58 De Volta Para o Submundo (2/4).

"MATAR O FILHO MAL!!!!!!"

"BLOMMMMMMMMMMMMM!"

"TRUMMMMMMMMMMMMMM!"

Era tudo que o maldito monstro falava sem parar enquanto balançava seu porrete de madeira que mais parecia uma bola de demolição, já que a cada vez que ele o balançava, de dez a vinte árvores eram explodidas arrancadas do chão e jogadas para o alto.

Falando delas.

"TROM!" "TROM!" "TROM!" "TROM!" "TROM!" "TROM!" "TROM!" "TROM!"

Os que sobrou das árvores começou a cair como um bombardeio de madeira ao meu redor, alguns pedaços mais finos, até mesmo perfuravam os troncos, só um lembre para como era perigoso lidar com isso de frente.

"TickkkTickkTcikk!"

Aí vem os companheiros do destruidor, as malditas formigas!

Correndo por entre as árvores da pequena floresta com uma facilidade invejável, vem um pequeno exército de formigas, cada uma do tamanho de um cachorro.

Como tudo no Submundo é exagerado e feito para matar, as formigas também não ficam de fora. Seus corpos vermelhos são quase que uma armadura natural, um golpe da minha espada não é bastante para as matar, tenho que mirar com cuidado entre as juntas, ou seja, tenho que me aproximar e arriscar ser pego pelas mandíbulas delas, que facilmente destruíram um tronco fazendo uma árvore tombar a pouco, fora é claro o veneno ácido que elas cospem.

Myrmekes, formigas gigantes que adoram ouro.

Lembrei delas dos estudos mitológicos que a Diana me deu, pelo que lembro, Zeus tem algo a ver com sua criação, então obrigado por isso.

Mesmo assim, o exército de formigas é um problema menor comparado ao gigante que está as controlando.

Correndo entre as árvores, finalmente avisto um espaço aberto a frente, era um pequeno lago, o único espaço aberto que encontrei depois de uma hora de corrida sem parar na minha velocidade máxima.

Eu estava em cima de uma pequena colina e o logo está a cinco metros abaixo de mim, perfeito.

Pulo do pequeno monte de terra em que estou, e no ar, aponto minha mão para baixo entoando meu feitiço.

"Επικαλούμαι το κρύο της θλίψης του ποταμού Cocyte!" {Eu Invoco o Frio da Tristeza do Rio Cócito!}

Uma nevoa negra dispara para baixo como um foguete acertando o lago e o congelando. Logo caio nele e me deixo deslizar pelo gelo com uma certa graça até chegar quase no fim dele, aonde giro meu corpo e enfio minha espada no chão parando meu deslizar e ficando de frente para o local aonde pulei.

"Tomara que seja fundo o suficiente." Peço em voz alta.

"TRUMMMMMMMMMMMM!"

Logo, as árvores do local aonde pulei a pouco explodiram e voaram para o alto caindo no lago e quebrando pequenos pedaços do gelo. Sem as árvores na frente, o monstro que está me perseguindo fica mais uma vez visível.

Um humanoide de dez metros de altura com uma pele da cor do bronze, ele tem uma bela barriga redonda, mas braços fortes e musculosos, usando nada mais que um pequeno pedaço de pele de uma animal suja para cobrir sua nudez e armado com um porrete de cinco metros de comprimento e um de largura, não era nada bem trabalhado, só um pedaço de madeira perfeito para ser usado como arma por alguém do seu tamanho.

Seu rosto, era bem humano também, a não ser pelo enorme e único olho azul que cobre todo espaço entre seus nariz e testa, com dentes pontudos e sujos sem nenhum cabelo.

Um Ciclope.

"MATAR O FILHO MAL!!!!!!"

É apenas isso que ele grita para mim com sua voz grossa e alta que parece mais um rugido.

Tudo isso começou a algumas horas atrás, quando eu estava procurando um lugar andando calmamente pelos Campos de Asphodel, sem nenhum medo, curtindo a paz e calma, até ele aparecer do nada e gritar essas palavras para mim, foi assim que a perseguição começou.

Estou confiante em ganhar uma luta contra ele, pensei nisso até ver um exército de formigas gigantes que estava seguindo atrás dele, no início pensei que nossa luta as provocou, e como ele é um alvo maior que eu, elas iriam focar nele, mas não, eles se juntaram contra mim e não tive outra escolha a não ser fugir.

"MATAR O FILHO MAL!!!!!!"

"BLUMMMMMMMMMMMMMMMMMM!"

Com mais um grito de raiva para mim, o ciclope pula e cai no gelo abaixo o quebrando.

Por um segundo, tive esperança que a profundidade do lago seria o bastante, mas o gigante ficou com água apenas na altura da sua barriga.

As formigas foram mais expertas que seu dono, elas não pularam do alto, em vez disso, vieram pelas laterais, com a alta velocidade e mobilidade delas, não vai demorar para elas me atacarem por trás.

"Crickk!"

O gelo quebrava com o andar do ciclope, talvez temendo perde sua amada arma, ele a deixou levantada pronta para mim.

Agora, como lidar com esse monstro?

Tecnicamente, os ciclopes não têm nenhuma grande fraqueza como os outros monstros mitológicos, eles são grandes, fortes e resistentes, muito semelhantes aos ogros das histórias de fantasia, monstros conhecidos por sua regeneração, eles possuem uma resistência absurda ao fogo, e lidam muito bem com frio também.

A forma mais fácil de o colocar para baixo, é acertando seu olho.

Só que isso não é tão fácil.

Mesmo assim, tenho que tentar.

Aponto minha mão com a palma aberta para o ciclope e invoco meu poder.

"σηκωθείτε!" {Ergam-se!}

O gelo ao redor dele fica negro como a noite, e dessa escuridão, braços esqueletos com um tamanho proporcional ao dele surgem do chão e atacam pela esquerda e direita tentando o agarrar e com sorte, o puxar para baixo.

Eles não duraram nem um segundo.

O ciclope só balançou sua arma de um lado para o outro rápido demais para seu tamanho os destruindo e voltou a andar.

"Da forma mais difícil como sempre!" Grito para ele enquanto dou um impulso com meu corpo e passo a deslizar no gelo na direção dele.

Nunca na minha vida achei que aprender a patinar no lago congelado de Gotham fosse ser útil dessa forma.

"MATAR O FILHO MAL!!!!!!"

Logo, fiquei no alcance do ciclope, e sem piedade, ele levantou sua arma e a bateu com toda sua força no gelo.

"BLOMMMMMMMMMMM!"

Gelo e água expiraram para o alto enquanto eu graciosamente, deslizei para sua esquerda, só que isso não durou muito, a força do golpe dele rachou todo o gelo ao seu redor, e tive que pular na sua direção para não cair na água.

Tudo bem, a posição era boa o bastante, e a lateral do seu pescoço grosso era bem convidativo para minha espada.

Pronto para dar minha estocada, o ciclope ágil virou seu rosto e olhou para mim com seu único olho, no mesmo momento, sua mão se moveu na minha direção no ar. Pensando rápido, me teleporto e apareço em cima do seu ombro esticado.

Antes dele fazer qualquer coisa, levanto minha espada e enfio com força no ombro dele.

"HAHHHHHHHHHHHHHHAHAHAHHAHA!!!"

O ser rugi de dor, mas sua mão livre vem de novo na minha direção querendo agora me esmagar.

Pulo para fora do corpo dele deixando minha espada presa aonde ela ficou.

"Επικαλούμαι το κρύο της θλίψης του ποταμού Cocyte!" {Eu Invoco o Frio da Tristeza do Rio Cócito!}

Antes de cair no chão, a nevoa negra explode ao redor do meu corpo congelando de volta a água me dando um solo firme para pousar e recuar com um pulo para trás.

"O Mal me esfaqueou com um palito!" Gritou o ciclope, puxando minha espada para fora do seu ombro com dois dedos e depois a jogando para longe.

Invoco minha espada de novo para minha mão enquanto olhava para a ferida no ombro do ciclope sangrando verde.

Pelo menos, o metal da minha arma tem um efeito contrario a sua regeneração.

"TickkkTickkTcikk!"

Aí estão elas de novo.

Surgindo ao meu redor caminhando sobre o gelo no inicio do lago, vem o pequeno exército de formigas gigantes, andando mais lentamente por conta do gelo, elas vão demorar um pouco para chegar até mim, antes disso, quero ferir meu inimigo mais problemático.

"BLOMMMMMMMMMMM!"

Mais uma explosão de gelo acontece quando ele acertar o lago enquanto desvio pulando para trás, e antes do gelo quebrar completamente, pulo e caio em cima da sua arma para depois pular de novo com a espada preparada.

Fui rápido e preciso, e de frente para o peito do monstro, escolhi cortar em vez de perfurar.

"HAHUHAUAHUAHUAH!"

O ciclope rugi de dor como uma animal recuando alguns passos para trás quebrando o gelo atrás dele com seu corpo. Ainda no ar, vejo a raiva brilhando no olho do monstro, e tão rápido como um raio, o ciclope balança se porrete com apenas uma mão acertando meu corpo ainda no ar.

Só com uma mão, a sensação de ser acertado pela arma dele foi a mesma quando comecei a praticar meu feitiço de voo, e acabei caindo de cara contra o chão a mais de duzentos quilômetros por hora.

"FRUMMMMMMMMMMM!"

Meu corpo passou raspando o chão de gelo como um avião fazendo um pouso sem suas rodas até bater em algo que me jogou para cima.

"BLOMMM!

Toco o chão e sinto terra, acabei de ser jogado para fora do lago de gelo.

Antes de levantar, vejo um par de mandíbulas parecidas com pinças duplas cheias de espinhos em cima de mim com uma liquido verde escorrendo por elas.

"TickkkTickkTcikk!"

Antes da formiga conseguir dar uma bela mordida no meu pescoço, seguro uma das suas pinças e a puxo para minha esquerda fazendo a formiga rolar no chão.

"Haa!"

Olho para mim sentindo uma dor forte pulsante. O liquido verde escorrendo pelas mandíbulas da formiga era seu acido, que é forte o bastante para corroer a carne de um semideus, deixando minha mão em carne viva.

Não tenho tempo para cuidar dessa ferida, a formiga está vindo até mim de novo, só para ser perfurada na sua boca, um dos poucos lugares aonde sua armadura não a protege.

Mesmo com a cabeça perfurada, a maldita formiga gigante não morreu, e suas presas se fecharam perfurando meu pulso esticado e seu acido escorre por ele.

"Επικαλούμαι το κρύο της θλίψης του ποταμού Cocyte!" {Eu Invoco o Frio da Tristeza do Rio Cócito!}

A nevoa negra cobriu meu puslo, mão e espada, congelando o corpo inteiro da formiga de dentro para fora finalmente a matando.

Com a mão coberta de gelo, a dor do acido foi aliviada.

"TRUMM!"

O corpo da formiga se quebra assim que eu tiro minha espada.

Olho ao redor, e vejo mais Myrmekes chegando pelos meus lados e do campo de gelo na minha frente.

O ciclope do outro lado no lago congelado, também se recuperou e começou a se mover também, no seu corpo gigantesco, a um corte horizontal do seu braço esquerdo até o direito um pouco acima dos seu peito.

Eu estava mirando seu pescoço, mas é difícil acertar precisamente um ataque rápido por conta do seu tamanho, um movimento simples dele, muda completamente a mira, já que seu corpo é imenso.

"TickkkTickkTcikk!"

No chão, as formigas são rápidas, e já estou com vinte deles em minha volta, todas avançando em sincronia prontas para o banquete.

Pego o meu escudo nas minhas costas e o coloco na frente do meu corpo, e com o pomo da minha espada, acerto ele com força.

"TONNNNNNNNNNNNN!"

A explosão divina teve uma proporção de uma pequena bomba, e todas as formigas que estavam prestes a me comer foram jogadas para longe pela onda de choque.

"RFFFFFFFFFF!"

Muitas árvores ao meu redor também forma acertadas, e começam a cair sobre as formigas.

Isso não as matou ou até mesmo as machucou, suas defesas naturais são muito fortes, mas isso com certeza me deu alguns minutos de paz.

Subo então num dos troncos caídos e olho do alto para o ciclope, ele não está longe, já passou metade do lago congelado.

Volto a colocar meu escudo nas costas e olho para minha espada, e pela primeira vez na minha vida, lamentei ela não ser maior ou meu pai não me ter dado uma lança.

Mas, é como dizem, se você não tem cão….

Meu gato estava próximo, uma bela árvore de dez metros de altura.

Vou até ela e faço dois cortes rápidos um pouco acima da sua raiz, a ideia era deixar a parte de cima inteira e a ponta de baixo pontuda. Assim que a árvore começou a cair, pulei e cortei um pouco abaixo de onde ficam seus folhas e galhos.

Caio no chão, e seguro apenas o tronco reto de madeira com meu ombro e o envolvo com meu braço para ele não cair.

E aqui estou eu, segurando um tronco pontudo de cinco metros de altura no meu ombro.

Soltei minha espada no chão, e olhei para o alvo.

Tomei impulso e dei uma arrancada com toda minha velocidade e força segurando o tronco. Um pouco antes de saltar, uma formiga aparece na minha frente, eu não paro e uso sua cabeça para acabar meu salto.

Atravessei todo o caminho entre nós e comecei a cair bem em cima do ciclope, que tendo um grande olho, não deixou de me ver.

"EU MATO O FILHO MAL!" Gritou ele balançando seu porrete com as duas mãos dessa vez.

Em comparação com ele, eu sou apenas uma bola de beisebol prestes a ser rebatida, mas um pouco antes de ser acertado, girei meu corpo e balancei o tronco que estou segurando batendo com a parte de cima dele contra a arma do ciclope.

"BLAMMMMMMMMMMMMM!"

"TRUMMMMMMMMMMMMMMM!"

Não foi surpresa o que aconteceu, às duas armas explodiram jogando lascas de madeira para todo lugar.

Caio no gelo na frente do ciclope, que estava olhando para o que sobrou do seu porrete. Não dei tempo para ele, pulei segurando a parte de baixo do que sobrou do meu tronco acima da minha cabeça.

O ciclope acordou, e tentou bater em mim com sua mão, mas fui mais rápido dessa vez chutando sua mão para ficar acima da sua cabeça. Ele não pode evitar levantar o rosto, deixando nos dois na posição perfeita para eu enfiar a ponta no seu único olho.

"HAAAAAAAARUHRRRRRRRAWHHRHRHR!"

"BLM!"

Ele rugiu de dor e caiu de costas espirando água e gelo para todo lugar me dando um banho.

Ainda em cima dele, e com quase toda sua cabeça embaixo da água, vejo seus braços se levantarem.

Não foi profundo o bastante.

Solto a lateral do tronco e entrelaço meus dedos os levantando acima da minha cabeça.

"TROMMM!"

Bato com toda minha força em cima do tronco, enfiando-o mais ainda na cabeça do ciclope e me dano um banho de sangue verde que queimou levemente minha pele.

"BLAM!"

Os braços levantados dele caem para os lados, e não a mais sinal de vida.

"Επικαλούμαι το κρύο της θλίψης του ποταμού Cocyte!" {Eu Invoco o Frio da Tristeza do Rio Cócito!}

A nevoa negra volta a congelar todo o lago ao meu redor, evitando que o corpo afunde e me dando chão firme para pisar.

Em cima do corpo, vejo as formigas longe paradas olhando para mim, e assim que conjuro de volta minha espada, elas começam a recuar.

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Sem seu pastor, as Myrmekes, dispersaram me deixando sozinho em cima do corpo.

Depois disso, fiquei me perguntando o que fazer com isso tudo.

Mas antes de decidir o que fazer com o corpo, lavei meu corpo nas águas congeladas do lago para limpar o sangue dele, que parecia ter um certo fator corrosivo, mas não tão forte quanto as formigas, o acido delas também foi limpo, e a minha regeneração cuidou do resto.

Depois de limpo, me sujei de novo coletando o que restou do olho do ciclope e armazenando o máximo do sangue dele que eu podia. Não sei o valor desses materiais, mas sempre a um valor para partes de um monstro, e mesmo que eu tivesse pegando as partes erradas dele, o sangue pode ser útil, minhas defesas são altas, então ele só faz minha pele formigar, mas isso num humano, deve ser bastante poderoso.

É uma pena que não consegui pegar um pouco do acido das formigas também.

O que restou do corpo, deixei ele afundar no lago.

Com tudo feito, senti um alívio imenso em não ter usado minha espada para acabar essa luta, a visão de mais uma alma presa dentro dela, me tiraria o sono e estragaria ainda mais meu humor para continuar essa viagem.

Afundando mais uma vez esses pensamentos, comecei a andar de novo seguindo para o norte, esperando finalmente chegar até um local mais aberto para criar minha base, ou finalmente sair desse campo, que não é nada pacifico como pensei que seria.

Andei por algumas horas não vendo nada diferente, e já de saco cheio disso, resolve encerar o dia após encontrar um bom lugar aberto para acender uma fogueira e preparar algo para comer.

Graças a magia de invocação que aprende com minha irmã, posso guarda alimentos, claro, depois da minha pequena solução para burlar a regra de não poder armazenar alimentos dessa forma.

Só que eu não estava com fome, e não tinha vontade de comer, e tudo que fiz, foi sentar numa pedra na frente da fogueira e olhar para o fogo.

"Minha irmã está se superando hoje!"

Como um gato, pulei e dei um moral para trás me afastando alguns metros da voz que surgiu do nada caindo em pé com minha espada e escudo já prontos para a batalha.

As lições de sempre estar preparado para algo que a Diana me deu, finalmente foram úteis.

"Normalmente Hestia, não gosta muito de ficar no Submundo." Voltou o homem a falar

Sentado na pedra do meu lado, estava ele, usando uma toga branca com o ombro para fora na diagonal do seu tronco, uma alça de uma bolsa simples de couro bege que está descansando no seu quadril, na sua cabeça, um capacete de ouro com duas asas da mesma cor de ambos os lados saindo para fora. Ele tenha um rosto bem, grego, com olhos pretos e um belo sorriso, do seu lado, descansando sobre seu corpo, um longo cetro de cabo longo também dourado com duas serpentes que davam voltar pelo cabo até o seu fim, no topo, uma esfera com duas asas também douradas dos dois lados.

Esse com certeza era um deus, e diferente da minha irmã, ele é facilmente reconhecível.

Mesmo sem ter muito conhecimento mitológico, é fácil reconhecer Hermes, por suas sandálias simples, a não ser pelas duas asas brancas de trinta centímetros que estavam posicionadas bem em cima do tornozelo, elas, se moviam lentamente, como se estivessem vivas.

"Lorde Hermes." Cumprimento guardando minhas armas e fazendo uma pequena reverência.

Não a pôr que ficar com minhas armas em mãos, na minha frente, está um deus, e eu sei muito bem a diferença entre nos dois, só pelo fato dele se aproximar de mim e eu não perceber, diz que ele pode me matar com a mesma facilidade.

Hermes, talvez seja o primeiro velocista do multiverso DC, pelo que me lembro, nunca ficou claro o quão rápido ele é comparado aos outros velocistas, como o Flash, mas lembro que ele conseguiu se equipara a uma das versões mais rápidas de um deles.

"Você se acalmou?" Perguntou ele num tom gentil.

A voz dele era bem humana, algo diferente entre ele e minha irmã.

"Sim senhor, foi uma surpresa, me desculpe por isso."

"Tudo bem, parte da culpa foi minha, às vezes esqueço que a maioria dos mortais não podem perceber minha velocidade."

Hermes, não falou isso para me diminuir, foi apenas uma comparação justa, já que comparado a um verdadeiro deus, semideuses realmente são mortais.

"Por que você não se senta, temos que conversar um pouco." Apontou ele com seu cetro para a pedra do outro lado da fogueira.

Andei calmamente até ela, e ele claramente escolheu o outro lado da fogueira e não do seu lado para me dar um pouco de uma falsa sensação de segurança, ou talvez para ele eu seja apenas uma criança, vai saber o que os deuses pensam.

"Devo te parabenizar pela vitória da sua luta contra seu primeiro ciclope, não é um feito fácil de se conseguir sendo tão jovem." Ele me deu os parabéns com um sorriso no rosto.

"Ainda não sei por que ele me atacou." Contei em voz alto algo que me incomodou.

Analisando as frases curtas dele, o ciclope claramente sabia quem eu era e talvez pelo mesmo motivo que as Fúrias, me odiou.

Filho do mal.

"Hora, essa é a parte mais fácil, é claro que ele foi coagido por Perséfone!" Contou o deus como se fosse logico.

Claro que foi.

Na minha última viagem, Melinoë, me deu um aviso claro sobre a Rainha desse lugar.

"Eu já pensei no motivo disso tudo, mas você poderia me explicar por que ela quer me matar?" Perguntei para o deus.

"Hades, sempre foi fiel, mas ela nunca deu um filho homem para ele." Falou ele parando logo depois.

"E agora, um filho de outra mulher nasce sendo homem."

"Correto."

É a mesma porcaria que aconteceu com Héracles e Hera.

"Perséfone, quando quer, pode ser tão charmosa quando Afrodite e manipuladora como Hera, tenha cuidado pequeno semideus." Avisou Hermes, com um olhar serio.

Com as Fúrias e o ciclope, ela conseguiu os convencer que eu, filho do seu senhor, estava querendo tomar seu trono, então sim, ele está certo.

"Já que ela não veio diretamente a mim e acabou logo comigo, tem algo que a impedi disso?" Perguntei.

"Sim, ela não pode vir diretamente atrás de você por causa do seu Pai." Confirmou ele minha suspeita.

Não ter que se preocupar com uma deusa vindo atrás de você pessoalmente é algo bom, mas isso não diminui o problema, e prevejo que cada vez mais que eu me aproximar do centro do Submundo, os ataques vão aumentar em perigo e frequência.

"Agora que meu aviso foi dado, está na hora de você saber um pouco sobre a benção que te concedi." Mudou o assunto o deus na minha frente, voltando sua feição para alegre.

"O senhor me deu uma benção!?" Perguntei um pouco surpreso.

"Por que o choque?"

"Bem, pelo meu conhecimento limitado, o senhor é um dos doze do olimpo, não entendo por que você me daria uma benção." Comentei.

Os doze deuses do olimpo que são o poder dominante dos deuses gregos, pelo menos é assim que funciona no papel, mas a verdade, é que Poseidon e Hades, também tem seus conselhos nos seus próprios reinos com seus próprios deuses fazendo parte dele que são fieis apenas a eles.

"Isso é verdade, mas eu também sou um psicopompo." Explicou ele, como se isso resolveria minhas dúvidas.

Vendo minha confusão, ele continuou sorrindo e explicou.

"Uma de minhas funções é a de guiar todas as almas do mundo mortal para o Submundo."

Hermes, levou sua mão para sua bolsa de couro no seu quadril e abriu ela, do seu interior, pequenas bolas de luzes flutuaram para fora e se espalharam para todos os lados.

Almas.

"Muitos esquecem disso, e pensam em mim como apenas um mensageiro, mas eu sou muito mais que isso."

Assim que vi as almas, voltei mais uma vez a pensar nas que estão na minha espada e com ele aqui, talvez isso seja o fim disso.

Puxo ela e a coloco de lado em cima das minhas pernas.

"Você pode, libertar as que estão presas aqui?" Pergunto com um tom quase que implorando.

Libertar não é a palavra correta, já que posso simplesmente soltar todas as almas e elas ficariam apenas flutuando nesse mesmo lugar, não, o que quero é as libertar para seu pós-vida, algo que só Hermes, na minha frente pode fazer.

"Claro que posso…."

Abro um sorriso.

"Mas não vou." Acabou ele.

"Por quê?"

"Por que não preciso, você pode fazer isso sozinho com o dom que ti dei."

"Você está dizendo que posso, guiar as almas para o Submundo?"

"Isso resumi bem o que minha benção pode fazer, mas como a benção da sua irmã, ela pode se tornar algo assustador se você treinar, por isso, não desperdice essa chance com arrogância ou ignorância." Avisou ele seriamente.

"Mas, essas almas não tem nada a ver com o panteão grego, nem mesmo sei a fé que eles tem, os libertar no Submundo, parece errado para mim." Levanto outro problema moral.

Imagine que você é cristão e acredita no céu, e do nada, se encontra no pós-vida grego, isso não seria nada agradável.

"A alma vai para onde ela deve ir, não se preocupe com isso." Explicou ele.

Hermes, então ficou calado esperando, olhando para minha espada no meu colo.

Entende isso como um sinal para eu começar.

Levo a mão para o pomo da minha espada, e pegou uma alma presa dentro dela a fazendo flutuar em cima da palma da minha mão.

Era como sempre uma sensação bem estranha, ter o poder sobre uma pequena bola de energia com uma quantidade assustadora de energia. Em qualquer outra circunstância, eu curtira essa sensação, mas não tive tempo de chegar nesse pensamento, já que apenas a segurando sei que ela pertenceu a uma mulher que morreu pela minha espada, uma mulher que foi transformada e forçada a lutar e matar contra sua vontade.

"Quem foi ela?" Perguntou Hermes.

Sem tirar os olhos da alma, respondo.

"Uma professora de jardim de infância, não me aprofundei mais do que isso."

"Por que não?"

"Para me proteger." Dou minha resposta sincera.

"Em vez de fazer isso, por que não tenta superar?"

Por que evitar um problema é mais fácil que o resolver.

Claro, não digo isso em voz alta.

Sem pensar muito nisso, deixo minha mente afundar nas memórias da alma, e como sempre, não é uma sensação prazerosa ser acertado com uma quantidade tão grande de memórias de uma só vez, mas não tinha tempo para ver uma de cada vez, era melhor lidar logo com isso rápido.

Não sei quanto tempo se passou, mas assim que abri os olhos, Hermes, estava em pé segurando seu longo cetro de costas para mim.

"Venha comigo." Pediu ele.

Levantei e caminhei alguns metros atrás dele ainda segurando a alma da mulher até pararmos na frente para o campo aberto sem nenhuma árvore ou pessoa na nossa frente, apenas grama.

"Deixe ela ir para seu lugar de direito." Pediu Hermes.

Foi estranho, diferente dos ensinamentos da minha irmã, Hermes, é do tipo mais intuitivo, ele não me deu nenhuma informação clara como fazer isso, mas me guiou de alguma forma, e de um segundo para outro, eu sabia como fazer, mas também não sei explicar como é feito.

Em cima da minha mão, a alma treme, e começa a flutuar para longe como se estivesse viva, até desaparecer, da mesma forma que aconteceu com as almas que Hermes, libertou da sua bolsa.

Após fazer isso, uma pequena parte do meu peso foi aliviado.

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