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Assassino de Heróis

Singulares, são assim chamados as pessoas com habilidades especiais, e graças a elas, o planeta foi sendo destruído a um ponto irreversível. Agora o mundo é controlado por pequenos grupos de singulares, e dentre eles está o mais poderoso que já existiu: os Heróis. Neste mundo, ter uma habilidade poderosa é sobreviver e prevalecer, o que não é o caso de Mary, que possui um poder considerado inútil pela maioria. Mas nada disso importa mais, pois após ver sua família ser morta pelos Heróis, ela irá até o fim para destruir esse grupo e se vingar. Se seu poder não é o suficiente para fazer os singulares a temerem, então ela fará isso com as próprias mãos. Muitos a conhecem pelo título de: Assassina de Heróis.

Elyuity · Urban
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27 Chs

Capítulo 16 - Talvez respostas

Com a faca já retirada de seu crânio, a ghoul ainda estava desacordada, porém sua regeneração já estava consertando seu cérebro e cabeça, assim como seus cabelos. Era madrugada, cerca de duas da manhã, os quatro estavam sentados ao redor da ghoul, esperando-a acordar. Lucy e David estavam bocejando já de sono, Ethan estava se esforçando mesmo para se manter acordado, Mary era a única que não aparentava querer dormir, porém as vezes seus olhos fechavam por pouco mais de um segundo antes de se abrirem novamente.

Mary saca da mochila duas barras de cereais e dá uma para Ethan comer, o que ele faz com um pouco de dificuldade. Lucy bebia de uma pequena bolsa plastificada, sangue animal, tomando cuidado para não deixar cair no chão. Enquanto David tomava uma bebida com vapor saindo da garrafa. Ethan fica curioso e pergunta para o singular gélido.

- David... O que é isso?

- Hm? Ah, é só um suco com gelo seco, dá uma bela ajuda para eu me animar... – Ele diz enquanto bebe um gole.

- Gelo seco...? O-o o que é isso? – Ethan questiona, confuso.

- Nunca ouviu sequer falar disso? – David retorna a pergunta, chocado.

- N-não. – Ele diz. Nesse mesmo instante, os três olham para Mary, que estava se preparando para morder a barra de cereal, ela nota os olhares e para o que estava fazendo.

- Que foi? – Ela pergunta, provavelmente estava perdida em pensamentos antes. Após isso, os três param de olhar para Mary e voltam a comer.

Após um tempo que já tinham se alimentado, o quarteto agora esperava a ghoul acordar.

- Ah, que inveja dessa regeneração... Ela nem precisa se esforçar. – Lucy dizia enquanto rodava uma pequena bolha de sangue ao redor de David. O rapaz não tem muita reação, mas ele, de surpresa, encosta seu dedo, que estava congelado, no pescoço da ruiva, fazendo-a se arrepiar toda.

- Que informações você acha que os ghouls podem ter? Eles não parecem ser o tipo de grupo que tem ou que sabe guardar segredos. – David pergunta para Mary, enquanto novamente fazia uma névoa gélida dentro do local para conter o cheiro da ghoul e não serem localizados.

- Além de quem é "Carniçal", também será bom entender sobre aqueles ghouls mortos se movendo. – Mary responde.

- E aquele ferimento em formato de... esfera? – Ethan pergunta para sua mestra.

- Ah... Aquilo sem dúvida é de um singular dos Heróis. – Mary responde com um certo rancor na voz.

- Já viu algo assim antes? – David pergunta.

- ... Já, mas eu não tinha certeza na hora. – A albina responde olhando para baixo.

- Sério, a gente não pode dormir? A gente gastou bastante energia. Você não tá cansada, Mary? O Ethan tá. – Lucy diz para a moça em sua frente. Ethan estava sempre chacoalhando de leve sua cabeça para não dormir.

- Eu estou bem... Ethan, descanse depois também. – Mary puxa um pouco a bochecha do garoto, que fica mais alerta, mas ainda com sono.

- Tá...

- Não podemos descansar ainda, esse é o melhor horário para isso. – Mary diz ajeitando sua posição.

- Tem certeza? Eles aparentam ser preferencialmente noturnos, podíamos pegar um deles pela manhã. – David responde enquanto ficava se distraindo fazendo algumas esculturas bem pequenas de gelo, uma delas era de Lucy. A ruiva olha para a brincadeira de seu namorado e a analisa. – Se bem que... de manhã eles provavelmente vão estar bem juntos para garantirem o descanso...

- Eu não sou tão gorda assim. – Ela diz apontando para uma região especifica da escultura.

- Eu não te fiz gorda. – David responde, confuso.

- Ah não? Então o que é isso? – Ela continua apontando para a região especifica.

- É como eu te vejo, querida. – David diz, num tom sarcástico.

- Gorda? – Lucy perguntava, indignada.

- Você não tá gorda. – Ele revida, revirando os olhos.

Mary olhava os dois e, apesar de considerar a situação um pouco infantil e querer voltar ao assunto das informações, ela consegue ver uma graça naquilo, deixando acontecer, porém sua expressão continuava neutra, pois fazia muito tempo que ela não expressava nada além de seriedade e raiva.

- Mary, diz pra Lucy que ela não tá gorda e que eu não a vejo assim. – David diz, tentando evitar da ruiva pegar a escultura que fez.

- Minhas mãos estão limpas nesse assunto. – Mary diz, levantando um pouco as mãos em sinal de rendição, e em seguida ela cruza os braços. – Discutam sua relação à vontade, mas não façam tanto barulho.

- Eu sabia, você me acha insuficiente. – Lucy fingia um drama para David, que só olhava para o céu e acariciava a cabeça da namorada com uma expressão de alguém que já passou por aquela situação várias vezes.

- Ethan. – Mary diz para o menino ao seu lado, que estava quase pegando no sono. A albina então, para o acordar, cutuca-o de leve na costela, e Ethan quase salta de susto.

- Ai... Sim? – Ele diz após se acalmar.

- Essa ghoul foi a mesma que te atacou há poucos dias, né? Você parecia saber algo sobre ela... Isso está certo? – Mary, mesmo que indiretamente, pressiona o menino a pensar sobre o assunto. O casal inclusive para de fazer brincadeiras e olha para a albina e o menino.

- Ah... Ela... Parecia alguém que eu tinha conhecido... E... a voz parecia da menina que tentaram me fazer casar uma vez... – Ethan tentava se lembrar dos detalhes, pois estava com sono.

- Hm, e o nome dessa menina? – Mary pergunta, já imaginando a resposta.

- Rebecca... Eu acho. – Ele diz esfregando os olhos.

- Certo, agora tenho mais perguntas. Ethan, essa na sua frente, - Mary aponta para a ghoul desacordada. – é a Rebecca.

- ... – Ethan estava até agora quase dormindo, mas, após ouvir isso vindo de Mary, ele fica assustado e em choque praticamente, enquanto David e Lucy só ficam confusos.

- Uou uou, calma, eu já estava curioso de por que alguém faria a filha casar com alguém atualmente, e agora você tá dizendo que essa ghoul aqui é alguém que o Ethan meio que conhecia? – David interrompe, provavelmente mais confuso que Ethan e Mary.

- Sim. – Mary responde, calma como sempre.

- Então... Isso comprova que os ghouls passam seus poderes, mas provavelmente deve ser somente aquele tal de "Carniçal". - David responde, um pouco apreensivo agora.

- Ele deve ser o original, senão eu também já teria virado. Mas então... Onde ele estaria? Por que não nos atacou ainda? – Mary se questionava, suas teorias não paravam.

- Considerando que esse "Carniçal" seria o original, então possivelmente ele seria o mais forte, será que ele tem aquele grito das fêmeas também? – Lucy adiciona mais uma dúvida.

- Outra coisa, se essa ghoul é alguém que Ethan já conhecia, por que ela não o reconheceu ou falou algo a respeito quando atacou há alguns dias? – Mary pergunta, colocando a mão no queixo e olhando para o chão.

- Será que... A transformação afeta a memória? – Lucy diz, e todos os olhares viram para ela. – Digo... Quando se tornam ghouls, essas pessoas esquecem de quem eram antes?

- Para isso... Vamos ter que testar. Ethan, assim que a Rebecca acordar, use sua anulação nela, veja se é possível reverter a transformação. – Mary diz, olhando para o menino, que acena positivamente, agora compreendendo melhor a situação.

E não demorou muito, pois assim que Mary acabou de falar todos ouviram barulhos de correntes se mexendo, a ghoul acordou e já estava furiosa, grunhindo, mas não conseguindo gritar por causa do concreto na boca, seus olhos já estavam vermelhos e suas garras à mostra. Ela olha para Mary com uma expressão de puro ódio, tentando se soltar, mas não conseguindo, pois a albina conseguiu amarrar aquelas correntes de maneira quase impossível de se libertar.

- Ok... Fiquem prontos. – Lucy diz meio que no susto e se levanta, cortando seu dedo com a unha e fazendo uma bala de sangue, apontando-a para Rebecca.

David ativa seu poder e seus braços ficam pálidos com o gelo. Mary saca sua katana e agacha, ficando mais perto da altura do rosto da ghoul deitada e colocando a lâmina bem próxima da nuca dela. A albina então diz em um tom frio e calmo.

- Grite, e você morre. – Mary diz. Quando Rebecca escutou isso, sentiu uma aura de intimidação enorme, como se estivesse olhando para uma ceifadora com uma carga de mortes alta nas costas, maior do que qualquer canibal esfomeado. Assim que sentiu que a ghoul estava mais calada, ela retira o pedaço de concreto da boca de Rebecca, que só grunhe de medo, mas tentando intimidar de volta.

Ethan aproveita isso tudo para chegar por trás devagar e encostar a mão na canibal, que ao sentir o toque em suas costas, vira seu rosto na hora, exibindo suas presas para Ethan, tentando assustá-lo. O garoto vira o rosto por causa do susto, mas continua encostando nela.

Com isso, passa-se menos de um segundo e a ghoul sente algo que tira a atenção dela, ela começa a sentir fortes dores de cabeça e grita algumas vezes, porém sem ser o grito sônico, apenas de dor. Os olhos dela vão voltando à sua cor natural, suas garras vão retraindo assim como seus dentes. Enquanto isso, Mary a deixava ajoelhada enquanto a segurava, o que não era difícil.

Rebecca então inclina seu rosto para trás e parece desmaiar, seu corpo fica mole e ela apaga.

- Funcionou? – David pergunta, tentando ver o rosto da ghoul enquanto ficava atrás de Ethan.

Os quatro escutam alguns grunhidos, como se alguém estivesse gemendo de dor e cansaço, Rebecca vai abrindo seus olhos lentamente até que, ao olhar para frente e sua visão voltar a se focar, ela vê três figuras, duas mais afastadas, uma ruiva e um rapaz de cabelos azuis escuros, e uma bem mais perto dela, com a mão apoiada em seu joelho e com os cabelos loiros.

Assim que sua visão se foca, Rebecca se assusta e tenta se jogar para trás, mas percebe que estava acorrentada nas pernas e braços, e também estava sendo segurada pelos ombros. Ela tenta gritar no desespero, porém, antes disso acontecer, uma mão vem por trás e cobre sua boca na hora, e, logo em seguida, uma faca fica com a lâmina encostada em seu pescoço. Rebecca tenta gritar de novo, porém escuta uma voz feminina vindo de trás, e o tom dela faz a garota sentir um frio na espinha como nunca havia sentido antes.

- Não grite, ou vai ser seu último suspiro. – Mary diz baixinho para ela, que, na hora, para de gritar e começa a lacrimejar.

Ethan não sabia bem o que fazer na hora. Aquela era a menina que há dois anos o tinha rejeitado, não queria que ele fosse seu pretendente. Mesmo que no começo ela fosse amigável e gentil, logo ela começou a dizer que ele não servia e que não tinha atitude. Várias vezes Ethan a viu correndo chorando, mas não tinha coragem de perguntar. No fundo, o menino tinha um pouco de raiva dela, mas nem de longe desejou o mal para ela. Vê-la naquela situação de desespero o deixava com um nó na garganta.

Mary sente que a garota decidiu ficar calada e aos poucos retira a mão da boca dela. Rebecca ainda lacrimejava, não estava entendendo nada daquela situação, apenas seguindo por causa do aviso recebido. Ela olha para Mary e vê a figura da assassina, que já lhe causava medo por uma simples olhada e, ao olhar para frente e ver Ethan, ela tem uma sensação familiar, como se tivesse visto aquele rosto.

- ... Rebecca, lembra-se de mim? – Ethan pergunta, calmamente. A garota fica confusa com a pergunta, ela pisca e chacoalha levemente a cabeça para ter certeza do que estava olhando. O menino fica um pouco envergonhado por estar tão perto do rosto de alguém da idade dele, mas aguenta.

A menina, ainda muito assustada, começa a tentar analisar o rosto do garoto. Era realmente familiar, porém bem diferente do que Rebecca tinha de lembrança, aquele menino baixinho, franzino e com a expressão sempre cabisbaixa agora estava mais alto, mais forte e com mais vida em seu olhar, apesar de agora ter olheiras mais evidentes.

- E-Ethan? – Ela diz com a voz tremendo. O garoto apenas acena positivamente. – É-é você mesmo? O-onde estamos, que lugar é esse?

Rebecca parecia totalmente perdida, Mary, David e Lucy se olham e concluem apenas no olhar uma das hipóteses.

- Você... Não lembra? – Ethan pergunta.

- Lembrar do que...? Ethan, quem são essas pessoas...? – Ela olha em volta e sua expressão de assustada não sumia.

- ... Qual foi a última coisa de que você se lembra? – Ethan segura nos ombros dela, tentando passar um olhar de confiança.

- Quê? Ethan... Você tá diferente... Como mudou tão rápido? – Rebecca questiona o menino.

- Rápido...? – Ele fica confuso, tentando assimilar os pontos, até que ele se dá conta e tenta perguntar para a garota. – Eu tinha acabado de sair da sua casa, né?

- Hã? Ah... Então é por isso, me desculpa, é que eu... Só queria sair daquela casa, eu odeio meus pais. – A garota dizia entristecida.

Ethan olha para Mary e faz com linguagem de sinais a seguinte frase: "Isso ocorreu há mais de dois anos."

- R-Rebecca, me escuta, não é por causa disso que você tá aqui. O que você lembra depois de eu sair de casa? - Ethan tenta pressioná-la, colocando as mãos em seus ombros. A garota fica envergonhada e começa a gaguejar, tentando se lembrar.

- É-é-é-é... D-d-d-Depois que você foi embora... Eu lembro da janela quebrando e eu caí e... Agora acordei. – Ela diz com um olhar muito confuso.

Mary então começa a fazer alguns sinais de mão para Ethan, dizendo: "Basta, largue ela, Ethan."

- M-mas... – Ele tenta pedir mais um tempo com Rebecca, mas sua mestra continua: "Foque na missão. Será melhor se ela não saber do que fez." O menino fica cabisbaixo, enquanto a garota fica apenas confusa. Ele então tira a mão do joelho de Rebecca e enquanto os dez segundos se passavam, Ethan diz para seu primeiro amor, agora já sem esperança. – Eu tive raiva por um tempo de você, Rebecca, me desculpa, eu não sabia o que você realmente queria. Se eu pudesse, teria te ajudado... – Ele fala um pouco rápido, com um certo tom de tristeza na voz e, após isso, o menino se levanta e se afasta dela.

- E-ethan? – Rebecca pergunta, totalmente confusa, até que os dez segundos se passam e a garota novamente sente as dores de cabeça e começa a se contorcer, ela tenta gritar, porém Mary tampa sua boca com a mão até que ela volta a ser uma ghoul. Mary solta a boca da canibal e ela, ofegante, olha, confusa. – O que vocês fizeram? Se querem morrer rápido, é só dizer, eu arranco a cabeça de vocês quatro com prazer.

- Ainda não acabamos. – Mary diz atrás dela, colocando a lâmina da katana mirada para a nuca da ghoul. – Fale, quem é o Carniçal, onde ele está?

- He... Heheh... Ele vai acabar com vocês, aquela vila toda vai ser parte da família logo logo... – Rebecca diz, inclinando seu pescoço para cima e olhando para Mary, não demonstrando nenhum medo diante da albina. Na verdade, estava sorrindo, e Mary não entendia o porquê.

Foi aí que Ethan e Mary se deram conta. Os dois começaram a sentir várias energias se aproximando a uma alta velocidade e de diferentes direções. A albina estava para fincar a katana na nuca de Rebecca, porém aquele momento de distração de Mary, em que ela ficou assustada por causa das energias de singulares se aproximando, deu tempo o suficiente para a ghoul preencher seus pulmões e usar seu grito, desnorteando os quatro ali naquele cômodo, fazendo Mary largar a katana para cobrir seus ouvidos e, de quebra, usar como se fosse um chamado de socorro para sua família de canibais.