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Gwayne Retorna parte 1

Um pequeno barco se aproximava da costa, Gwayne estava em seu remo esquerdo e Freya no outro, na proa estava Astrid sentada com a mão no queixo cantarolando. Ele olhou para trás, para o mar aberto e viu Wulf e Brianna o olhando da popa de um grande Dracar, o famoso Lamento da Donzela. A filha mais velha deles estava ao lado com seus cabelos ruivos dançando ao vento.

— Uma cópia menor de Lady Brianna. — pensou ele. Amada, Hilda.

Kwenthirith estava do outro lado com seu rosto audaz de sempre, braços fechados e seus cabelos negros como a noite presos sobre uma tiara de ouro. Seus olhos pareciam tristes. Ele observou.

Ela foi a primeira a interagir com ele quando ainda estava no castelo de ForteOrgulho. Iria sentir sua falta.

Gwayne a chamava de Thiri. Arne e Harald estavam no lado dela acenando com o machado na mão. eles eram os filhos mais jovens de Wulf. Sven estava com eles, mas apenas acenou com a mão. Gunnar estava na proa do Dracar. Onde não conseguia ver a sua partida.

Gwayne acenou para eles uma última vez.

— O que Gwayne, o ousado. — começou Freya. — vai fazer em um castelo. — disse cuspindo sobre as ondas.

— Cansou de matar infiéis. — Disse Astrid Carrancuda.

Astrid, assim como Freya, tinha um rosto feroz e afiado, longos cabelos loiros com uma das laterais cortadas e olhos azuis. O que diferenciava uma da outra era a lateral do cabelo, Freya não cortava, mantendo sua cabeça completamente dourada.

— Eu deveria ficar dois anos e fiquei quatro. — Disse ele brevemente. — Vocês são minha família e eu não os esquecerei. —

Então olhou para o lado, para o vazio do oceano. — Eu derrotei Leif em combate singular. — Disse Gwayne, com firmeza na voz e um meio sorriso no rosto.

— Já aprendi o suficiente.

Após ouvir aquilo, Astrid puxa seu machado e arremessa com toda a força nele, que usa o escudo para o parar no último momento.

Gwayne arranca o machado do casco de seu escudo e olha para ela através do buraco.

— Você é idiota, Astrid! — disse Freya, com o rosto vermelho de raiva.

— Você nunca me venceu! — Disse Astrid alto, para Gwayne que olhava carrancudo.

— Nunca venceu nós. — completou Freya.

— Eu me lembro de uma noite em que eu venci as duas juntas. — Disse ele, com um sorriso no rosto. Freya enrusbeceu e deu tapinhas no ombro dele. Astrid não conseguiu manter o rosto bravo, ela gargalhou e todos a acompanharam.

— Maldito! — Disse Astrid rindo. — Leif é um velho. — Disse Freya.

— Leif é o irmão de seu pai, um gigante como ele. — retrucou ele.

Gwayne o derrotou após um ataque nas terras para lá de Volantis, em Valysar. depois disso ele percebeu que já havia aprendido o suficiente.

— Leif é um grande Guerreiro. — Disse ele. — Vocês duas nunca o venceriam, nem mesmo Gunnar iria conseguir. Astrid bufou.

Gwayne entregou o machado a Freya.

— Guarde isso, ela não tem juízo. Freya riu e Astrid não disse nada.

— Está na hora. — disse ela, virando o rosto para o outro lado.

Ele se levanta e dá um beijo na testa de Freya, coloca seu escudo nas costas e pula do barco. a água estava em seus joelhos.

— Astrid. — chamou ele.

Ela o olhou com lágrimas nos olhos, se aproximou e deu um beijo em seu lábio e o abraçou calorosamente. Freya se juntou após uns segundos. Gwayne limpa as lágrimas do rosto dela com os dedos e diz baixinho.

— Se cuidem, nos veremos de novo.

Então ele saiu andando em direção a costa, Onde virou para os ver uma última vez. Astrid tomou o remo esquerdo e Freya acenava para ele. Ele acenou uma última vez e entrou no bosque.

Caminhou por entre as árvores até encontrar a estrada que atravessava o bosque de um lado ao outro.

— Estrada do mar. — murmurou ele.

Ele andou até chegar na bifurcação que levava até o lago gélido, quando chegou lá, sentou-se na pedra em que custava usar para deitar sobre o sol, após um longo banho no lago. ficou por alguns minutos, pensando nas lembranças que ele tinha com Daeron e Cerella naquele lugar. Então, voltou à estrada e se apressou para chegar rápido e encontrar sua família. Quando se aproximou do portão do vilarejo de Bosque D'ouro, escutou um berrante tocar e o portão começou a se abrir.

— Está maior do que eu. — Disse Sor Leo, o cavaleiro do portão, com voz animada se aproximando.

Sor Leo tinha por volta de uns trinta anos, cabelo curto, olhos acinzentados e barba rala.

— Me tornei um homem, Sor. — Disse Gwayne rindo.

Ele viu o que deveria ser Lady Cerella correndo pelo portão do castelo.

— ela esqueceu os modos de uma Lady. — pensou ele, estava completamente feliz.

Sor Lymond apareceu atrás dela logo depois. Gwayne acenou para ele, então ela chegou e saltou para cima dele. Ele a abraçou e a girou no ar.

— Olhe só para você. — Disse ela ofegante. — Esta enorme, está forte... E bonito!

— terminou ela, e ambos riram.

Ele estava com uma roupa de couro cozido, uma cota de malha por baixo, escudo nas costas e espada na cintura. Cabelos loiros acobreados úmidos circulavam em sua cabeça e uma trança que deslizava para o lado esquerdo.

— Você cresceu, prima. — disse ele, fazendo ela girar. — está tão bela quanto uma princesa.

— Estou mesma. — disse ela, com um sorriso orgulhoso no rosto. Então, ela tocou na bochecha dele, passando a mão sobre uma cicatriz de batalha.

Ele fez as contas, ela devia ter treze anos agora e já estava tão linda. — pensou. Tinha os cabelos marrons claros, um rosto longo como o dele, traços finos e olhos azuis claro como o mar.

Eles estavam conversando quando Daeron se aproximou lentamente. Ele estava um pouco tímido após quatro anos. Então Gwayne o viu e disse.

— Quem é essa adorável senhora? — Disse perguntando para Cerella, com um sorriso zombeteiro no rosto. Daeron riu e perdeu a timidez no mesmo momento.

— continua idiota. — disse ele, abraçando Gwayne.

— Você continua pequeno, uma garotinha! — Disse ele rindo para Daeron.

— E você está enorme... Quando você partiu era apenas um pouco maior do que eu. — Disse Daeron incrédulo.

— Que bom que você voltou inteiro. —Cerella completou.

— Agora estou endurecido pelo campo de batalha, prima. Então envolveu ambos entre os braços. — fui forjado e renascido.

— não me diga que eles te afogaram? — disse Daeron rapidamente.

— não, isso não! — então eles desataram a rir. — Os Gudrunn não fazem mais os afogamentos.

Ele soltou-os ao ver seu avô chegando. Sor Lymond o cumprimentou como um homem, com um rosto sério. Depois o abraçou como o garotinho que sempre iria ser aos olhos de seu avô.

— Eu sabia que você conseguiria. — Disse ele alegremente. — agora vamos para o castelo, você deve estar cansado.

Gwayne adentrou o castelo abraçado com sua prima. — Esse lugar não mudou nada, sonhei muito com o dia que voltaria. E bom, eu preciso de uma noite de descanso sem sentir as ondas me chacoalhando.

A quantidade de soldados no vilarejo aumentou, observou ele. O castelo pode não ter mudado muita coisa, mas o vilarejo se expandiu para os lados. Quando ele partiu o vilarejo tinha por volta de uns seiscentos camponeses e agora com todas as casas novas que ele viu, já deve ter mais de mil. Sem contar a quantidade de soldados que passaram por eles no caminho, ou os que ele viu nas muralhas do vilarejo. Antes tinha trezentos e vinte soldados, me pergunto quantos teria agora. — Quantas pessoas vieram viver aqui, Senhor? — disse ele.

— Agora temos mil e duzentas pessoas morando aqui. — Disse Sor Lymond. — o medo fez as pessoas migrarem em busca de um lugar mais seguro.

— Quantos soldados? — Indagou Gwayne. — Eu vi muitos deles nas ameias.

— Vamos conversar sobre isso depois, amanhã talvez. — disse Sor Lymond.

— Vou te deixar descansar, deve ter muitas coisas para vocês conversarem e preciso resolver alguns assuntos. — Gwayne assentiu.

E partiu para seu antigo quarto com Cerella e Daeron. Eles conversaram até o anoitecer, quando ele começou a adormecer, ambos saíram e o deixaram descansar.

Ele levantou cedo no outro dia, tirou a roupa gasta que vestia e novamente voltou a colocar a roupa de um nobre. Desceu e foi para a cozinha como ele adorava fazer antigamente, sentia o cheiro dos pães e bolos que acabavam de sair do forno, as servas em suas conversas cotidianas. Ele adorava pegar um pão e olhar através das vidraças da cozinha, dava para o jardim florido na parte de trás do castelo, os raios de sol que entravam pela janela faziam a sua pele e os rostos das criadas brilharem como ouro. Então caminhou até a porta principal, onde viu Sor Lymond inspecionando alguns homens que levavam uma tora de carvalho no braço até o portão. Gwayne acenou para Sor Lymond e então ele se aproximou. Eles conversaram um pouco e depois entraram. Ele contou algumas coisas importantes sobre o tempo em que ficou fora, então, ele perguntou sobre os soldados novamente.

O avô respirou profundamente e disse.

— Seiscentos homens, sem contar os cavaleiros. — riu ele. — mas podemos elevar esse número a mil se precisarmos, o que não falta é jovens no vilarejo.

— É impressionante avô. — Disse Gwayne. — mas precisamos deste tanto?

— Tem coisas estranhas acontecendo em Porto Real, meu neto. Coisas muito estranhas.— disse o avô. — Lorde Jon Arryn, o mão do Rei. Ele suspirou. Morreu, e o Rei partiu para o norte a pelo menos duas viradas de lua. Dizem que ele pretende dar o cargo de mão ao Lorde Eddard da casa Stark. É um bom homem, o Lorde Stark, eu o conheci na Rebelião dos Greyjoi. Um bom homem está indo para o covil de cobras e leões.

— Como a puta da rainha. — disse o avô.

Gwayne não entendia o ódio do avô pelos Lannister, era algo que ele não costumava mencionar. E dos Lannister o Gwayne só sabia que a beleza da Rainha era famosa, e que seu irmão, o assassino do Rei, era um ótimo espadachim.

— Foi um um investimento alto mas necessário. — continuou o avô.

— Os soldados ainda estão bem equipados. — Disse Gwayne.

Ele conseguia ver os soldados com roupas padronizadas, divididas ao meio entre vermelho e branco, com o Leão branco de um lado e a cabeça de Javali vermelha do outro. O símbolo dos Vikary. Pensou ele. Muitos deles com cota de malha por baixo e armadura completa, conseguia ver vários tipos de elmos.

— Me custou uma fortuna, é claro, e é bom você estar pensando nisso, um dia você será Senhor aqui e deve estar pronto.

— É claro, Sor. — Disse Gwayne, assentindo com a cabeça.

— Depois do que aconteceu naquele fatídico dia, Eu não parei de pensar, Gwayne. — disse colocando a mão no ombro do neto. — Eu não parei de pensar que se você tivesse morrido a casa Vikary teria desaparecido... mas o que está feito, está feito. E eu não tenho nenhum arrependimento sobre. E também, achamos novas minas de ouro ao norte do Bosque, então, nossos cofres estão bem.

— Fico feliz que tenha feito, Senhor. — Disse Gwayne em tom respeitoso. Mas ainda teria a Cerella se eu tivesse morrido.

— Claro, não esqueci da minha amada neta. Se fossemos uma casa grande, com certeza ela poderia assumir e manter viva nossa linhagem, mas somos uma casa cavaleiresca e uma Senhora não pode liderar uma casa de cavaleiros.