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Ave

Fato interessante é que quando Nauac foi fazer as medições para a roupa, a bruxa que o mediu não evitou dizer sobre seu corpo anormal.

Depois desses anos treinando na floresta, estava com um corpo desenvolvido bem acima da idade dele, sem comparações. Parecia que ele era como um corpo em uma aula de anatomia, cada corte dos músculos eram profundos e mostravam os mínimos detalhes, as veias saltavam por toda parte, embora ele deixasse tampado por roupas a maior parte do tempo.

Se fosse pra dizer que parece com algo, seria alguma capa falsa do Youtube dizendo sobre algum humano com zero de percentual de gordura, embora fosse impossível.

Não era nem bonito, apenas assustador e estranho.

Eles já tinham comprado um telescópio também, foi o único item além das vestes que foi pedido. Aparentemente a varinha era opcional, mas a grande maioria dos bruxos brasileiros não utilizavam varinhas.

"Compraremos uma ave de rapina." Nauac disse de repente.

"Oh? Mas nós já temos uma, Nauac, não preci-" A fala de Clara cessou de repente, olhando para os olhos aparentemente normais de Nauac.

"Certo, filho." Parecia que seus olhos ficaram mais vazios repentinamente e sua voz soou robótica.

Roberto, que estava ao seu lado, não pareceu notar nada de diferente e ele só continuou sorrindo e olhando para frente estranhamente.

Nauac olhou para o homem, no qual esse acenou com a cabeça, começando a se dirigir para outro lugar.

Logo eles estavam de frente para uma loja chamada Salomão-Espécies.

Entrando, Nauac já sentiu o cheiro de diversos animais, além de uma confusão de sons diferentes. Olhando brevemente através das paredes, nenhum deles parecia atingir mais de um metro, embora.

Um homem pulou em sua frente de repente, cabelos e barba castanha cheia, olhos amarelos afiados, roupa elegante que lhe dava credibilidade, sua expressão era sorridente e parecia alguém astuto.

"Ora, ora, esse jovem precisa de algo? Salomão está ao seu dispor."

"Preciso. Me mostre suas aves de rapina." Nauac respondeu-o.

"É claro, perfeito, na verdade! É um dia de sorte para você, estamos com um estoque abundante. Venha comigo." Ele sorriu.

As 5 pessoas se dirigiram para o fundo do lugar. Era largo e comprido, o teto atingia uns bons metros, demorava para terminar. Se assemelhava muito a um grande armazém decorado.

"Vê isso aqui? É belo, não é?" Salomão disse apontando para as aves em sua frente.

Eram várias, uma maior que a outra, presas em jaulas ou gaiolas. Tinham corujas, gaviões, águias e outros.

"Essa aqui é uma coruja-das-torres, clichê, mas é uma ótima escolha. É pequena e consegue entrar na maioria dos lugares, além de serem criaturas noturnas." Salomão disse, apontando mais algumas curiosidades sobre a ave.

Ela era uma coruja famosa, seu rosto tinha uma plumagem branca e sua parte da frente como tórax e pernas também, já a parte de trás e ao redor de seu rosto eram marrom com toques de cinza estranhos.

"E este aqui? Gavião-caboclo, belo e elegante, é maior também, embora não tenha crescido ainda. É forte, e vai lhe ser muito útil, vive muito mais do que a coruja."

Tinha uns 40 centímetros, a plumagem é de cores apagadas, cinza amarronzado nas costas e barriga creme, com riscos verticais escuros e uma semicoleira escura.

Nauac achou que era bom. Na verdade ele não se importava muito, só queria ter a ave para receber as cartas, já que provavelmente não iria enviar. A de Clara e Roberto provavelmente morreria em alguns anos.

Quando ele ia concordar em levá-lo, seus olhos fitaram ao lado, observando uma criatura ainda maior que as anteriores. Tinha uma plumagem branca e uma cabeça e asas pretas.

Salomão percebeu imediatamente.

"Interessado? É um urubu-rei, mede cerca de 85 centímetros, carnívoro e se alimenta de animais mortos, raramente escolhendo uma presa viva. Provavelmente não é o melhor para carregar cartas, mas é um bom companheiro. Custa 30 galeões."

Nauac olhou para Salomão profundamente, então como se algo clicasse em sua mente, o homem abriu a boca e disse:

"Se gostou, eu posso fazer um ótimo desconto para você, apenas 10 galeões e ele é seu." Quando terminou de dizer parecia surpreso consigo mesmo.

Nauac voltou seu olhar para Roberto.

O homem avançou e colocou os galeões que restaram na mão do homem.

"Tudo certo. A sua entrega será feita rapidamente, só precisamos ajeitar uma papelada." Salomão falou.

Entretanto.

"Eu o levarei, agora." Nauac disse, ainda calmo e olhando em seus olhos.

"O-oh, tudo bem, leve-o, mas tem certeza que ficará tudo bem? Ele é pesado, grande e..." Sua voz foi morrendo lentamente até que seu olhar estava vazio.

Nauac avançou e segurou com uma mão o topo da grande gaiola que era quase uma jaula, então se virou e foi embora, Clara e Roberto o seguindo atrás.

Passou pelos bruxos perambulando, começou a subir a escada novamente, e agora os degraus ao invés de descerem a cada passo, subiam e o levavam mais para cima.

Quando chegou na passagem os cajueiros se abriram automaticamente.

"Foi boa a visita? Espero que tenha gostado!" Cláudio, o da direita, disse. Ou da esquerda se você estivesse entrando.

"Com certeza." Roberto soltou simplesmente.

O trio então saiu da Garden Dramas e foram em direção ao lado de fora da rodovia, passando por uma estrada de terra e entrando em uma floresta.

Roberto e Clara colocaram as mãos no ombro de Nauac, então com um som de craque, seus corpos giraram e desapareceram do lugar, aparecendo na casa da fazenda novamente.

Dentro da loja de Salomão nesse momento.

Os animais se mexiam e faziam sons rotineiros pelo local, enquanto Salomão estava estático e com os olhos opacos no mesmo lugar de antes.

De repente uma garota saiu de uma porta de outra parte da loja e começou a andar pelo lugar, até que logo ela estava na área das aves de rapina e viu o homem parado lá.

"Tio, o que o senhor está fazendo? Estava te procurando, tem clientes chegando." A garota disse acenando a mão na frente do rosto do homem.

Salomão pareceu tomar conta de si e soltou um som de surpresa, baba caindo de sua boca e quase atingindo o rosto da garota, que desviou com nojo.

"Oh! Por que eu deixei ele ir!?" O homem exclamou confuso e meio assustado.

"Ele quem, tio?"

Salomão pareceu perceber a menina finalmente.

"Ora, ele! Aquele, hm, garoto... como era mesmo?" Ele colocou a mão na cabeça tentando lembrar de algo.

"Tio? Você está bem? Não se machucou e bateu a cabeça?"

"Menina, está me chamando de louco? Eu só estava pensando em algo. Vamos, precisamos continuar vendendo." Salomão disse enquanto disparava para a entrada da loja.

A garota riu e se afastou correndo atrás do homem.

Vou já deixar claro aqui que ele não usará muito essa habilidade, mesmo que ele continue possuindo.

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