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2- A essência do invisível

— Estão ouvindo isso? As pessoas estão chegando cada vez mais perto. Até quando pensam que vão conseguir manter esse reinado de discórdia?

Vidar continua perplexo ao olhar para o rosto do homem em sua frente, com uma expressão dividida, seus olhos estão cobertos por lágrimas como o de uma criança e, ao mesmo tempo, mordendo seus lábios como se estivesse em uma enrascada, querendo sair do local o mais rápido possível.

— Até quando vai ficar me olhando com essa cara Vidar? Não se lembra de mim ou apenas está fingindo não me conhecer por estar com seus amiguinhos?

Lágrimas começam a escorrer, Vidar não consegue mais guardar tanta dor em seu coração, uma simples aparição muda seus sentimentos e seus ideais.

— Me perdoa? Eu não queria ter feito aquilo.

Amom, com um olhar em fúria, chama a atenção de Vidar.

— Vidar, não sei quem é, a única coisa que me importa é de que lados estão, se estão contra nós, faça algo ou eu mesmo farei!

Com os punhos fechados, sua expressão muda, seus olhos estão cobertos por uma sede de sangue.

Vidar se revolta com Amom e lhe golpeia com um soco em seu rosto, deixando seu companheiro no chão.

— Respeitei você, estive do seu lado mesmo tomando algumas decisões erradas mas, se você erguer um dedo para ele, eu mesmo mato você!

Os outros anéis começam a ficar em dúvida, com medo de onde poderia chegar essa situação, então algumas atitudes começam a ser tomadas.

— Vamos Fujin!

Raijin e Fujin desaparecem sem deixar rastros, gerando mais dúvidas ainda.

— Que? Como? Aqueles pirralhos imaturos, na próxima vez em que ver eles, vou ensinar bons modos.

Diz Maya, completamente irritada e sem entender o que tinha acontecido em sua frente.

— Hahaha…

— Parece que as crianças saíram para brincar.

— To saindo também galera.

— Ei Vidar! Gostei do seu amiguinho, bem bonito ele. Pena que é muito novo hahaha…

Momo sai correndo com seus pares de sapatos espalhafatosos e pouco barulhentos.

— Haoma, se você sair correndo com o rabo entre as pernas como fez Momo, juro que entro naquele seu continente e irei atear fogo no seu lindo e tão amado pomar.

— Ei, ei! Não precisa disso Maya, vou ficar e ajudar mesmo não sendo tão útil em uma batalha quanto você..

— Boa garota. Diz Maya.

Amom ainda caído no chão após ser golpeado por Vidar começa a se levantar com a ajuda de Maya.

Então surge mais uma voz…

— Cif, já terminou seu encontro?

— Cala boca Mamom! Não pedi para vir junto!

— Hahaha! Como foi rever seu namoradinho depois de tanto tempo, hein? Ele te jogou fora e mesmo assim você quis ver ele novamente?

— Se a Bel estivesse aqui tenho certeza que iria tentar pôr as mãos nele, afinal, ela quer ser dona de tudo.

Que bom que ela não quis vir conosco, não a suporto!

Mamom altera o tom de voz.

— Vamos para casa, já está tudo resolvido aqui, nossa mensagem foi passada, as pessoas estão se movimentando, é apenas questão de tempo até tudo se iniciar.

Os sons de passos começam a se intensificar, olhares os cercam, pessoas os observam de seus apartamentos, tudo o que aconteceu hoje não será apagado da história, apenas estopim para uma nova história ser escrita em Atlas.

Cif e Amom se retiram de cena, sem nem mesmo ter perguntado algo, Vidar fica em prantos, Maya e Amom em fúria, Haoma está completamente perdida sem saber o motivo de ter ficado nesse ambiente tumultuado.

Com o recuo desta nova fronte e de algum dos Anéis, a população estava chegando cada vez mais perto do local da transmissão, jornalistas dos mais alto escalões também estavam se dirigindo até o local, e claro que o website Atlas World News não perdeu a chance de jogar o povo contra seus governantes, notícias, opiniões e diversas enquetes eram feitas em seu site, todas com um assunto em comum, qual seria a ligação entre Vidar com este rapaz desconhecido e o que havia feito no passado para que seu povo viesse a prosperar.

Centenas de pessoas ficaram apavoradas, já não bastava o incidente e a divulgação sobre o Infinity, agora para muitos a um assassino entre os governante em Altas.

Por mais desconfiadas que sejam as atitudes dos governantes, jamais era criado ou debatido a ideia sobre matarem pessoas.

O barulho dos passos e das vozes do povo aumentavam cada vez mais, já era visível a multidão se aproximando, com Amom ferido não havia para onde correr, ou ficavam no local aguentando sua população os repudiando, ou, tentavam correr em meio ao completo caos sabendo que teriam que começar uma vida nas sombras, se escondendo do seu povo que a pouco tempo tanto os amava.

Com poucas alternativas, a sua salvação estava a vista, sons de motores de veículos começavam a ecoar, a fumaça emitida por veículos começava a se tornar visível, com a aproximação era claro ver que não eram carros comuns e sim militares, ao chegarem no local, todos os veículos os cercavam, soldados começam a sair dos veículos com suas fardas completamente pretas sem nenhum logotipo presente, uma situação que já não era agradável acaba de se tornar uma completa incógnita.

Amom olhava para os homens e mulheres presentes em sua frente fardados de preto com uma expressão de pavor.

Com o cerco dos veículos a população não conseguia se aproximar dos governantes.

A porta do último veículo começava a ser aberta por, aparentemente um subordinado que ao invés da farda preta como os outros soldados, usavam uma vestimenta branca, com um suporte de espada em sua cintura, com a porta finalmente aberta, um homem alto, franzino e com um rosto acabado, tendo olheiras visíveis começava a se aproximar de Amom, a cada passo que o homem dava, fazia com que o rosto de Amom se via tomado por desespero, ficando pálido e com as mãos trêmulas.

— Como vai Amom? Porque suas mãos estão tremendo? Esse rosto assustado não combina com você!

— Você… Como? Pensei que nunca mais iria sair daquele lugar.

— Nunca estive preso, Amom! Apenas fiquei esperando uma oportunidade que me fizesse chegar até você.

— Amom, quem é este homem? Maya está completamente apavorada, sabendo que a pessoa que considera mais forte está em completo desespero.

Com uma voz trêmula a resposta é dita.

— Que falta de educação, não contou para seus amiguinhos sobre seu querido irmão?

— Irmão? Não sabia que tinha um irmão, querido.

— É porque não tenho. É uma longa história.

— Chega de papo, por mais que eu queira falar com meu irmãozinho, a situação atual não permite, então vou tirar vocês daqui e levá-los para seus respectivos continentes em segurança.

— Entrem nos veículos, meus soldados vão levá-los em segurança.

Uma semana depois.

Continente Swan, santuário Kojiki.

— Irmão, não precisamos mais fazer tudo isso sozinho, chega de nos escondermos!

— Ainda não é a hora Raijin! Nosso pai não morreu em vão, só nós dois sabemos a verdade, o fardo que ele aguentou sozinho mesmo com julgamentos, sendo menosprezado todos os dias.

— Irmão…

— Raijin, eu sei o que sente, somos gêmeos, esqueceu, sua dor é a minha dor, mas ainda não sabemos quem são essas pessoas, não vamos arriscar o futuro de Atlas só porque um grupo de pessoas diz que quer proteger seu povo.

Loki

Infinity que concede ao proprietário a habilidade de criar e manipular ilusões. Por serem gêmeos, essa habilidade só funciona quando os dois estão próximos. O limite de sua habilidade depende apenas da imaginação do usuário.

As ilusões criadas por Loki não são apenas visuais, aqueles que estão em seu domínio tem a mente afetada, com isso, o irreal se torna real, o paladar, olfato e tato podem ser enganados com facilidade.

Penalidade: Uma visão por outra, seus olhos se tornam tributos em troca de uma visão que vá além dos olhos.

Um ódio falso, uma reputação forjada apenas para esconder a fagulha de uma rebelião.

Continente Birgin, salão Harmonia.

— Até quando vai ficar me vigiando, irmão? Não tem que ir para casa ver o velho?

— Já irei sair do seu pé Amom, só estou me certificando de algumas coisas.

— E sobre o velho...

— O que é? Continua a mesma coisa de sempre?

— Não. Ele morreu.

— Espera! Se você está aqui e ele está morto, isso significa que você o matou? Eu sabia que você uma hora você iria ceder.

— Você está errado! Eu não fiz nada, a verdade é que ele se suicidou…

— Depois que você fugiu, o velho mudou, repensou suas atitudes, se arrependeu do jeito que te tratava só por usar algumas roupas diferentes.

— Ele se matou porque não queria que seu próprio filho o matasse por causa de uma mera tradição.

— Suas últimas palavras foram...

"Seja livre meu filho, vá atrás do que acredita e se um dia reencontrar Amom, peça a ele que me perdoe. Vocês são meus filhos, desculpem se não os dei o devido valor. Me perdoem!"

Mesmo ouvindo isso, parece que Amom perdeu a sensibilidade, nem ao menos esboçou alguma reação com a morte de seu pai.

— Você sabe mais do que ninguém, jamais iria continuar o legado de nossa família, já não basta termos o sangue de Hadria em nossas veias, temos que dar sequência a suas atrocidades?

Seus ideais mudam após a morte de seu pai, apenas palavras bonitas jogadas ao vento para enganar Amom.

A expressão de Amom muda, um sorriso sínico surge em seu rosto.

— Agora você quer ser o bonzinho da história? Agora quer tomar atitude? Onde você estava quando aquele velho me batia todas as noites?

— Irmão…

— Não me venha com palavras bonitas ou desculpas esfarrapadas!

— Sabe o que é ser rejeitado por sua própria família por apenas usar o que gosta, por expor seus pensamentos? Hoje governo Birgin, aqui sou rei, todos me amam por quem sou!

A postura de seu irmão muda, sua presença aumenta drasticamente, aquele homem esguio se torna rapidamente o mais imponente do local.

— Eles te amam por quem você é ou porque você vive os ameaçando para não falarem nada?

Amom fica em silêncio, com um olhar de medo ao ver seu irmão com uma postura completamente diferente.

— Esus, saia do meu continente, não quero vê-lo novamente pisando em Birgin!

— Como quiser, mas lembre bem das minhas palavras…

— Acha mesmo que sai daquele lugar só para te ver? Nosso pai se arrependeu, sofreu em seus últimos momentos e mesmo dizendo para não seguirmos as diretrizes da nossa família, Hadria viverá novamente, trarei de volta à "prisão silêncio" em nome de nosso pai!

A morte do seu pai serviu como um estopim para libertar um monstro chamado Esus, mas será que seu pai realmente se suicidou ou existe algo por trás dessa história mal contada?

Após tais acontecimentos envolvendo este grupo desconhecido e os anéis, Vidar não foi mais visto, buscas foram feitas para tentar encontrá-lo, sua casa estava virada de cabeça para baixo, sem sinais, rastros ou pistas de onde poderia estar.

Continente Argus, local desconhecido.

— Sinto saudades da época em que tudo era mais fácil, sem compromissos, essa vida adulta é um saco!

— Por que fiz aquilo? Por que joguei minha vida no lixo?

Em uma crise existencial, Vidar não sabe o que fazer, confuso, atordoado e tomado por sentimentos de tristeza, seu único pensamento é de deixar este mundo.

Para ele, se esvair seria a melhor solução, não teria mais que maltratar as pessoas contra sua vontade ou ter que reencontrar aquela pessoa com um olhar angustiante.

A dor em seu coração precisava desaparecer.

Vidar então decide subir em um local alto o suficiente ao ponto que sua cabeça ficasse tonta, olhando para baixo, seu único pensamento era de que toda essa confusão em seu coração acabasse em questão de segundos.

Em meio a tantos conflitos em sua cabeça, surge uma voz, uma esperança, Cif.

— É uma bela vista, não acha? Seja bonita ou feia, tudo é uma questão de ponto de vista.

— Era isso que você sempre me dizia, lembra?

O reencontro de milhões… Em meio até a mais violenta tormenta pode-se surgir uma fagulha de esperança.