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O Início

O primeiro dia de trabalho sempre é difícil, bater ponto, horário de almoço, se enturmar, conhecer o local, saber seus horários e tudo mais, pena que o meu não é assim, trabalho a qualquer hora, sem direito a pausa ou lanchinho, confesso que esse trabalho costuma ser fatal, principalmente quando se trabalha coletando almas no lugar da própria Morte, ela saiu de férias e me deixou aqui trabalhando. Relaxe que eu vou te contextualizar, tudo começou em uma pacata manhã chuvosa na minha cidade, não era muita novidade chover nesta época do ano mas havia algo de diferente, algo que me afetaria mais tarde.

A chuva havia ficado mais grossa e consegui ver de canto alguns raios e trovões que caiam rapidamente junto a alguns corvos que cismaram em se esconder em minha janela, por mais que fosse de manhã cedo, o sono resolveu se apossar de minha mente me fazendo deitar em um sono profundo, que infelizmente foi interrompido por alguns barulhos que escutei próximos a mim.

— Ai meu dedinho!— Ouço uma voz feminina que aparentava ser de uma adulta— Malditos armários!

—Quem está aí?—Pergunto enquanto me cobria mais com os grossos lençóis que me esquentavam.

— A Morte!

— Morte? O que você está fazendo aqui?— Digo descobrindo a minha cabeça com receio do que estava por vir

— Eu vim te propor um acordo, você está doente e eu tenho a solução pra isso.

— E qual seria?— Me viro para olhá-la me estremecendo de pavor

Ao me virar me deparo com a Morte, ela não era do jeito que eu imaginava, a mesma havia uma pele bronzeada vestia um vestido estilo tubo preto e uma jaqueta de couro que descansava em seus ombros,seus olhos eram mais escuros que a noite mais nublada e seu cabelo era vermelho,longo e ondulado com algumas mechas em preto que cismavam em escapar de uma cartola que enfeitava sua cabeça, em seus pés ela calçava um coturno preto que aparentava ser novo, sua maquiagem era leve com um grande delineado esfumado a uma sombra arroxeada,em seus lábios residia um batom preto fosco que contrastava com seus dentes brancos e perfeitamente alinhados

— Eu necessito de férias por que eu também sou gente, e é aí que você vai entrar, trabalhe para mim por um tempo e eu irei curá-lo, além de que você irá ganhar alguns anos de vida a mais do que você teria normalmente

— E como eu posso acreditar que você é realmente a Morte? Você pode estar só me enganando como todo mundo sempre fez desde que descobriram o que eu tenho.

— Primeiro, sua casa está completamente trancada, não teria como eu entrar, segundo, eu sei o que você tem desde bem antes de você nascer, terceiro, não vou responder mais perguntas.

— Por que?

— Porque eu não quero.

— Respondeu — dou uma risada exagerada seguida de uma profunda recuperação de ar — Ainda não acredito em você, mas eu topo, o que é um arranhão para quem já está quebrado? Só me explica como isso vai funcionar.

— Basicamente você irá coletar as almas com um anel e ao fim do dia eu venho ver como você se saiu, se você for bem ganhará mais um ano de vida, se for mal você só fica cansado, é simples. Amanhã você começa, nos vemos no parque — Ela diz desaparecendo diante dos meus olhos.