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Capítulo 03 – Infância e adolescência (Parte 1)

"Não importa o que o mundo diz de mim, o que importa é que eu nunca fiz nada que contrariasse os meus princípios e nunca farei." (Roronoa Zoro)

 

[Universo 7 – Terra – Capital do Oeste – Ano 749]

[Ponto de Vista: Rachel]

A vida é uma coisa muito engraçada.

Um dia você é uma bela espiã no auge dos 18 anos com uma missão: Se infiltrar em uma determinada grande corporação e roubar os dados de suas tecnologias mais recentes.

Sendo designada para uma missão tão importante você se prepara, estuda tudo o que pode sobre o alvo e todas as pessoas que trabalham nele, estuda as famílias dos donos da corporação, as famílias dos funcionários, decora até o nome da senhora que trabalha na limpeza, tudo para estar preparada, pois como seu mestre te ensinou, nunca existirá algo como preparações excessivas.

Infelizmente a vida, é uma caixinha de surpresas. Não importa quantas preparações você realize, se você perder o foco por apenas um minuto, tudo ao seu redor muda e você é lançada em um vórtice de acontecimentos que ficam longe do seu controle.

Bem, depois do que aconteceu comigo nessa missão, eu entendi porque meu mestre, o homem da organização que me ensinou tudo que sei sobre essa profissão, continuava solteiro até morrer em um trágico acidente aos 50 anos. Pois quando você se apaixona, acaba cometendo erros que não deveria e a missão fica um pouco comprometida. Bem, um pouco é eufemismo, ela fica muito comprometida.

Sem mais demoras, vamos ao que interessa.

Tudo começou quando me tornei a secretaria de um cientista aqui na Corporação Cápsula, uma corporação gigante que detêm a patente total de uma tecnologia revolucionária chamada cápsula Hoi-Poi ou conhecidas apenas como Cápsulas. Eles também dominam 20% do mercado de veículos do mundo, além de ter ações em vários outros tipos de empreendimentos. Dirigida pelo brilhante cientista Dr. Brief, é uma empresa com perspectivas enormes de crescimento e meus superiores, desejavam se apoderar de uma parte dessa ovelha gorda.

Bem, esse cientista em particular para o qual comecei a trabalhar, era meio retraído, tímido e casado com o trabalho, ou seja, um alvo fácil para uma espiã tão maravilhosamente linda como eu. Na verdade, ele deveria agradecer as suas estrelas da sorte por ter a oportunidade de ser usado como alvo inicial da minha infiltração.

O plano inicialmente foi um sucesso. Me infiltrei na corporação e consegui colocar o cientista basicamente na palma da minha mão. Com o passar do tempo, consegui alguns contatos na empresa, algumas promoções e alguns meses depois, até me tornei uma das assistentes do Dr. Brief, o que me permitiria entrar diretamente em contato com todas as tecnologias melhores e mais secretas.

Por baixo dos panos, eu até ajudei o cientista para qual trabalhava a ganhar algumas promoções, pois bons cachorros têm que ser recompensados regularmente, para continuarem te apoiando.

Mas é como dizem por aí. Quanto melhores vão as coisas para você, mais descuidado você fica.

Uma certa noite, afim de comemorar sua mais recente promoção, o cientista George, que já não era mais meu chefe, um homem magro com 1,80 de altura, olhos azuis, cabelos pretos em corte social, ainda um pouco tímido e retraído, me convidou para tomar uma bebida.

Eu relutei um pouco pensando na missão, mas eu também sou uma mulher e tinha necessidades, então aceitei seu convite e após algumas bebidas, acabamos na cama da sua casa.

Ele não tinha nenhuma experiencia no assunto, eu também só sabia o básico, mas nunca recebi treinamento prático, então não posso dizer que foi uma noite memorável. Mas, o ser humano é um bicho assustador. Depois de experimentar a fruta apenas uma vez, a vontade se apresentou em lugares indevidos e horas pouco propícias, até que finalmente um mês e meio depois da nossa primeira aventura, eu descobri que estava grávida.

Inicialmente eu quis bater com a cabeça na parede. Como eu poderia ter sido tão idiota? Esquecer a proteção no calor do momento e um pouco de embriaguez? Eu me culpei muito, porque depois de várias promoções, eu mesma era a responsável pelos temidos seminários sobre pássaros e abelhas da empresa.

Claro, nunca ninguém presta atenção naqueles seminários, mas pelo menos eu conhecia os métodos contraceptivos. E quem em sã consciência iria imaginar que dois virgens conseguiriam acertar o gongo na primeira e quase mal sucedida tentativa?

Parece até que essa criança deveria vir ao mundo...

Eu vou ser sincera, pensei muito em abortar a criança. Pois como uma assassina e espiã sempre fui ensinada que qualquer coisa que pudesse atrapalhar a missão deveria ser expurgada com extrema rapidez, mas havia uma coisa que não deixava esse pensamento se instalar na minha mente e minhas tentativas sempre foram impedidas por motivos maiores...

O que ajudou um pouco a mudar minha mentalidade, foi a conversa que tive com George, contando que estávamos grávidos. Aquele homem extremamente magro, pulou de felicidade a alturas que deveriam ser impossíveis para uma pessoa sem treinamento como ele. E como se fosse uma promessa de estarmos juntos para sempre, ele no mesmo dia saiu, comprou uma aliança e de joelhos no meio da empresa, me pediu em casamento.

No calor do momento eu acabei aceitando e houve uma comemoração enorme dentro da corporação por nosso engajamento. Até o Dr. Brief, trouxe a esposa e as duas filhas, uma já crescida e a outra que acabara de nascer para comemorar conosco, pois eu era sua querida secretária e com o passar dos anos meu futuro marido e ele tornaram-se mais que apenas patrão e funcionário.

No mesmo dia, fui questionada pela organização quanto ao casamento e fui obrigada a dizer que precisava parecer menos inacessível e nada melhor que uma armadilha de mel para envolver um dos mais brilhantes cientistas da Corporação Cápsula. Minha resposta pareceu estar certa, pois meu subsidio foi aumentado em 30% pelos "superiores" da organização e fui promovida a sargento com cerca de 50 soldados para comandar livremente.

George e eu casamos rapidamente e a gravidez foi muito apreciada por todos aqueles que nos conheciam. Sete meses e meio depois da descoberta, exatamente aos nove meses, eu tinha em meus braços um garotinho lindo que claramente puxou a minha beleza e meus olhos verdes. Ele só puxou o pai no gênero...

Colocamos nele o nome de Leonardo. Não sei porque, mas combinou com ele e me pareceu certo, George também achou muito bom, então foi com esse nome que registramos ele.

No final, no dia 01 de janeiro do ano de 733 o mundo ficou mais belo com o nascimento do meu bebê, Leonardo Perezine. Claro, colocamos também o sobrenome estranho do meu marido, porque não? Até eu adotei esse sobrenome, ele pode até ser feio, mas é como tudo na vida, algo que com o tempo você acaba acostumando.

E como uma boa mãe que se preze, com o passar dos anos fui reunindo histórias do meu filho para me gabar com as minhas amigas, como Panchy e suas filhas e as outras mães que conheço, mas claro, nem todas as histórias podem ser contadas, pois algumas delas, eu mesma reluto em acreditar que aconteceram.

Por exemplo, já no dia do nascimento. Quando o parto terminou, o médico levantou Leo para dar o famoso, "tapinha no bumbum" afim de fazer as crianças chorarem e começarem a respirar sozinhas. Mas não o meu bebê, que parece ter herdado a fibra da mãe, com ele foi diferente, pois quando o médico acertou sua retaguarda ele encarou o mesmo como se perguntasse, porque você está me batendo tiozão?

Eu ri vendo essa cena, que infelizmente foi perdida pelo meu marido, porque no meio do parto o coitado não aguentou e desmaiou. É, a fibra do garoto definitivamente veio de mim.

◊◊◊◊◊◊

Alguns dias depois saímos do hospital e fomos juntos conhecer a casa nova. George a comprou com todo o dinheiro que guardou depois de começar a trabalhar na Corporação Cápsula. Claro, ideia minha, mas vamos deixar ele ficar com o crédito dessa vez.

A casa fica bem ao lado da sede da Corporação, o que faz de nós os vizinhos do Dr. Brief e sua família. Pois, palavras de George, "seria melhor para nós morarmos perto do trabalho, agora que temos um filho".

Bonitinho da parte dele.

Por falar em filho, Leo sempre foi uma criança quieta, mas curiosa. Seus grandes olhos verdes sempre estavam observando coisas e pessoas, como se estivesse julgando se são ameaças ou não. Se ele não tivesse saído de dentro da minha barriga, eu apostaria meu dinheiro que ele era um assassino treinado que estava apenas disfarçado de bebê.

Em alguns dias nos mudamos para a casa nova e então começaram a acontecer coisas estranhas ao nosso redor. Não estranhas no sentido sobrenatural da palavra, mas estranhas a ponto de eu começar a duvidar que Leo é apenas um bebê mesmo. Pois com toda a certeza as crianças por aí, não faziam as coisas que esse garoto fazia.

Por exemplo. Aos três meses ele começou a sentar com seu próprio esforço e nos olhava feio quando tentávamos ajuda-lo, parecia até que ele estava treinando para obter o controle de seu corpo de bebê... Hahaha...

Aos seis meses ele já estava engatinhando pela casa. Eu nem pensava que isso era possível, pois perguntando ao pediatra da família, ele disse que uma criança normal deveria engatinhar entre oito e doze meses. Meu filho definitivamente é um gênio como a mamãe!

Aos oito meses eu o peguei tentando dar os primeiros passos. Ele se segurava nos móveis, levantava o corpinho rechonchudo, mas sempre caia quando tentava dar um passo, o rostinho cheio de frustração que ele fazia a cada tentativa, era tão fofo que fui obrigada a tirar inúmeras fotos para recordação. E as vezes eu até conseguia pega-lo tentando dizer sua primeira palavra. Essa criança é algum tipo de prodígio ou um poço de esforço, só pode.

Aos nove meses ele já estava andando sozinho e falando algumas palavras. Chorei de alegria quando sua primeira palavra foi mamãe... Ahhhhh! Naquele dia demos uma festa reservada somente a família e para variar meu marido desmaiou quando ouviu Leo chama-lo de papai.

Às vezes me pergunto o que vi nesse homem...

Se eu achava que as estranhezas tinham terminado, eu estava redondamente enganada. Quando ele completou seu primeiro ano, eu o peguei em nossa pequena biblioteca lendo ou pelo menos tentando, ler os livros de histórias que guardo ali, claro eu pensei que eram as histórias para crianças, mas na verdade, eram sobre a história mundial, mapas e coisas que definitivamente uma criança da sua idade não deveria estar lendo.

Aos dois anos ele já falava normalmente e por algum motivo eu sabia que ele apenas tinha parado de se segurar por causa da idade.

Aos três anos, depois que reformamos seu quarto para se adequar ao "menino crescido" que ele dizia ser, o que era hilário considerando que ele pediu uma pintura na parede do quarto de um dragão verde e sete bolas douradas com estrelas dentro..., mas vamos fingir que ele era um garoto crescido naquela época.

Bem, voltando.

Na mesma noite que ele dormiu no quarto reformado, eu caminhei até lá para ver se estava tudo bem e peguei ele sentado em uma posição de meditação com as duas mãos no colo, como se estivesse tentando externar alguma coisa de dentro dele, mas quando eu quis observar mais um pouco, ele abriu os olhos sorriu para mim e disse que expiar era feio. Hahaha. No outro dia perguntei o que ele estava fazendo e ele só falou, "meditando para controlar o poder dentro de mim, vi na TV e tentei fazer".

Será que essa é a idade em que os garotos começam a fantasiar sobre serem super-heróis ou levantam os braços para dizer, que o grande poder que está contido em sua mão direta está prestes a explodir? Ele nem tem a idade certa para explodir usando a mão direita... Hahaha, piadinha de duplo sentido. ;p

Depois daquele dia, parece que a meditação se tornou rotina na vidinha dele.

Aos quatro anos demos uma grande festa e convidamos a família Brief para comparecerem. Panchy veio acompanhada do marido e das garotas, estranhamente nunca surgiu a oportunidade de apresentar Leo para a família Brief, mesmo eles morando aqui ao nosso lado, então quando seus olhinhos pousaram neles, eu consegui pegar um brilho de apreciação quando olhou para a filha mais nova de nossos vizinhos.

Meu peito explodiu de orgulho quando ele cumprimentou o Dr. Brief sem nenhum medo e sem gaguejar, como sua mãe fiquei muito orgulhosa por isso, pois isso mostra que toda a educação e etiqueta que tento ensina-lo é aprendida sem problemas. Panchy e Tights ficaram maravilhadas com o bom comportamento do meu filho e ele foi tão cortes com elas que ambas ficaram me implorando para leva-lo para morar com elas.

Por alguns segundos minha intenção de matar cultivada através dos anos vazou, o que tirou um sorriso estranho do rosto de Leo, que logo veio para o meu lado, pegou minha mão e acariciou dizendo que elas não tinham falado por mal e que ele nunca iria me abandonar...

Eu já disse que tenho um tesouro em casa? Se não...

O ponto mais engraçado da festa, foi Bulma, a filha mais nova de Panchy apontando uma arma laser de brinquedo para Leo e o mesmo fingindo que era real, achei um amor a atitude dele, o mesmo até perguntou como ela montou a arma e deu alguns conselhos em como melhora-la, o que fez os olhos da garotinha brilharem, o que para meu desgosto, fez ela não largar mais meu filho pelo resto da festa.

Eu preciso me controlar, deixei minha sede de sangue vazar novamente o bastante para Leo vir até mim, pegar minha mão e me tirar para dançar, dizendo que eu sempre seria a mulher mais importante na vida dele.

Neste momento meu coração derreteu. Mas ao mesmo tempo, senti uma crise, pois com essa língua de mel que ele tem, minha casa no futuro estará cheia de megeras tentando tira-lo de mim. Quem sabe essa seja a hora perfeita para voltar a treinar? Preciso manter a forma e ser poderosa o bastante para impedir meu filho de ser levado por uma garota qualquer...

Terceiro capítulo da semana!! E vamos lá, podem jogar pedras em mim! Ou esperem até chegarmos ao sexto capítulo para uma contagem de 15000 palavras.

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