1 Chapter - 0 - Significado

— Preciso chegar a tempo!

Uma menina corre pelas ruas de uma cidade… eu me pergunto se ainda posso chamar isso de cidade. Destroços são tudo que restou de todas as construções que um dia estiveram aqui. O silêncio percorre a cidade. Sendo parado apenas por uma enorme barreira de sons que vem do centro.

— Por favor, por favor…

Os sons de luta se aproximam, até que… param. O silêncio mais uma vez toma conta da cidade, lotada do que um dia foram pessoas. Agora apenas centenas de milhares de corpos. Ela finalmente chegou, mas não rápido o suficiente.

— Me desculpe, criança. Uma voz etérea ressoa.

— Eu não pude te ajudar o suficiente. Mesmo depois, de tudo que você fez. Depois de tudo que eu te fiz passar… um Deus sem poder algum, que ironia.

Um grande corpo se posiciona a frente de uma poça de sangue. O gigante olha para baixo, como se olhasse para o corpo de um filho.

— Me mande de volta! — Uma fraca voz, com um único pedido, é disparada do chão.

— Você sabe que eu não pos…

— Eu sei! Sei que você consegue! Não minta para mim, Muhali! — A voz ecoa pelo centro deserto, alcançando o único outro humano ali.

— Essa voz! — A mulher acelera o passo com suas últimas energias.

— De fato, consigo, porém não agora, e não desse jeito; eu não tenho esse poder, não consigo mandar você na totalidade para tão longe no passado. — O gigante mais uma vez rejeita o pedido

— Eu não preciso de tudo, eu não preciso do meu corpo, da minha alma e nem mesmo das minhas memórias!

— Sem suas memórias, o que sobraria de você criança?

As palavras não remetem a expressão de Muhali, palavras que se assemelham a desdém, vêm acompanhando de uma expressão que só remete a tristeza.

— Eu não preciso lembrar! Esse amargor, essa sensação de fraqueza, e… o ódio, só isso, isso é tudo que eu pre… — COUGH* COUGH* Já nos seus últimos suspiros o homem tosse o sangue que lhe entalava a garganta. — MANDE!

— Mesmo que eu o faça garoto, o que lhe garante?! O que te garante que você voltara para cá, que não tomara o mesmo caminho? — O Deus aumenta o tom de voz, convencido a impedir o último pedido do moribundo.

— Confie em mim… uma última vez — A voz fraqueja.

— ESTÁ BEM! Jovem cabeça dura, se é isso que quer, que seja! — Muhali gesticula com a mão, um pequeno brilho sai do corpo do homem ao chão.

— Obriga… — E sua voz cessa.

Um longo tempo passa. Ainda o olhando de cima, ele suspira. — Eu que lhe agradeço criança—

— ESPERE! — Uma voz feminina surge de trás de uma pilha de corpos. O gigante prestes a bater as mãos e realizar o último desejo, para.

— Eu também tenho um pedido!

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