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Assassino de Heróis

Singulares, são assim chamados as pessoas com habilidades especiais, e graças a elas, o planeta foi sendo destruído a um ponto irreversível. Agora o mundo é controlado por pequenos grupos de singulares, e dentre eles está o mais poderoso que já existiu: os Heróis. Neste mundo, ter uma habilidade poderosa é sobreviver e prevalecer, o que não é o caso de Mary, que possui um poder considerado inútil pela maioria. Mas nada disso importa mais, pois após ver sua família ser morta pelos Heróis, ela irá até o fim para destruir esse grupo e se vingar. Se seu poder não é o suficiente para fazer os singulares a temerem, então ela fará isso com as próprias mãos. Muitos a conhecem pelo título de: Assassina de Heróis.

Elyuity · Urban
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27 Chs

Capítulo 3 - Primeira lição

Logo pela manhã, a dupla acordava, comia o restante da janta e ia se arrumar.

- Ei, Mary, onde você acha que o Drake pode estar? – Ethan perguntava enquanto os dois se preparavam para sair.

- Não o mencione. – Mary não parecia confortável falando sobre ele.

- É só que... Ele parecia ser um cara tão legal. Você... Chegou a sorrir junto dele.

- Ethan. – Ela apenas diz o nome do garoto e é o suficiente para ele ficar calado e abaixar a cabeça. Os dois terminam de se arrumar. Mary estava com seu short de academia e saia novamente, enquanto Ethan continuava com as roupas do dia anterior, só com o adicional de um colete jeans por cima da camiseta para esconder seu coldre com as pistolas.

Quanto aos recursos, como roupas adicionais e primeiros-socorros, os dois dividiam entre suas mochilas. Ambos colocam suas máscaras de pano no rosto e partem daquele local em direção a um novo, que seria onde talvez eles encontrariam o grupo de singulares Cicatrizes.

Enquanto andavam, Mary olhava ao redor só para confirmar que não estavam sendo perseguidos. Ela então decide perguntar uma coisa.

- Ethan... Você já se apaixonou? – A pergunta deixa o garoto surpreso, que de primeira não sabia o que responder, e ficava até envergonhado.

- Ah... T-teve uma vez, que as pessoas que me compraram tinham uma filha, e... Eu acho que queriam que eu casasse com ela.

- ... Era bonita? – Mary pergunta, mesmo que estivesse com o mesmo olhar neutro de sempre.

- Sim... Só que eu não sabia falar com ninguém, e daí eu acho que ela não me quis.

- E como está agora?

- E-eu acho que agora consigo conversar, graças a você, Mary.

- É mesmo? – Apesar de ela não demonstrar, a moça aparentava sentir um orgulho.

- Por que a pergunta?

- Só curiosidade. – Ela diz como se fosse uma irmãzona preocupada com o irmãozinho.

- Tá... Mary, sabe alguma coisa sobre esse grupo de singulares que estamos indo encontrar? Será que são inimigos?

- Não pelo que eu me lembro, mas qualquer coisa, fique preparado.

- Sim senhora.

- Agora... Ethan, se lembra da primeira lição que te ensinei? – Mary perguntava.

- Sim. Foco ampliado e mira concentrada.

- Correto.

- Devo analisar todas as possibilidades ao meu redor e, após isso, concentrar minha mira no problema. – Ethan se lembrava da explicação.

- E deve ser rápido, não esqueça, questões de segundos podem definir muita coisa.

- Sim... – Ethan acaba reparando em algo estranho nas costas da camiseta dela. Era algum tipo de mancha azul brilhante. – Ei, Mary, o que é isso? – Ele aponta para a mancha.

- Hum? – Ela para e olha para trás, tentando enxergar o que havia em sua vestimenta. Ao puxar a camiseta um pouco para o lado e conseguir ver a mancha, Mary já fica preocupada, começando a olhar em volta. Aquelas ruínas, que até então estavam quietas, começaram a soar muito suspeitas.

Eles então ouvem um barulho de pedra caindo de uma das casas. Sentindo que algo em volta estava estranho, a moça dá o sinal, Ethan saca suas pistolas e Mary sua katana. A dupla fica de costas um para o outro e olha em volta, esperando um ataque surpresa. Assim que eles ouvem um barulho de algo bem maior saltando de um dos prédios, os dois se viram na direção do barulho, porém ao perceberem que se tratava de algo ainda pior, Mary rapidamente empurra Ethan para o lado e quase que é acertada por um soco que, ao atingir o chão, quebra-o facilmente.

Depois que a poeira baixou, a moça pôde enfim ver do que se tratava. Ela via um sorriso enorme no rosto do rapaz, que se revela bem alto e parrudo, com um moicano curto e preto. Ethan se levanta e rapidamente dispara com tudo na direção dele, porém os tiros não fazem efeito algum, pois, logo antes dos projéteis atingirem suas costas, uma grossa camada do que parecia ser músculo surge por cima da pele do singular e retém os tiros.

Os dois ficam surpresos e meio que entendem o que aquele moço podia fazer.

- Muito prazer, Mary e Ethan. Não se preocupe, garoto, você eu tenho que levar vivo. Seja legal e você não acaba igual eu vou deixar sua amiguinha. – Dex dizia com um largo sorriso para o menino, que quase recua de medo.

Logo que ele terminou essa frase, ele estendeu o braço para o lado e a katana de Mary perfurou sua mão. Porém, por algum motivo, ele nem sequer ligava para a dor, Dex chega até mesmo a segurar a espada pela lâmina. Ethan tenta de novo disparar o máximo de balas possível, dessa vez em pontos diferentes, porém todas as tentativas foram fracassadas. Seja perna, braço ou peito, todos os tiros foram retidos por uma grossa camada de músculo que se formou por cima da pele do singular.

Dex puxa a espada para si, levando Mary no processo, que só não foi acertada por um soco do homem pois se inclinou para trás o suficiente. Aproveitando-se disso, ela troca de posição a mão que segurava o cabo da katana e com isso teve mais força para empurrar a espada e cortar os dedos dele para libertar sua arma, mas o rapaz novamente não demonstra dor.

Mary aproveita esse momento e fica ao lado de Ethan, tomando mais a liderança claro. Os dois tentam analisar a situação enquanto se posicionavam e largavam suas mochilas para retirar peso.

- Os tiros não fazem nada. – Ethan dizia inconformado.

- Poupe os cartuchos. Essa camada de músculo é mais frágil a lâminas pelo visto. – Mary dizia baixo para o garoto.

O singular se reposiciona, mostra sua mão com os dedos cortados para a dupla e começa a rir sutilmente, pois, de seus quatro dedos cortados, os ossos começam a crescer novamente, em seguida os músculos dos dedos e por fim a pele. Era como se estivesse nova. Os dois olham aquilo chocados enquanto o rapaz abria e fechava a mão. Mary e Ethan acabam entendendo que o poder dele se tratava mais do que apenas um crescimento de fibras musculares.

- Então, vocês já viram que chance não tem, por que não colaboram? – Ele dizia com um sorriso sarcástico no rosto. – Entregue o garoto, Mary, você pode até ser recompensada por isso, não quer informações sobre os Heróis?

Isso deixa-a surpresa. Aquilo era o que tanto desejava, procurou por dois anos e não havia tido uma resposta clara. Mesmo que ela suspeitasse bastante dessa proposta, Mary admite que era bem tentadora. A moça começa então a guardar sua katana na bainha, Ethan fica em choque com a ação dela.

- M-mary? – O garoto já começava a recuar e quase entrar em pânico, seria vendido novamente. A moça se ajoelha na frente dele, faz um sinal de silêncio e uma combinação de linguagem de sinais. A princípio Ethan fica confuso, porém logo entende o que ela queria dizer, acalmando-se mais.

Dex se aproximava ainda com seu poder ativado para confirmar que nada o afetaria, Ethan guarda suas pistolas para garantir que o rapaz confiaria na decisão deles. O rapaz se aproxima do garoto enquanto Mary ficava ao lado dele, Dex apoia sua mão envolvida de músculos no ombro de Ethan. Só por essa ação, o garoto já sentia o peso da mão dele, certamente era capaz de esmagar um crânio só apertando.

- Se você for legal, a gente promete não ser violento, muito. – O rapaz dizia enquanto olhava para Ethan, sorrindo.

O garoto por algum motivo encosta na mão de Dex. Ethan começa então a se lembrar da explicação de Mary a respeito de sua habilidade.

- Seu poder é a Anulação, você consegue cancelar o uso de qualquer habilidade ao tocar no usuário. – Enquanto o menino lembrava da explicação, os músculos envolta da pele de Dex vão sumindo e ele ia voltando ao seu estado normal. – Infelizmente ela não te concede nada mais além disso, sua força, agilidade permanecem o mesmo, por isso teremos que pensar melhor na hora de lutar.

Quando o singular voltou ao seu estado normal, cerca de 1 segundo após Ethan o tocar, ele ficou confuso, em choque praticamente. Subitamente, Dex teve seu braço arrancado pela katana de Mary, que a sacou em menos tempo ainda, logo após isso, Ethan se jogou para trás e sacou sua pistola, disparando na direção da cabeça do rapaz, que só conseguiu se manter vivo pois colocou o outro braço na frente. Enquanto o menino se levantava, Mary reposiciona sua espada, com a lâmina apontada Dex, fincando-a em seu coração antes do singular sequer ter tempo de reagir.

O rapaz cospe sangue e dessa vez sim sente uma dor enorme, pois seu braço não regenerava e por causa de sua habilidade, nunca havia sido perfurado em pontos fatais, aquela era sua primeira experiência. Enquanto ele se afogava em sangue, Mary terminava de fincar a katana em seu peito, fazendo-o se ajoelhar. Ethan então se prepara para atirar na cabeça de Dex, agora que ele estava com a guarda baixa.

Porém, para a surpresa do garoto, antes dele conseguir disparar o projétil, sua mão direita foi acertada por algo que a perfurou completamente, fazendo-o largar a pistola. Ethan grita de dor enquanto caia no chão e se contorcia de agonia.

- Ethan! – Mary deixa Dex cair no chão, vira-se e corre na direção do garoto. Ela se joga na frente dele e posiciona a katana, levando um baque por causa de uma bala que acertou em cheio a lâmina dela, mas, por alguma razão, a espada nem havia sido afetada, aguentando perfeitamente o impacto de uma bala de rifle.

A moça segura Ethan pela jaqueta e o puxa para trás de um escombro. Enquanto ela tentava ver de onde estava vindo os tiros, o menino só conseguia gritar e chorar de dor diante de sua mão perfurada. Mary precisava pensar rápido no que fazer, Ethan mal conseguia fazer algo no estado que estava, ainda era um garotinho apenas. Ela então decide fazer uma jogada arriscada, saindo de sua cobertura já posicionada para um corte. Como Mary esperava, mais um tiro de rifle é escutado. A moça então, num rápido movimento, corta a bala ao meio, agora sabendo com precisão onde o atirador estava.

O atirador, que estava na fábrica abandonada logo do outro lado da rua com o rifle posicionado na janela, fica surpreso. Tratava-se do parceiro de Dex, aquele que havia localizado Mary. Desesperado, ele tenta disparar novamente contra a moça, que, antes dele puxar o gatilho, levantou sua katana e bloqueou outro projétil. Antes do rapaz recarregar a arma, Mary sacou da mão esquerda uma das pistolas de Ethan, atirando na direção do singular e aparentemente acertando seu olho, pois só se pôde ouvir um grito de dor e alguém caindo.

A moça respirava um pouco enquanto voltava sua atenção para Ethan, que ainda agonizava de dor, mas já tinha gastado tanto fôlego com as lágrimas que o choro estava mais baixo. Ela segura a mão baleada do garoto, era até mesmo possível ver os ossos e tendões quebrados, o único dedo que conseguia se mover por conta de espasmos era o polegar. Mary começa a pensar se seria possível regenerar a mão dele a partir das células de Dex.

Justamente lembrando dele, a moça olha para trás e, para a surpresa dela, o singular estava começando a se mover e os músculos começando a envolver sua pele novamente. Mary havia esquecido dois fatores importantes. O primeiro era a explicação que ela mesma havia feito a Ethan alguns anos atrás.

- O seu poder tem uma limitação. Se você largar a pessoa após cancelar a habilidade dela, em cerca de dez segundos, ela voltará a utilizar a habilidade normalmente. – Mary dizia.

O segundo fator, era que os poderes dos singulares estavam totalmente ligados ao pensamento, ou seja, as habilidades agiam conforme a vontade consciente do usuário, e uma pessoa era capaz de ficar viva por até 3 minutos com seu coração parado.

Dex se levanta já envolvido de músculos pelo corpo, sorrindo enquanto se posicionava. Ele levanta o olhar para Mary e Ethan e diz:

- Entendo, então esse é o seu poder. Vou render uma boa grana com isso! – Assim que ele acabou de falar, já saltou na direção de Mary envolvendo os músculos em suas pernas.

Assim que pressentiu que ia ser atacada, a moça agarrou Ethan pela jaqueta e o lançou para longe do alcance de Dex. Mesmo que aquilo doesse por causa da mão dele, seria questão para se resolver outra hora. Mary desviou de um soco mega potente do singular, que chegou a afundar a mão no chão de tão forte. A moça então posiciona sua mão direita para sacar sua katana e aperta o gatilho na bainha, disparando a espada e sacando-a mais rápido, conseguindo realizar um corte vertical que só não fatiou o rosto de Dex porque ele colocou o outro braço na frente.

Apesar do braço ser arrancado pelo corte, o singular nem mesmo gemeu de dor e na sequência já envolveu seu pé de músculos e tentou um chute em Mary, que conseguiu desviar novamente e, com um rápido posicionamento digno de um samurai, realiza uma sequência de cortes no peitoral, braços e, numa troca rápida de posições da katana, consegue cortar o calcanhar dele num giro. Após toda essa sequência, Dex cai ajoelhado no chão devido ao tendão cortado.

Mary se posiciona atrás dele e se preparava para dar o corte final na cabeça do singular, porém, antes que pudesse fazer isso, ele pega uma pedra relativamente grande que havia nos escombros e joga na moça. Ela precisou desviar do arremesso, e só essa distraída já foi o suficiente para Dex fazer crescer todos os seus tecidos musculares cortados. Mary não viu outra opção senão recuar e ficar na frente de Ethan posicionada. Ela pensou em falar para o garoto fugir, mas, dado o poder daquele singular, se a moça estivesse longe do menino, era só uma questão de ele concentrar os músculos nas pernas que chegaria em Ethan num instante.

Enquanto isso, o garoto tentava manter sua compostura, tentando imitar a aura de confiança que sua mestra demonstrava, porém claramente era o que mais faltava no menino.

- Ethan, fique alerta, ok? Se aparecer outros singulares, me avise. – Mary dizia enquanto via um movimento suspeito vindo de Dex.

- C-certo. – Ele dizia tentando dar cabo da dor em sua mão.

Ela nota que o rapaz agarrou um pedaço enorme de concreto e lançou na direção deles. Mary puxa Ethan para o lado, desviando do arremesso, porém, quando voltou a olhar, Dex não estava mais no lugar de antes. Quando ela conseguiu sentir uma energia vindo pelo lado, já estava um pouco atrasada. Mary tentou bloquear o soco fortalecido de músculos do singular com sua katana, porém estava tão tarde que ela acabou apenas defendendo com seu braço direito.

O que ela pôde sentir foram alguns ossos do braço se quebrando, ela largando a espada e uma dor além dos limites. Estranhamente, nem todo o braço foi quebrado pelo golpe, mas já era inviável continuar segurando a katana. Por fim, após receber esse golpe do nada, Dex consegue lançar Mary para trás, fazendo-a rebater no chão várias vezes e parando apenas quando se agarrou em algo.

- Mary! – Ethan tenta correr para socorrer sua mestra, porém o rapaz o agarra pela gola e começa a dar risada.

- Opa, opa, vai aonde? – Dex sorria, nem havia percebido que Ethan tocou sua mão novamente, e pela segunda vez, o singular volta ao normal. Antes que pudesse fazer algo, o rapaz levou uma facada na mão do garoto, que conseguiu se libertar e já mirou a pistola para a cara de Dex.

Porém, sem sequer ter previsto isso, Ethan leva um soco bem na lateral de seu rosto. Mesmo sem estar fortalecido pelo poder do rapaz, Dex ainda era parrudo normalmente. O garoto quase perde a consciência e talvez tenha perdido um dente na jogada. Já foi o suficiente para ele cambalear a cair no chão totalmente zonzo. Mary se levanta, seu rosto estava com cortes pela testa e bochecha, saindo sangue, quanto a seu braço direito, estava um pouco retorcido devido ao golpe anterior ter quebrado seus ossos. Definitivamente ela não conseguia mais usar, e para piorar ela ainda era destra.

- Ethan! – A moça olha o garoto caído e se enfurece.

- Tsc... Seu moleque. – Dex ignora a dor em sua mão perfurada, afinal, já estava passando os dez segundos necessários, então ele apenas iria esperar, pegar o garoto e sair dali com seus poderes.

Antes de seus poderes voltarem, ele olha para Mary, que já não estava mais no lugar que caiu. Dex vê um vulto chegando pela lateral esquerda e quando se vira para tentar reagir, ele percebe a moça preparando um corte, segurando a katana com a lâmina voltada para trás, o olhar assassino era mais do que visível. Mary faz um movimento rápido e o golpe da espada novamente arranca o antebraço esquerdo de Dex. Ele tenta revidar com outro soco, porém só serve para a moça ter outra brecha ao se impulsionar para o lado e desviar do ataque.

Nessa jogada de lado, Mary não pensa duas vezes e aproveita, fazendo um rápido movimento de corte diagonal, cortando desde a pélvis até o começo da cintura direita do singular. Ele enfim grita de dor, porém em vez de se contorcer por causa do lugar que foi cortado, ele usa isso essa raiva de combustível pra continuar atacando. Dex tenta agarrar Mary pelo lado direito, porém ela se joga para o lado oposto, aproveitando para cortar profundamente o abdômen dele, chegando até mesmo a sair um pouco do intestino para fora.

Ele vomita sangue e tenta novamente pegar Mary com a mão restante, porém ela chega nas costas do singular e, num movimento perfeito, finca a katana nas costas dele, perfurando seu pulmão. Dex já estava caindo, e a moça aproveita para subir em seus ombros e tentar perfurar a cabeça dele. Porém, para o azar da moça, os 10 segundos haviam passado, e o singular conseguiu retomar seus músculos extras e segurar a espada de Mary.

Ela ficava ainda mais irritada, pois a anulação não podia acabar num momento mais inconveniente que aquele, Dex sorria enquanto todo o esforço da moça era jogado pelos ares, com ele fazendo crescer todas as partes que foram cortadas e juntando novamente seus tecidos, até mesmo o intestino que saiu para fora volta ao seu lugar.

Mary então retira a espada dali e salta para trás rapidamente, perfeito para Dex se virar com a ajuda de seus músculos e a socar. Ela defende o golpe com a katana, que aguenta bem o impacto. A moça só não foi jogada para longe porque assim, que teve o impulso para isso, o singular aproveitou e a agarrou pelo pescoço, levantando-a e começando a sufocar a mulher. Mary tentou atacar com a katana, porém Dex a socou para o lado, fazendo a espada sair da mão da singular e fincar no chão um pouco longe dali.

Enquanto estava sendo sufocada, ela conseguia ver o olhar sádico e sorridente daquele singular. Porém, ao olhar para Ethan caído no chão praticamente inconsciente, ela consegue pelo menos reunir forças para rapidamente sacar uma faca militar de seu shorts e, antes de Dex perceber, Mary, num ato de desespero, finca a lâmina no olho direito do singular, que passa não só por todo o globo ocular dele, como chega a perfurar o cérebro de Dex.

O rapaz começa a ficar um pouco trêmulo, estava ficando com os movimentos debilitados e confusos, não conseguia nem mesmo falar direito, e até mesmo seu poder estava falhando. Mary já pensava que estaria tudo bem a partir dali, mas, para a total surpresa dela, Dex não estava morto ainda. Mesmo com os movimentos do lado esquerdo comprometidos e um pouco irracional agora, como ato involuntário, o cérebro dele começou a induzi-lo a usar toda sua força, sem restrições, para tentar se salvar. Ele então afasta mais Mary de seu olho e começa a apertar seu pescoço ainda mais.

A moça estava realmente sendo sufocada, não conseguia respirar de jeito nenhum, sua visão estava ficando turva e ela não conseguia alcançar a faca no olho de Dex. Somente conseguindo soltar alguns grunhidos de dor, ela observava Ethan enquanto sua visão se escurecia, porém ela percebia que o garoto estava fazendo algum movimento, mas não sabia dizer o quê.

Repentinamente, Dex recebe um tiro bem em sua cabeça, dessa vez realmente atravessando o cérebro todo dele. O rapaz para de apertar Mary e vai soltando-a aos poucos enquanto emitia alguns últimos grunhidos, seu poder ia se desativando. Voltando seu corpo ao estado normal, ele vai despencando para frente até cair no chão com o olhar morto. Mary cai no chão sentada e ofega bastante, tentando recuperar o oxigênio que faltava enquanto sentia a dor em seu pescoço e tossia um pouco.

Assim que olhou para frente ela viu Ethan, ajoelhado com a arma apontada. Julgando a fumaça que saía dela, era ele quem havia dado o tiro, mesmo sendo com uma mão que não estava tão acostumado, a esquerda, para tentar salvar sua mestra. Ele focou o máximo que conseguia naquele tiro, tanto que, depois que conseguiu atirar, ele abaixava a arma e lacrimejava, devido ao excesso de nervosismo. Era visível que Mary, além de aliviada por ter sido salva, também estava orgulhosa de seu pupilo. Mesmo sem sorrir, ela reconhece o esforço dele e diz:

- Obrigado. – Dito isso, o garoto cai para o lado e desmaia de tanto estresse.