webnovel

"Hollow" A Série

Cada história precisa de duas coisas: coração e realidade. Um escritor não pode escrever sobre algo que odeia e, ao mesmo tempo, não pode se separar totalmente da realidade. Uma história como essa é impossível de criar e compreender. Mas o que aconteceria se o personagem principal não tivesse os dois? Um garoto de 17 anos é enviado em uma missão para outro mundo após uma coincidência horrível ... Mas o que parece ser a sua história comum de Isekai vem com uma reviravolta um tanto peculiar.

Next_Broadcast · Fantasy
Not enough ratings
11 Chs

Manipulação

Ali, diante de seus olhos, estão as resistentes e altas muralhas de rocha, que compostas de sólidas placas minerais em cor acinzentada, erguem-se, protegendo e circundando a plenitude da cidade medieval. Calendas está geograficamente localizada em um vale, uma pequena depressão geográfica em relação à Estrada Real. As terras verdes, compostas quase inteiramente de campos gramados e algumas poucas estruturas que remetem aos feudos, encontram-se estabelecidos por toda a vastidão da região visível próxima ao portão de entrada, fortemente protegido. Várias torres altas, misturadas à estrutura da parede apresentam enormes sinos de latão, para alertar a população caso haja algum perigo.

Guardas por todos os lados, acima e abaixo, vigiando a área ao redor da muralha. Os ajuntamentos humanos são perigosamente sujeitos à ataques em um mundo como esse, e tudo há de ser fortificado e protegido.

Já no portão de entrada, Jake recebe olhares indiscretos e duvidosos por parte dos soldados que conversam com Enille, escutando seu relato acerca da visão dos Lobos Brancos da Geada, seres que podem representar uma ameaça.

"Senhorita Enille, você tem certeza de que avistou esse tipo de besta nas proximidades de um rio sem neve?" Um dos guerreiros da Guarda Real a questiona.

"Sim! Por sorte conseguimos acabar com aquele grupo... Se Jake não tivesse me ajudado, duvido muito que conseguiria chegar até aqui viva..." Ela relembra-se do incidente com seus companheiros de equipe.

"Aquele homem...?" O homem de armadura olha para Jake, que apenas mantém sua distância daquele horizonte de eventos.

O rapaz encontra-se de braços cruzados, avaliando os arredores com seu olhar. Ele não se importa de maneira alguma com aqueles olhares desafiadores e duvidosos, posto que sequer é capaz de tal nesse momento. No entanto, engana-se quem pensa que o jovem homem está avulso ao diálogo de Enille.

" 'Senhorita Enille', huh? " Ele toma notas mentais a respeito do modo como todos ali tratam a garota de baixa estatura com extremo respeito, quase como um membro da nobreza. Isso gera questionamentos em Jake, afinal, quem de fato é aquela garota que estava sendo atacada nas proximidades do rio?

Ele possui vários motivos para questionar isso. O talento da garota com armas de qualquer tipo é nada além de lixo, no entanto, suas capacidades mágicas geram algumas perguntas. É algo comum para as pessoas desse mundo serem capazes de criar projéteis que perfuram corpos com apenas ar?

Tanto faz. O fato é que Enille está "fazendo o nome dele" para os guerreiros. Jake sabe que é interessante deter de certas reputação e popularidade em um local em que justo chegou. Com sorte, os guerreiros não o impedirão de passar pelo grande portão de madeira que determina os limites da cidade.

Seus pensamentos são interrompidos pela voz da garota, que chama por ele de forma animada, acenando com a mão enquanto chama por seu nome em voz alta.

"Jake!" Ela chama por ele.

"Hora de ir." Jake diz, apenas para si mesmo.

O garoto põe as mãos nos bolsos da calça, caminhando lentamente em direção ao grupo que por ele espera. Ao chegar, ele é hesitantemente cumprimentado pelo homem que conversa com Enille.

"Bem... Agradecemos pelo seu serviço por Alardia, forasteiro..." Ele diz, quase tendo de cuspir as palavras para fora com extrema força.

Jake apenas fecha seus olhos, olhando para o portão.

"Esqueça as formalidades. Elas não são necessárias para esse momento."

E é nesse momento que uma terceira voz corta o ar.

"Obviamente as formalidades são necessárias, jovem forasteiro." Uma voz masculina é escutada em certa proximidade.

"Quem será esse?" Jake vira-se para trás, notando a pessoa que está a poucos metros de suas costas.

"Agradeço-lhe seu enorme serviço." Aquela figura demonstra sinais de nobreza.

Um homem loiro, barbado, de olhos azuis. Alto e de certo porte muscular, ele realiza um sinal de reverência, rebaixando sua cabeça em direção a Jake por um segundo. Usuário de uma grande capa azul, botas de couro curtido, roupas brancas de malha fina, e uma espada longa embainhada, presa a um cinto em seu quadril. Um par de luvas pretas oculta suas mãos, que se mantém dispostas, retilíneas, nas laterais de seu corpo.

Sua voz pressiona a atmosfera ao ecoar de seu som. Um tom forte e masculino, de um homem acostumado com o campo de batalha.

Após sua reverência ao jovem, o homem fita Enille, logo tratando de posicionar-se na situação.

"Estive sabendo que você salvou minha filha. Devo toda minha gratidão a você, e seguindo o código dos guerreiros, o trabalho deve ser recompensado de maneira justa." Ele bate palmas, chamando por um de seus subordinados.

O homem aproxima-se, trazendo consigo uma sacola de pano que aparenta pesar um consideravelmente. Não é muito, no entanto.

"Apenas gratidão não vale o esforço. Aqui, tome esta quantia para você por seu gesto de grande altruísmo. Sou extremamente agradecido por sua ação, e gostaria de conversar com você acerca disso. Você aceita um almoço?" Aquele homem é bastante direto com suas intenções.

Jake sabe que não pode recusar aquela proposta.

"Aceito sua oferta." Ele responde.

O guerreiro fecha seus olhos por alguns instantes, sorrindo apenas para si.

"Vejo que é um homem de poucas palavras... Isso não é algo ruim. Ser forte e silencioso é uma grande marca de nobreza de espírito." Ele diz.

"Que grande mentira." Jake pensa, posta a postura daquele homem.

A voz de Enille é velozmente percebida a correr no ar.

"Pai...?" A garota diz, sua voz trêmula temia a repreensão.

O homem sequer se dá o trabalho de olhar a garota em seu rosto, e logo trata de delegar uma tarefa para outro de seus subordinados.

"Leve-a para casa." O guerreiro cita de forma amarga.

De imediato, um dos homens de armadura forçadamente agarra o braço de Enille, literalmente arrastando a garota para longe, para o interior da cidade.

"Não...! Por favor! Pai...!" Enille tenta resistir aos arrastos, falhando miseravelmente.

O homem designado para a tarefa é bem mais forte e maior do que ela. Não há chances contra aquele comando.

"Então ele é o pai." Jake observa a cena atentamente, mantendo o silêncio completo.

***

Passado aquele momento, o guerreiro tenta retornar para sua postura habitual.

A quantia de dinheiro ensacada é sutilmente transferida para as mãos de Jake. A sacola, embora abastada, é pequena o suficiente para ser escondida em suas vestes, em um bolso interno da camisa de manga longa que utiliza.

"Por sinal, me chamo Tadar Sythos. Sou o Vice-capitão da Divisão de Calendas da Guilda dos Guerreiros de Alardia. E quem seria vossa pessoa?"

Jake fecha seus olhos, tomando ar. Ele não se importava em grau nenhum com que tipo de posição Tadar ocupa, apenas com a aparência não muito confiável do homem que ali está posto.

"Jake Parker. Não sou ninguém." O jovem responde, fitando Tadar com um olhar gélido, inteiramente desprovido de qualquer emoção.

Ao escutar isso, a única reação do guerreiro é manter o silêncio por alguns segundos e desviar o foco da conversação da pessoa de Jake. O jovem não esconde quem é, e vê pouco interesse em fazê-lo, pois sabe que afirmar ser "alguma coisa" gerará apenas mais perguntas, e estas são justamente aquilo que ele deseja evitar.

Sua linha mental de diálogo foi cortada pela resposta insípida do jovem rapaz, logo, Tadar vira-se, chamado por ele.

"Entremos na cidade. Conheço um bom local que podemos frequentar."

Jake o segue, e logo ao aproximar-se do portão, o som de algo a ser deflagrado contra ele é escutado, levando-o a olhar para o chão de terra abaixo de seu sapato.

Uma cuspida. Um dos soldados cuspira no chão em que ele pisa. Jake apenas olha para o lado, inteiramente ciente acerca de qual dos soldados lançou aquela zombaria. Ele o encara, seus olhos sem brilho ou vida tocando o interior da mente do homem de meia-idade. Uma atmosfera fria e sombria é quase visível a se manifestar, e o soldado caminha alguns passos para trás, inteiramente intimidado por aquele vazio existencial que significam os olhos daquele jovem.

"Você não vem?" Ele questiona, percebendo que Jake havia ficado para trás.

Após aquele pequeno susto, o jovem de 17 anos apenas posiciona suas mãos nos bolsos, fechando os olhos por um momento, tornando a caminhar.

***

Haveriam de ser em torno de duas e meia da tarde naquele momento. Jake cruza a grande muralha de rocha ao lado de Tadar. Durante o tempo inteiro, o jovem mantém a postura observadora, tomando nota acerca do ambiente em que se encontra.

Aquela parte da cidade apresenta seu distorcido conforto. Ambos caminham por uma ampla avenida de paralelepípedos, incontáveis tijolinhos de pedra, emparelhados um por um manualmente. As construções não são altas, e majoritariamente feitas de materiais simples, como madeira e rocha bruta. Há vários becos na cidade, e de alguns deles, o odor característico e repugnante do descarte de excrementos toma o ar respirável. Roedores correm, alimentando-se do cadáver de um homem morto há bastante tempo, simplesmente deixado ali.

As pessoas vestem em seus rostos um sorriso forçado, que exige a energia que não possuem. São claros os sinais de desnutrição e fome. As mulheres na lavanderia, repletas de olheiras, exibem seus vestidos simples e bastante sujos, carregando, ao mesmo tempo roupas brancas e limpas que não são permitidas usar. Os jovens rapazes franzinos aspiram por um futuro melhor, balançando pedaços de graveto como se fossem espadas, fantasiando a respeito da fama e glória trazidos pela carreira como guerreiro.

Mercadores tentam ganhar seu alimento diário, vendendo produtos diversos de qualidades questionáveis, enquanto ao mesmo tempo são violentamente cobrados pelos guerreiros da Guilda, tendo espadas apontadas para seus pescoços e peças de artesanato feitas de barro danificadas.

De um lado a fama, do outro a miséria. Essa é a realidade das sociedades imperiais antigas, fato que se repete aqui, em um mundo repleto de dinâmicas e relações de poder diferentes do qual Jake veio.

...

"Não! Por favor! Não!" Uma mulher grita, suplicando.

Um guerreiro aponta sua espada para ela, e segurando o que aparenta ser papiro, afirma diversas acusações.

"Você está em débito com o Rei Balgurff. Pediu dinheiro emprestado e não tem como pagar, não é?" O homem a satirizava com sua voz, zombando da mulher.

"Me perdoe... Os juros são muito elevados... Eu não consigo pagar!" Ela diz, deixando lágrimas caírem.

A mulher segura a bota de couro do guerreiro, e atirada ao chão continua a se justificar.

"Não tenho dinheiro sequer para comer... Meus filhos estão com fome, e o pai deles já está morto há anos... Meu emprego como lavadeira não consegue alimentar meus filhos, senhor...! Me perdoe... Me perdoe!"

O homem põe uma das mãos contra o queixo por um momento, pensando a respeito. No entanto, todos ali podem perceber que aquela é apenas mais uma de suas zombarias, posto que ele chuta a mulher em seu estômago logo em seguida, com força considerável.

A avenida é preenchida com os gemidos dolorosos dela, que misturam-se ao choro. Tudo para. O comércio, o movimento... Tudo vê uma parada naquele instante, apenas para observar aquela cena.

O homem, ainda não satisfeito, usa seu pé para mover o corpo dela de forma violenta, posicionando-a de bruços, pisando em suas costelas enquanto apoia-se sobre o joelho correspondente ao pé. Vendo a atenção do populaço, ele se manifesta.

"O que estão olhando? Por acaso estão com inveja da condição dela? Desejam ser os próximos?"

A resposta é imediata. Em menos de um segundo inteiro, o movimento corriqueiro na grande avenida retorna ao seu ritmo normal. As pessoas fingem ignorar e continuam caminhando e comprando, como normalmente fariam.

Ele retira seu pé do busto da mulher, movendo-o para sua garganta. A força empregada é suficiente para esmagar a traqueia, e logo a mulher já não é capaz de respirar. O sangue que jorra de sua garganta mancha os paralelepípedos, e ela apenas pode continuar suplicando silenciosamente em intensos desespero e dor, enquanto é ridicularizada pelo guerreiro.

"Huh? Eu não consigo escutar você! O que disse?" Ele ri, visivelmente tomando divertimento naquele ato doentio.

Ela usa o restante de suas escassas forças, segurando a bota do homem, direcionando um olhar penoso para ele.

"Se não podia pagar com juros, não deveria ter pedido dinheiro emprestado!" Ele aplica um poderoso pisar sobre o pescoço, o que finaliza o sofrimento daquela mulher.

O corpo para de se mover. Ele enfim deixa aquela desfalecida imagem em paz. O guerreiro vira-se para trás, chamando por seus subordinados.

"Limpem essa bagunça!" Ele grita, em tom autoritário.

Logo, um grupo de três jovens guerreiros une-se, cada um deles calado como uma rocha. Um olhar de puro nojo e medo a manter suas expressões estáticas. Por suas idades, eles possivelmente justo acabaram de se juntar à Guilda, não estando acostumados a presenciar atrocidades como aquelas. Suas mentes ainda não haviam sido dominadas pelo pensamento distorcido daquele grupo.

Eles a arrastam para um beco, deixando o corpo ali, ao léu.

"Que isso sirva de lição para qualquer um que não cumpra com sua palavra e faça pouco caso da atenção do Rei!" Ele, acompanhado de seu grupo, retira-se ao dizer isso.

Jake o observa a caminhar para longe.

"Então essa é a nobre Guilda dos Guerreiros."

Tadar respira profundamente, aparentando lamentar-se.

"Esses miseráveis das favelas... Continuam empesteando a boa e cidadã população de Calendas... De todo modo, aqui estamos. Vamos entrar."

Jake o acompanha ao interior da construção em que haviam parado.

***

Logo, duas tigelas de barro com costeletas de porco, um pedaço médio de pão e milho acompanhados de um copo com cerveja e outro com água, chegam à mesa de madeira bruta que ambos ocupam.

A rua pode ser vista pela janela de madeira, sem vidraça. Algumas pessoas se preocupam em limpar o sangue da avenida.

Jake olha para aquele prato. É uma refeição bastante pobre em nutrientes essenciais. Ele sabe que Tadar não necessita se sujeitar a comer aquilo, e que se o faz, é certamente por um motivo.

O fato é que ele não sente fome. Após ter seus sentimentos removidos pela Entidade, sequer o instinto de buscar o que comer se faz presente em sua vida. Isso pode ser problemático, contudo, perfeitamente administrável.

Não demora muito até que Tadar abra sua boca para falar.

"Sinto muito por quaisquer problemas que Enille tenha causado. Aquela garota realmente não consegue fazer nada direito."

Ele repousa a espada sobre a mesa. Jake apenas escuta.

"Durante quinze anos, tudo o que recebi daquela criança foi uma série de decepções. Enille é um de meus maiores erros e arrependimentos. Não consegue ser boa em nada do que faz, não é inteligente, e sequer serve para a cozinha... Aquela garota é obnóxia desde o momento em que veio ao mundo, então, novamente peço perdão por qualquer problema que ela possa ter causado."

"Você realmente não se cansa disso, huh?" Jake pensa, assistindo em silêncio conforme aquele homem cospe insultos e injúria contra o sangue de seu sangue.

"O fato é que a Guilda dos Guerreiros não tem tempo para dar atenção para pessoas assim, contudo, ao olhar em seus olhos, meu jovem, vejo que possui um enorme talento. É desse olhar que você leva em seu rosto que nosso grupo necessita!" Ele diz, sorrindo levemente.

"Eu sabia..."

Certamente ele não se sujeitaria a estar ali, comendo de uma refeição ruim, mas que é vista como algo incrível para essas pessoas, apenas pelo bem de fazê-lo. Aquela proposta é o real motivo.

"Pense bem. Um jovem como você, alto e forte como é, se daria muito bem em nossos ranks. A Guilda dos Guerreiros pode fazer seu nome ser grande em toda Alardia, ou até mesmo no mundo... E então, o que me diz? Digo, não desejo ser presunçoso, contudo, você é apenas um jovem perdido nessa cidade, e o trabalho de aventureiro não tende a ser muito rentável, além de desnecessariamente perigoso... Estou fazendo uma proposta de ouro aqui."

Ele olha para Jake, encarando o jovem em seus olhos.

"Você pode ter o que quiser, de dinheiro à fama, todas as mulheres que desejar... Pense bem. Qualquer uma dessas camponesas se atiraria sobre você de braços abertos e limparia suas botas com a língua logo que o visse. E então, o que me diz?"

Jake fecha seus olhos, tomando uma porção de ar antes de abri-los de novo.

"Eu recuso."

Figurativamente, Tadar morde sua língua ao escutar aquela resposta, afinal, qual o jovem que não sonha em estar em uma posição em que pode abusar do poder?

Ele ri um pouco, para disfarçar a frustração, antes de questionar Jake novamente.

"Essa é sua palavra final?"

Sem o mínimo respeito pela autoridade de Tadar, ele responde diretamente.

"Você já teve sua resposta."

Ao escutar isso, o Vice-capitão levanta-se, tomando para si sua espada. Ele prepara-se para deixar o local.

"Você ainda mudará de ideia, disso tenho total certeza. Pois bem, boa sorte com esses valores que possui, contudo, saiba que a Guilda dos Guerreiros está sempre de portas abertas."

Tadar prepara-se para sair, e quando está prestes a fazê-lo, Jake cogita contá-lo acerca da utilidade de Enille em combate, no entanto, decide não fazê-lo após pensar melhor. Contar isso apenas aumentaria o ódio e o menosprezo do guerreiro por sua filha. Assim, o espadachim sai sem escutar uma palavra.

Com o rosto apoiado por suas mãos unidas, Jake pensa em seus próximos passos.

"Já está se tornando tarde. Primeiro, irei preocupar-me com um lugar para dormir, e no dia seguinte, irei ver de qual é essa de aventureiros."

A próxima parada já está decidida: A Guilda dos Aventureiros. Pensando nisso, Jake toma um gole do copo com água.

"Tem gosto de lama."