1 O desespero

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Abigail estava aguardando seu marido voltar para casa. Era o segundo aniversário de casamento deles. Embora ele não tivesse prometido voltar para casa mais cedo, ela ainda esperava que ele retornasse logo.

Já passava das nove da tarde e ele ainda não havia voltado.

Ela mastigava o interior de sua bochecha e caminhava para cima e para baixo pelo corredor, olhando para a entrada de vez em quando.

'Ele se esqueceu?' ela se perguntou e então olhou para os pratos na mesa de jantar.

Ela preparou seus pratos favoritos, na esperança de surpreendê-lo.

"Uh…" ela suspirou.

Ela não podia esperar mais e decidiu ligar para ele. Assim que pegou o telefone, a porta se abriu e a pessoa tão esperada entrou.

Ela se aproximou dele com um sorriso. "Pensei que você voltaria para casa mais cedo." Sua voz era um pouco chorosa. Seus lábios até formaram um pequeno bico, algo que ninguém notaria se não estivesse prestando atenção.

Christopher tirou o paletó e entregou a ela. "O que te mantém acordada? Já são quase dez horas. Você deveria estar na cama às nove."

Seu tom era gelado. Seu rosto estava vazio de afeto ou anseio, mas Abigail estava acostumada com isso.

Mas naquela noite, ela estava um pouco decepcionada ao ouví-lo falar com ela com indiferença. Era o segundo aniversário de casamento deles. Ela esperava que ele a desejasse.

De manhã também, ele saiu de forma apressada, nem tomando café da manhã. Então retornou tarde, também sem desejá-la.

'Certamente... ele esqueceu.' Pensando assim, ela se consolou.

Ela sorriu e disse, "Eu estive esperando por você."

"Não espere por mim." Ele caminhou para o quarto depois de soltar essas palavras.

Sua expressão caiu ao olhar para as costas rígidas dele. Christopher sequer perguntou se ela já havia comido ou não.

Ele parou ao lado das escadas e olhou para trás em sua direção. "Você tomou seus medicamentos?" ele perguntou, seu tom mais suave do que antes.

"Sim," ela respondeu rapidamente, não satisfeita com ele.

Ele deu um aceno rápido. "Vá dormir. Eu já comi no escritório." Ele subiu para o quarto.

"Huh…" o queixo de Abigail caiu. "Quanto desrespeito?"

Sua decepção logo se transformou em raiva. Ela jogou a comida que preparou com carinho na lata de lixo e colocou os pratos na pia.

"Bobona, Abigail. Você não deveria ter trabalhado tão duro."

Christopher tinha sido frio com ela desde o início. Ele cuidava dela, dava-lhe tudo de que precisava e falava com ela educadamente. Mas quando se tratava de amá-la, ele era apático.

Abigail sabia que ele não a amava. Era um mistério para ela por que ele havia proposto a uma mulher que se recuperava de uma cirurgia de transplante de coração dois anos antes.

Ela nasceu com uma doença cardíaca congênita. Dois anos atrás, seu estado era bastante grave e não havia esperança para ela sobreviver. Sua mãe não tinha dinheiro suficiente para a cirurgia de transplante de coração. Foi o destino que a salvou naquela época. Uma ONG organizou a cirurgia e a salvou.

A coisa mais inesperada que aconteceu foi um jovem bonito e rico se aproximando dela e pedindo-a em casamento.

Ela perguntou a ele por que queria casar com ela. Sua resposta foi mais inacreditável do que sua proposta.

'Jurei cuidar de uma mulher doente pelo resto da minha vida, e você foi a escolhida.'

Embora ela não acreditasse no que ele dizia, não pôde recusar sua proposta. Quem não gostaria de se casar com um homem rico e bonito?

Ela aceitou a proposta.

Foi assim que se casou com Christopher. Tinha sido dois anos e ela ainda não entendia por que ele havia escolhido uma mulher doente dentre tantas mulheres ricas, saudáveis e bonitas no planeta.

Recordando o passado, sua raiva dissipou. Ela entrou no quarto e ouviu o chuveiro ligado. Ela entrou no closet e pegou o pijama dele.

A porta do banheiro se abriu e ele saiu com uma toalha em volta da cintura. Olhando para seu tronco nu e musculoso, ela corou. Ele era tão atraente que ela poderia olhá-lo o dia todo, mas rapidamente desviou o olhar.

Ela pegou uma toalha fresca e se aproximou lentamente dele. "Deixe-me secar seu cabelo."

Ele lançou um olhar para ela, então sentou-se na cama.

Ela sorriu e subiu na cama, então se ajoelhou atrás dele e esfregou o cabelo dele com a toalha.

"Fui fazer um check-up naquele dia," ela disse depois de considerar algo. "O médico disse que está tudo bem. O relatório do ECG está normal."

"Hmm…"

"Então… ahem… Eu estou pensando..." Ela fez uma pausa antes de continuar. "Já fazem dois anos desde que nos casamos. Deveríamos tentar ter um bebê. Minha saúde melhorou. Eu posso conceber agora."

Ele segurou a mão dela e a encarou. Seus olhos profundos pareciam mais frios do que nunca.

Ela engoliu nervosamente. "Você pode falar com o médico, se não acreditar em mim", ela ainda conseguiu reunir coragem para dizer.

"Está tarde. Você deve dormir agora." Ele entrou no armário, levando a toalha e seu pijama consigo.

Ela deixou os ombros caírem, sentindo-se desesperada. Cada célula em seu corpo ansiava pelo toque dele, pelo amor dele. Infelizmente, ele não parecia sentir isso. Ele compartilhava a cama com ela, mas nunca fez amor com ela, exceto na noite em que retornou bêbado.

Naquela noite, ela havia perdido sua virgindade. Sua mente estava marcada com a lembrança daquela noite. Cada momento foi intenso, alucinante e cheio de amor.

Ela desejava reviver aqueles momentos repetidas vezes. Mas esse desejo nunca parecia se realizar.

Christopher nunca mais voltou para casa bêbado desde então, muito menos teve relações sexuais com ela.

Ela se aninhou de lado, puxando a coberta, amaldiçoando-o em voz baixa. Sua saúde não estava boa no início e ela entendeu por que ele evitou ter relações sexuais com ela. No último ano, ela havia melhorado. Não havia mais desconforto. Ela não adoecia com frequência e estava apta a ter um bebê. Quando a indiferença dele cruzou sua mente, ela fez ainda mais beicinho.

Um movimento na cama logo atrás dela a fez enrijecer.

Abigail pensou que ele iria trabalhar. Essa era sua rotina. Foi inesperado que ele viesse para a cama tão cedo.

'Ele mudou de ideia?'ela especulou.

Seu coração de repente começou a acelerar. Frio na barriga.

Ele colocou a mão em seu ombro e a virou em sua direção.

Abigail ficou extasiada. Seu sonho finalmente estava prestes a ser realizado. Ela agarrou a colcha de cama quando percebeu que ele estava olhando para o esterno. Por um momento, ela pensou que ele estava olhando para os seios dela.

Ele abaixou a cabeça e depositou um beijo suave no local onde estava seu coração. Ele murmurou, "Boa noite", como se estivesse falando com seu coração, não com ela. Depois deitou-se de lado, de costas para ela.

Abigail soltou a colcha de cama lentamente, seu entusiasmo desaparecendo. Esta era uma situação com a qual ela estava acostumada. Toda noite, dormindo ou acordada, ele a desejava boa noite dessa maneira. Ela era tola de esperar algo diferente.

Algumas lágrimas escaparam dos cantos de seus olhos enquanto ela olhava para suas costas.

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