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O Último Herói

“Aquele que mostrou apreço pelo caráter acima da beleza...” “Amor acima da luxúria..." “Compreensão acima da rejeição...” “Sabedoria acima da ganância...” Essas foram as palavras dos Deuses para Ben-Hur, afinal, em sua Vida passada ele teve poder o suficiente para reinar, mas escolheu servir. Agora, para todos salvar, ele precisará governar, do contrário, a perdição chegará e a Vida de tudo e todos tragará.

PABELO · Fantasy
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35 Chs

Aula de Botânica

Na manhã do dia seguinte, Ben-Hur estava sentado em sua mesa, ao seu lado, como havia sido desde os primeiros dias, estava a Princesa Sarah.

Ela conversava animadamente com o garoto e parecia que uma amizade havia surgido.

Ben-Hur, apesar de sua avançada idade, mentalmente, notou que algumas coisas haviam mudado.

Ele havia chegado a algumas conclusões.

Primeiro era de que apesar de sua idade mental ser centenária, seu corpo atual, devido aos hormônios e traços genéticos, o impediam de agir completamente como um adulto.

Ele ainda tinha gostos e jeitos infantis.

O que havia permanecido era majoritariamente o conhecimento adquirido de sua vida passada e suas memórias, bem como o seu caráter, mas sua personalidade havia sido levemente alterada.

Isso se notava pelo fato de que ele era capaz de conversar com Sarah como iguais e não tinha a sensação de um adulto conversando com uma criança.

Apesar de ele ser bem mais contido, ainda havia uma inquietação que o cercava.

Isso acontecia devido ao fato de ele, também na sua vida passada, ser extremamente curioso, gostando de explorar tudo que surgia à sua frente.

De qualquer forma, a sensação que ele possuía é que ele não era completamente diferente do seu Eu passado, mas sim uma mistura, com características novas e antigas.

Isso o permitia viver de forma normal, como uma criança, apenas mais capaz que a maioria daqueles de sua idade.

Era por isso que ele e Sarah se davam tão bem, ela era genial e o alcançava nas conversas e na velocidade de raciocínio, claro, não completamente, mas o suficiente.

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A porta da sala abriu-se com um rangido e por ela entrou Estel Aera.

A primeira aula do seu dia era para a Classe Especial Inicial, posteriormente, ela daria aulas para os alunos mais velhos, também da Classe Especial.

Seu corpo era coberto por um vestido de linho e quando ela entrou na sala, um cheiro de rosas a seguiu, bem como uma brisa suave.

Ela correu seus olhos por todos dentro da sala e deparou-se com Ben-Hur.

O garoto olhou para ela com um certa curiosidade e viu que, apesar de ela tentar esconder com um pouco de maquiagem, seus olhos estavam levemente avermelhados e o nariz também.

Ben-Hur chegou à conclusão de que ela tinha algum tipo de alergia ou havia chorado.

No entanto, era difícil ver um Elfo com algum tipo de alergia, quem dirá um Elfo Divino da Família Real.

De qualquer forma, ele apenas ignorou tais detalhes e focou no agora.

"Acredito que todos estavam presentes no dia anterior quando eu me apresentei. Eu vou ficar no Reino Wolfstrong por algum tempo e darei algumas aulas para vocês, meu nome é Estel Aera.

A primeira matéria que vamos abordar será Botânica, afinal, é a partir da Flora que boa parte das coisas são feitas, desde roupas até Poções e armas.

Quem entre vocês sabe o motivo pelo qual as armas mais fortes levam como ingredientes um número imenso de materiais vivos, muito maior que ingredientes inertes como minerais?..." – Estel.

Ela foi direto ao ponto, seu método de ensino era mais prático.

"Materiais vivos são capazes de absorver mais Mana do que materiais inertes..." Falou Emily Thyri.

"De certa forma sim, mas não é apenas isso..." Estel mostrou que ainda esperava uma resposta mais profunda.

Seus olhos corriam pela sala e era possível perceber que ela tinha grandes expectativas.

Quase como se ela estivesse os testando para ver se eles realmente eram dignos de serem chamados de especiais.

"Mana e Vida andam lado a lado, materiais vivos, como plantas e partes de animais, que um dia fizeram parte de um organismo, são mais poderosos, pois, é possível transformar o que um dia foi Vida em poder.

É como ver pessoas usando suas vidas em situações de extrema necessidade e assim gerando grande poder, realizando feitos impossíveis para seus níveis reais de força..." A voz de Sarah entoou pelo recinto.

Estel olhou para ela com um grande sorriso.

"Exatamente! Materiais vivos um dia fizeram parte de um ser vivo, sendo assim, ainda existem resquícios de Vida e nas mãos de um exímio Ferreiro ele será capaz de utilizar estes resquícios para fortalecer o material forjado durante o processo..." – Estel.

Sarah tinha um olhar tranquilo, ela recebia treinamento diário desde bem cedo e havia sido capaz de adquirir grande conhecimento.

"A Flora é uma das formas inconscientes mais abundantes de Vida, crescendo nas áreas mais inóspitas e proliferando-se de maneira extremamente rápida.

Existem flores que exalam cheiros incríveis, plantas que curam doenças antes incuráveis, ervas capazes de matar até mesmo um dragão.

Na flora existe a resposta para muitos dos anseios da Vida Senciente, ou seja, nós..." – Estel.

Ela fez uma pausa e olhou novamente para todos à sua frente.

"A Flora é muito importante, mas qual o motivo que a torna única, não de um ponto de vista óbvio?..." Estel perguntou para a turma.

Diferente de antes, seu olhar dessa vez não demonstrava grande expectativa, quase como se não esperasse que eles fossem capazes de receber.

Ela estava quase voltando a falar quando uma mão se ergueu, ao lado da Princesa Sarah.

Era Ben-Hur, filho de Sophie e Adam.

"Diga..." Falou a Princesa Élfica com um olhar curioso.

"As plantas são nossas maiores fontes de oxigênio, sendo assim, se não fossem por elas, não existiríamos pela mera necessidade de respirarmos.

Principalmente das algas presentes nos oceanos que são o pulmão do mundo.

No entanto, esse não é o maior dos motivos, mas sim o fato de elas serem uma fonte de comida abundante e, de certa forma, acessível..." – Ben-Hur.

Estel estava surpresa, mais surpresa do que quando Sarah respondeu, afinal, a resposta de Sarah poderia ser encontrada em livros, mas a de Ben-Hur era algo muito mais profundo do que isso, apesar da simplicidade.

"Elabore..." – Estel.

"Nossa maior fonte de comida são os vegetais, ou seja, plantas, Carne é um luxo para a população geral.

Além disso, os animais utilizados para a produção de carne, se alimentam de vegetais, sendo assim, sem eles, seria impossível termos a Vida da forma como conhecemos hoje.

A cadeia alimentar que possuímos está baseada intrinsecamente na existência de plantas, sem elas, nada seria como é hoje.

Se a única fonte de alimento que possuímos fosse carne, não seria surpresa se as primeiras espécies que surgissem tivessem sucumbido ao canibalismo e se auto destruído..." – Ben-Hur.

Estel escondia bem, mas ela estava em choque.

Esse nível de análise era algo que seria visto e debatido apenas no Primeiro Ano da Academia Continental.

Para ver alguém com esse nível de pensamento tendo apenas cinco anos, era algo monstruoso.

Porém, ela rapidamente se lembrou quem ele era e quem era seu pai e a sua mãe.

Adam e Sophie, já na idade de Ben-Hur, também eram considerados pontos fora da curva.

"Exatamente! É isso aí, a Flora sustenta toda a Vida e sem ela, todos sucumbiríamos, é por isso que é preciso estudarmos e nos aprofundarmos no conhecimento gerado através da Botânica...." – Estel.

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Uma semana depois.

Estel tomava uma xícara de chá com Sophie em uma sala de estar.

Após tantos anos sem se ver, elas claramente tinham muito o que conversar.

Era a primeira vez que elas se viam desde o pedido de Sophie e Adam.

O ar estava meio pesado, já que um silêncio imperava.

"Como estão sendo as aulas?..." Disse Sophie quebrando o gelo e iniciando a conversa.

"Alguns promissores, mas nada como Sarah e Ben-Hur. Seu filho não é de se surpreender tanto, por ser filho de vocês, apesar de às vezes eu achar que ele é mais velho do que parece.

Porém, a Princesa Sarah, sem palavras..." – Estel.

"É, eu estava falando com Adam, é raro ver um talento no nível dela em um pequeno reino..." – Sophie.

"Concordo, fiquei até tentada em a pedir para ser minha Discípula, no entanto, é complicado no momento..." – Estel.

"Falando nisso, você não nos disse o motivo de vir até o Reino Wolfstrong, duvido que foi para ver Merlin..." – Sophie.

Um sorriso dançou nos lábios de Estel, ela não podia negar que Sophie era extremamente detalhista.

"Oficialmente eu vim como uma forma de Diplomata do Reino Élfico, já que o Reino Wolfstrong é um dos nossos parceiros comerciais, então meu papel aqui seria fechar negócios e aproveitar para ajudar as crianças e jovens do Reino na Academia Real..." – Estel.

"E extraoficial?..." – Sophie.

"Duque Grannus..." – Estel.