4 C 03 - Recepção Calorosa

Dois de Março de 047 - Pós Hecatombe

Em alguma Pradaria no continente Norte Americano.

Um homem caminhava com passos calmos em uma pradaria morta, que a muito tempo não tinha vegetação, haviam apenas algumas ruínas no horizonte e cinzas no solo que se estendiam por todo o terreno.

Ele tinha olhos afiados que varriam todo o local, respirando fundo enquanto se abaixava e pegava um punhado de terra e deixava o cair entre seus dedos, ele analisou o ambiente.

Ao fazer isso, ele estendeu um braço para trás como se carregasse um bastão, ele então olhou para as nuvens negras como se esperasse algo.

Seu rosto era quadrado, e suas sobrancelhas arqueadas junto de sua grande barba, davam um ar malicioso a ele, e por fim seus cabelos negros eram longos ao ponto de atingir suas costas.

O homem então se levantou, e movimentou seu braço direito como se fincasse algo no chão, e para nossa surpresa uma marca circular apareceu no solo.

Então lá ele esperou pacientemente por horas, dias, até semanas. O tempo passou de forma que as cinzas que caíam se acumularam em seu corpo, criando uma camada de sujeira.

Entao em algum momento se foi ouvido um estralo, como se um grande cabo de aço tivesse se rompido.

"Hm"

Ao mesmo tempo ele reagiu, sua íris negra começou a brilhar em um forte prata, seu corpo emanava uma luz de mesma coloração que com tempo começou a se comportar como vapor.

As cinzas se desprenderam pouco a pouco, então dá luz que ele emitia, podiamos ver algo que se assemelhava a um tridente, em suas mãos uma arma translucida de forma vaga habitava.

Enfim algo rachou, no ar a um quilômetro dele podia ser visto uma linha negra que ficava no ar. Como se olhássemos para uma tela quebrada ou uma folha de papel que foi cortada e colocada junta novamente.

Das rachaduras, coisas que eram como dedos magros e ossudos saíram, porém as mesmas tinham tamanhos que rivalizavam com grandes carros.

Elas seguraram de maneira opostas aquela rachadura e então abriram um espaço entre, se olhassem lá veriamos então algo turvo em cores vermelhas e negras, chuviscando e se estabilizando.

Pouco a pouco o que se via lá dentro estabilizou, era uma gigantesca criatura que parecia uma cabeça de leão, de seu torso saia cinco braços que tinha mãos, e na costa de suas mãos haviam cascos como o de bois, os membros eram uniformemente distribuídos como o de uma estrela do mar.

Abaixo da mesma tinha-se um mar de criaturas antropomórficas que se assemelhavam a aves carregando longas lanças irregulares de bronze, elas não possuíam penas, e podia se ver suas peles acinzentadas e machucadas. Porém no horizonte uma se destacou, ela era negra, suas penas eram longas e estreitas, abaixo de suas asas um par de braços fortes existia, e ambos carregavam martelos de bronze, que pareciam humildes em comparação a seus punhos.

Sua íris possuía uma cor azul profunda, e suas expressões pareciam nítidas, era anti natural de todas as formas. O homem que assistia tudo cruzou olhares com a criatura, mesmo quilômetros de distância, ele semicerrou os olhos e então disse.

"Criatura vil, ousa encarar a humanidade com desdém? Que seja, cruze essa passagem para meu mundo e me dê oportunidade para ceifar sua existência desse mundo."

Sua voz era grave, porém soava suave a cada sílaba, ele disse tudo de maneira nítida sem levantar a voz, quase como uma promessa.

A criatura que se parecia uma ave distorceu sua feição, como uma mistura de algo semelhante a nojo ou um sorriso, era difícil dizer exatamente.

Já o homem se manteve com uma expressão neutra, apontou as pontas do tridente para o chão e apoiou cabo em suas costas enquanto caminhava para a fissura.

Então a grande criatura que se projetou para frente e começou a sair pouco a pouco, até estar totalmente em nosso plano.

"Hm? O que temos aqui, o que é você? Você parece ter uma benção porém não é meio diferente?."

A voz era como de uma criança distorcida, toda vez que ele falava os demônios gritavam em um tom menor, e agitaram como se sentissem dor, depois se calavam como se nada tivesse acontecido.

"..." A pessoa não reagiu e continuou a caminhar calmamente.

"Verme, ousa ignorar minha existência? Sou Buer, o Presidente do Inferno, a voz das Enfermidades, cinquenta legiões estão sobe os meus pés, até mesmo anjos já se prostraram diante de mim."

A voz estava mais acelerada, mostrando o mesmo descontentamento de uma criança mimada e mau caráter teria ao não receber o brinquedo de sua escolha.

Já os demônios menores, se agitavam e contorciam, e em seus corpos feridas maiores surgiam, até mesmo grandes tumores apareciam e explodiam em seguida.

"Cale-se, sua voz me traz desconforto… sua existência me faz ter pena de matá-lo, se não fosse o agressor, eu nunca viria aqui perder meu tempo com algo como você." Já o da pessoa era calmo, sua voz era bem eloquente e passava uma sensação natural de que tudo estava bem, apesar de ter falado como um esnobe.

A criatura usava seus membros para se mover para a frente, ao ouvir o tom calmo daquela pequena pessoa ele ficou em silêncio por um instante e parou a vinte metros dele.

Ele o encarou e então perguntou de forma desconfiada.

"Você me lembra alguém, diga-me qual seu nome."

Atrás dele as criaturas marchavam para fora pouco a pouco e se enfileiram e gritavam toda vez que ele falava

"Narciso." Respondeu em um tom de voz suave e que parecia humilde, como se o nome o lembrasse algo.

"Que ironia, realmente é como olhar para um reflexo dele eu diria."

"Hm?"

Ele não entendeu porém não deu muita importância para a resposta daquele demônio.

Era possível ver um homem alto olhando para um mar de criaturas e diante uma aberração, ele não tremia e sentia medo, ele mantinha um perfil nobre e não deu um passo para trás.

E do espaço vazio a criatura com os martelos bateu as asas, ela saiu pela rachadura tão rápido que podia se ver apenas pós imagens dela, ela subiu alto no céu em direção a um lugar desconhecido.

"NÃO DEMÔNIO!"

Enfim Narciso expressou uma reação, ele então jogou seu tridente translúcido em sua direção, que fez um som agudo enquanto rasgava o ar.

Ele jogou com tanta força, que antes de estar a um metro dele já tinha quebrado a barreira do som, criando uma poderosa onda de choque e sumindo nas nuvens.

Já Buer aproveitou e esticou um de seus membros como se desse um soco, acertando com os cascos como um trem, o espaço parecia dobrar em volta do impacto.

Arremessando como uma boneca de pano desengonçada, ele rompeu o chão e quicou centenas de metros a frente. Mesmo assim em meio a poeira que surgiu, ele se levantou e olhou para o demônio a sua frente com raiva, olhando como um predador.

As criaturas do inferno avançaram pra cima dele, porém a única reação dele foi sorrir como um maníaco.

Já enquanto isso no Jardim Suspenso, uma grande fortaleza com 294 metros quadrado, erguida no céu por motores de fusão nuclear e tecnologias além de nosso tempo de cálculos e navegação.

Ficavam Vanessa e Mary, a segunda dita era uma americana com o dom da previdência, ela podia sentir as emoções que viriam e também ver o que poderia acontecer, ajudando a manter a fortaleza fora de perigo e sempre em movimento pelo o continente.

Ela era um dos 17, seus cabelos eram loiros e sua estatura era mediana, ela tinha um rosto como se estivesse com sono a todo tempo de seu dia.

Suas vestes eram em branco com detalhes dourados, uma roupa ajustada e perfeita para praticar esportes e com algumas placas de metal para se proteger, ela usava uma delicada tiara como adereço.

"Eles chegarão em breve, anciosa?" Perguntou Mary com sua voz suave.

"Sinceramente eu não sei dizer, Iakami é de longe um bom homem porém ele não parece ter um objetivo claro."

Vanessa respondeu de forma desanimada e olhando para o horizonte com uma expressão cansada.

"Como assim?"

"Ele mudou de cidade por mim após uma década, e é esse o problema... Ele foi embora do lugar que protegia sem hesitar, temos um ótimo relacionamento porém ele seria mais importante do que a causa?" A mesma disse isso com sérias dúvidas em seu íntimo, e parecia que a questão era mais complexa para ela do que fazia aparecer.

"Eu creio que não seja mais importante, porém talvez seja tão grande quanto." Disse a mulher loira fazendo uma expressão boba e despretensiosa.

"Mary, como pode dizer isso?" Já Vanessa reagiu de forma avessa a sua resposta, por causa de seu passado ela se sentia em dívida com a humanidade.

"Vanessa pense, não a muitos de nós que tem a oportunidade de amar alguém ou de constituir uma família, não envelhecemos e você tem algo com esse rapaz que pode perdurar." Mary respondeu de forma que sua voz oscilava em uma insatisfação, sua forma de gesticular também lembrava alguém imaturo.

"Mesmo assim, de qualquer modo teremos tempo para ver como as coisas finalmente irão se desenvolver. Será bom ter uma companhia durante a noite." Ambas se olharam e riram de maneira boba.

"Mais então por que isso agora?" Após rirem Mary perguntou de forma tímida.

"Não me entenda mal Mary, eu o amo, confiária minha vida a ele porém não a de milhões."

Ambas ficaram em resoluto silêncio por alguns tempo, até que das nuvens elas viram uma distorção estranha, como se tivesse um ralo que tornava as coisas 2D, da perspectiva de quem visualizava de longe.

Aquilo era um indício de uma distorção espacial de Zaya, quando ela "corria" seu destino criava essa ilusão ótica momentos antes da sua chegada.

"Hm, Zaya tem um bom coração. Não tem ciúmes de ela roubar o coração dele com seus gestos ?" Provocou Mary de forma infantil.

"As vezes você sabe ser irritante sabia? Mais de qualquer forma ela nos ajudou antes de acontecer a invasão."

"Eu? Olha estou..." No meio da frase ela parou, seu rosto ficou vermelho e as veias de seu rosto saltaram, ela colocou ambas as mãos em sua cabeça com uma expressão de choque.

No mesmo instante os alarmes da fortaleza alada soaram.

Os orifícios do rosto de Mary sangravam leventemente com um vermelho vibrante, e ela começou a se debater em meio a agonia.

Imediatamente Vanessa a segurou assustada e perguntou desesperadamente.

"Você está bem? O que houve é uma visão?"

"Fuja!"

"O que?"

Nesse instante elas sentiram um poderoso impacto na cidade flutuante, foi possível ouvir pessoas gritando e o estalar dos metais, as duas foram arremessadas pelo o impacto de tal forma que caíram contra o teto de metal do palácio dos 17.

Vanessa estava ciente da situação e agarrou a frágil Mary e voou por uma brecha que se abriu na parede. Ela pegou uma rápida distância de algumas centenas de metros e seus olhos começaram a lacrimejar fortemente, sua expressão era de choro ao ver a cena.

A grande fortaleza flutuante, estava caindo, e metade dela tinha sido esmagada ao ponto de parecer ter sido obliterada, como se um objeto tivesse a esmagado.

Aço retorcido, os motores de fusão falharam e os funcionais travaram para evitar acidentes ainda maiores, a parte intacta caía rapidamente e quando atingiu o solo, foi como uma pequena bomba atômica que fez uma explosão que arremessou tudo para longe.

As duas foram jogadas pela onda de impacto assim como os outros heróis que chegaram naquele instante.

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