46 Cientista Louco em Treinamento.

Depois da minha consulta tranquila com a Canário Negro, fiz meu caminho para a lanchonete mais próxima, ainda come uma quantidade ridícula de besteiras para depois fazer a viagem de volta para casa, já que ainda quero dar uma olhada no laboratório, mas como sempre, o destino ri dos meus planos.

"Socor!!!" Escuto um grito de socorro que é logo abafado, vindo da minha direita.

Ponho de volta minha armadura e voo na direção dele, e isso me leva até uma zona bem menos movimentada dessa parte da cidade. O grito aconteceu a poucos segundos, então se ele não está aqui, quer dizer que um veículo está envolvido.

Pensando dessa forma, voo mais a frente, aonde vejo uma estrada com tráfego, mas não tão intenso, o que é ruim para mim, isso quer dizer que o veículo pode correr.

Foco minha audição em cada veículo separadamente, os sons variam entre rádios e conversas, mas nada estranho, até chegar a vez de um van cinza.

Claro que é numa van.

{Coloca esse **** para dormir logo!} Falou o que estava dirigindo.

Na parte de trás, só posso escutar um som de movimentação e luta.

Agora, oque fazer?

Posso simplesmente os parar com meu corpo, mas isso pode machucar o refém, que vai ser jogado para frente.

Se eu me teleportar para dentro, o motorista com certeza vai levar um susto, talvez causando um acidente envolvendo os carros ao redor.

A chance não apareceu, então continuo observando de cima, esperando ela surgir.

Não precisei esperar muito, poucos segundos depois, a van entra na esquerda, saindo da pista e indo para uma rua bem apertada, por conta disso, eles tiveram que diminuir, foi aí que escolhi atacar.

"TUM!"

Não posso evitar fazer barulho ao pousar no teto, mas movo-me rápido, enfiando meus dedos que perfuram o metal do teto da van como manteiga o segurando com força, puxo o abrindo com uma lata de sardinha e pulo para dentro.

"Mas que **** é essa!" Gritou o que está com o refém.

Aquele que está na direção se virou para ver oque aconteceu e perdeu o controle assustado.

Antes dele bater, bato com as costas da minha mão no sequestrador que está atrás, e depois seguro o refém, que está com as mãos amarradas atrás das costas com um capuz sobre sua cabeça e me teleporto para fora.

"BLAM!"

A van bate num poste no mesmo momento que surgimos um pouco mais afastados na rua.

O refém, um adolescente negro, aparentando ser um pouco mais novo que eu, usando um casaco preto e calças jeans tremendo de medo, começa a se mover querendo escapar após notar a súbita mudança no ambiente.

"Calma, calma, eu vou te soltar." Digo retirando o capuz cobrindo seu rosto primeiro.

Depois vou para as costas dele e rasgo a fita que estava prendendo suas mãos.

"Quem é você!? Por favor, não me machuque!?" Implorou e perguntou ele.

"Acabei de te salvar, você pode me chamar de Kírix." Falo o mais tranquilamente que posso.

Antes ele não teve coragem de olhar para mim, mas agora ele olhou, e posso ver o reconhecimento nos seus olhos assutados.

"Você é um herói?"

"Tento ser, por que você não se senta bem ali, enquanto eu lido com o fujão?" Peço para ele apontando a calçada.

O fujão, é o cara que está chutando a porta do motorista, que ficou bem amassada depois da batida.

"BLAMMM!"

Ele conseguiu abrir a porta com outro chute para depois cair no chão meio tonto da batida.

É isso que da sequestrar alguém sem usar cinto de segurança.

Como o outro sequestrador, esse também estava usando uma máscara preta, e usando roupas bem largas com uma casaco por cima.

"Não!"

"Opa!" Seguro o braço do refém salvo.

A visão do sequestrador o fez se desesperar, e tive que o segurar para ele não correr.

"Vai ficar tudo bem, meu amigo vai cuidar dele." Tranquilizo o menino.

Assim que falei, e quando o segundo sequestrador se levantou, duas flechas com o cabo e penas vermelhas passam por cima de mim acertando os dois ombros do segundo sequestrador o prendendo na van.

"Viu."

Speedy foi preciso, acertando as roupas em vez da carne, por isso o homem não gritou, e se ele tentar retirar as flechas, vai receber uma surpresa bem chocante.

"Essa sua audição sempre ligada é uma coisa bem irritante." Cumprimenta-me Speedy, pulando de um telhado a minha esquerda e pousando próximo ao garoto.

"Bom ver você também."

Roy mudou sua roupa faz algumas messes, em vez de uma roupa vermelha com chapéu e luvas amarelas, ele agora usa algo parecido com uma armadura colada ao corpo vermelha com capuz e mascara preta cobrindo apenas seus olhos deixando eles brancos, não é tecnicamente uma armadura de guerreiro, mas como um equipamento de proteção robusto.

Roy foi o que mais mudou fisicamente, ficou mais alto, com músculos de verdade, e para querer parecer mais velho ainda, cortou seu cabelo no estilo militar.

Ele adotou também um novo nome, Arqueiro Vermelho.

Pode ser uma tentativa de sair da sombra do seu mentor, ou ser tratado mais a sério, de qualquer forma, quase ninguém na equipe chama ele assim, não fazemos isso por maldade, contudo, o costume não é algo que se perde rapidamente.

"Como vai Speedy?" Pergunto.

"É Arqueiro Vermelho!" Corrigi-me ele, me dando um olhar frio.

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"Ele foi o sexto só essa semana, esses idiotas estão ficando mais ousados." Diz com raiva Spee, Arqueiro Vermelho do meu lado.

Nos dois esperamos a polícia que não demorou muito e demos nosso depoimento do que aconteceu, depois seguimos os policiais até a casa do adolescente para os levar para a delegacia, já que ele era menor de idade.

Depois que tudo acabou, nos dois fomos para onde o sequestro e acidente aconteceram, para tentar encontrar alguma pista dos envolvidos que a polícia deixou passar.

Agora, depois de não temos sorte, estamos num telhado qualquer olhando para vista das estradas movimentadas e gigantescos edifícios.

"Alguma ideia do por que ou quem está sequestrando crianças tão jovens?" Perguntou-lhe, após ser informado que sequestros como esse estão ficando mais e mais comuns nessa zona.

"O Arqueiro Verde acredita que tudo está sendo feito por uma empresa química, algum pervertido doente está sequestrando negros adolescentes das zonas pobres para fazer algum tipo de experiência."

"A besteira hedionda de sempre." Suspiro.

"Sim."

Não é a primeira vez que lidamos com algo assim, infelizmente.

"Vocês precisam de ajuda?" Lidar com bastardos como esse tem que ser feito rapidamente, por que a demora gera mais vítimas.

"Não, o Arqueiro Verde, já encontrou o local aonde eles estão sendo mantidos, mas estamos esperando o próximo carregamento chegar, então vamos atacar, e não, você não pode ajudar no ataque, esse não é seu território."

O engraçado, é que a pessoa que não gosta de outros heróis agindo no seu território, não é o Arqueiro Verde, e sim ele.

"Sua cidade." Garanto que não vou ajudar nesse caso.

"E outra coisa, o que você está fazendo na minha cidade?"

Meu relacionamento com Roy, ficou mais fácil após tanto tempo, não somos grandes amigos próximos, mas ainda somos amigos, mas levou bastante tempo para me acostumar com o tom e forma dele falar.

"Vim ver a Canário." Não preciso esconder isso dele.

"Ah, odeio terapia."

Roy, é o único da turma que ainda está indo contra as reuniões. Ele ainda vai, mas não fala muito de acordo ele.

"Bem, tenho que ir, tenha uma boa noite." Digo enquanto começo a flutuar.

"Lembre-se de ficar longe da minha cidade Kírix, só em dias de reunião, lembre disso!"

Ignoro o tsundere sem a parte fofa, e começo a minha jornada para casa.

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Poder voar para fora da Terra e depois fazer uma reentrada onde você quer é um atalho incrível, é como cortar caminho da forma mais legal do universo. Esse caminho economiza muito tempo, já que eu não preciso voar no limite de velocidade sobre as cidades preocupado em quebrar algo.

Segundos depois, lá está, a Torre, como uma grande T no centro de uma pequena ilha.

Pelas luzes acessas, parece que alguns residentes estão ainda acordados, ou ainda não foram para sua ronda, temos horário e tudo para isso, e por conta das nossas rondas constantes, o crime na cidade de Nova York caio bastante, e todos já adotaram essa cidade sendo nosso território, é a melhor parte, o povo nos ama.

Não é incomum eles saírem pelas ruas usando camisas ou qualquer tipo de vestuário com nossas marcas, a minha sendo o garfo dourado de Hades, ou falando corretamente, o bidente de Hades.

Mesmo tendo tanta atenção, tento não aparecer muito na mídia, não quero problemas com ela, a poucos reportes que eu aceitaria dar uma entrevista, se tem que ter cuidado com o que se fala sendo uma figura pública, mais ainda se você for um herói que o povo se inspira.

Por exemplo, o Homem-elástico, um herói novo na cidade do Flash, que apareceu a poucas meses atrás. Ele é um cara legal, um ex-detetive de polícia demitido por plantar provas contra um homem que ele sabia que era culpado, o problema, é que ele fala demais, e durante uma de suas entrevistas, que ele dá depois de cada ato heroico feito, ele sem querer disse que respeitava a forma de agir de um certo criminoso, que se rendeu depois da chegada dele sem lutar, a mídia pegou isso, e transformou numa notícia, em que o Homem-elástico, se mostrou muito amigo do líder de uma gangue nazista.

Sim, entrevista com a mídia são sempre uma má ideia.

Entro na torre pelo telhado como sempre, após passar por várias medidas de autentificação, desço usando o elevador até o andar da sala comum.

Assim que as portas do elevado se abrem, posso ver o vulto dourado correndo de um lado para outro em alta velocidade na cozinha.

"Wally, o que diabos você está fazendo?" Pergunto para o Kid Flash.

Wally, pego no flagra, congela no meio da cozinha segurando com seus dois braços uma quantidade ridícula de comida como se estivesse roubando.

Uma das novas regras da Torre, criadas depois do incidente do ano passo.

Não usar seus poderes fora das salas equipadas para isso.

"Lanche noturno." Respondeu Wally, ainda congelado no meio da cozinha.

"Estou falando dos poderes."

Wally, começa andar lentamente até a bancada, aonde solta toda a comida que havia em suas mãos.

"Acabei de voltar, estava morrendo de fome, e parecia estar sozinho, então… lanche noturno?" Tentou ele me subornar.

"Apenas vá com calma, da última vez que você ficou animado com sua velocidade, acabou nos levando para uma guerra que destruiu dois andares da Torre." Lembro ele.

"Eu ainda nego essa acusação, não fui responsável por começar a grande guerra de comida."

"Sei, sei."

O problema de ter super adolescentes morando juntos, é que as coisas às vezes saem de controle, como uma inocente guerra de comida, que virou realmente uma guerra quando animados, começamos a usar nossos poderes e habilidades.

"Tem certeza que não quer um dos meus sanduíches monstros?" Perguntou ele, já abrindo saco de pão.

"Wally, eu sou um semideus, e mesmo assim, acho que teria problemas de colesterol se e comer mais de um dos seus sanduíches por mês, fora que já trouxe minha comida." Mostro-lhe o pequeno saco que trouxe comigo, o comprei no caminho.

A comida não é pra mim, já comi antes, mas não quero que ele tente me forçar a comer.

"Você que sabe." Diz ele, como se eu estivesse perdendo de comer uma das sete maravilhas do mundo, que aliás, já vi todas.

"Vou pro meu quarto, e depois ficar um pouco no laboratório, se lembre de limpar tudo quando acabar."

"Espere!" Grita ele, me fazendo parar.

"O quê?"

"Você não vai dar uma de cientista louco em treinamento de novo, não é?" Perguntou ele, com um pouco medo.

Wally, estava próximo das janelas atingidas depois do último incidente, então, ele está um pouco temeroso com minhas experiências.

"Não, vou apenas ler alguns livros." Minto para ele.

Wally, acredita em mim, e coloca sua total atenção na comida em cima da mesa.

Na parte de cima do andar da sala comum, ficam os quartos, em vez de ir para o meu, ando até o fim do corredor, e bato na parte preta cheio de adesivos de caveira com palavras bem grandes em vermelho sangue escrito: Vá embora!

"Quem é?" Pergunta Ravena, sem abrir a porta.

"Você sabe muito bem quem é, por que fica perguntando toda vez?" Ela pode sentir as emoções de todos, não sei como funciona bem, mas parece que cada pessoa senti diferente, então ela pode diferenciar isso após conviver com a pessoa por um tempo.

"Educação." Respondeu ela.

"Se você quer ser educada, abra a porta."

"Vou começar uma sessão de meditação agora Dio, talvez outra hora." Nega ela.

Só que eu conheço Ravena há muito tempo, conheço muito bem suas fraquezas.

"Serio, então o que eu faço com esse saco de croissant que eu trouxe da sua lanchonete favorita?" Levanto o saco de frente para a porta, sei muito bem que ele está me observando.

"Da lanchonete em Chicago?" Perguntou ela, com um tom de voz mais interessado.

"Isso mesmo, mas como você não quer…"

"TRUMM!"

A porta de abre com violência, e a Ravena tira o saco da minha mão como um tigre arrancando a carne de um animal com suas garras.

"Entre logo." Falou ela voltando para o quarto, mas deixando a porta aberta.

Ravena mudou muito nesses dois anos, seu corpo ganhou algumas curvas e seus seios aumentaram um ou dois números, seu cabelo preto, antes curto, agora chega toca seus ombros.

Ela estava usando roupas simples pretas, camisa e uma saia longa que cobre suas pernas, deixando apenas seus pés descalços amostra.

"Seu quarto, com certeza é o mais, bem decorado." Olho em volta para o quarto dela.

Não é minha primeira vez aqui, mas ele sempre me surpreende um pouco.

Primeiro, Ravena usou um feitiço complexo de expansão de espaço, então quarto tem cerca de trinta metros cúbicos, ela também instalou mais dois quartos aqui, um para suas roupas e outro sendo um banheiro, transformando seu quarto num pequeno apartamento.

Ela pintou todas as paredes de roxo, e fechou todas as janelas usando magia, toda a iluminação do local vem das velas flutuando no teto, algo que brinquei muito com ela, já que ela roubou essa ideia do Castelo de Hogwarts.

A cama dela é de casal, forrada com um lençol roxo intocada, Ravena não dorme nela, em vez disso, dorme sobre o amontoado de travesseiros de todos os tamanhos que ficam do lado da cama.

Em cada parede, a uma prateleira, a maioria delas está lotada de livros, outras estão com materiais, tanto plantas quanto partes de corpos de monstros, todos com uso para seus feitiços.

E no centro do quarto, um tapete bem para meditação, desenhado em cima dele um círculo com um pentagrama no centro, alterado para maximizar a concentração cortando qualquer interrupção que venha do exterior.

Ravena não ligou para mim, ela se sentou em cima do tapete e abriu o saco, tirando um croissant de dentro dele o levando a boca.

Também me sento no chão, na frente dela.

"Como está a Vanessa?" Perguntou ela, comendo lentamente.

Diferente da Starfire, ela tem modos na mesa, ou não quer se portar da mesma forma na minha frente.

"Ela é o seu namorado idiota estão planejando uma viagem para fora do país, e disse que vem te visitar mais tarde."

"Você sempre fala em como vai "lidar" com o namorado dela quando o assunto surgi, e agora, ele está tentando roubar sua irmã de você, devo me preocupar?" Pergunta ela de cabeça baixa, dando mais atenção a comida que a conversa.

"Ela vai levar o crânio, então estou um pouco mais tranquilo, e sobre o namorado, tenho quase total certeza que ele é uma boa pessoa, e não vai tentar nada estupido."

"Quase certeza?!" Ela levantou e olhou diretamente para meus olhos.

"Sim, porquê?"

"Dio, você pediu para Robin desenterrar toda a história dessa cara online, depois fez algumas adivinhações, e por fim, invocou dois fantasmas da família dele para poder ver suas memórias para ter certeza da sua origem, você com certeza, deveria ter mais do que quase certeza!"

"Sim, eu deveria ter me esforçado mais, talvez encontrado um vidente mais poderoso, você sabe que adivinhação não é minha especialidade."

Ravena, me dá um dos seus raros olhares de choque.

Entendo que para ela, isso foi demais, só que, sei muito mais do que ela como esse mundo é perigoso e traiçoeiro, cuidado com aqueles próximos a mim nunca é demais.

Ravena, ainda em choque, pareceu finalmente desistir desse assunto, e voltou sua atenção para a comida mais uma vez.

"Como vão às coisas com você?" Pergunto, a fazendo parar mais uma vez.

"E nem tente me dar uma resposta padrão, conheço seu problema, e sei quem é você." Lembro ela em seguida.

"A paciência do meu pai não é infinita, mesmo ele sendo imortal." Respondeu ela.

O idiota do pai dela, quer dominar essa realidade, e não vai parar até conseguir isso, mas para isso, ele tem que ser convidado por ela, e como ele não tem muitas opções de como fazer isso em outra realidade, isso o deixa um pouco furioso, e Ravena, sendo conectada a ele por sangue, senti isso, cada vez mais.

"A Igreja do Sangue também está ficando cada vez mais ativa ultimamente, eles já sabem que você está sobre nossa proteção e não tentaram nada diretamente, em vez disso, eles parecem estar procurando algo."

A Liga e a equipe ficaram de olho no culto de Trigon.

Ravena perdeu seu apetite, colocando de volta ao que restou da comida no saco, seu rosto, demostra apenas dor, e medo para o que vai acontecer eventualmente.

Sem pensar, levanta minha mão e toco seu rosto, imediatamente, sinto o corpo dela ficar congelado de surpresa.

"Mas, isso não é um problema para agora, e você não está sozinha, lembre-se disso." Digo-lhe, da forma mais calma que posso, enquanto faço carinho de leve nela.

Ela se move então, colocando sua mão por cima a minha e a afastando do rosto dela, um pouco corado. Quando ela fez isso, percebi o que eu fiz, e sinto o calor no meu rosto, que deve estar vermelho de vergonha.

Controle, Diomedes, controle.

"Eu vou pro laboratório, me chame se quiser algo!" Levanto apressadamente e vou em direção a porta sem olhar para Ravena, que também não fala nada.

"Tum!"

Fecho a porta e o coloco minhas costas nela.

Esse não foi um movimento legal, fiz sem querer, mas não foi legal.

O problema da Ravena, é que ela faz o máximo para não sentir emoções fortes por motivos lógicos, e para isso, ela se isola dos outros e da possibilidade de sentir. Sabendo disso, tentar qualquer gesto de carinho nela dessa forma, não é algo bom para ela, infelizmente.

Lembro então que ainda estou de costas na porta dela, e que ela pode me sentir. Faço o que qualquer no meu lugar faria, corri o mais rápido que posso e pulei de uma janela aberta.

Em queda livre, deixo a gravidade fazer seu trabalho até quase bater no chão, é quando meu corpo congela no ar, para depois tocar o chão delicadamente.

Estou na parte de trás da Torre, é aqui que meu laboratório está.

"Άνοιξε!" {Abra!}

Em pé no meio do gramado com nada ao meu redor, digo as palavras magicas.

No chão, uma porta alçapão dupla se abre, revelando uma escada de pedra simples.

Começo a descer as escadas.

Não foi muito difícil cavar um local subterrâneo para mim, só precisei de um pouco de magia e alguns trabalhadores esqueletos convocados para limpar tudo, depois, comecei a construir minhas defesas, a porta de cima por exemplo, funciona como um reconhecimento de voz e de pressão também, já que para funcionar, tenho que estar em pé num lugar certo também.

O lugar não é nada chique, as paredes são de terra, e a iluminação é feita usando cristais luminosos hexagonais de trinta centímetros presos no teto, um item muito comum para a raças místicas.

Desço cinco metros no subsolo, até ficar de frente para outra porta, uma porta cinza, feita com minha manipulação de ectoplasma, que só abri após sentir minha energia única, caso outra se aproxime, as defesas dentro se ativam, fazendo o teto ruir e cair sobre tudo.

De acordo a Ravena, estou exagerando, esse é um local temporário, e não é preciso tanto para o proteger, já que não nada de grande valor aqui, só alguns materiais. Ela está certa, esse é um local mais para aprendizado que um laboratório de um poderoso feiticeiro, mas não posso evitar, só meio paranoico em proteger minhas coisas tanto quanto proteger aqueles queridos a mim.

A sala principal depois da porta é um local bem amplo com paredes de pedra bruta, no subterrâneo, não preciso me preocupar com espaço, então essa minha sala tem mais ou menos o tamanho da sala comum da Torre.

Tirando o espaço amplo no meio, são as paredes que estão mais ocupadas, a do lado leste, estão cheias com vários livros, quase todos vieram da biblioteca pessoal da casa de Zatanna, copiei aqueles que podem ser copiados e os coloquei aqui, infelizmente, a explosão que aconteceu a pouco tempo queimou quase que metade deles.

As prateleiras do lado oeste, estão as plantas, raízes, líquidos, amostras de solo e material orgânico de vários animais, tudo que um feiticeiro precisa para realizar suas coisas. Por sorte, eles não foram danificados.

Na parede sul, estão os minerais, prata, ouro e varias outros tipos de joias que escavei no submundo. Eles não são apenas minha fonte renda, como também podem ser usados como materiais dependendo do ritual.

No centro, está uma mesa longa de madeira com quatro metros de comprimento um de largura, em cima dela, vários aparelhos comuns encontrados em laboratórios, como baloes, proveta, bureta, béquers e tubos de ensaio, todos comprados facilmente pela internet.

A também três fogões de bunsen, pequenas varas prateadas cilíndricas apontadas para cima que quando acesas, liberam uma chama azul, muito comuns também em laboratórios.

"Então, como está meu atual fracasso?" Falo em voz alta indo até à mesa e pegando um pequeno tubo de ensaio preso numa plataforma que o deixar em pé.

Esse foi o resultado da minha última tentativa, uma gosma preta que não para de se contorcer no tubo.

"Por que diabos é tão difícil criar um golem, não é como se eu estivesse querendo construir um homúnculo!" Suspiro com pesar, colocando o tubo no local dele.

Em resumo, a operação alquímica consiste essencialmente em separar a matéria-prima, e a transforma no que o alquimista quiser.

Ela é uma arte que mistura ciência com magia, um mestre alquimista pode criar elixires curativos, venenos, transmutar um material em outro, construir artefatos mágicos, se dar vida eterna ou criar vida.

Então sim! Isso é algo que me interessei, mas sair de onde estou, para poder fazer essas coisas todas está sendo difícil.

Comecei do básico é claro, transformando um simples pedaço de metal em algo mais refinado, e depois tentei criar poções, mas tive que desistir por um tempo, os materiais não são facies de encontrar, dessa forma não tenho muito material para praticar o quanto eu quiser.

Após sair do básico, quis tentar algo intermediário, a criação de um golem, um ser antropomórfico criado inteiramente de matéria inanimada como argila, pedra, minerais, madeira, gelo e água.

O meu deveria ser um construído de escuridão, para ser usado como defesa ou espião.

Só depois de algumas tentativas que descobri meu erro idiota, construir um golem usando matéria inanimada é realmente algo que um novato pode fazer, contudo, eu estava tentando usar pura escuridão para construir um golem, algo que não pode ser tacado ou sentido, e isso colocou meu golem de intermediário para difícil.

Eu poderia desistir e construir um golem mecânico usando os metais raros que já tenho, só que sou um idiota teimoso, e por isso, estou tentando a mesma coisa faz meses.

"Prometi que não iria tentar mais uma vez antes de me mudar, outra explosão e eu poderia ser despejado, mas não posso esperar."

A movimentação da minha falha no tubo, provou que estou perto, e não resistindo a isso, limpo uma parte da mesa, colocando um recipiente de pedra nela, depois, corro em alta velocidade pelo laboratório, coletando todos os materiais e os colocando ao redor do recipiente de pedra.

Também pego um livro de capa preta, o colocando aberto na mesa, e após confirma que não esqueci nada, começo a colocar os materiais no recipiente um de cada vez, nas medidas corretas.

Alquimia é muito parecida com cozinhar, só que mais precisa, uma grama a mais de material e tudo perde o sentindo, ainda bem que com apenas meus olhos aprimorados, sempre acerto o peso correto.

Depois de todos os materiais estarem no recipiente, os amasso com um pequeno pedaço de madeira, transformando tudo em um pó preto. Levo esse pó até um béquer, que coloco de baixo do fogão busen e depois o acendo.

Não demora muito para o pó começar a solta fumaça nada cheirosa no local, como esse lugar foi algo construído para ser temporário, não fiz um sistema de ventilação, por isso, sempre que estou tentando "cozinhar" algo, tenho que prender a respiração, que é uma coisa boa para mim, estou melhorando o tempo que posso ficar sem respirar por conta disso.

Com tudo quase queimando, pego um tubo de ensaiou cheio do meu sangue e o jogo dentro, e o sangue de um semideus faz efeito imediatamente, se misturando sozinho ao pó, se transformando numa gosma preta.

Duas horas depois, a gosma continua da mesma forma.

Mas aos meus olhos, vejo que ela está pronta.

Conjuro então uma esfera cinza do tamanho de um ovo, cheia de pequenas símbolos escupidas nela.

Esse é o núcleo do golem, feito de energia ectoplasma solidificada, minha energia divina e mana.

O núcleo é o coração do golem, e único ponto fraco dos golens feitos de elementos não sólidos. A parte inteligente da minha ideia, é que como o núcleo é puro ectoplasma, ele só pode ser danificado pelo mesmo tipo de energia espiritual, assim o tornando inume de todos os ataques físicos.

Desligo a chama, e jogo a esfera dentro do béquer.

Como um filhote com fome, a gosma ataca a esfera tentando a cobrir totalmente, enquanto ela faz isso, os símbolos do núcleo brilham em preto.

Pego o béquer com as mãos nuas e dou alguns passos me afastando da mesa e o viro no chão.

A gosma cai.

"Vamos fazer isso!" Digo para mim mesmo, tentando me animar, já que foi nessa parte que falhei da outra vez e tudo explodiu.

Levanto meus dois braços acima da minha cabeça, e começo a entoar o feitiço antigo numa língua há muito tempo morta. Das minhas mãos, energia negra na forma de névoa desce até o chão, envolvendo a gosma completamente.

A nevoa começa a crescer, passando meu tamanho e chegando a quase dois metros de altura.

Tudo parece estar acontecendo perfeitamente, mas não deixo essa alegria tirar minha concentração, e finalmente, depois que a fumaça se tornou visivelmente mais solida.

"Sucesso!" Grito parando o feitiço.

A nevoa negra na minha frente toma a forma humanoide feito de fumaça, com dois braços e pernas, seu rosto não tem boca ou nariz, apenas um olho vermelho aberto na vertical.

Posso sentir o núcleo do golem se movendo pelo seu corpo sem parar, e sei que ele está sobre meu controle, e mesmo não tendo consciência, ele pode entender comandos simples por conta da conexão que tem comigo.

"Agora, vamos testar minha criação, e já sei o boneco de testes perfeito." Não posso deixar de rir, imaginando o rosto de medo do Wally.

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