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Assassino de Heróis

Singulares, são assim chamados as pessoas com habilidades especiais, e graças a elas, o planeta foi sendo destruído a um ponto irreversível. Agora o mundo é controlado por pequenos grupos de singulares, e dentre eles está o mais poderoso que já existiu: os Heróis. Neste mundo, ter uma habilidade poderosa é sobreviver e prevalecer, o que não é o caso de Mary, que possui um poder considerado inútil pela maioria. Mas nada disso importa mais, pois após ver sua família ser morta pelos Heróis, ela irá até o fim para destruir esse grupo e se vingar. Se seu poder não é o suficiente para fazer os singulares a temerem, então ela fará isso com as próprias mãos. Muitos a conhecem pelo título de: Assassina de Heróis.

Elyuity · Urban
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27 Chs

Capítulo 21 - Mary e Ethan (Parte 3)

Enquanto isso, do outro lado, Mary e Ethan estavam correndo pelos corredores daquele prédio. Ambos sentem ele tremendo devido aos destroços sendo arremessado pelos ghouls de fora. Junto disso, eles ouvem passos apressados e rugidos vindo de várias direções daqueles corredores destruídos. Ao mesmo tempo, Mike contacta os dois mentalmente.

- Mary, Ethan, está tudo bem com vocês? O David parece que está com problemas... – Ele diz enquanto mordia a unha de seu polegar por causa do nervosismo.

- Conseguimos nos virar, é melhor você se concentrar em Lucy e David, Mike. – Mary responde enquanto vira à direita e sobe as escadas, pois nas janelas os ghouls estavam se aproximando.

- Eu não estou conseguindo falar com eles mais, ainda estão vivos, mas não me respondem. – Mike diz, enquanto tentava distribuir sua atenção não somente sos quatro, mas também outro mapa holográfico, outra missão envolvendo outros membros dos Cicatrizes. – Alex, tá bem na sua frente.

- Assim que puder, entre em contato com Lucy e David. – Mary responde enquanto ela e Ethan corriam pelos corredores do prédio que estavam ficando mais e mais escuros devido à falta de frestas para passar luz do sol. Em compensação, eles ouviam vários passos e grunhidos selvagens vindo principalmente por trás e dos lados.

No caminho, os dois tiveram que várias vezes saltar e desviar de destroços caindo e buracos se abrindo, por conta de o prédio estar sendo bombardeado por destroços pelo lado de fora. Mestra e aluno chegam ao terraço, já imaginavam que o caminho estaria cheio de ghouls, mas não esperavam que os canibais fariam uma estratégia como aquela: haviam várias fêmeas no terraço do outro prédio, preparando seus gritos, enquanto que os machos estavam nas construções próximas, jogando destroços na base do prédio em que os dois singulares estavam para ele cair, e também se preparando para jogar outros na dupla.

Os dois grupos realizam seu plano, gritos ensurdecedores e pedaços enormes de concreto são arremessados contra os dois. Junto disso, Mary e Ethan sentem o prédio prestes a desmoronar. Mike então comunica a albina, que neste momento estava cobrindo seus ouvidos e gemendo de dor:

- Mary, sua direita tá vazia!

Ela então olha para a direção dita, agarra Ethan pelo braço e, antes de um destroço os atingir, corre na direção da beirada do terraço. O garoto nota que estavam para saltar e também utiliza o poder em seus coturnos e, assim que os dois saltam, notam que era uma queda considerável, porém o destino deles estava mais a frente, o terraço de um estabelecimento.

Enquanto destroços eram arremessados contra a dupla, Mary aterrissa no local desejado e é arrastada pelo chão até parar. Ela então escuta gritos vindo de trás, e quando olhou, conseguiu ver Ethan descontrolado no ar, pronto para se espatifar no terraço, ainda não tinha treinado aquele tipo de queda.

Mary então corre e abre os braços, segurando o menino, porém o impacto faz com que ambos caiam para trás. A albina sente uma dor em seu peito, mas ignora para levantar-se e deixar Ethan de pé. Ambos após isso, veem o prédio de onde saltaram sucumbindo e levantando uma nuvem de poeira enorme. Eles observam por alguns instantes a construção caindo e já se preparam para prosseguir sua correria.

- Mary, sua esquerda! – Ethan grita e os dois olham para tal direção. Mary saca sua katana e corta rapidamente um ghoul que estava para investir contra a albina. O problema foi que, Ethan também estava prestando atenção naquele canibal, e não notou o objetivo daquele ataque.

Quando menos percebeu, o menino sentiu suas costas serem perfuradas e rasgadas em diagonal, por quatro garras afiadas. A única coisa que ele conseguia fazer naquela hora era gritar de dor e sentir seu sangue sendo espirrado no rosto de Rebecca, que tinha um sorriso enorme estampado em seu rosto.

Enquanto Ethan caía no chão agonizando, Mary rapidamente se vira, enfurecida e realizando um corte horizontal, tentando decapitar a ghoul, porém, dessa vez não teve sucesso, pois a garota inclinou seu corpo para trás de maneira brusca, desviando pela primeira vez de um golpe da albina. Junto disso, do outro lado, Victor aparece pronto para socar Mary no rosto.

A albina faz um movimento rápido de trocar a katana de posição e coloca a lâmina na frente, fazendo o ghoul golpear diretamente a parte afiada. O braço dele vai sendo partido ao meio na horizontal, enquanto isso, ele já prepara com a outra mão, mais um golpe, que dessa vez, Mary teve de segurar com tudo para conter. Estava complicado até para ela, pois não conseguia quebrar a mão do canibal, e aquele sorriso estampado nele não estava ajudando em sua concentração.

Rebecca desinclina seu corpo enquanto seus ossos voltavam ao lugar e ela lambia não só o sangue em seus dedos, mas como também o que estava perto de sua boca. Ela sentia aquele liquido vermelho percorrendo sua garganta e parecia não apenas ter um sabor bom, como também renovava suas energias, como se fosse uma espécie de estimulante. Ela então vai se aproximando de Ethan, que estava tropeçando e cambaleando para andar, também era possível ver que ele não parava de chorar e de gemer de dor.

- Vem cá, rapazinho. – Ela diz com um tom sádico em sua voz. Mary nota isso e, antes de Rebecca agir, ela chuta Victor para trás e se impulsiona para o lado, tentando dar um soco na ghoul.

Porém, a canibal se mostra já mais perspicaz que antes, desviando o rosto para o lado e já emendando uma investida com sua garra também no rosto de Mary. A albina consegue desviar no último momento, e a garra passa de raspão em sua bochecha, saindo um pouco de sangue. Rebecca salta e tenta um chute no rosto dela, Mary bloqueia com seu braço direito e, após isso, a ghoul usa o próprio membro da albina como base para saltar, girar rapidamente e dar um chute de cima para baixo na moça, e mesmo com Mary defendendo novamente, dessa vez ela sente um pouco de dor no braço. Aquela canibal estava ficando mais forte e aprendendo como lutar, a assassina podia sentir.

A situação só não piorou pois Ethan, aproveitou para disparar em Rebecca com suas pistolas, acertando os braços e desorientando-a tempo suficiente para Mary dar um golpe com seu braço e afastar a ghoul. Ela para ao lado de Victor, que estava regenerando suas costelas. Vendo essa brecha, Mary pega Ethan nos braços e joga uma bomba de fumaça no chão, ofuscando a vista dos dois canibais.

Victor e Rebecca não perdem tempo e vão para cima, tentando alcançá-los antes de fugirem, porém ao adentrarem na fumaça, os dois já tinham sumido. Mary corre com Ethan nas costas e desce de um sobrado arrastando seus pés na parede, até que ela adentra pela janela, em uma espécie de depósito abandonado, e se esconde atrás das várias estantes e caixas reviradas no chão. Ela então coloca Ethan sentado, que ainda lacrimejava pela dor nas costas.

- Ethan, me mostra suas costas. – Mary diz, ainda com o tom frio em sua voz enquanto pegava de sua bolsa, ataduras.

O menino enquanto gemia de dor, tira sua jaqueta, que se mancha mais ainda de sangue, o mesmo acontece quando ele retira sua camiseta, somente a sensação do tecido passando por suas costas estava o fazendo pressionar os dentes e lacrimejar para não gritar de dor. Após retirado, Mary começa a limpar em volta do ferimento, que apesar de não ser profundo, parecia precisar de alguns pontos. Ela agradece por aquele local ter paredes corta-fogo, então o cheiro de sangue ficaria mais complicado de se espalhar.

A albina então, para não deixar o ferimento infeccionar, dá a própria camiseta de Ethan e fala para ele morder, o menino fica um pouco assustado, pois já tinha passado por uma situação parecida antes, e lembra de ter sido horrível. Ele faz como dito, e se prepara, Mary saca da mochila uma garrafa de álcool e pouco a pouco vai passando o líquido em volta das feridas de Ethan. A ardência que aquilo causa faz o menino gritar um pouco de dor, não estava conseguindo conter toda aquela situação, a sorte era de seu grito estar abafado pela camiseta. Ainda assim, mesmo gritando, ele lacrimeja, treme durante aqueles meros segundos que pareciam horas.

Quando terminado, Ethan larga a camiseta no chão, estava ofegante e tremendo ainda, e não melhora quando Mary diz para o garoto ficar com a coluna reta, pois iria colocar as ataduras. O menino levanta os braços e sua mestra vai enrolando as faixas em torno do tronco do menino, até cobrir o suficiente os ferimentos dele. Após isso, enquanto Mary guardava os itens, Ethan se encolhe e começa a dizer:

- Mary... E-eu acho que... Eu não tô pronto pra isso... V-você tava certa... – Ele diz com a cabeça baixa. A albina olha para ele enquanto colocava álcool e pedaços de ataduras dentro de uma garrafa de vidro que achou no chão. Ela pensa por alguns instantes e então se coloca agachada na frente do menino.

- Ethan, olha pra mim. – Mary levanta o queixo do menino gentilmente. – Eu sei disso. Mas como eu disse, essa foi uma escolha sua, eu vou te guiar se quiser percorrer este caminho também, mas nem todas as decisões sou eu quem toma. – Ela então olha em volta e já prepara mais um tiro de sua pistola.

- M-mas, então qual a decisão correta...? – O menino tenta perguntar no desespero.

- A decisão que você acredita estar correta. – Mary então dá um peteleco na testa de Ethan e diz no tom calmo de sempre: – Posso te dar opções, mas a decisão será sua. Você pode ficar aqui, mais seguro, mais difícil dos ghouls te acharem, enquanto eu os derroto, e depois disso, vamos voltar pra vila, onde você vai ser um morador comum de lá, onde dores como esta que sofreu serão extremamente raras. Mas eu não posso te levar comigo daí. Agora, se sair daqui e me ajudar, vai ser um assassino, assim como eu.

A albina dá estas duas únicas opções para o menino, que fica espantado com aquilo, eram dois caminhos extremamente distintos. Ele nem consegue responder de imediato, fica olhando para Mary, confuso. Ela pega a garrafa de vidro que preparou e com um isqueiro, acende um molotov, e antes de deixar Ethan naquele local seguro, olha para ele:

- M-Mary... E-espera. – Ele tenta dizer.

- A escolha é sua, Ethan. – E após isso, a assassina parte daquele depósito para enfrentar os ghouls, se colocando no perigo novamente. Enquanto isso, Ethan fica ali, parado, olhando para os lados como se estivesse sem direção.

Mary abre a porta do depósito sem dó e salta de parede em parede para chegar no terraço dos estabelecimentos novamente. Chegando lá, como ela já esperava, era um grupo de doze ghouls vindo para cima dela, na liderança estava Rebecca, a que mais queria vingança contra a albina, duas vezes humilhada na frente de Victor, agora era hora da revanche.

Ela parte para cima da assassina com suas garras em prontidão, mas tentando prever qual seria o próximo ataque de Mary. O que Rebecca não esperava era que a albina estava segurando algo atrás de si, Mary se joga para trás e arremessa a garrafa de molotov, quebrando-a na face da canibal, fazendo-a cair no chão e agonizar enquanto seu rosto ardia em chamas.

Victor então é o próximo a atacar, e por ver sua amada com o rosto em carne viva por estar pegando fogo, ele, na pura ferocidade, salta com tudo para cima de Mary na intenção de socá-la. A albina, no entanto, no momento certo, antes do punho de Victor chegar até ela, pega impulso e dá um chute de baixo para cima no queixo dele, quebrando sua mandíbula e fazendo-o rodar e cair no chão quase inconsciente.

Lembrando de um fator, e vendo que mais ghouls se aproximavam, Mary utiliza seu poder e sua katana sai voando de onde estava, no lugar onde cortou Victor, e começa a girar no ar rapidamente, e quando uma das canibais se prepara para soltar seu grito, a espada de Mary passa e decapita ela corretamente na nuca. A albina aproveita disso para tentar controlar minimamente a trajetória da katana, porém o máximo que ela consegue é cortar de raspão o pescoço de um e o braço de outro.

Mary salta novamente e agarra sua katana em pleno ar, em seguida dá um mortal para trás enquanto guardava-a na bainha, tudo para quando aterrissasse, ela apertasse o gatilho nela e sacasse ainda mais rapidamente a espada, cortando na diagonal e dividindo em dois um dos ghouls machos que se aproximou.

Após isso ela desvia do golpe de outro que veio logo atrás inclinando seu corpo para trás, e na sequência, aproveitando que sua katana já estava posicionada, emenda não apenas um, mas vários cortes simultâneos, rápidos e limpos, dignos de uma verdadeira samurai. Por alguma razão, cada corte que ela dava, o ghoul parecia com mais dificuldade de acompanhar e se regenerar, e ela ainda por cima mira em regiões importantes como os tendões para não permitir que ele se mova, ou regiões frágeis como entre as costelas, fazendo-o ter dificuldade de acompanhar o ritmo.

Mary desvia de um soco potente do canibal, e nessa jogada de lado, ela realiza um corte preciso, bem no cotovelo dele, decepando seu braço, em seguida disso, ela pressiona seu pé no chão para não perder base e tenta realizar um corte na direção do pescoço daquele ghoul. Porém, para o azar dela, Rebecca surgiu rapidamente ali, ainda regenerando sua pele chamuscada, e se joga na direção da albina, derrubando-a junto para trás e fazendo Mary largar a katana.

As duas rebatem no chão e então, para parar, a albina segura com sua mão direita no chão, fincando os dedos no concreto, permitindo-a girar um pouco para jogar e afastar Rebecca de si. Aproveitando disso, a canibal corre para o lado e junto das quatro ghouls fêmeas restantes, se posicionam em construções ao redor do terraço que Mary estava. Vários pontos seguros e que proporcionariam uma redoma de gritos, e no local que a albina estava, seis ghouls machos, com força bruta o suficiente para destruir um prédio em minutos.

Todos os canibais presentes sorriam, os braços e pernas dos rapazes começavam a ficar com as veias saltadas e seus olhos de cor enegrecida. Enquanto os pescoços das moças ficavam do mesmo jeito e os olhos avermelhados. Mary estava encurralada.

A albina faz sua espada voltar para si, e ela analisa a situação em uma pose que parecia demonstrar decepção. Como ela, a tal Assassina de Heróis, aquela temida por singulares muito mais poderosos que ela, alguém que deixava um rastro de cadáveres por onde passava, não apenas matou vários singulares, como massacrou um grupo inteiro de assassinos, e agora ela estava ali, cercada por canibais esfomeados, que se parasse para analisar, não eram grande coisa perto do que ela já enfrentou, mas mesmo assim parecia estar sem escapatória. O que aconteceu para ela chegar nesse ponto? Era só o que ela se perguntava.

- Mary... Droga eu não sei como te tirar dessa. – Mike contacta Mary, mas infelizmente acabou não sendo uma ajuda muito útil.

- Mike... Se algo acontecer comigo, então guie o Ethan pra um local seguro, é meu único pedido. – Ela responde.

- Quê? Não fala assim, Mary. Hum? O que é isso? – Mike se indaga de uma coisa que estava vendo no mapa.

Mary então fecha seus olhos e se prepara para ficar surda para poder enfrentar aqueles ghouls. Porém, antes dela aceitar esse fator, de que ela não estava mais tão forte quanto a alguns anos, o que todos ouvem é um som de tiro, sangue sendo espalhado pelo ar e um corpo de uma ghoul fêmea caindo e direção ao chão. Assim que todos se viraram para ver o que tinha acontecido, viram um garoto de cabelos loiros com uma pistola em mãos, um olhar pouco nervoso, mas também sério, Ethan havia tomado sua decisão.