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100 dias para morrer

Uma vida insignificante e uma morte fantástica. Muitas vezes as coisas não acontecem como o esperado, mas Lary Flores nunca desistiu por causa disso, e sofreu até o dia de sua maravilhosa morte.

M4rques · Action
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16 Chs

Perguntas

Dia 2:

'Porra Jhonny!! Não era pra fuder com a cabeça do cara assim não!! E se ele ficar maluco e não conseguir responder as perguntas??'-isso foi a primeira coisa que eu escutei quando acordei, eles estavam sussurrando para não me acordar, mas a tentativa foi em vão, já que meu sono sempre foi muito leve. Nãos conseguia ver nada, e qualquer movimento que tentasse fazer era inútil, eu estava amarrado, nas mãos, nas pernas, cabeça, boca. Eu estava aterrorizado com a situação, mas, ao mesmo tempo, eu senti um estranho conforto na ideia de que esse seria meu último dia na terra.

'Deixa de besteira Bruno, ele não vai ficar maluco por algo tão pequeno assim não. Tudo bem que eu peguei um pouco pesado…'-'UM POUCO?? ELE TÁ SANGRANDO PORRA'-'Mas a gente vai tratar, não tem problema, ele vai responder tudo, a gente aproveita que ele tá aterrorizado para conseguir tirar alguma coisa dele'

Eles queriam me perguntar alguma coisa, eu não entendo por que alguém sequestraria alguém como eu, nunca fiz nada de importante nem notável na vida, não tenho dinheiro, não tenho amigos, achei que pelo menos de sequestros eu estaria seguro.-"Hmm humm uhumm"-Tentei falar com meus sequestradores para entender a situação, mas foi tudo em vão, visto que a corda na minha boca não me deixava falar.

Silêncio. De repente, não conseguia escutar mais nada, apenas o som da minha respiração, aqueles homens não estavam mais falando, mas eu conseguia sentir, sentir os seus olhares, fixados em mim, não tinha como saber se de perto ou de longe, mas era uma sensação extremamente ruim.

Uma mão veio em meu rosto segurando a corda da minha boca e puxando ela para minha garganta, como se quisesse rasgar minha boca.-"Entenda que não estamos aqui para brincadeira, então tente não brincar com a gente também certo?"-Quando ele falou isso, eu senti algo afiado passando pela minha bochecha, quase a cortando.-"Caso contrário… acho que não preciso explicar."

Ele então tirou a corda da minha boca e permitiu que eu falasse.-"Onde eu estou? O que vocês querem comigo?"-Perguntei desesperado. A resposta que eu recebi foi inesperada, um murro na cara.-"Nós fazemos as perguntas, você responde, entendeu fudido?"-Sangue escorria pela minha boca e eu cuspi o restante preso debaixo da minha língua e no canto de minha bochecha.

Tentei recuperar o fôlego, mas não tive tempo de o fazer, quando eu senti, metal frio, encostando na minha testa, e um barulho de estalo.-"Qual o seu nome?"-A pergunta me deixou extremamente confuso, já que nunca pensei que alguém sequestraria e trataria alguém de tal forma mesmo sem ao menos saber seu nome.-"Lary Flores."-"Completo."-Falou ele pressionando o que quer que fosse na minha testa, fazendo minha cabeça ir para trás.-"Lary Flores Machado da Silva"-Comecei a escutar sussurros, mas não conseguia entender o que eles falavam.

"Como assim? Você deve ter feito alguma coisa errada."- Mas eu não…"-Deixa que eu resolvo"-Eles começaram essa discussão e tiraram aquilo que pressionava minha cabeça.-"Como isso é possível? Ele não tá no sistema? Todos relacionados a ele estão no sistema."-"Mas esse cara claramente não está!!"

Silêncio novamente, dessa vez mais demorado, um silêncio ensurdecedor combinado com seus olhares para mim, um sensação horrível. Tão repentinamente quanto o golpe que levei perto de meu carro, algo pontudo furou o meu braço, algo extremamente fino, uma agulha.-"Aí"- eu gritei quando a perfurou minha pele. Dava para sentir que eles não estavam tirando meu sangue, algum líquido que eu não conhecia estava sendo colocado no meu braço.-"Pronto. Isso deve ser o suficiente."-Quando ele falou isso eu comecei a sentir meu corpo extremamente leve, fui perdendo controle do meu próprio corpo, estava lutando contra aquilo mas era inútil, e ali eu acabei com uma das perguntas que eu tive minha vida toda, "se eu fosse drogado eu iria aguentar?", e a resposta foi um claro não.

Quando acordei eu estava no estacionamento de minha casa, dentro do meu carro, era como se nada do que tivesse acontecido passasse de um sonho, mas as minhas memórias ainda estavam lá, minhas dúvidas ainda estavam lá, o medo de acontecer de novo… não… a vontade de passar por tudo aquilo de novo ainda estava lá, aquele sem dúvidas foram os minutos mais emocionantes da minha vida inteira.

Não seria útil de forma alguma perder tempo pensando sobre agora, precisava ir para casa e descansar um pouco para pensar sobre o que acabou de acontecer. Subindo o elevador do meu prédio até meu apartamento, 10° e último andar. Depois de dar alguns passos para dentro do meu apartamento, senti uma dor fina no meu pescoço, eles deviam ter colocado algum tipo de anestésico naquela droga, e o efeito devia estar acabando agora, a dor quase me fez desmaiar na hora, mas eu resisti e fui para o banheiro examinar a ferida.

Um buraco, não muito grande, mas grande o suficiente para sangrar e me fazer perder uma quantidade considerável de sangue, devia ter sido o golpe que havia recebido na nuca, isso era a prova que nada daquilo era loucura. Passei água na minha mão e fui colocar na ferida, mas quando olhei para minha mão, tinha algo escrito: "16/05, 09:30". A data de amanhã junto com um horário. Não entendi o que era aquilo, mas sabia que era importante para entender o que quer estava acontecendo ao meu redor.

Limpei minha ferida e pela primeira vez em alguns anos eu olhei o relógio para saber o horário, 3:51 , eu poderia ter 4h e 10min de sono para depois me preparar pra o que fosse acontecer as 9:30. Peguei celular e coloquei um alarme para as 9:00 e fui deitar, e só consegui dormir 30min depois, ansioso, esperando receber as respostas que tanto merecia e esperava.