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a montanha encantada { concluded }

Durante mais uma temporada de férias na fazenda do Padrinho, as crianças Vera, Lúcia, Cecília, Quico e Oscar se envolvem uma aventura cheia de fantasia e mistério. Eles ficam curiosos sobre uma estranha luz que aparece no cume de uma montanha, que eles chamam de Montanha Encantada, próxima da fazenda, e decidem descobrir o que é. Com a autorização do Padrinho os cincos correm para uma excursão até a montanha. Durante o percurso eles ouvem uma música misteriosa que faz com que fiquem ainda mais curiosos. Ao chegar no topo da montanha eles acidentalmente caem em um buraco que os leva para um mundo desconhecido. Eles avistam uma casa onde moram alguns anões e depois descobrem que na verdade era uma cidade de anões. Neste local tudo é feito de ouro e rubi, inclusive as roupas. Ali eles descobrem o mistério da luz da Montanha Encantada.

9julio9 · Book&Literature
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18 Chs

AS DESPEDIDAS

Os meninos ajudaram a procurar; espiavam embaixo dos tapetes, atrás das almofadas, nas paredes. Nada. Oscar disse:

— O mais fácil é tirar outras pulgas de Pingo e Pipoca; eles devem ter mais.

— Não — disse Filó. — Quero aquelas mesmas, já estava acostumada com elas, até já me conheciam...

E passando a mão pelo braço esquerdo, começou a se coçar. Quico falou:

— A senhora dá licença, princesa? Creio que uma delas está no seu bracinho.

Levantou a manga do vestido dela; lá estava uma das pulgas passeando pelo braço muito branco de Filó. Quando Quico foi prendê-la, a pulga saltou para o pescoço da princesinha. Vera ofereceu-se para auxiliar; umedeceu as pontas dos dedos e tentou pegá-la com cuidado, mas a pulga saltou para a roupa do príncipe. Oscar ofereceu-se:

— Deixem que eu pego; eu sei pegar esses bichinhos...

Umedeceu também os dedos e, "nhoc"!, a pulga foi para o chão. Gritaram: pega! Os cachorros pensaram que era para pegar alguma pessoa e começaram a rosnar, olhando à volta, muito zangados. A pulga voltou para o vestido de Filó e escondeu-se numa das pregas.

Cecília e Lúcia tentaram segurá-la; os anões ficaram com medo dos cachorros e começaram a ameaçá-los com pontapés; foi então que os cachorrinhos zangaram-se de verdade e quiseram morder alguns anões. O barulho estava se formando outra vez, e agora ainda pior.

Nesse momento Cecília disse que tinha visto a pulga numa das pernas da princesa; a criançada avançou para Filó, os cachorros latiram e pensaram que era para pegar a princesinha, que gritava sem parar. Reviraram a princesa de todos os lados e afinal Quico conseguiu pegar a pulga e colocá-la de novo na caixinha de ouro.

Desistiram de procurar as outras duas porque estava muito difícil, mas como Filó queria mais pulgas, as crianças procuraram em Pingo e Pipoca. Caçaram mais duas e deram para a princesa, que agradeceu muito e disse que ia guardá-las como lembrança.

Em seguida tudo se acalmou; os anões foram para suas casas, alguns ainda resmungando e dizendo que, se fossem os príncipes, dariam uma boa lição naqueles meninos levados da breca. Os sinos pararam de tocar e os cachorros, de latir.

Começaram então as despedidas. Cecília perguntou quando poderiam voltar para uma segunda visita; o príncipe coçou a testa e respondeu que, no ano seguinte, os esperaria de novo.

Quico e Oscar foram muito amáveis e ofereceram a fazenda para os príncipes passarem uma temporada; não era muito longe da montanha e eles haviam de gostar. Havia tanta coisa que eles não conheciam, como, por exemplo: automóvel, carroça, bois, gansos...

Lúcia acrescentou:

— E coisas de comer, então? Leite, carne assada, salada de alface...

Cecília lembrou-se:

— Chocolate, café, leitão assado...

Vera disse, com olhos arregalados:

— E sorvete, então? Sorvete de creme, de abacaxi... de coco...

Todos ficaram com água na boca de vontade de tomar sorvete, mas o príncipe e a princesa sacudiram a cabeça, agradecendo muito. Não poderiam jamais deixar aquela cidade; era a cidade deles, a cidade encantada, ã cidade dos anões. Haviam jurado aos seus antepassados nunca deixarem a cidade, pois o mundo lá fora era enganador e perigoso; havia perigos em toda parte, enquanto ali a paz era eterna.

No mundo havia ódio, perigos, guerras horríveis; ah estavam a salvo de todo o mal, eram mais felizes dentro da montanha do que fora dela. Não conheciam muitas coisas lindas que havia no mundo, não comiam mais nada além da carne de garnisé e ovos de garnisé com erva da montanha, mas viviam felizes e isso era o principal. O resto não importava.

O príncipe deu ordem para a partida; Julião apareceu para acompanhá-los até fora da cidade; já estava pronto com uma tocha nas mãos. Oscar e Quico despediram-se em primeiro lugar; agradeceram o tratamento que haviam tido por parte dos anões e ofereceram a casa da fazenda, pois algum dia os príncipes podiam mudar de ideia.

Depois as meninas inclinaram-se para abraçar Filó e agradeceram também; Filo estava comovida, pois tinha gostado muito das crianças. Ela inclinou-se e despediu-se dos cachorrinhos, dando um beijo no focinho de cada um.

Fora do palácio havia um pequeno número de anões que queria despedir-se também; as crianças apertaram as mãos de um por um, agradeceram e partiram acompanhando Julião. Quando estavam quase na esquina, ouviram os gritinhos da princesa chamando-os. Voltaram; ela deu a cada um deles uma pedra preciosa como lembrança da cidade dos anões.

Agradeceram mais uma vez e partiram de novo; foram andando atrás de Julião, viraram uma esquina, depois outra. Os sinos começaram a tocar outra vez anunciando a partida dos estrangeiros; muitas crianças anãs apareceram para assistir.

A meninada foi andando, andando. Deixaram as ruas calçadas de ouro e caminharam sobre pedras. Não havia mais luz, apenas a tocha que Julião levava diante deles. Oscar cochichou:

— Vamos prestar bem atenção no caminho; quem sabe a gente pode voltar sozinho um dia...

— Voltar, hein? Duvido muito — respondeu Vera.

Depois de meia hora de marcha, chegaram a um lugar completamente escuro; Julião apagou a tocha de propósito, resmungou qualquer coisa e parece que apertou uma mola. Ouviram o barulho de uma serra serrando, depois um ronco, depois viram um clarão que não sabiam o que era, mas logo reconheceram o sol.

Ficaram tão atarantados que se esqueceram de se despedir de Julião e agradecer; viram-se deitados numa moita ao lado de grandes pedras; não pareciam as mesmas pedras por onde haviam entrado. Os cachorros latiram, um pouco assustados. Oscar foi o primeiro a se levantar, esfregando as pernas.

— Fomos atirados para fora da cidade, essa é a verdade... Ao menos Julião podia despedir-se da gente...

— Mas não foi por aqui que entramos — observou Cecília. — Foi por outro lugar onde havia árvores mais altas. Onde estaremos?

— No alto da montanha — disse Quico. — Vamos ver se reconhecemos o lugar.

Olharam à volta; estavam num lugar desconhecido e o sol já ia sumindo no horizonte. Vera lembrou:

— Nosso primeiro dever é procurar Padrinho. Onde estará ele?

— Vamos gritar — disse Lúcia.

Todos gritaram ao mesmo tempo: Padrinho! Padrinho!".