webnovel

Um Garoto Perdido na Cidade Frankenstein

"Jun espera, eu posso explicar!"

A expressão na face de Jun paralisou Haruki que não conseguiu ser profissional e continuar a atuação. Seus sentimentos falaram mais alto. O cantor abandonou a apresentação, saindo do palco ao ver Jun deixar o balde que trazia em uma mesa.

O padeiro deu meia volta, voltando para a cozinha.

"Saito, me desculpe!" O cantor pediu ao passar perto da mesa do alpinista. E foi correndo para a cozinha atrás de Jun. Ele já tinha saído pela porta dos fundos. Haruki saiu para a rua implorando, "Me espera, Jun!"

Em resposta ao pedido Jun começou a correr saindo para a avenida, e entrando em ruas secundárias, para despistar Haruki que corria para alcançá-lo.

Haruki não iria desistir, ele precisava falar com Jun, se explicar. Eles continuaram correndo por toda cidade até o padeiro cansar, desistindo de fugir. Ele se virou respirando pesado para encarar o cantor, no meio da ponte pênsil.

Haruki viu os olhos de Jun vermelhos e inchados, seu rosto molhado pelas lágrimas. As desculpas do cantor desapareceram, ele não iria mentir nunca mais para Jun, nem omitir se Jun lhe desse mais uma chance, Haruki decidiu, como quem faz uma promessa para alcançar uma graça.

"Eu sou mesmo um idiota," Jun desabafou. "Fui acreditar na sua cara de bom garoto e me fud1!"

Jun avançou para cima de Haruki com o punho fechado, mas parou o soco a milímetros do nariz de Haruki, que ficou vesgo encarando o punho de Jun, sem reação. Jun abaixou o braço se afastando para trás. "Não vale a pena, só iria te fazer sair de vítima."

Jun se virou e começou a andar para sair dali.

"Jun, por favor me deixe explicar!" Haruki voltou a implorar.

"Não fale mais comigo. Você é o pior tipo de pessoa que existe." Jun respondeu sem se virar.

"Era só um show." Haruki correu para ficar ao lado de Jun.

O padeiro o encarou novamente, "Você me fez acreditar que era inocente. Que tinha sentimentos puros. Mas era tudo mentira. Você é uma fraude garoto de ouro. Eu devia ter confiado nos meus instintos que você não passava de uma put1nh4. Cara. Mas ainda uma put4."

Havia ódio nos olhos de Jun.

"Jun, me desculpe, eu ia te contar. Eu fiz isso para comprar o carro e ir com você para o rally."Haruki não conseguia pensar direito, estava se sentindo muito mal por toda a situação. E correr tinha consumido suas últimas energias, ele se sentia fraco.

"E você pegou o caminho fácil. Foi sempre assim com você, não é Haruki? Quando percebeu que não seria alto, trocou o basquete pelos palcos."

"Jun, não foi assim!" Haruki ficou incrédulo com a injustiça.

"Não me importa como foi, não mais. Você pode fazer o que quiser, eu não me importo mais." Jun respondeu indiferente e voltou a andar, saindo dali a passos largos.

Haruki ficou ali parado, exausto demais para continuar correndo atrás de Jun. Ele se agachou, sentou no chão, cobriu o rosto escondendo seu choro. 'Acabou. Minha vida acabou. Jun me odeia.' Haruki ficou ali até a crise de choro passar, limpando as lágrimas, se levantou para ir embora. O cantor viu Saito parado no final da ponte, o encarando.

Haruki se levantou e deu meia volta indo embora pelo outro lado. Ele não queria falar com ninguém agora, nem pular de uma discussão de relacionamento para outra. Ele mal tinha forças para caminhar para longe.

******

Haruki nunca em sua vida chorou tanto, nem se sentiu tão miserável. Quanto mais ele pensava em como a situação tinha chegado a esse desastre, mais ele achava que Jun estava certo.

Saito estava certo.

Só ele não estava certo.

Mas ele já estava de saco cheio do apelido garoto de ouro, isso era injusto. Ele não conhecia a história do Daisuke, nem do Jun, mesmo assim ele podia jurar que os dois se identificavam por não terem sido amados por seus pais.

Ele não merecia ser xingado por ter sido criado com amor, e proteção. Não era sua culpa que as pessoas não cuidassem de seus filhos.

O cantor sentia que tinha feito uma grande confusão com sua vida e agora não tinha mais um futuro bom para ele. E Haruki voltava a chorar por tudo que tinha perdido.

Mas chorava principalmente por causa das duras acusações de Jun.

Haruki tinha caminhado sem rumo pelo deque até encontrar um prédio alto, que ele não soube identificar de que cidade do mundo era. Mas o lugar serviu para escondê-lo por essas horas sombrias. O prédio era alto, e de lá o cantor podia ver a cidade toda que Haruki apelidou de Frankenstein City.

Ele se deitou no chão da cobertura, e ficou olhando o céu estrelado e sem lua até dormir. O sono foi agitado, cheio de pesadelos com Jun o surrando e ele ficando com o rosto destruído.

Saito vinha buscá-lo para amarrá-lo de novo. Haruki acordou angustiado, sentindo falta de ar. Ficou ali, encolhido por causa do frio da madrugada. Ele estava com roupas finas, coladas ao seu corpo o expondo.

O cantor lembrou o que Jun tinha dito, 'Put4, put1nh4.'Era assim que ele o via, a verdade nua e crua era que Jun não o respeitava por ser um cantor de boyband e por ter a proteção dos pais. Muitas acusações duras, e injustas. Agora Haruki conseguia pensar nas respostas certas. Respostas que ele não tinha conseguido articular na hora da discussão. Ser cantor e bailarino, viver de sua aparência não o fazia ser uma put1nh4,

'Grr!' E lembrar que ele acabou sem nada. 'Daisuke você vai me pagar muito caro, caro mesmo.' Haruki queria vingança por ter sido extorquido.

O cantor decidiu olhar a ficha dos seus adversários no smartwatch para conhecer melhor os seus oponentes. Ele iria voltar totalmente diferente, a partir dali, eles que esperassem para ver quem era o Garoto de Ouro. Haruki mostraria o seu lado competitivo.

Haruki sentiu o calor de um par de braços o envolver, uma mão macia limpar seu rosto, mas o cheiro não era de Jun, nem de Saito. Hariki abriu os olhos para ver quem o tinha abraçado.

Next chapter