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Caçadores Da Lua

"Eu entendo que ainda não tenho experiência. Eu sou apenas um companheiro de equipe incapaz que não conseguiu ir até o fim com meus camaradas. No entanto, a lealdade que foi gravada no meu coração, pelo menos isso eu posso garantir que é genuíno. É a minha verdade depois de tudo..." Em um futuro alternativo do seu: "21/12/2012" a data de um evento que abalou todo o planeta terra. Nesse dia, criaturas mitológicas, que até então só existiam em livros e filmes fictícios desceram de portais mágicos nos céus do nosso 'pacifico' planeta. Contra essas criaturas, várias guerras foram travadas, depois de 10 longos anos, bilhões de humanos foram mortos no processo, restando uma população de um pouco menos de 50 mil vivos. 50 anos se passaram desde aquele evento que hoje chamamos de "A invasão". Nesses anos todos muitos países caíram com as inúmeras guerras, um dos poucos que não se renderam foi o japão, onde vive a nossa protagonista com sangue europeu, ela sonha em fazer parte da maior força existente entre os humanos, "os caçadores da lua", eles são os únicos que podem salvar nosso lar. Seu maior sonho é trazer o fim da guerra dos humanos contra os monstros, para que as crianças possam viver num mundo em que sangue não precise ser derramado para que as coisas sejam resolvidas.

Donoghan · Fantasy
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25 Chs

#7 - Uma de nós.

Luzes de lanternas moderna a iluminar o breu da floresta surgem e toma a nossa atenção. E, depois que as luzes apareceram, surgem dois homens que vestiam uma espécie de traje militar real. Eles traziam consigo um rolo de tapete, com um tapete de tecido vermelho e fofo amarrado a ele e, não apenas isso, o rolo de tapete já estava quase se acabando de tanto eles os arrastarem até nós. Como se tivessem jogado o rolo (cheio) no começo da floresta e o tivessem gastando o trazendo até aqui.

Pra completar, um certo alguém vinha no caminho do tapete, acompanhado por 6 guardas muito bem armados e com um olhar quase impossível de se ler.

O senhor da cadeira dourada...

Eu não sabia o que fazer, então fiquei em silêncio. Mas, parece que não foi só eu que teve essa ideia. Eleanore e Stephen estavam espantados com a presença daquele homem no nosso humilde acampamento.

Tão espantados que nem sabiam o que falar ou como reagir diante daquela situação.

Um dos soldados que o acompanhavam ia iniciar a discussão anunciando algo, mas, foi interrompido pelo Senhor da cadeira dourada assim que ele levantou a mão.

(…): A senhorita Baldric-san se encontra?

Emília: Err… Sim.

Ainda confusa.

(...): Ah! Foi realmente difícil achar você, Baldric-san.

"Baldric-san"...?

Honoríficos eram muito usados no antigo japão - antes do evento " A Invasão"- hoje em dia são poucas pessoas, incluindo os próprios japoneses, que usam Honoríficos. Isso por conta de uma nova regra. Mas, pelo que sei, ninguém é obrigado a segui-la, é apenas uma opção se você quer ou não se referir a alguém usando honoríficos.

Mas "Baldric-san"?! Sério?!

A única "baldric-san" que eu conheço é a minha Mãe!

Eu apontei pra mim mesma e perguntei inocentemente:

Emília: Eu…?

Um dos soldados que acompanhavam aquele senhor brandiu sua espada e preparou um ataque contra mim depois de dizer as seguintes palavras:

"Como ousa desacatar o Soberano sul dessa forma?!!"

O homem da cadeira dourado levantou de novo a mão pro alto, então dois soldados em sua retaguarda impediram que aquele outro soldado fizesse algo de ruim comigo.

"Soberano sul"?... será esse o seu nome? Ou sua vocação?

(...): Me perdoe pelo meu soldado arrogante, a culpa é toda minha. Eu que cheguei aqui sem nenhum aviso prévio e nem nada. Por favor, permita-me que eu me apresente. Eu sou--

Antes que ele pudesse completar a sua apresentação…

Eleanore: Akaishi Noriaki, o Soberano sul.

Stephen: Aquele que governa tudo na base sul.

Eles, de cabeça baixa, o interrompem.

Noriaki: Tsc! Tudo bem, sem apresentações.

Sem que ninguém notasse, Eleanore botou a mão no cabo de sua espada que estava pendurada em sua bainha.

Eleanore: O que você quer com a Emília?

Noriaki: Urgh! Baldric-san, essa pequena criatura repugnante fala por você?

Rude!!!

Aproximei meu rosto do ouvido da Eleanore e sussurrei:

Emília: Pode deixar, comigo.

Eleanore: Heh?!...

Para falar a verdade, eu me senti incrível ao repreender a Eleanore. Parecia que agora sou a Sensei aqui.

Heheh... - rindo de nervosa nos meus pensamentos.

Emília: O que você quer comigo, senhor Soberano sul?

Para botar um clima pesado e, para passar uma aura intimidadora, olhei para ele com os olhos cheios de ódio.

Noriaki: Err... Certo, eu começo. Baldric-san, eu, o Soberano sul, vim aqui pessoalmente para te fazer uma proposta indispensável.

Emília: Hmmm… E que proposta seria essa?

Noriaki: Antes de tudo, preciso ressaltar algumas primeiras impressões que tive de você assim que te vi pela primeira vez hoje mais cedo. Primeiro de tudo: Eu não suporto te ver. Nem seus maneirismos e nem seu comportamento de garota de rua.

Emília: Eh?…

Noriaki: Sua existência é feia.

Emília: Eh?!

Noriaki: Suas roupas são sujas.

Emília: Eeeeeeh?!!!

Noriaki: E, para piorar, você fede.

Emília: Ah… Aaah…

Meu cérebro frita e, desabo no chão, por não aguentar os xingamentos.

Noriaki: No entanto e a toda-via, você é muito forte e inteligente para alguém da sua idade, tamanho e estatura corporal. Afinal, você não deve ter nem 1, 60m de altura, deve pesar algo em torno de 30 a 40 quilos, e ainda tão jovem com apenas 17 anos. Sabendo disso…

Ele estende a mão para mim com um olhar e um sorriso ganancioso.

Noriaki: Eu quero que trabalhe para mim na base sul como uma caçadora profissional, Baldric-san!

Por um breve momento, eu estava inquieta em meus pensamentos, perdida em meus devaneios. Pensando na melhor resposta pra tudo.

Emília: Eu não quero!

Eleanore segura minha mão e a aperta com força.

Eleanore: Ela aceita.

Emília: Heh?!- Não! Eu não--

Ela aperta ainda mais forte até começar a doer.

Eleanore: Eu já disse. Ela aceita.

Noriaki: Hoh?…

Eleanore: Ela aceita!!

Noriaki: Amanhã. Ás 10:00 da manhã na estação de trem. Estarei esperando você, Baldric-san

Ele deu as costas pra gente e começou a rir de uma maneira ridícula enquanto descia a montanha.

Dois de seus soldados ficaram conversando na nossa frente em uma língua a qual eu não sabia traduzir.

Eleanore não tinha largado a minha mão desde aquela hora, ao contrário, ela apertou mais e mais, até começar a doer. Olhei para Eleanore e empurro e ela.

Emília: Pare com isso! Por que você fez aquilo?!

Eleanore: Eu--

Emília: Eu não quero e não vou pra base sul! Ponto.

Ela enfim solta a minha mão e caminha lentamente para o breu da floresta, até onde a luz da fogueira não alcançava.

Eleanore: Você tinha nos dito uma vez que era seu sonho se tornar a mais forte.

Emília: Eu disse, mas isso não é motivo para…

Eleanore: A base sul é a única com capacidade de te tornar uma caçadora de porte alto. Estando presa as limitações da base norte e com esse corpo, você nunca alcançará seu objetivo.

Emilia: Mas…

Ela caminha ainda mais para o escuro.

Stephen: Ela tem razão. Emília, se você se prender a emoções fúteis do dia a dia, você nunca vai avançar. Se bem que…

Emília: "Se bem que…" o quê?

Eleanore para e presta atenção nas palavras dele.

Stephen: Se bem que se você for uma pessoa solitária, sozinha e sem companhia, você não vai suportar isso e vai entrar em depressão.

Emília: É disso que eu to falando. É por isso que eu quero…

Eleanore: Emília, não interrompa.

Emília: Heh?!…

Stephen: Você precisa achar alguém a quem você possa contar e que essa pessoa possa sempre contar com você.

Sem pensar duas vezes, eu aponto para eles dois, Eleanore e Stephen, com um olhar sínico. Stephen força um pouco mais um tom de voz e diz:

Stephen: Não! Eu não estava falando de nós, Emília!

Emilia: Credo…

A Eleanore chega por trás e da um tapa na minha nuca.

Emília: Aaah! Isso doeu!

Ele respira fundo.

Stephen: Ah... Obrigado, Eleanore. Muito bem, o que eu estava querendo dizer, é que você precisa evoluir junto com aqueles que estão no mesmo nível que você, só assim você vai reconhecer o que são dificuldades, e vai superar essas barreira. Por outro lado, se você ficar com um de nós, você vai acabar se tornando dependente.

Eleanore: Humm… Hum! E, se você viver de nossa dependência, você nunca se tornará "a melhor". Por isso você precisa ir. Por mais que eu odeie isso, você precisa disso.

Emília: Humm… Ta bom. Mas saibam que não estou nenhum pouco feliz com isso!

Acabei não tendo coragem de perguntar o do porque deles dois terem ficado tão distantes ao verem o Soberano sul.

Deixarei isso pra perguntar na manhã seguinte.

Me sentei no chão úmido em volta da fogueira, que ainda estava em brasas, e, encarei o fogo por alguns segundos até Eleanore sentar do meu lado e o Stephen de frente pra nós, do outro lado da fogueira. Olhei para o lado e, notei que aqueles dois soldados do Soberano sul ainda estavam alí, conversando entre si em uma língua entranha, e possivelmente acabaram que por ouvir nossa conversa.

Um deles se despede do outro e começa a descer a montanha, enquanto o outro caminhava lentamente na nossa direção.

Ele se aproxima e diz:

(...): Parece que você conseguiu...

Ele tira a máscara com formato de caveira - os outros soldados também usavam - e revela quem era.

Era ele...

Merlin: ...Emília.

Merlin... Era realmente ele. Revelou quem era assim como daquela outra vez a dois anos atrás.

Emilia: Mer- Merlin?...

Não sabia o que falar para ele naquele momento.

Só sabia como agir.

Me levanto e, de olhos fechados, dou um tapa no rosto dele. O tapa foi tão forte que um "FLAP" pode ser ouvido pelo Soberano sul que já estava na porta de saída da floresta.

Assim que abro os olhos, percebo que sua bochecha estava vermelha com o tapa que eu dei, já ele não expressava nenhuma alegria, tava mais para estar deprimido.

Ao notar isso, eu recuo o meu braço e começo a passar a mão de ação no cotovelo do braço esquerdo, repetidas vezes, com um pouco de timidez.

Emilia: Err... Isso foi para você nunca mais desaparecer assim novamente.

Cruzo os braços e desvio o olhar para o lado.

Stephen: Bem vindo de volta.

Eleanore: Tava demorando muito, hã!

Envergonhado, ele começa a passar a mão pelos cabelos que cresceram alguns 4 centímetros.

Merlin: Ehehe… Desculpe. Desde aquele dia eu fiz tantas missões que, quando me dei conta, tinham se passado 2 anos e meio... Eu sinto muito. Mas, então, o que eu perdi?

Stephen: Humm... Entendo. Parece que você chegou na hora certa.

Eleanore: Ou melhor dizendo, se revelou na hora certa.

Stephen: Como você ja deve saber muito bem e ouvido, nós todos decidimos que a Emília vai mesmo pra base sul, trabalhar lá como caçadora.

Merlin: Sim, eu sei disso. Afinal, fui eu que solicitei ao próprio soberano sul que a admitisse na base sul, e que ele podia confiar em minhas palavras que, se ela falhasse como caçadora, eu mesmo iria deserdar os caçadores no lugar dela, para que ela continue tentando.

Emília: O quê?! Por quê?!! Vá até ele e retire o que disse. Eu não preciso da sua ajuda!

Merlin: Você vai mesmo querer esperar mais um ano? Mesmo sem saber se vai ganhar ou não? Você quer mesmo correr esse risco, Emília?

Emília: Ugh… Isso não era problema seu…

Merlin: Eu já fiquei no seu caminho uma vez, Emília, por não ter te levado comigo. Agora, quero que você se torne a mais forte na base norte.

Emília: Hmmm… T-ta… Ta bom…

MInhas bochechas ficaram meio coradas.

Stephen: Humm... Era de se imaginar.

Merlin: Fiquem tranquilos! Eu prometo não interferir no desenvolvimento da Emília na base, apesar de eu trabalhar lá.

Eleanore: Tudo bem. Você não vai parabenizar a Emília? Afinal, ela conseguiu, não? De alguma forma...

Merlin: O Soberano sul se impressionou bastante com o estilo de luta escolhido pela Emília. Não apenas isso, ele admira de mais as atitudes dela, com receio de perde um bom fruto, ele abriu uma exceção para ela e aceitou ela dentro da base sul.

Eleanore: Ainda bem que ele a aceitou. Se não eu mesma iria implorar para os meus superiores para que, pelo menos aceitassem ela aqui na base norte, nem que seja para ser uma Maid ou trabalhar na cozinha, apesar de estarmos lotados em todas as áreas.

Emília: Eu não iria ser Maid de ninguém.

Eleanore: Foi só um jeito de falar. Você iria crescer na base no seu tempo e da sua forma.

Stephen: E, se caso a base norte não a aceitasse, eu mesmo iria até a base leste e a levaria até lá, e, iria me prostar perante meus superiores para que a aceitassem. No velho estilo Dogeza-Gaikō.

Eleanore: Espere! Como você deixaria ela na base leste se você é da base oeste?

Stephen: Eu falei sério quando disse que ela não precisava da nossa ajuda pra nada.

Eleanore: Mas… Ninguém mais vai pra base leste, e você sabe bem o porquê.

Stephen: Por isso mesmo, lá a Emília aprenderia da pior maneira a como crescer e se tornar uma verdadeira caçadora.

Eleanore: O sul também é bom, não é atoa que eles treinaram o bonitão aqui!

Ela deu uma leve cotovelada no Merlin, então todos começamos a rir. Merlin, então, olhou para mim com um sorriso no rosto.

Merlin: Parabéns. Estou realmente feliz por você. Espero que você se torne uma grande caçadora algum dia.

Eu comecei a rir meio sem graça, até lembrar do evento de mais cedo. Me sentei no chão, então fiquei reclusa ao olhar aquela chama da fogueira que permanecia acesa desde cedo.

Emilia: Obrigada... Mas eu discordo sobre algum dia eu poder me tornar uma "Grande caçadora"…

Merlin: Por que diz isso?

Emília: Eu provavelmente matei um inocente... Um garoto. Se ele morreu, a culpa vai cair toda em mim.

Eleanore: Emília, nós já conversamos sobre isso mais cedo, lembra? Essas coisas acontecem no campo de batalha. Vai chegar uma hora que você vai ter que se acostumar com isso.

Emília: Eu sei disso, mas... É difícil de engolir que terei que matar pessoas para isso.

Eleanore: Os únicos que você vai ter que matar vão ser as criaturas mágicas, humanos só em caso de extrema emergência, tipo se ele for um corrupto ou tentarem algo contra você.

Emília: Entendo...

Sem nem que o percebesse, Stephen chega perto do meu rosto, sorri e da um peteleco na minha testa.

Stephen: O seu maior defeito, Emília, é ter entrado de cabeça nisso, e ter achado que iria acabar tudo perfeito, que faria tudo sem nem ao menos errar uma única vez.

Eleanore: Ele tem razão. Você é humana, com defeitos como qualquer outro. Você sente medo, sente raiva e tantos outros sentimentos.

Merlin: Mas, o que te faz ser uma garota tão especial, é a sua determinação inigualável. Lembro até hoje de passar pela sua casa e ver você na janela com um olhar de desejo. Desde cedo você desejava conquistar o mundo a sua volta. Esse sempre foi seu sonho, e você nunca desistiu.

Eleanore: São pessoas como você que me fazem querer continuar. Apesar de eu ter te odiado no começo.

Ela começou a rir com um pouco de vergonha, com a mão sobre a boca.

Meus olhos grandes rapidamente se encheram de lágrimas, então, eu comecei a soluçar e minhas mãos ficaram trêmulas. Quando minha visão abriu de novo, pude ver claramente o Merlin sorrindo com os braços cruzados; o Stephen com um sorriso fofo na cara e de braços abertos, como se estivesse esperando um abraço; E a Eleanore sorrindo de orelha á orelha com as mãos na cintura.

Corri até a Eleanore e a abracei forte, até chorar igual uma criança em seu ombro. E, fazendo isso, acabei deixando o Stephen com uma expressão sem graça ou como se não tivesse entendido o que tava acontecendo, e, sem querer, o fiz ficar esperar pelo abraço.

Depois de 2 minutos seguidos só abraçando ela, Eleanore notou algo errado de errado comigo. Eu estava calada e, imóvel. Ela me cutucou no braço até ouvir o som do meu ronco.

Não aguentei, então caí de sono.

Sem tomar nenhum mínimo de cuidado, ela me empurrou, dei de cara no chão e continuei dormindo com um sono pesado, enquanto ela se levantava para poder, enfim, ir dormir em sua barraca.

Por uns longos minutos Merlin e Stephen me encararam jogada no chão.

Stephen: Eu carrego ou você…

Merlin: Lembrei que tenho que ir. Boa sorte!

Stephen: Ah…

Ele se aproximou, me carregou em seus braços e me levou até a barraca, a qual passei a noite.

Um novo dia começou assim que o sol iluminou o pico da montanha na floresta. Acordei assim que a luz do sol bateu em minha face, perturbando a visão. Eu acordei com sono e, o cérebro mal processava direito o que acontecia no meu arredor. Ainda assim, saí da barraca e vi a Eleanore arrumando as coisas dela que ela usava no cotidiano, tudo numa mochila.

Emilia: Ah! Bom dia... Hein? Sensei, onde você está indo?

Eleanore: Voltando para a base local. E pare de me chamar assim, a partir de hoje você está sozinha.

Emilia: Não importa! Pra mim você sempre será minha sensei.

Eleanore: Ah! Que seja! Precisa de alguma coisa? Antes de você ir...

Emília: Pra falar a verdade, tem sim uma coisa que eu preciso que você faça por mim.

Eu pedi para que ela cortasse meu cabelo, pois ele cresce muito rápido e eu passei 2 anos seguidos sem mexer num fio de cabelo na minha cabeça, e isso formou uma bagunça. Por isso, queria que ela cortasse um pouco atrás e que também cortasse essa minha franja que cresceu bastante nesses dois anos.

Eu me sentia quase que obrigada a amarrar o cabelo todos os dias para que ele não atrapalhasse no treinamento.

E, com o maior prazer, ela aceitou o meu pedido, e cortou tudo, até aonde deixei, na tesoura.

No fim, ela me deu um espelho e parecia como se eu estivesse olhando uma fotografia minha de dois anos atrás. O meu cabelo voltou a ser como era antes do treinamento, nem muito curto e nem muito comprido, algo em torno da área das minhas costas, que antes o cabelo chegava abaixo do traseiro.

Pra terminar, ela pediu para eu me despir. Sem entender muito bem o do porque, eu aceitei a ordem.

Me despi completamente, me sentei num banquinho de madeira velho que ela costumava se sentar para beber cerveja. Com a mão direita eu cobri os meus peitos e a esquerda fiquei massageando a minha barriga de nervosa.

Emília: Ei, onde ta o Stephen?

Ela gentilmente jogou um balde cheio de água sobre a minha cabeça que por si escorreu por todo o meu corpo.

Eleanore: Não se preocupe, ele está bem.

Ela começou a passar um sabão e esponja nas minhas costas, depois passou algum produto nos meus cabelos que o deixou mais cheiroso, macio e leve. Ela jogou de novo o balde de água em mim e me secou com uma toalha.

Emília: Uwaaah! Fufufu…

Ela esperou eu terminar de me enxugar com uma toalha e de me vestir e, então descemos a montanha juntas.

Emilia: Sensei, você sabe onde Stephen e Merlin foram? Eles também fazem parte da base local?

Eleanore: O que? Claro que não. Somos todos de bases diferentes, fomos convocados pelo próprio Stephen quando estava de viagem por aqui. Apesar de já termos falado sobre isso ontem a noite.

Emília: Entendo. Mas e você, a senhora pertence a qual base?

Eleanore: Primeiro: Não é "senhora", é "Senhorita", estou no auge dos meus 24 anos. Segundo: Sou daqui mesmo, na base norte. Por isso eu disse ontem que insistiria para os meus superiores para pelo menos você ficar aqui na base norte com algum trabalho pequeno.

Emília: Ah! Mas, e o Stephen?...

Eleanore: O Stephen foi chamado para vir até a base norte para tratar de alguns assuntos urgentes.

Emília: Entendo, entendo...

Eleanore: Preciso lhe dizer uma coisa. Stephen provavelmente já sabia de tudo sobre a sua doença.

Emília: O quê? Como assim?

Eleanore: Assim, quando fui convocada, ele especificou que a jovem que teríamos que treinar, aparentemente sofria de algo que iria empatar no seu próprio desenvolvimento. Ele só não especificou que era realmente uma doença.

Emília: Heh…

Eleanore: A vinda de Merlin foi uma surpresa, né? Ele geralmente não aceita esse tipo de serviço, pois vive em missões no sul do Japão. Ele veio aqui com outro propósito, e inevitavelmente ficou por um breve período de tempo por você. Faz sentido para você agora o porque dele ter desaparecido?

Fiquei um pouco chocada com a descoberta.

Emilia: Então, voltando a aquele assunto... O Stephen me fez passar por tudo aquilo, mesmo sabendo da minha doença?...

Isso realmente cravou na minha mente.

Eleanore: Foi o que você ouviu, Stephen fez questão de que caçadores experientes viessem treinar você.

Paro de andar, puxo as duas espadas nas minhas bainhas, aponto-as para cima e olho pra frente com um olhar determinado.

Emília: Irei mata-lo.

Eleanore: Ele poderia te matar num único ataque.

Me aproximo de Eleanore, boto meu rosto colado ao dela e grito com raiva:

Emília: Ele me ensinou tudo o que eu sei!!

Ela da um tapa no meu rosto e eu caio, batendo a bunda no chão.

Eleanore: Hah! Mas... Ele não te ensinou tudo o que ele sabe.

Me levanto do chão e, de raiva, dou um soco no chão.

Emilia: Droga!... Hum... Tive uma ideia.

Acabei percebendo algo.

Rapidamente me levanto, tiro a poeira das minhas vestes e fico com as duas mãos na cintura, fazendo uma expressão boba.

Emília: Hehe!... Stephen é realmente incrível, não é? Você parece um pouco mais próxima dele do que era quando nos conhecemos. Como se conhecem? Foi há muito tempo?

Suas bochechas coram, mas, ela tenta desfarçar.

Eleanore: Hein?! Hmm... Você está errada!... Somos apenas conhecidos, registre isso na sua cabeça!... Cof! cof!

Ela tenta desfarçar tentando reverter o que eu digo e olhando para os lados ou para cima enquanto sua boca tremia.

Emília: Yaha!! Você ta vermelha! Ahahaha!

Eleanore: Não!!! Isso é porque eu tô com febre e... Não!!!

E assim conversamos mais e mais enquanto desciamos a montanha e, atravessamos a floresta. Tanto andamos que já até podíamos ver a rua.

Emilia: Sensei, posso lhe fazer uma última pergunta?

Eleanore: É claro.

Emilia: Você é jovem, então, por que você se tornou uma caçadora?

Ela abaixa a cabeça e se nega a me olhar no rosto.

Eleanore: Isso é conversa para uma outra hora, Emília...

Emilia: Hum... Sinto muito se te ofendi.

Eleanore: Não! Ta tudo bem... É sério…

Alguns segundos de silêncio desconfortável se passaram enquanto andávamos rumo a aquela silenciosa.

Emilia: Eh... Já que eu vou ter que ir pra lá, onde exatamente fica a base sul?

Eleanore: É mesmo! Eles não te falaram onde fica... Fica localizada em ibusuki - yamagatoshinaga

Emília: Ah!...

Minha mente ficou em branco por um momento, pois eu não fazia nem ideia de onde ficava Ibusuki.

Emília: Sensei, onde fica…

Eleanore: Espere, Emília!

Ela para no meio do caminho, então começa a vasculhar a mochila que ela carregava nas costas.

Emília: O que foi?...

Ela tira da mochila uma caixa fina e quadrada, ela fecha a mochila e me entrega a caixa na minha mão.

Eleanore: Pra você.

Emília: Pra mim? Mas… mas… hmm...

Fiquei com vontade de chorar naquela hora.

Ela ficou meio sem jeito, com a mão sobre a boca enquanto ria baixinho.

Eleanore: Abra ela no trem, á caminho do sul. Tem um presente especial dentro.

Emília: Obrigada...

Dou um abraço forte nela, então digo adeus com um aceno.

Era como se eu tivesse largando algo precioso para mim aqui, em Hokkaido.

Não é pra menos, Eleanore tem sido como uma Mãe pra mim todos esses anos. Apesar de ser apenas poucos anos mais velha, ela é infinitamente mais responsável do que eu.

E, mesmo dizendo "Adeus", Eu tinha certeza de que aquela não seria a última vez que a veria.

Eleanore: Tome cuidado! volte sempre que puder, Galinha matriarca! Ahahaha!

Eu ri junto e comecei a correr pra longe, com um sorriso no rosto.

Porém, naquele exato momento, um veículo preto, antigo, surgiu no horizonte, correndo em minha direção

Aquilo me espantou, pois, foram poucas as vezes que pude ver um veículo de verdade. "Veículos deixaram de serem fabricados." Nesse mundo, essa frase é uma mentira. Veículos ainda existem, pouquíssimos ainda são fabricados por anos, mas existem. Porém, os únicos que os usam são pessoas de alta patente como: Ricos, Soldados, Políticos e Etc.

O carro desacelera a velocidade, então para com uma baliza na minha frente.

Com a mão sobre o cabo de uma das minhas espadas, eu estava preparada pra qualquer coisa. Eleanore aparece por trás e também se preparava para o pior.

A porta de trás se abre. Nós duas puxamos um pouco as espadas que cada uma carregava consigo ao mesmo tempo, porém, não chegamos a tira-las completamente, apenas deixando amostra pela metade.

A porta abre completamente, revelando quem estava lá dentro.

Bem aconchegado num banco macio, estava aquele garoto, o qual eu achava que tinha matado.

Meus olhos arregalam com o susto e eu largo as minhas espadas.

Ele estava sério e, não me olhava diretamente, apenas encarava o interior do veículo.

Minhas mãos ficaram um pouco trêmulas.

Ele da um olhar sério de relance e me olhou nos olhos.

Aquilo me assustou bastante. Ele deveria estar furioso pelo que fiz com ele. E o pior, não é culpa dele, e sim minha, por não prestar atenção.

Quando achei isso, algo mudou. Ele sorri com alegria e diz: "Obrigado!"

Eu não sabia nem o que dizer, só sentia o meu coração apertar.

Ainda sentado no seu banco, ele fala:

Natsuo: Eu sinto muito pelo que eu… Fiz a você. Por minha culpa você ficou sem condições de lutar.

Eu não consegui ouvir uma palavra sequer que saía de sua boca.

Mas, por instinto, eu entrei correndo dentro do carro dele e o abracei. Lágrimas não escorriam, pois eu ainda estava em choque.

Vê-lo bem retirou um peso enorme de cima das minhas costas.

Ele fica vermelho de vergonha ao receber meu abraço.

Emília: Como?... Eu vi… Eu vi...

Ele para de sorrir de alegria pra mim, e, um sorriso tímido aparece no lugar.

Natsuo: Realmente… Eu quase morri. Se eu tivesse chegado um pouco mais tarde no hospital com certeza eu teria morrido. Ao chegar no hospital, os melhores médicos da arte da medicina antiga e moderna se juntaram e fizeram de tudo para me trazer de volta.

O aperto ainda mais.

Natsuo: Ah!... Infelizmente, teve algumas complicações e eu acabei ficando paraplégico.

O soltei e olhei para o chão do carro e havia uma cadeira de rodas desmontada.

Emília: Isso… Isso é… Culpa minha!...

Ele fica bravo e da um peteleco na minha testa.

Natsuo: Não, bobona!... Isso é minha culpa. Isso era o mínimo que eu merecia por ser um trapaceiro. Eu quem deveria me desculpar aqui.

Ele começa a coçar a cabeça com vergonha de me olhar diretamente nos olhos.

Natsuo: "Emília" é o seu nome? Certo?...

Emília: Err… É sim...

Seu rosto fica completamente corado. Ele junta minhas duas mãos e as acolhe com suas duas mãos, e faz um pedido.

Natsuo: Pode parecer egoísmo de minha parte, mas eu quero… Não, eu necessito de uma revanche!

Naquele momento, meu coração pulou pra fora. Ele começou a palpitar sem parar de forma ainda mais acelerada, como não fazia à muito tempo.

Emília: Você… Diz… Uma revanche?…

Natsuo: Sim! E, assim que eu sair dessa cadeira de rodas e poder voltar a andar, vou querer essa revanche! Juro lutar sem trapacear! Esse é o meu pedido. Por favor, aceite!

Senti um forte frio na barriga enquanto os batimentos do meu coração aceleraram mais e mais ao ouvir suas palavras. Meu rosto também ficou vermelho de vergonha e nervosismo, então fico com um sorriso sem jeito.

Emília: Eu... Eu aceito…

Eu aceitei seu pedido com um sorriso sem jeito no rosto.

Nesse momento, pude ouvir brevemente o suspiro de deboche da Eleanore vindo de fora do carro.

Então, eu voltei a mim, me despedi dele e sair do carro. Ele fecha a porta, abre a janela e se despede sorrindo enquanto acenava, até o carro ligar o motor e partir.

Já longe, dentro do carro:

O motorista do carro abre a janela que dá visão do banco de trás.

"Motorista": Senhor Takeharu, o senhor está bem?

Natsuo: Ah! Sim, Akihiro-san… Estou bem sim. Por que a pergunta?

"Motorista": É que o senhor está vermelho... Está com febre?

Ele cora ainda mais e fica nervoso.

Natsuo: Akihiro-san, acho que isso não lhe interessa! Só continue dirigindo!

"Motorista": Sim, senhor. Mas terei que ligar para uma das empregadas para preparem um remédio para o senhor.

Natsuo: Ok, ok! Faça como quiser! Agora me deixe sozinho.

"Motorista": Sim, senhor.

Ele fecha a janelinha que ligava o banco da frente com o de trás e deixa Natsuo perdido em seus devaneios.

Ele abre a janela, o vento bate em seu cabelo enquanto ele olhava para o céu. Sem perceber, ele começa a falar sozinho.

Natsuo: Ah!... Não era para ser assim… Aquele pedido não era o único que eu queria lhe fazer, Emília...

De volta à mim.

Eu ainda estava corada, com as mãos juntas sobre o peito, com a boca um pouco aberta.

De braços cruzados, se segurando para não rir, Eleanore debocha pelas minhas costas.

Eleanore: Em pensar que você escondia mesmo todo esse seu lado feminino.

Eu não pude escutar o que ela disse, pois estava perdida em devaneios, pensando no pedido de revanche de Natsuo. A única coisa que escutei, foi a voz dela murmurar algo, algo que pareceu indecifrável na hora.

Emília: O quê?...

Eleanore: Esquece. Olha, já tá quase na hora do seu trem partir, se eu fosse você correria o mais rápido que…

Quando ela se deu conta, eu já estava longe, correndo o mais rápido que podia. Mesmo assim, eu insistia em acenar de costas para ela.

Ela sorri, seu coração aperta e uma lágrima de felicidade escorre de seu olho.

Corri tanto que cheguei na estação e alcancei o trem um pouco antes de partir. Assim que entrei, ele deu a partida.

Já dentro do trem, tive visão de seu interior. A atmosfera do trem sabia balancear com perfeição o antigo com o moderno, fazendo desse meio de transporte ainda mais especial.

Caminhando pelos vagões, passei por um vagão-restaurante, só de ver as delícias sobre o balcão, já me deu água na boca. Porém, eu não podia fazer isso. Pelo menos, não agora. Preciso economizar o dinheiro que o Stephen me deu para emergências na noite do campeonato.

Por isso, não gastarei o dinheiro atoa.

5 minutos depois estava eu devorando um bolo do tamanho da minha barriga.

Após devorar aquele bolo num tempo recorde, eu me arrependi amargamente.

Depois de rezar à lua que me abençoasse com dinheiro caindo do céu, eu me sentei numa mesa e relaxei perto da janela.

De tanto olhar para diversas paisagens lindas, porém, repetidas, senti falta do Stephen e da Eleanore. Mas foi ai que me recordei do presente da Eleanore.

Eu vinha trazendo o presente na mão desde a estação.

Coloquei o presente na mesa e o encarei por um breve momento.

A caixa era preta, com um formato que poderia ser considerado uma caixa de chocolates com uma quantidade para caber em torno de 15 chocolates com tamanho de um bombom normal. Em volta dessa caixa, havia um laço vermelho amarrado à caixa com um nó de orelhas de coelho.

Puxei o laço, ele desata. Abri a caixa e vi o que tinha dentro.

Um papel amarelo com algo escrito. Nele dizia: "Agora você é uma de nós". Esse papel estava em cima de um tecido azul claro, acompanhado por outros menores tecidos pretos. Na costa do tecido azul, podia se ver claramente algo escrito em Kanji.

Nela dizia: "狩人"

A tradução literária era...

"Caçadora"...

Contínua...