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Assassino de Heróis

Singulares, são assim chamados as pessoas com habilidades especiais, e graças a elas, o planeta foi sendo destruído a um ponto irreversível. Agora o mundo é controlado por pequenos grupos de singulares, e dentre eles está o mais poderoso que já existiu: os Heróis. Neste mundo, ter uma habilidade poderosa é sobreviver e prevalecer, o que não é o caso de Mary, que possui um poder considerado inútil pela maioria. Mas nada disso importa mais, pois após ver sua família ser morta pelos Heróis, ela irá até o fim para destruir esse grupo e se vingar. Se seu poder não é o suficiente para fazer os singulares a temerem, então ela fará isso com as próprias mãos. Muitos a conhecem pelo título de: Assassina de Heróis.

Elyuity · Urban
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27 Chs

Capítulo 23 - Desejo

Após isso, Lucy larga a cabeça do ghoul que decapitou e ela fica ofegante, cansada quase ao ponto de desmaiar, mas ela se equilibra e, com um pouco de dificuldade, vai até David. Chegando até a cúpula de gelo, ela nem tem muita dificuldade em abri-la, a própria barreira se desfaz pois David não estava aguentando mantê-la. A ruiva se aproxima de seu amado e o vê deitado, ainda se movendo um pouco, e quando o levanta nos braços, o rapaz parecia bêbado de tão molenga. Inclusive, ele chega a passar a mão na face de Lucy, que estava todo grudento de sangue, com um sorrisinho no rosto.

- Meu beeem... Você tá tãããão linda. Dá um beijinho aqui... – Ele tenta aproximar o rosto de Lucy, mas não consegue. A ruiva apenas ri da situação enquanto seus sentidos voltavam ao normal.

- Ok, ok... Entendi, você tá bem. – Lucy diz enquanto tenta procurar seu laço de cabelo.

- É a mesma pergunta que eu faço. – Mike enfim consegue contactar a ruiva.

- Hum? Ah, caramba, verdade, oi Mike. – Ela responde, mas parece que David não consegue fazer a mesma coisa.

- Tá, primeiramente, porque vocês dois não respondiam? – Mike pergunta, um pouco indignado.

- Ah... Eu honestamente não sei quanto a mim, mas o David talvez porque ele... Tá com sono, é. – Lucy tenta justificar, enquanto seu namorado continuava molenga.

- Sono? Mas... Vocês dormiram, eu vi. – Mike fica com uma expressão confusa.

- É... Bem... – Antes de Lucy falar algo novamente, ela é interrompida pelo comunicador em seu ouvido chamando, e era a voz de Mary.

- E como foi o resultado desse lado, Lucy? – Mary pergunta, esta que ficava ajoelhada ao lado de Ethan, com a mão no ombro dele. O garoto por sua vez continua sentado, abraçando as próprias pernas e limpando o choro de vez em quando.

- Ah, claro, hum... Eu acho que acabei com todos aqui. – A ruiva responde enquanto olhava em volta.

- Também conseguimos aqui desse lado. – Mary diz.

- Uh... Eu não diria exatamente isso. – Mike dá uma resposta que deixa todos em choque, menos David por estar sonolento.

- Você tá brincando, me diz que tá, Mike. – Lucy diz com um olhar de indignada no rosto.

- Olha, eu queria, mas não estou. Dois escaparam e parece que estão indo para o prédio que vocês derrubaram, e também pra deixá-los cientes, tem cerca de uns cinco a sete ghouls naquele lugar. – Mike observa o mapa holográfico apreensivo. – Eu acho que vocês podem presumir o porquê, né?

- Eles vão avisar, agora não tem mais volta. – Mary diz, levantando-se junto de Ethan.

- Que merda... Parece que não acaba. – Lucy diz, furiosa.

- Eu acho que é melhor vocês correrem. – Mike diz enquanto esvazia mais uma lata de energético.

- Lucy, nos encontramos lá. – A albina dá o comando.

- Entendido. – Ela responde, puxa sangue dos ghouls mortos no chão e sai correndo dali com David nos braços.

Mary e Ethan comem algumas barras de cereal das mochilas e bebem água rápido. Após isso, ambos acenam positivamente e, antes de sair, Ethan olha mais uma vez para Rebecca, morta no chão, não querendo pensar muito sobre o assunto, ele coloca seu capuz e junto de sua mestra, partem para o confronto final.

_____________

No prédio derrubado, lá estavam os cinco ghouls restantes, e todos eram machos, não havia uma fêmea sequer. Eles todos pareciam estar de guarda para proteger algo escondido naqueles escombros. Henri é o primeiro quem chega, alguns ghouls ficam de vigia para garantir que ninguém indesejado se aproximasse, enquanto dois deles vão questionar o canibal. Ele parecia aflito e bem nervoso para responder.

- Mataram todos... Não sobrou ninguém... Aquela ruiva é uma máquina de matar, ela sempre voltava, não importava o que a gente fizesse. – Henri coçava a cabeça, quase em frenesi por conta do que viu.

- O que?! – Os dois questionam, um deles o segura pelos ombros e começa a chacoalha-lo.

- Você tá brincando, né?! Mas e a outra equipe?!

- E eu sei lá, porra! – Henri o empurra e coloca as mãos na cabeça, pensando em como eles estavam numa situação mais que horrível para o lado deles.

- É verdade... – Uma voz é escutada e, quando os ghouls olham, era Victor, com o olhar baixo. Assim que escutam tais palavras, os três ali ficam completamente pasmos. Eles começam a analisar a situação e entendem um fator crucial.

- Victor... N-não sobrou nenhuma fêmea? – Henri o questiona.

- Não... Por isso, tragam o pai. Não iremos transformar aquelas duas em parte da família, elas têm que morrer. - Victor diz, com um certo tom de raiva na voz.

- O que? Não não não, se é assim, então precisamos de mais fêmeas, elas são cruciais para podermos invadir a vila. Não inventa moda, Victor. – Henri diz, eufórico, tentando impor-se para o garoto, que diferentemente do rapaz, não parecia desesperado, seu olhar nem sequer emanava esperança mais. Victor então agarra a gola de Henri, seus braços ficam com as veias destacadas e os olhos negros.

- Escuta aqui... A Rebecca se jogou naquela albina desgraçada só para eu ter uma chance de vir aqui e reunir forças pra matar ela, então antes que eles cheguem, sai da minha frente, Henri, e me deixa libertar o Carniçal. – Victor diz, com algumas lágrimas no rosto por lembrar do ato de Rebecca, mas ainda com a expressão enraivecida. Henri o empurra e, ofegante do jeito que estava, ele abre caminho.

- Vá em frente então, se quer jogar sua vida fora, seu imbecil. – Dito isso, Victor prossegue para o meio do prédio derrubado, pois no meio dele havia um buraco enorme e alguns ghouls vigiando-o.

Henri esperava que os que estavam de vigia, iriam impedir o garoto, então por isso nem se preocupou tanto, porém, quando reparou nos olhares de vários ali, viram que estavam com a mesma expressão de raiva de Victor. Ele vê o garoto ghoul conversando com os vigias e acenando positivamente, em seguida, eles olham para Henri, e ficou claro a partir dali.

- Que foi? Não olhem pra mim não, eu não tenho nada a ver com isso... – Ele diz, virando o olhar e ficando praticamente perdido, pois ele viu o que aqueles quatro eram capazes. Se libertassem o Pai, de duas uma, ou venceriam ou seria o fim dos ghouls. – Puta que pariu... Vocês tão de brincadeira comigo.

Victor olha para dentro do buraco e ali estava alguém, um rapaz bem baixo e franzino, envolto de uma capa esfarrapada, da mesma forma eram suas roupas, calças rasgadas, camiseta em trapos, e nem calçado utilizava. Ele tinha olheiras profundas, uma expressão de cansado, aparentava ter por volta dos 30 anos, seu olho esquerdo sempre brilhava na cor avermelhada, enquanto a direita na cor preta. O Pai estava deitado e encolhido, como se fizesse dias que não comia ou que não dormia, tanto que ele nem reage quando o garoto chega ao seu lado.

- Pai, precisamos de sua ajuda. – Victor diz enquanto o levanta gentilmente do chão. O Pai grunhe de dor e se mantém de pé, ele nem responde Victor, apenas olha para frente e sai do buraco se apoiando com o pouco de força que ele tinha.

- Sim... Claro... Ela quer mais um... Claro... É meu dever... Sempre... – Ele diz, enquanto estendia seus braços para frente e tentava andar em linha reta, porém ele é segurado pelos dois ghouls de vigia ali.

- Seus idiotas! Vão matar todos nós! – Henri tenta contra-argumentar.

- E o que você fez até agora?! Nada de útil! – Victor grita com o canibal e fica na frente do pai caso Henri tentasse fazer algo.

- Crianças... Então querem mais irmãos... Ela quer mais... né? – O Pai enfim levanta a cabeça e mostra seus olhos um de cada cor. Sua voz estava bem fraca e mal conseguia responder a um comando. Se fosse possível ver por seus olhos, ele estaria vendo a figura de uma mulher, de vestido branco e cabelos negros e compridos, estendendo a mão para ele com um sorriso.

Ao longe já era possível ver uma mulher ruiva se aproximando com alguém nas costas, e logo ao lado dela, uma moça albina de cabelo preso junto de um menino loiro e de capuz. Henri olha isso e percebe que, a partir dali, não tinha mais jeito, ia ser um massacre ainda pior.

- AHHHH, que merda! Ativem logo ele! – Henri se rende e joga as mãos para o ar, já ativando suas garras e seus olhos ficando da cor preta.

Os ghouls nos terraços começam a arremessar pedaços de concreto no grupo de Cicatrizes, forçando-os a recuar um pouco. Isso dá brecha para Victor falar o que queria.

- Olhem bem, seus vermes! – Ele aponta para o Pai. – Não existe espaço para vocês aqui, tudo o que fizeram vai ser pago com o sangue de vocês!

- Cala boca! Acha que tem direito, moleque?! – Lucy grita para ele de volta.

- Ansiaram tanto por isso?! Então que assim seja! Sintam o que é dor de verdade! – Victor grita essa frase, e logo após isso, os ghouls que estavam segurando o Pai, simplesmente enfiam suas garras com tudo nas costelas dele.

O ghoul começa a vomitar sangue e quase cair, e ele fica tremendo por alguns instantes. Enquanto isso, o arremesso de concreto continuava, para impedir o grupo de se aproximar.

- Não... Parem... Eu não posso... Ela quer mais... – O Pai diz com a voz afogada em sangue. Algo começa a acontecer conforme ele ia falando. Sua pele vai ficando mais avermelhada e pulsante, dando a impressão também de ele estar ficando maior. – É só o desejo dela... Eu tenho que cumprir... Ela... Ela... – A visão do rapaz, que até então era só de uma bela moça estendendo a mão, agora dá espaço para essa mesma mulher, porém estirada no chão, com a roupa branca como a neve dela, manchada de sangue, com o ombro arrancado no que parecia uma mordida, e o sorriso, não estava mais lá. Junto disso, o Pai olha para as próprias mãos e vê elas encharcadas com o líquido vermelho. – Não foi culpa minha... Né? Não foi culpa minha... Não foi culpa minha... NÃO FOI CULPA MINHA!!

Conforme ele vai gritando e ficando mais nervoso, seu tamanho começa a aumentar com os pulsares em sua pele, junto de seu tamanho, seus músculos vão aumentando também, chegando a ficar com três metros, todos os dentes dele vão ficando afiados, sua voz vai ficando mais grossa e alta, seu cabelo bagunçado vai se tornando cada vez mais branco por causa do tanto de estresse que estava passando. Aquela aparência decaída e frágil vai dando espaço para uma criatura enorme e incontrolável, e ele resume isso em um grito aterrador e brutal, para dizer que aquele era o Carniçal.

Todos ouvem esse rugido. O grupo de Cicatrizes fica totalmente desnorteado, era igual os gritos das fêmeas, porém com um tom extremamente grave. Já os canibais que escutaram, parece que ficam sob uma espécie de transe, todos os ghouls machos ficam com expressões enfurecidas e suas veias em todo o corpo se destacam como nunca antes conseguiram, e nisso eles todos também soltam rugidos bestiais, mesmo que não fossem gritos sônicos como as fêmeas.

Assim que se recuperaram do grito do Carniçal, eles reparam na situação e veem a imensidão do poder dos ghouls. Lucy então deixa David encostado no chão.

- Ethan, cuida dele! – Ela diz enquanto arranhava seu braço para fazer uma bala de sangue.

- Sim, senhora! – Ele então fica na frente do rapaz com as pistolas em mãos. Mary só se posiciona com a katana e até começa a suar. Nisso, começa a chover no local em que estavam.

E após isso, o Pai, agora Carniçal, descontroladamente se solta das garras de seus filhos, e parte furiosamente junto de todos os ghouls para cima dos singulares.