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Assassino de Heróis

Singulares, são assim chamados as pessoas com habilidades especiais, e graças a elas, o planeta foi sendo destruído a um ponto irreversível. Agora o mundo é controlado por pequenos grupos de singulares, e dentre eles está o mais poderoso que já existiu: os Heróis. Neste mundo, ter uma habilidade poderosa é sobreviver e prevalecer, o que não é o caso de Mary, que possui um poder considerado inútil pela maioria. Mas nada disso importa mais, pois após ver sua família ser morta pelos Heróis, ela irá até o fim para destruir esse grupo e se vingar. Se seu poder não é o suficiente para fazer os singulares a temerem, então ela fará isso com as próprias mãos. Muitos a conhecem pelo título de: Assassina de Heróis.

Elyuity · Urban
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27 Chs

Capítulo 12 - Prisão

- Mary, David, Lucy! – Mike tentava falar com eles mentalmente por meio da ligação espiritual, mas nenhum dos três respondia. Bruno não estava mais junto de Mike, pois havia coisas a fazer no vilarejo. – Droga... Mais uma se foi, isso tá ficando pior. Bruno – Ele chama pelo líder mentalmente. –, precisamos de uma ajuda aqui.

- O que houve? – Bruno estava ajudando na reconstrução de uma casa no vilarejo.

- Claire também agora. – Mike responde, o que deixa o singular demoníaco em choque por alguns segundos, até suspirar e colocar a mão na testa enquanto andava e pensava.

- Droga... Eu já estou indo. – Ele responde e então avisa aos habitantes que tinha que resolver outra questão e que já voltava. Bruno então vai na direção da casa de Mike, colocando a mão no rosto e respirando fundo, tentando se aliviar. Apesar de seu olhar cansado, ele não para e continua em frente.

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Enquanto isso, nas ruínas em que estavam os membros restantes do grupo enviado atrás dos Ghouls, no local em que o corpo de Claire estava estirado no chão, algumas figuras aterrissam ao lado dela e olham em volta. Eram duas silhuetas masculinas, esses dessa vez nem pareciam se importar com estilo, pois utilizavam roupas rasgadas, não utilizavam calçados e aparentemente eram atléticos no pouco que se podia reparar, além do corte de cabelo parecido, liso e castanho escuro.

- Onde eles estão? – O rapaz da esquerda dizia, enquanto tentava farejar algo ou escutar.

- Eu podia jurar que eles tinham sido esmagados. – O da direita responde.

- Já retiramos e não tinha nada embaixo daqueles destroços, como que você conseguiu errar algo daquele tamanho, Leon?

- Pra terem escapado, eles devem estar do lado dos Heróis, mas o que vamos fazer? A Rebeca e o Victor, já foram presunçosos e atacaram a vila adiante porque estavam com fome. Eles já devem saber de nós. – Leon responde pegando o corpo de Claire pelo braço e o arrastando para dentro do prédio.

- Esses merdinhas dos Heróis, só três deles foram capazes de acabar com vários de nós, vão ver só quando o Carniçal transformar toda aquela vila em Ghouls. – Henri, o rapaz da esquerda, diz enquanto seguia Leon.

Porém, quando escuta um barulho de pedra caindo, vindo das laterais do prédio, ele para, olha em volta e suas unhas e dentes se armam lentamente, mas após um tempo analisando, ele não sente cheiro nem escuta mais nada, então por isso ele abaixa a guarda e seus olhos deixam de ficar totalmente negros e voltam à coloração normal, como se seu modo de caça tivesse sido desativado, e enfim Henri adentra no prédio.

Sentindo que a barra estava limpa, Mary e Ethan são vistos na lateral esquerda do prédio. A albina estava tampando a boca do menino, que ainda lacrimejava e tinha um olhar muito assustado. Estava tentando controlar sua própria respiração para não suar muito. Quanto a Mary, não demonstrava tanto nervosismo, pois já sabia como controlar suas emoções e respiração para não chamar a atenção de singulares mais atentos.

David e Lucy estavam na lateral oposta à dupla, o rapaz cobrindo a ruiva com seu corpo, pois sabia que ela, por ser uma singular de sangue, tinha emoções que eram muito mais sensíveis e suscetíveis a mudanças rápidas, então, dessa forma, David pôde mantê-la fria o suficiente para não se agitar tanto.

Mary fecha os olhos e tenta sentir a energia dos Ghouls dentro do prédio. Eles já estavam em andares superiores, então a albina levanta a mão e faz um gesto para David ver. Os quatro saem da cobertura e correm na direção oposta ao prédio, escondendo-se atrás dos escombros em que deixaram seus veículos, enfim parando para descansar enquanto Mary olhava de canto para garantir que ninguém os seguiu.

- Já está claro, vamos embora daqui, não temos chance. – Lucy dizia enquanto acalmava seus nervos.

- Na verdade... Parando para pensar melhor, se formos embora, eles irão nos seguir, você viu o quão rápidos eles são, vão chegar na vila antes de nós. – Mary responde, se escondendo novamente nos escombros.

- E você quer virar janta? Eu não. – Lucy rebate.

- Pessoal, respondam. – Bruno dizia mentalmente para os quatro ali com a ajuda de Mike. Com a mão apoiada no ombro do rapaz, o líder conseguia acessar parte do poder dele.

- Bruno, estamos aqui. – David responde mentalmente.

- Me diga a situação, seja breve.

- Claire e Daniel abatidos, e são muitos Ghouls, não vamos ter chance contra isso. – O singular gélido explica.

- Ei, ei, calma, já esqueceram que eles são extremamente rápidos? Se tentarmos fugir eles vão nos alcançar e pior, vão chegar à vila. – Mary repete para David e Bruno escutarem.

- E daí? Lá a gente vai ter mais ajuda. – Lucy responde.

- E daí? Você viu que eles se regeneram, e não sabemos como matá-los definitivamente, não podemos lutar para sempre. – Mary se vira para a ruiva e a confronta.

- Eu explodi um e ele parou de se mover, o David congelou aquele atrás de você e também parou, qual sua justificativa agora? – Lucy estava ficando brava nesse ponto.

- Esses já estavam mortos... – Ethan quem diz desta vez, olhando para a ruiva um pouco tímido, com a franja escondendo um de seus olhos.

- O quê? – Lucy, David, Bruno e Mike questionam ao mesmo tempo.

- Como assim, Ethan? – O líder dos Cicatrizes questiona em tom calmo, porém nervoso.

- Os... Ghouls que estão no chão aqui, já estavam mortos, pois eles estavam... Agindo diferente daqueles que eu vi na vila. – Ethan responde, tirando um pouco da timidez.

- E mais, os Ghouls no prédio são cerca de trinta ou mais, não é? Por que eles não vieram atrás de nós quando ouviram toda a gritaria e barulho do combate? Porque algum deles viu o companheiro já morto se movendo, e ficou apreensivo. – Mary aponta a katana para o prédio e logo depois a abaixa. – Tem algo muito mais suspeito acontecendo.

- Mais motivos ainda para sairmos daqui! – Lucy já se preparava para levantar e se mandar.

- Eu tive uma ideia, Bruno. – Mary diz enquanto olhava os arredores.

- Vamos ouvir. – Enfim ele teve uma brecha para falar.

- Ethan, lembra o quão alto os Ghouls conseguiam saltar? – Ela pergunta para o garoto.

- Cinco metros...? – Ethan coçava a cabeça.

- David, até que altura você consegue criar uma parede de gelo? – Ela se vira para o singular gélido, que a olha confuso.

- Ah... Uns dez, talvez quinze se eu me esforçar. Você não tá querendo que eu- - Antes de dar seu palpite, a albina respondeu para Bruno e todos ali.

- Bruno, essa cidade que estão concentrados esses Ghouls é cercada por muralhas com mais de dez metros, David pode fazer uma parede de gelo na entrada dela, de onde viemos e impedir a fuga deles. O prédio que tem o maior número está no meio da cidade quase, não tem como eles saltarem por cima das muralhas. – Mary diz com uma calmaria que até assusta Lucy, que fala, histérica:

- Como é que é?! – Ela força Mary a olhá-la, a ruiva estava com um olhar indignado, enquanto a albina mantinha a expressão neutra. – Você pirou, Mary? Ficar preso com o inimigo?

- Não confia nas próprias habilidades? – A albina pergunta.

- Não é isso. Tá querendo fazer mais sacrifícios? – Lucy se esforçava para não gritar.

- Sacrifício mesmo seria se deixássemos eles fugirem por aquela entrada – Mary aponta para a entrada da cidade em ruínas de onde vieram. – E deixasse que eles invadissem a cidade para daí matá-los. O saldo de mortes é bem maior daí.

- Então vamos só fechar a entrada, daí eles vão ficar presos aqui. – Lucy tentava contornar a discussão.

- Do outro lado da cidade tem outra entrada, provavelmente por onde eles chegaram. Eles querem carne, e somos feitos de carne. Se não tiver carne, eles vão dar um jeito de voltar por onde entraram, cruzar o deserto e, quando chegarem na vila, ela estará condenada. Você sabe que o Bruno só consegue enfrentar uma pessoa com aquele poder, né? – Mary questiona Lucy ao ponto de a ruiva sequer saber o que responder.

- Eu ainda estou ouvindo. – Bruno diz para o grupo.

- Foi mal. – Mary responde.

- Mas... então - Antes de falar algo, Lucy foi interrompida por David se levantando e indo na direção da entrada da cidade, que não estava longe de onde eles estavam. – D-david?

- Bruno, eu vou fazer a muralha.

- Tem certeza, David? – O líder pergunta.

- Ah, mas você tá de brincadeira... – Lucy responde indignada, acenando negativamente e jogando as mãos para o ar, dizendo, num tom de decepção e aceitação, que perdeu. – Tá bom então, vamos com a ideia da Mary.

- Obrigado pelo incentivo, querida. – David diz num tom debochado pelo comunicador. – Meu irmão faria a mesma coisa, eu não vou sacrificar centenas por causa do meu egoísmo.

- Ele estaria orgulhoso de você, David. – Bruno responde com um sorriso sutil.

Lucy cruza os braços e vira a cara, Mary volta a observar o prédio para garantir a segurança, e Ethan fica curioso sobre como David faria aquilo. O singular gélido chega na entrada da cidade e se concentra, suas pupilas começam a brilhar na cor azulada e seus braços ficam pálidos, chegando a ficar azuis e até a sair vapor gelado de tão frios que estavam, e então David, num rápido movimento, ajoelha-se e coloca as mãos no chão.

O gelo que ele libera percorre toda a área da entrada, e assim que feito o necessário, David respira fundo e levanta as mãos rapidamente, criando uma grossa parede de gelo, que cobre toda a entrada daquela muralha. Ethan fica impressionado e até fica com um brilho no olhar pela ação de David.

Como também já era esperado, Mary conseguiu notar que, em uma das janelas do prédio em que os Ghouls estavam, havia um observando tudo, mas agora já não estava mais visível.

- E agora? – Ethan pergunta para Mary, que era a única de pé. A moça observa por mais um tempo o prédio, pensando no que deveria fazer.

- Lembrem-se vocês quatro. – Bruno chama todos. – Esta é uma missão e vocês são uma equipe, é hora de confiar em seus companheiros na hora de lutar, e saibam decidir como um time. Não vai ser toda hora que eu ou o Mike vamos estar disponíveis, então tomem cuidado. Façam de tudo para matar os Ghouls e sair vivos, são eles ou nossa vila.

- Entendido. – Mary confirma para Bruno. Lucy a olha e, mesmo não querendo admitir, seria melhor aceitar a liderança da albina. A espadachim olha para Ethan e o aproxima mais dela. – Fique sempre perto, entendido?

- Sim, senhora. – O menino responde e fica com as pistolas em mãos, tentando imitar a pose confiante de sua mestra.

David retorna após criar a barreira de gelo e percebe que Lucy estava de cara amarrada e braços cruzados. Ele aproxima-se de sua companheira e arruma os cabelos dela.

- Eu também não gosto da situação, mas a gente vai dar conta. Quer deixar a Mary como líder? – David pergunta, um pouco receoso.

- É o melhor, né? – Lucy responde, como se já tivesse aceitado, virando o olhar e cruzando os braços. – Só não acaba com um buraco no peito, por favor? Agradeço desde já. Qual o plano, Mary? Eu cuido da regeneração de vocês, mas não se atirem no meio de fogo cruzado.

- Hmmm... Então já irei falar isso para vocês. Isso é só um chute que estou dando pelo que observei, mas parece que iremos ficar uns dias no mínimo por aqui. – Mary diz, como se não fosse nada demais.

- Então... Vamos ter que aguentar essa cidade isolada junto de canibais... Ok, ótimo, já estamos no meio do caminho, então vamos, né? – David dizia enquanto encolhia os ombros e olhava para Lucy, como se ela tivesse a solução para seus problemas.

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Enquanto isso, no prédio onde os canibais se encontravam, além de Leon e Henri, ainda tinham algumas mulheres Ghouls, todos em volta de Victor e Rebecca, os que haviam atacado a vila dos Cicatrizes e depois fugiram. A garota Ghoul estava com o rosto virado, como se estivesse farta de ouvir reclamações por parte dos que estavam em volta dela. Victor tentava se explicar.

- Beleza, Victor, você foi proteger ela. Primeiro que ela não precisa de proteção, segundo que, indo vocês dois, aí sim comprometeu nossa posição. – Dizia uma moça Ghoul, de roupas rasgadas e um porte físico mais musculoso, com um cabelo curto e raspado num dos lados, de cor vinho.

- Mas me explica, Kelly, o que eu devia fazer? Ela quase foi morta por causa de uma singular. Somos Ghouls, é instinto procurar por carne humana. E além do mais, somos da mesma espécie, precisamos nos ajudar. – Victor tenta defender Rebecca.

- É, mas se não sabe nem controlar o melhor horário pra atacar, então pode pelo menos não foder nossos planos? Sabe a singular que quase matou a Rebecca? Exatamente, ela tá aqui nas redondezas agora, e não dá para sair, eles bloquearam a entrada. Meus parabéns por querer ajudar. – Diz Henri, com uma expressão de raiva, dando as costas e saindo andando e deixando Victor cabisbaixo.

- Se controla, você acha que é uma humana pra fugir da casa dos pais porque está bravinha? Pois não é. – Kelly diz de maneira seca para Rebecca, que se vira de costas e, além de cabisbaixa, fica entristecida.

- Rebecca... Eu... – Victor tenta colocar a mão no ombro da Ghoul, mas ela sai andando enquanto secava suas lágrimas, deixando o garoto decepcionado consigo mesmo. Ele então desconta sua raiva, batendo na parede logo ao seu lado e fazendo um pequeno rachado nela, porém não afetando nada sua mão.