diferentes, com isso o ponteiro maior começou a girar mais rápido. Ela olhou do relógio pro observador, que tinha uma expressão de escárnio no roto e agora ela tinha certeza, se ficarem ansiosas, o ponteiro correrá mais rápido e elas ficarão sem tempo! Se obrigou a se acalmar e a desacelerar o coração. Cacau parecia aflita com a declaração do menino.

— Não tem problema, ainda temos bastante tempo! — Ela consolou Cacau com um aperto em seu ombro. — Vamos recolher os dominós nas caixas novamente e observar um pouco, tudo bem?

Cacau estava visivelmente cansada, fisicamente e psicologicamente. Goldie também estava muito cansada. Não muito fisicamente falando, mas o trabalho psicológico que estava tendo que fazer era desgastante demais.

— Tudo bem. — Ela se acalmou e se ocupou em recolher as peças.

Goldie olhou pro relógio e percebeu que meia hora havia se passado pelos ponteiros durante o momento de ansiedade que tiveram. Ela se colocou em modo concentração e, extremamente calma agora, ela observou o chão e os desenhos de dominós nele. Haviam desenhos de dominós do mesmo tamanho das peças que elas estavam usando e eles seguiam um certo alinhamento com relação a trilha que o menino havia falado que deviam fazer da entrada da plataforma até a porta.

Cada peça desenhada no chão era diferente uma da outra e pareciam ter sido postas lá para completar o caminho pedido pelo menino esquisito e auto intitulado observador. Será que dava pra confiar naquilo? A plataforma anterior também era relacionada ao chão, apesar de ter sido num nível mais simples, ainda era necessário combinar com o chão então... Não custava tentar!

— Terminei. — Cacau chamou. — Como vamos montar dessa vez?

— Vamos tentar seguir essa trilha desenhada no chão e combinar as peças desenhadas com as peças das caixas dessa vez.

— Mas isso não vai demorar mais?

— Sim, mas o chão já tem uma trilha pré-estabelecida, veja! — apontou os desenhos no chão e caminhou enquanto os seguia.

— É verdade! — Cacau se animou.

— Vamos lá! — As duas se colocaram a preencher os espaços partindo já dos desenhos no chão. — Coloque as peças que combinam com os desenhos ao lado deles e assim por diante em cada desenho que está no chão.

— Mas e os meios? — perguntou Cacau.

— Fazemos eles depois, não se preocupe!

Assim as duas preencheram as bordas dos desenhos até a porta. Quando terminaram, Goldie percebeu que o garoto agora estava prestando atenção ao que as duas estavam fazendo e não estava mais com olhar debochado no rosto e sim com uma expressão séria. "Provavelmente estamos no caminho certo" pensou.

— E agora? — perguntou Cacau.

— Voltamos ao início e preenchemos os meios.

— Tem que ser do início...? — reclamou Cacau andando preguiçosamente até a outra ponta da plataforma.

Ela estava cada vez mais infantil com o passar do tempo, ou era apenas sua imaginação?

— Assim não pisamos neles quando estivermos indo pra porta — respondeu Goldie quando se encontraram no início da trilha.

— Ah, sim...

As duas agacharam e iniciaram o preenchimento do meio do caminho do primeiro desenho até o segundo no início da plataforma na ponta de onde vieram. Mas quando ambas chegaram ao centro as peças não combinavam.

— E agora? — Cacau começou a chorar.

— Acho melhor cada uma fazer um, assim podemos completar mais rápido e eu construo os meios depois de pronto. — Falou Goldie consertando a diferença entre as peças sem se desesperar.

Cacau prestou atenção na calma dela e se inspirou a fazer o mesmo no segundo espaço entre a segunda e a terceira peça. As duas fizeram isso enquanto arrastavam as caixas pelo pátio. Cacau conseguiu montar alguns apesar de a maioria terem sido feitos por Goldie. Quando chegaram nos meios entre as 3 últimas peças, as que tinham sobrado não se combinavam bem.

— O que fazemos agora, já se passou muito tempo pra começar do zero! — Cacau começou a chorar novamente.

Uma dor de cabeça muito forte a atingiu e ela caiu de joelhos no chão. Havia uma enxurrada de cenas se passando na sua cabeça agora. Imagens suas jogando dominós com uma mulher e um menino inundaram suas memórias. Um sentimento aconchegante fluiu dentro de seu coração ao ver estas duas pessoas, mas Cacau não pôde dizer quem eram elas ou porquê da sensação exatamente. Uma certa angústia tomou conta. Viu Goldie correndo em sua direção com um olhar assustado no rosto. A enxaqueca aumentou enquanto o flashback do grupo brincando feliz continuava. Por fim, Cacau desmaiou.

Goldie a segurou antes que sua cabeça batesse no chão e a deitou gentilmente para que não se machucasse. Ela olhou preocupada para Cacau e a examinou para ver se havia sido apenas um desmaio nervoso. Cacau estava novamente inconsciente, mas dessa vez ela não podia simplesmente acordá-la como fez antes. Isso a deixou aflita e seu coração começou a pulsar forte com a ideia de ter sido deixada sozinha de novo.

Ela se virou para olhar pro relógio que havia acelerado. No ritmo em que ele estava agora, teriam por volta de 5 minutos apenas até o tempo da prova se esgotar.

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